Seu Célio foi o segundo paciente do dr. Pedro Pulcherio Filho a receber prescrição de Cannabis. Era um senhor de 90 anos, com sinais avançados do Parkinson – comia por meio de uma sonda, não levantava da cama, não falava mais. Levou seis meses para o óleo full spectrum mudar a vida de Célio.
“Ele saiu da maca, retirou a sonda, voltou a conversar. Foi uma mudança extrema na vida dele”, relembra Pulcherio. “Claro que fizemos outros tratamentos integrativos, com suplementação, mas a Cannabis fez toda a diferença.”
Antes de seu Célio, Pulcherio havia tratado um parente próximo, que vivia em uma depressão profunda, tomava mais de sete medicamentos psiquiátricos. Ainda sem muito conhecimento sobre como adquirir os óleos, o médico buscou remédios artesanais no Uruguai. Deu tão certo que Pulcherio partiu para os estudos e nunca mais desgrudou da Cannabis.
A paixão pela medicina integrativa
Mas a história começa antes, ainda no curso de graduação de medicina, no Rio de Janeiro. Pulcherio conheceu a medicina integrativa através do dr. Mohamad Barakat, fundador do Instituto Dr. Barakat – cujo conceito foca na definição de saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde) “estado de bem-estar físico, mental e social completo, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”.
A medicina integrativa reúne uma série de áreas para promover mudança de vida nos pacientes, com mudança na alimentação, prática de exercícios físicos. “Não é uma nova especialidade. É um novo modo de olhar para a medicina, uma visão holística. A gente trabalha a cura daquela angústia e queixa que o paciente nos traz”, explica Pulcherio.
“Por exemplo, tenho uma enxaqueca há 15 anos e não sei a causa. Existem medicamentos paliativos para tratá-la. A medicina integrativa vai no cerne da questão para entender e curar a causa, tratar a resolução, descobrir o que levou o corpo a adoecer”, conta.
E a Cannabis, Pulcherio logo descobriria, combina muito bem com a medicina integrativa – afinal, o sistema endocanabinoide regula todo o organismo.
O encontro com a Cannabis
Dois anos após se formar, em 2017, Pulcherio iniciou uma pós-graduação com o dr. Lair Ribeiro. Só ali descobriu a Cannabis, durante uma palestra da dra. Carolina Nocetti e Ana Gabriela Baptista. “Nunca escutei nada sobre Cannabis na faculdade. E olha que tive um professor de farmacologia maravilhoso”, lamenta. “Até então eu só conhecia a Cannabis no âmbito recreativo, sabia que tinha suas ações terapêuticas, mas não tinha estudado a fundo. Aquilo abriu minha mente.”
Após a palestra, Pulcherio se aproximou ainda mais da colega Ana Gabriela Baptista. Começou a estudar artigos sobre os usos terapêuticos de Cannabis, como prescrever. Foi ela quem lhe indicou o caso de seu Célio. Como Pulcherio atendia em Cuiabá, no Mato Grosso, e o paciente era de Rondonópolis, uma cidade ali perto, Ana Gabriela pediu ao colega para ajudar no tratamento dele.
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Dali em diante, o clínico geral não parou mais de trabalhar com os óleos medicinais da Cannabis. “Seu Célio me trouxe mais pacientes, que me trouxeram outros. E, hoje, no meu consultório de medicina integrativa 95% dos pacientes me procuram por conta do tratamento com Cannabis”, diz. “Durante a pandemia, atendemos pacientes do Brasil inteiro, com as mais diversas patologias, como Alzheimer, dor crônica, enxaqueca, câncer.”
“É um negócio que foi acontecendo. E cada vez aparecia paciente de um estado, de outro, e eu aceite: é o que é para ser, essa é a minha missão”, celebra.
Preconceito da classe médica
Os olhares desconfiados e as falas preconceituosas não passaram despercebidos para Pulcherio. “A gente sofre um pouco com isso, já tomei algumas pauladas de médicos mais antigos que não querem prescrever, não querem se abrir para a Cannabis”, lamenta. “Se esses médicos, que têm 30 vezes mais pacientes do que eu, começassem a prescrever em conjunto com o medicamento que ele já gosta, já estava bom. Mas eles não querem. Por isso recebo tantos pacientes”, conclui.
Entre os pacientes, ele já sentiu uma redução na desconfiança com a Cannabis. “É até engraçado. Às vezes, na primeira consulta, o familiar do paciente trata o assunto com cuidado. E eu também, passo até duas horas explicando”, conta. “Quando eles voltam, já com a melhora, começam a contar que agora acompanham o discurso da Cannabis. Até dizem: ‘já falei para o meu vizinho, indiquei o tratamento’. Eles quebram aquele preconceito primário”.
Estudo constante
Pulcherio, no entanto, nem pensa em parar os estudos sobre a Cannabis – uma área ainda cheia de novidades sobre tratamentos e composições/efeitos dos óleos. Começou recentemente uma outra pós-graduação, dessa vez pela Inspirali, focada na medicina canábica.
“Essa pós tem sido muito interessante. Uma coisa é pescar um artigo científico, outra coisa é entrar num estudo de pós-graduação”, relata. “Espero que cada vez mais haja cursos sobre a Cannabis também nas universidades brasileiras de medicina”, conclui.