“Eu não estou drogado, estou remediado”, brincou Evaldo Lopes, na terceira edição do Medical Cannabis Summit. Diagnosticado com Parkinson, Lopes se assustou com a doença. Seu filho, o advogado Evaldo Júnior, partiu em busca de informações sobre Cannabis medicinal.
Sandro Pozza soube da doença da sogra quando ainda morava nos Estados Unidos. “Ela já não saía mais de casa, imaginávamos que em pouco tempo não levantaria mais da cama”, contou Pozza. De lá, a família trouxe um óleo americano que funcionou bem, reduzindo crises e tremores.
Com Evaldo, os benefícios apareceram logo no primeiro dia. “Meus tremores são mais leves, eu me alimento e durmo melhor, não sinto mais dor”, contou. Segundo o Júnior, no segundo dia de uso do óleo, os sintomas de depressão também diminuíram – com o retorno de brincadeiras com a família.
As variedades de respostas do sistema endocanabinoide
O neurocirurgião Pietro Pierro também participou do painel, levando informações médicas sobre as duas doenças. E o papel do sistema endocanabinoide em cada uma delas.
Lembrou ainda da importância do tratamento individualizado com Cannabis. “O sistema endocanabinoide é de cada pessoa, por isso existem os testes genéticos. Não existe um só tipo de Parkinson”, explicou. “Tem o Parkinson duro, sem os tremores, aquela face de cera, então pra esses um óleo com mais THC funciona melhor. Por isso a gente precisa ter o que a Onixcann faz, o que esses pacientes fizeram: não podemos ficar amarrados apenas no CBD com 0,3% de THC.”
Direito ao acesso
Com o sucesso do tratamento da sogra (Terezinha), Pozza se animou a criar sua associação. Chama-se Alternativa e fica na Praia do Rosa em Santa Catarina, onde mora.
A família de Evaldo entrou na Justiça para conseguir produzir os próprios medicamentos. Hoje, eles têm autorização para cultivar até 19 pés de Cannabis por ano em casa, em Marília, no interior de São Paulo.
Cannabis e educação
Na abertura da penúltima noite do Medical Cannabis Summit, o assunto foi o papel da Cannabis para a formação do profissional de saúde. Jaime Ozzi, sócio e vice-presidente da Onixcann, e Daniel Castanho, fundador e presidente do conselho de administração da Ânima Educação.
No Brasil, ainda há poucos médicos prescritores – cerca de 1,2 mil. E isso, segundo os palestrantes, se deve à falta de aulas sobre Cannabis medicinal nas universidades. Justamente por isso, Onixcann e Ânima Educacação se juntaram para criar um curso de pós-graduação na área.
“Vimos a oportunidade de ter pela primeira vez no Brasil um curso em nível universitário reconhecido pelo MEC que coloca os médicos brasileiros em outro patamar”, contou Ozzi. “Universidade é o lugar do debate. E a gente quebra dogmas e preconceitos através do debate e da pesquisa. Ainda há poucos médicos prescritores porque nunca estudaram Cannabis ou nunca foram expostos ao tema”, complementou Castanho.
O administrador lembrou ainda da demanda que surge dos próprios pacientes: “Eu fui atrás de Cannabis para meu sogro e fiz pesquisas profundamente. Tem sido assim, o paciente precisa falar para o médico, ir atrás para pedir a prescrição”, disse.
Cannabis na pediatria
A dra. Camila Milagres apresentou os progressos das pesquisas dos tratamentos canabinoides em crianças. “Quero mostrar onde estamos, sobre as análises de eficácia e segurança. Em geral, os pediatras têm dificuldade e medo na prescrição da Cannabis, por isso a importância em saber onde estão as pesquisas”, explicou.
Entre os estudos apresentados, Milagres apresentou dados sobre a redução de convulsões, dor e espasticidade, melhora nos distúrbios de sono em crianças.
Milagres também citou a importância do efeito entourage.
“Sobre o espectro autista. O mais importante é entender isso. É claro que quando pensamos em um canabinoide 99% puro vai ser mais reprodutível, mais padronizado do que o extrato de uma planta inteira, portanto, seriam a princípio como uma droga em estudos”, explicou.
“Mas, em particular no autismo, vários estudos sugerem o efeito sinérgico para os numerosos compostos da Cannabis, com resultados superiores usando extratos de planta inteira, do que extratos puros”
Medical Cannabis Summit
A noite desta sexta-feira, 23, segue com outros painéis no Medical Cannabis Summit, a partir das 18h. Você pode se inscrever gratuitamente por aqui. Participe!