De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a Cannabis pode ajudar no manejo da dor, modulação de humor, apetite, controle de náuseas e sono
Uma recente pesquisa baseada em dados médicos apresentou uma análise abrangente sobre o impacto dos Canabinoides (moléculas medicinais da Cannabis) no tratamento de pacientes com câncer. Publicado em julho de 2023, na National Library of Medicine ou PubMed, o estudo objetivou explorar como a Cannabis pode ajudar a mitigar as consequências do câncer como dor, ansiedade, emagrecimento, perda óssea e sono. O estudo também buscou saber como os compostos medicinais da Cannabis atuam para remediar os efeitos colaterais da quimioterapia, como por exemplo, enjoo e náuseas e falta de apetite.
Dados do Instituto Nacional do Câncer
As análises fazem parte do banco de dados do Instituto Nacional do Câncer que reúne registros com mais de 6.000 ensaios clínicos de câncer abertos e 17.000 fechados, incluindo rastreamento e prevenção.
O grupo envolvido na meta análise é filiado à instituição que é uma das mais importantes no cenário da pesquisa oncológica do mundo.
Método utilizado
A metodologia da pesquisa abrangeu uma revisão detalhada de estudos clínicos controlados, meta-análises e ensaios randomizados, publicados em periódicos científicos de relevância internacional.
Os cientistas avaliaram, de forma sistemática, o resultado desses estudos e de dados clínicos sobre pacientes oncológicos em tratamento que fizeram uso da Cannbais para estimular o apetite, conter enjoos, buscar a analgesia e o controle da ansiedade e sono.
Cannabis nos mais diversos usos
No estudo, foram considerados diversos Canabinoides, mas principalmente os mais conhecidos, como o delta-9-Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD), em diferentes formas de administração, como oral, inalada e tópica.
A pesquisa ainda avaliou a força da evidência científica de cada estudo e dado, atribuindo níveis de confiabilidade com base na qualidade dos estudos e publicações em revistas renomadas.
Controle de dor
As análises demonstraram, de forma simplificada, que a Cannabis auxilia no manejo da dor e pode trazer mais qualidade de vida ao paciente em todos os estágios do câncer.
No artigo, os pesquisadores explicaram que a dor do câncer resulta de um processo inflamatório que pode comprometer estruturas sensíveis do corpo atingindo músculos, nervos e até os ossos.
Sistema Endocanabinoide
Segundo a pesquisa, os receptores do Sistema Endocanabinoide desempenham um papel importante na analgesia, tanto no Sistema Nervoso Central quanto em terminações nervosas periféricas.
Dessa forma, quando a dor oncológica é intensa e persistente, muitas vezes, nem os opioides conseguem conter a sensação de mal-estar.
THC é sedativo e analgésico
Por outro lado, descobriu-se que doses mais altas de delta-9-THC podem ser mais sedativas do que a codeína, uma substância derivada da planta papoula que pertence à mesma classe da morfina.
O estudo observou que o uso oral desse Fitocanabinoide – que é um dos principais compostos da Cannabis – resultou em efeitos analgésicos substanciais em pacientes com dor associada ao câncer.
“Esses resultados são particularmente encorajadores, considerando a natureza persistente e resistente ao tratamento de muitas dores oncológicas”, diz o artigo científico.
Cannabis pode conter náuseas e enjoo
Além de ajudar a conter a dor, evidências clínicas e científicas demonstram que os Canabinoides, em especial o THC, possui efeito antiemético, ou seja, consegue inibir as náuseas e vômitos induzidos pelo tratamento de quimioterapia e pós-cirurgia.
A análise abrangente de estudos clínicos controlados e meta-análises revelou, de forma consistente, segundo os cientistas, um desempenho superior dos Canabinoides em comparação com placebos e outras intervenções tradicionais.
Em situações em que pacientes não respondem de maneira adequada a tratamentos convencionais para alívio da náusea e vômito associados à quimioterapia, o uso da Cannabis demonstrou ser uma alternativa eficaz.
Cannabis estimula o apetite
Outro resultado importante desta pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional do Câncer diz respeito à estimulação do apetite em pacientes enfrentando anorexia, perda de peso e caquexia (perda de tecido adiposo e músculo ósseo) associadas ao câncer.
