Nos últimos anos, a conscientização global sobre os danos ambientais provocados pelo plástico convencional, derivado do petróleo, tem impulsionado a busca por alternativas sustentáveis, como o bioplástico feito a partir do cânhamo. A Cannabis, além de produzir compostos químicos amplamente utilizados na Medicina e Odontologia, pode ser a matéria-prima para um tipo de plástico biodegradável e de baixo impacto ambiental.
Nesse contexto, pesquisadores indianos realizaram um estudo, que revisou a literatura científica, sobre os benefícios do uso da fibra de cânhamo na produção de bioplástico. Tradicionalmente, a produção de plástico a partir do petróleo tem um efeito devastador no planeta e os cientistas trabalham em opções que sejam igualmente versáteis, porém biodegradáveis.
Se é feito de plástico, também pode ser feito de cânhamo
O cânhamo e Cannabis são a mesma planta, com a nomenclatura de cânhamo (no inglês, hemp) sendo para as variedades que foram desenvolvidas para aproveitar as fibras. O cânhamo também se destaca por gerar flores com alto teor de canabidiol (CBD) e baixo teor de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), o componente psicoativo mais conhecido.
As fibras longas e resistentes do cânhamo lhe conferem uma durabilidade única, o que o torna o material ideal para um grande repertório de produtos. Tudo que é feito de plástico pode ser feito de cânhamo!
Os autores do artigo Industrial Cannabis sativa: Hemp Plastic-Updates foram mais além e destacaram pontos, onde o bioplástico de cânhamo pode ser superior ao plástico convencional.
“Devido a sua versatilidade, o cânhamo pode ser utilizado em qualquer lugar e para qualquer finalidade, substituindo os plásticos convencionais. Na verdade, o plástico de cânhamo é cerca de 2,5 vezes mais resistente que o plástico de polipropileno. O plástico de cânhamo é produzido exclusivamente a partir da celulose extraída da planta do cânhamo e, portanto, não causa toxicidade durante sua produção.”
Portanto, o bioplástico feito de cânhamo teria, ainda segundo os cientistas, potencial para ser um material importante para a indústria automobilística e aeroespacial. Temos exemplos dessa aplicação pelas fabricantes alemães BMW e Mercedes Benz, que já incluíram painéis feitos de cânhamo em alguns modelos de carro, substituindo peças que eram feitas de plástico convencional anteriormente.
A natureza agradece
Do mesmo modo, o cultivo do cânhamo, visando à produção de fibras, também é sustentável por si. Essa é uma planta com um ciclo de vida considerado curto, entre 4 e 8 meses, e ela está pronta para a colheita. Além disso, exige menos água e nutrientes do que outros vegetais cultivados pelas suas fibras, como algodão e o eucalipto.
O cânhamo é extremamente eficiente na absorção de dióxido de carbono (CO2), tanto da atmosfera, quanto do solo, durante seu ciclo de crescimento, contribuindo para melhoria da qualidade do ar e também extraindo elementos do solo.
Desafios do bioplástico de cânhamo
No entanto, os cientistas também identificaram alguns desafios que a produção de bioplástico a partir do cânhamo possui. São questões que impactam a popularização dessa matéria-prima agora, mas que podem ser resolvidas em um futuro próximo, com o avanço dos estudos científicos e do desenvolvimento de novas tecnologias. Confira as desvantagens que os pesquisadores observaram:
- “O plástico à base de cânhamo ainda é um material relativamente novo e precisa estar amplamente disponível no mercado. Isso pode fazer com que a mudança para o cânhamo, como matéria-prima, seja um desafio para as empresas.
- Os plásticos à base de cânhamo são atualmente mais caros que os plásticos tradicionais. Esta diferença de custos deve-se principalmente à disponibilidade limitada de cânhamo como matéria-prima e ao seu custo de processamento relativamente elevado.
- Embora o plástico de cânhamo seja biodegradável, pode ser um desafio reciclá-lo, se o material tiver mistura com alguma substância, para melhorar sua qualidade. Isso ocorre porque o bioplástico de cânhamo requer um processo de compostagem específico e nem todas as instalações de reciclagem possuem a infraestrutura necessária para reaproveitar plásticos.
- O plástico de cânhamo tem uma vida útil mais curta do que os plásticos tradicionais. É mais propenso à degradação e pode quebrar mais rápido, quando expostos ao calor e à umidade.”
Apesar desses desafios, os pesquisadores apontam para um futuro mais sustentável, com o auxílio do cânhamo para substituir o plástico produzido a partir do petróleo.
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