Apesar do volume expressivo favorável à medicina canabinoide, percentual de pessoas beneficiadas é baixo e o Brasil avança lentamente na regulamentação.
O uso medicinal da Cannabis tem apoio de 70% da população brasileira. Essa é a principal constatação de pesquisa “Cannabis é Saúde”, realizada pelo CIVI-CO, polo de negócios de impacto cívico-sócio-ambiental, sediado em São Paulo. O levantamento ouviu mil pessoas englobando todas as regiões do País, por meio de painel online. Outro ponto importante identificado é relacionado à propensão ao uso. No total 47%, estão muito abertos aos tratamentos, caso recebam indicação médica. Já 30% consideram baixa a probabilidade de adesão às terapias.
O percentual do conjunto favorável aos tratamentos com medicamentos à base de Cannabis contrasta com outras descobertas apontadas pelos números. No total, 76% do público já sabiam da possibilidade de aplicação terapêutica. Porém, 59% ainda não conhecem as patologias para as quais é possível aplicar a medicina canabinoide.
O desconhecimento sobre as indicações impacta o comportamento. De acordo com os dados, 14% da amostra sabiam que os médicos podem prescrever fármacos à base de Cannabis como parte do tratamento e 19% já haviam considerado utilizar a planta para fins terapêuticos. Com relação à utilização, 3% entrevistados receberam indicação clínica para o uso medicinal da Cannabis e 10% conhecem alguém que já recebeu prescrição médica.
Aqueles que já conheciam algumas das aplicações medicinais citaram o tratamento de enfermidades como epilepsia, dores, ansiedade e câncer. No grupo dos que já consideraram recorrer à Cannabis medicinal, as patologias mais prevalentes são ansiedade, insônia e dores.
Embora sete em cada dez pessoas desejem a consolidação da Cannabis medicinal, o Brasil avança timidamente. Há pouco mais de um ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a fabricação de medicamentos no Brasil, bem como a comercialização em farmácias. Também existe um grupo de pacientes que possui autorização judicial para importar e associações com permissão para cultivar a Cannabis e extrair o canabidiol. No entanto, o cultivo da planta para pesquisa e produção continuam proibidos.
Segundo Patrícia Villela Marino, co-fundadora do CIVI-CO e co-fundadora e presidente do Instituto Humanitas360, o cenário no País está configurado de forma a tornar o tratamento inacessível para a grande maioria da população. “A falta de regulamentação para o cultivo da Cannabis voltado a fins medicinais leva à importação da matéria-prima, encarecendo muito o preço dos produtos. Por enquanto, somente tem acesso aos medicamentos aqueles com poder financeiro para comprar o produto nas farmácias ou arcar com os custos da judicialização. Desta forma, a maior parte dos brasileiros, especialmente, a parcela mais vulnerável tem seus direitos à saúde e a melhor qualidade de vida ceifados de maneira impiedosa”, enfatiza.
A pandemia da Covid-19 canalizou a atenção das pessoas para os cuidados com a saúde. Com isso, o reflexo natural é a maior abertura para novas terapias e, nesse contexto, o uso medicinal da Cannabis vem despertando atenção crescente.
Cannabis é saúde – A opinião pública voltou sua atenção ao uso medicinal da Cannabis na década de 1990, a partir da luta de mães para que seus filhos pudessem ter acesso a tratamentos à base de Cannabis, buscando melhora em condições graves como, por exemplo, epilepsia refratária aguda. O movimento teve grande repercussão e abriu portas internacionalmente à utilização com finalidade médica legal. Atualmente, cerca de 60 países têm regulamentações específicas para o uso medicinal da Cannabis.
Esses avanços não acontecem à toa. Há um conjunto cada vez mais robusto de evidências científicas apontando os inúmeros benefícios da planta para a medicina, com aplicação terapêutica bem sucedida em casos de esclerose múltipla, transtorno de estresse pós-traumático, dor neuropática crônica, epilepsia e quadros convulsivos. Bons resultados também são registrados no tratamento de sintomas como náusea e vômito induzidos por quimioterapia, distúrbios do sono, ansiedade, perda de peso em pacientes com HIV, além de características ocasionadas por cânceres e doenças do neurônio motor.
A pesquisa “Cannabis é Saúde” ouviu mil pessoas, distribuídas nas cinco regiões do Brasil. A composição da amostra teve homens e mulheres, acima dos 18 anos, abrangendo as classes sociais A, B1, B2, C1 e C2. O levantamento realizado pelo CIVI-CO tem apoio do Instituto Humanitas360, Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis (IPSEC), Centro de Excelência Canabinoide (CEC) e The Green Hub. A pesquisa foi apresentada ao público no dia 3 de maio, durante evento de lançamento do CEC Academy, programa do CEC destinado à capacitação de médicos voltado à Cannabis medicinal.
Sobre o CIVI-CO
O CIVI-CO é um Hub que reúne organizações sociais e negócios de impacto, formando uma comunidade de empreendedores e ativistas que trabalham para gerar transformações positivas na sociedade. Saiba mais: http://www.civi-co.net/ .
Sobre o Instituto Humanitas360
O Instituto Humanitas360 atua desde 2015 desenvolvendo projetos e facilitando a coalizão de organizações sociais, profissionais e gestores públicos focados na diminuição da violência, na promoção da cidadania ativa e no aumento da transparência. Sua missão é promover a pesquisa e o conhecimento e envolver os cidadãos para alcançar uma melhoria sustentável dos padrões de vida na América Latina. Atualmente, o Instituto tem como principal vertente de atuação a criação de cooperativas sociais em penitenciárias brasileiras, visando reduzir a reincidência criminal a partir do fornecimento de conhecimento técnico e de estrutura para a criação de um negócio social. Saiba mais: http://humanitas360.org/ .
Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis (IPSEC)
O IPSEC é um instituto de pesquisa que busca dados e informações validadas do mercado de cannabis e cânhamo, com o objetivo de viabilizar uma legislação que seja adequada à realidade do País e que cumpra os anseios da sociedade brasileira. Saiba mais: http://ipsecbrasil.org/ .
Centro de Excelência Canabinoide (CEC)
O Centro de Excelência Canabinoide (CEC) é um centro especializado em saúde, com foco no atendimento humanizado, pioneirismo e excelência em medicina canabinoide. O empreendimento é estruturado em três frentes. O CEC Medical é focado na aplicação clínica de tratamentos eficientes e seguros para quem busca qualidade de vida. O CEC Academy é um centro de educação especializado em cannabis para uso medicinal. Já o CEC Science gera conhecimento por meio de pesquisas científicas, validações de aplicação clínicas e certificações de produtos. Saiba mais: http://www.cecmedic.com.br/ .
The Green Hub