“Lugar de cannabis é nas Universidades”, a afirmação do professor Erik Amazonas, que desenvolve pesquisas com cannabinoides na UFSC, tem se tornado uma realidade no Brasil. Somando-se às iniciativas de pesquisa, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) está desenvolvendo um projeto com uma das moléculas da Cannabis mais conhecida: o Canabidiol (CBD).
O cientista à frente do estudo, que é o seu projeto de mestrado, é o biológo João Pedro Tannús Goulart. Ele atua no Programa de Pós-Graduação em Genética e Bioquímica do Laboratório de Nanobiotecnologia Prof. Dr. Luiz Ricardo Goulart Filho, do Instituto de Biotecnologia da UFU.
“Criamos uma nanoformulação natural que encapsula canabidiol como um tratamento promissor, barato, escalonável e seguro contra dor crônica. Até o momento, as formulações apresentaram estabilidade físico-química a longo prazo, biocompatibilidade em modelos biológicos alternativos de drosófila (mosca de banana) e embrião de galinha, além de testes de eficácia em drosófila”, explicou.
Basicamente o objetivo da pesquisa é a busca pelo diferencial de fazer uma nova formulação para que seja armazenada em temperatura ambiente, o que segundo João irá baixar os custos. “Como é uma formulação que pode ser mantida a temperatura ambiente não terá tanto custo. E também terá efeito prolongado comparado a outras. E na temperatura ambiente terá validade de um ano”, disse com exclusividade ao Portal Cannabis & Saúde.
CBD para tratar a dor crônica
Segundo João, os resultados da pesquisa têm sido promissores. E o próximo passo será a avaliação da capacidade da formulação eliminar sintomas dolorosos em cães que possuam alguma condição de dor crônica já pré-estabelecida.
“O desenvolvimento deste novo produto à base de Cannabis representa um importante passo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Também de outros animais. Além de contribuir para a discussão e democratização do uso medicinal no Brasil”, destacou João.
Porém João esclarece que o intuito é desenvolver um produto para aplicação humana. O ensaio em cães será a parte do ensaio clínico para testar o tratamento da dor.
“Agora que nós achamos a dose segura, vamos investigar as doses clínicas começando pelos cães para futuramente extrapolar para os humanos”.
O projeto é orientado pela Dra. Lígia Nunes de Morais Ribeiro e conta com uma colaboração multidisciplinar envolvendo a Dra. Luciana Machado Bastos, Dra. B. Beatriz Fonseca, Dr. Carlos Ueira Vieira e Dra. Tamiris Sabrina Rodrigues da Universidade Federal de Uberlândia.
O potencial da Cannabis para tratar a dor crônica
A dor crônica pode afetar todo o sistema nervoso central, resultando em dor severa e difícil de tratar.
Dor crônica ou persistente é a dor que dura mais de 3 meses, ou em muitos casos, além do tempo normal de cura da lesão ou problema que originalmente causou a dor.
A dor crônica é diferente da dor aguda, como a dor de uma lesão, que se desenvolve rapidamente e normalmente não dura por muito tempo. A dor crônica é uma condição complexa, e todos a experimentam de forma diferente.
O que causa a dor crônica?
Existem diferentes tipos de dor crônica, incluindo dor neuropática, dor causada por uma condição óssea, muscular ou articular, assim como dor causada por um câncer.
A dor crônica também pode ser causada por doenças como enxaqueca, osteoporose, artrite e outras condições músculo-esqueléticas, ou após uma lesão ou cirurgia. Às vezes não há nenhuma causa aparente para a dor crônica.
Existem comprovações científicas do uso do CBD e de outros canabinoides para tratar a dor crônica?
Sim. Inclusive, a dor crônica está entre as patologias com mais publicações na literatura médica sobre o uso da Cannabis como medicamento.
Isto porque as mais de 500 substâncias presentes na Cannabis, como o CBD e o THC, se unem aos receptores canabinoides de diferentes regiões do corpo implicadas na fisiopatologia da dor.
Nesta perspectiva, um estudo publicado em novembro de 2019 no Journal of Pain, relatou que a Cannabis pode reduzir o nível de dor da enxaqueca e de outras dores de cabeça, patologias crônicas extremamente frequentes e debilitantes, em até 50%.
Ainda neste sentido, recentemente noticiamos que cerca de um terço dos pacientes com dor crônica disse que usa Cannabis, segundo pesquisa realizada em parceria pelas universidades de Michigan e John Hopkins. O estudo foi publicado no periódico científico da Associação Médica Americana, o JAMA. A maioria dos pacientes que utilizaram Cannabis para o controle da dor crônica o fez para substituir outros medicamentos prescritos para a dor. Inclusive, muitos optaram pela planta para no lugar de opioides.
E em relação à atuação dos tratamentos com a planta especificamente na ortopedia, Dr. Marcos Pereira Dias explicou que a Cannabis é fundamental, “principalmente na dor crônica”.
Agende sua consulta
Portanto, se você sofre com alguma dor persistente em qualquer parte do corpo, saiba que a Cannabis pode te ajudar. O primeiro passo é marcar uma consulta com um dos nossos médicos prescritores da plataforma de agendamentos e seguir as orientações para melhorar sua qualidade de vida e bem-estar para sempre.