A análise de quatro ensaios clínicos controlados, envolvendo a administração oral de THC, revelou melhorias significativas nos níveis de apetite, apreciação alimentar, ingestão calórica e ganho de peso em pacientes com malignidades avançadas.
Mais apetite e ganho de peso
Segundo os cientistas, o grupo que recebeu THC demonstrou um aumento estatisticamente superior no apetite e ganho de peso do que o outro grupo que recebeu placebo.
“Essa comparação levanta questões sobre a eficácia relativa dos Canabinoides em comparação com outras abordagens terapêuticas existentes”, diz o artigo científico.
Muito embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores orientam cuidado. “É crucial interpretar esses achados com cautela, considerando a heterogeneidade dos pacientes”, afirmam os estudiosos.
Modulação do humor e Sono
Outro achado da pesquisa diz respeito a capacidade de regulação do humor e extinção de memórias aversivas a partir da modulação do Sistema Endocanabinoide com a reposição de Fitocanabinoides.
De acordo com os estudiosos, pesquisas em animais demonstraram que o CBD reúne propriedades ansiolíticas.
“Foi demonstrado em ratos que essas propriedades ansiolíticas são mediadas por mecanismos desconhecidos. Os efeitos ansiolíticos do CBD foram demonstrados em vários modelos animais”, está no artigo.
Segundo os cientistas, o Sistema Endocanabinoide também demonstrou desempenhar um papel fundamental na modulação do ciclo sono-vigília em ratos. Por isso, a Cannabis pode ajudar a modular o sono em pacientes com insônia.
Segurança e efeitos adversos
Os pesquisadores ainda se debruçaram sobre a segurança e os efeitos adversos que podem surgir com o uso dos Canabinoides em pacientes oncológicos.
O Instituto Nacional do Câncer afirma que a segurança relativa do uso medicinal da Cannabis em comparação com outros agentes terapêuticos e fármacos é ponto de destaque, como demostra essa revisão sistemática.
“Ao abordar os efeitos adversos, é essencial observar que os receptores de Canabinoides, ao contrário dos receptores opioides, não estão localizados nas áreas do tronco cerebral que controlam a respiração”.
Não há casos de overdoses com Cannabis
Isso, segundo o estudo, elimina a possibilidade de overdoses letais decorrentes do uso de Cannabis.
Ainda assim, há relatos de efeitos indesejados como por exemplo: taquicardia, queda de pressão, injeção conjuntival (olhos vermelhos), broncodilatação, relaxamento muscular e diminuição da motilidade gastrointestinal.
Tolerância
De acordo com a pesquisa, o cérebro desenvolve tolerância aos Canabinoides. Portanto, há relatos de sintomas de abstinência, como irritabilidade, insônia e, raramente, náuseas e cãibras.
Potencial de vício reduzido
O estudo também destaca que, embora alguns considerem os Canabinoides como drogas potencialmente viciantes, seu potencial de vício é significativamente menor em comparação com outros agentes prescritos ou substâncias de abuso como os opioides.
Entretanto, segundo os pesquisadores, esses sintomas foram observados em intensidade consideravelmente menor do que aqueles associados a opioides ou benzodiazepínicos.
Conclusão
De forma geral, os pesquisadores afirmaram que há evidências de que os Canabinoides podem preencher uma lacuna importante no tratamento de efeitos colaterais desafiadores do câncer.
Os pesquisadores concluíram que, de forma auxiliar, a Cannabis pode trazer qualidade de vida aos pacientes submetidos a regimes de quimioterapia e auxiliar na modulação do humor, apetite e sono.
Embora evidências apontem para benefícios em determinadas áreas, a complexidade dessas substâncias exige uma abordagem cautelosa e mais estudos para definir com precisão seu lugar no arsenal terapêutico contra o câncer, avaliaram os estudiosos.
Adicionalmente, o artigo esclareceu que a atualização das informações sobre o câncer para profissionais de saúde teve como objetivo fornece dados abrangentes, revisados por pares e baseados em evidências sobre o uso dos Canabinoides na oncologia.
“Não fornece diretrizes ou recomendações formais para a tomada de decisões sobre cuidados de saúde”, conclui o artigo.
Pesquisa disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK65755/
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