A Pfizer anunciou nessa semana sua entrada na indústria da Cannabis medicinal, apostando em um tratamento promissor para doenças intestinais. A multinacional farmacêutica e de biotecnologia assinou um acordo com a empresa de pesquisas Arena Pharmaceuticals por um por cerca de US$ 6,7 bilhões, ou R$ 38 bilhões.
No final 80, a Pfizer financiava uma pesquisa com canabinoides, porém desistiu do projeto, deixando os pesquisadores com os compostos. Os cientistas envolvidos nessa pesquisa acabariam por descobrir o sistema endocanabinoide, conforme contou ao portal Cannabis & Saúde a pesquisadora Allyn Howllet, descobridora do receptor CB1.
A Arena Pharmaceuticals, adquirida pela Pfzier, é uma empresa de biotecnologia dedicada à terapia canabinoide. O núcleo de sua operação de Cannabis consiste no Olorinab, uma substância oral, receptor canabinoide (CB2) que tratar pacientes com doenças que afetam o estômago e o intestino. Conforme o site da Arena, Olorinab é um medicamento experimental e atualmente não está aprovado para uso por nenhuma autoridade de saúde.
A equipe de Arena está desenvolvendo esta droga à base de Cannabis com foco inicial na dor visceral associada a distúrbios gastrointestinais. O site da Arena diz que este composto, por meio de sua seletividade para CB2 versus CB1, está sob investigação para o alívio da dor sem efeitos adversos psicoativos.
Os receptores CB1 e CB2 se ligam ao sistema endocanabinóide, um sistema complexo que recebe e sintetiza os compostos da Cannabis. Esses receptores estão presentes em todo o corpo humano. Os fitocanabinoides, como o THC e o CBD, podem se ligar a esses receptores para sinalizar que o sistema endocanabinoide precisa entrar em ação.
Amit D. Munshi, presidente e CEO (CEO) da Arena, disse que as capacidades da Pfizer acelerariam a missão da Arena de fornecer medicamentos essenciais aos pacientes e acredita que esta transação representa o melhor próximo passo para pacientes e acionistas.
“Estamos muito satisfeitos em anunciar a aquisição proposta da Arena pela Pfizer, reconhecendo nossa contribuição para atender às necessidades não atendidas em doenças inflamatórias mediadas pelo sistema imunológico”, disse ele.
O portfólio da Arena também inclui outros pipelines de drogas não canabinoides, com foco no desenvolvimento de terapias potenciais inovadoras para tratar várias doenças imunoinflamatórias.
Ao adquirir a Arena, a Pfizer entra na indústria da Cannabis medicinal e se junta a outras big pharmas nessa corrida verde. Nos últimos anos, grandes farmacêuticas entraram no mercado por meio de diversas operações.
A empresa canadense de pesquisa e desenvolvimento de Cannabis Avicanna tornou-se uma empresa residente na Jonhson & Johnson’s em Toronto em 2017.
Um ano depois, a canadense Tilray tornou-se global por meio de um acordo com a empresa farmacêutica suíça Novartis para desenvolver e distribuir seus produtos de maconha medicinal em jurisdições legais em todo o mundo.
Em maio de 2021, a empresa biofarmacêutica global Jazz Pharmaceutical concluiu a aquisição da GW Pharmaceuticals, desenvolvedora do Epidiolex, o primeiro medicamento CBD autorizado pela FDA para o tratamento de crianças com as síndromes de Lennox-Gastaut e Dravet.
Como as Big Tobacco, o interesse das Big Pharmas na indústria da Cannabis cresce em rápida evolução. Por este motivo, espera-se um maior envolvimento das empresas farmacêuticas na indústria da cannabis medicinal nos próximos anos.
Com informações da Forbes