Pesquisa revela que a Cannabis pode amenizar sintomas da endometriose, como dor na pélvis, cólica menstrual, náuseas, depressão e baixa libido
Um estudo realizado por pesquisadores da Austrália revela que os sintomas da endometriose, como dor pélvica crônica, fadiga, dor menstrual, dispareunia (sexo doloroso), disquezia (evacuações dolorosas) e disúria (dor relacionada à micção) podem ser tratados com canabinoides, as moléculas medicinais da Cannabis.
O levantamento envolveu estudiosos do Instituto de Pesquisa em Saúde NICM na Austrália, a Escola de Saúde Feminina e Infantil de Sydney, a Unidade Professorial da clínica de Melbourne, o Departamento de Psiquiatria da Universidade de Melbourne, o Instituto de Pesquisa em Saúde Translacional da Universidade de Sydney, na Austrália, e a Universidade de Bristol, no Reino Unido.
Aplicativo coletou os dados
Para fazer o estudo, os pesquisadores se valeram da plataforma de dados canadense Strainprint Technologies, um aplicativo de celular usado no Canadá para rastrear o uso legal de produtos à base de Cannabis para fins medicinais.
Ao identificar mulheres que já faziam uso da Cannabis para tratar endometriose, na ocasião da pesquisa, o estudo procurou investigar a eficácia autoavaliada das pacientes, as formas de uso, a dosagem e as proporções de canabinoides utilizados no tratamento.
Aquelas que aceitaram participar do processo precisaram inserir no aplicativo dados como idade e condições médicas auto relatadas, com o objetivo de serem avaliadas de forma sistemática entre 2017 e 2020.
Método
A coleta de dados se deu da seguinte forma: antes de consumir a Cannabis ou produtos à base do extrato da planta, as pacientes se comprometeram a registrar no sistema as chamadas ‘sessões de uso’.
Ao ministrar a dose, era preciso relatar o sintoma, autoavaliar a gravidade do mesmo, numa escala de classificação numérica de 0 a 10 (sendo 0 a gravidade mais baixa e 10 sendo a mais alta) e ainda especificar o produto, a forma farmacêutica de administração e a dose do tratamento.
Resultados
Ao todo, 252 mulheres identificadas com endometriose no Canadá participaram do estudo. Entre 2017 e 2020, foram registrados no aplicativo 16.193 sessões de uso de Cannabis pelas pacientes.
67% das pacientes fazem uso inalado
Como resultado, 67,4% relataram fazer uso inalado da Cannabis – para tratar a dor em 57% dos casos.
O estudo identificou que a forma inalada apresentou maior eficácia no tratamento da dor, enquanto a forma oral foi mais eficiente na melhora do humor e nos sintomas gastrointestinais.
Esses sintomas gastrointestinais, embora fossem uma razão menos comum para o consumo de Cannabis (15,2%), tiveram a maior melhoria autorrelatada após o consumo.
Mas afinal, o que é endometriose?
A endometriose é uma condição inflamatória crônica, comum em mulheres, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio (tecido que reveste a parte de dentro do útero) encontrado fora do útero.
A patologia atinge cerca de 176 milhões de mulheres em todo o mundo.
Mulheres têm buscado a Cannabis ilegal como tratamento, diz a pesquisa
Os achados da pesquisa vão de encontro a estudos anteriores, que identificaram a melhora dos sintomas de endometriose nos quadros de dor pélvica crônica, fadiga e dor menstrual, com o uso da maconha fumada.
De acordo com os pesquisadores, evidências emergentes internacionais demonstram que as mulheres estão utilizando a maconha como uma estratégia contra a dor e os sintomas associados à endometriose.
Estudos sem padronização
Entretanto, os resultados desses levantamentos anteriores se basearam em autorrelatos, sem o monitoramento. Não sabemos qual forma o modo de administração, quantidade de dose, proporções de canabinoides e outros fatores. Portanto, isso não pode dar credibilidade aos resultados clínicos.
“Este artigo demonstra que as mulheres canadenses também estão utilizando produtos obtidos legalmente e de qualidade garantida para controlar os sintomas da endometriose. Os principais benefícios vêm em domínios como dor pélvica, sintomas gastrointestinais e humor”, afirma o artigo científico.
Disfunção no Sistema Endocanabinoide
A pesquisa cita ainda outros estudos recentes, sugerindo que pacientes com endometriose podem ter uma disfunção no Sistema Endocanabinoide (SEC), presente no corpo humano.
Atualmente, a Ciência já sabe que a modulação do SEC por fitocanabinoides presentes na Cannabis contribui para o equilíbrio do corpo e a homeostase corporal.
Conclusão
Em síntese, a pesquisa revelou que a Cannabis parece ser eficaz em todos os sintomas referentes à endometriose. Nesse sentido, o destaque vai para a administração inalada devido à rápida ação de resposta.
Por outro lado, o estudo demonstrou que as formas orais podem ser mais eficientes para tratar categorias de humor e problemas gastrointestinais. Possivelmente, isso acontece devido a concentrações mais elevadas de canabidiol (CBD) nos produtos utilizados.
Embora os produtos de uso tópico (pomadas) tenham demonstrado um bom efeito no controle da dor localizada, os dados devem ser interpretados com cautela. De acrodo com o artigo, isso é devido ao pequeno conjunto de pacientes que fizeram o uso via absorção da derme, orienta o artigo.
Produtos padronizados e com controle de qualidade
Para concluir, os pesquisadores alertaram sobre a importância do uso de produtos padronizados e de qualidade garantida. Em outras palavras, potência e proporções de canabinoides, parãmetro importantes na produção de artigos e pesquisas científicas.
“Obter resultados clínicos reproduzíveis, mitigando possíveis efeitos adversos, por potencial adulteração ou contaminação de produtos, é uma consideração clínica importante para o avanço da Cannabis medicinal. Isso, particularmente, quando se considera a necessidade urgente de ensaios clínicos que investiguem a segurança, tolerabilidade e eficácia da Cannabis para a dor da endometriose e sintomas associados”, encerra a pesquisa.
Para ler a pesquisa na íntegra acesse:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34699540/
O uso medicinal da Cannabis já é legal no Brasil
O uso medicinal da Cannabis no Brasil já tem regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio das RDC 660 e RDC 327. No entanto, é necessário que haja prescrição médica.
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