Com mais de 400 compostos químicos diferentes, a Cannabis abriga centenas de canabinoides que interagem com o sistema endocanabinoide no corpo.
Esse sistema modula diversos processos fisiológicos, como a cognição, a percepção da dor, o apetite, a memória, o sono, o sistema imunológico, o humor, entre outros sistemas corporais.
O canabidiol (CBD) é um dos muitos canabinoides ativos identificados na planta Cannabis.
Ele se conecta a uma ampla gama de alvos fisiológicos no sistema endocanabinoide, promovendo benefícios em muitas condições que discutiremos adiante.
Este canabinoide apresenta propriedades diversas, como analgésico, anticonvulsivo, relaxante muscular, ansiolítico, antipsicótico, além de exibir atividades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e antioxidantes, entre outros usos.
Do ponto de vista farmacológico, a diversidade de receptores canabinoides justifica sua aplicação em uma ampla gama de condições médicas.
Diante disso, em quais cenários o canabidiol é indicado? Quais benefícios ele pode promover? Vamos descobrir tudo neste artigo.
A seguir, você aprenderá sobre:
- Para que é indicado o canabidiol?
- Canabidiol e suas indicações em doenças neurológicas
- Canabidiol e suas indicações em distúrbios psiquiátricos
- Canabidiol e alívio de sintomas em doenças crônicas
- O canabidiol no alívio da dor e inflamação
- Canabidiol no tratamento de distúrbios do sono: quando é indicado?
- Benefícios potenciais do canabidiol para a saúde cardiovascular: quando é indicado?
- Uso do canabidiol em crianças e adolescentes
- O papel do canabidiol na promoção do bem-estar
- Legislação e disponibilidade do canabidiol
Para que é indicado o canabidiol?
A planta Cannabis é originária da Ásia e possui diversas espécies.
O principal composto psicoativo é o tetrahidrocanabinol (THC). Por outro lado, o canabidiol (CBD), também abundante na planta, não é considerado psicoativo, embora interaja com o sistema serotoninérgico e nervoso central.
O CBD também atua em receptores canabinoides (CB) do sistema endocanabinoide.
Amplamente distribuídos pelo corpo, esses receptores são encontrados tanto no sistema nervoso central quanto no periférico, incluindo no cérebro.
Os receptores CB1 podem ser encontrados também nas vias da dor no cérebro e na medula espinhal, influenciando os efeitos analgésicos e ansiolíticos do CBD.
Por outro lado, os receptores CB2 atuam nas células imunológicas, modulando os processos anti-inflamatórios induzidos pelo CBD.
Assim, houve um crescente interesse científico pelo CBD nos últimos dez anos, tornando-o reconhecido por seus efeitos antiepilépticos e ansiolíticos com respaldo em evidências clínicas e pré-clínicas.
Além disso, o CBD revela efeitos anti-inflamatórios, imunomoduladores, antipsicóticos e neuroprotetores.
Contudo, os mecanismos por trás desses efeitos ainda não são plenamente compreendidos.
O Epidiolex, primeiro produto farmacêutico com base em CBD, foi aprovado pela FDA em 2018 para tratar a síndrome de Lennox-Gastaut e a síndrome de Dravet como anticonvulsivante.
Em outros cenários, o CBD é aplicado no tratamento de ansiedade, dor, distúrbios musculares como a distonia, doença de Parkinson, doença de Crohn e diversas outras condições médicas.
Diferenças entre CBD e THC: para que cada um é indicado?
A Cannabis contém uma variedade de mais de 100 compostos conhecidos como canabinoides, sendo os principais o CBD e o THC.
O THC, ou delta-9-tetrahidrocanabinol, é o componente responsável pela sensação de “euforia” ao fumar maconha ou consumir comestíveis derivados.
Entre outras atividades, ele desencadeia a liberação de dopamina, um hormônio que promove sensações de bem-estar, gerando uma sensação relaxante e eufórica.
O CBD, abreviação de canabidiol, é outro composto presente na planta. Embora relacionado ao THC, não possui efeitos psicoativos, não proporcionando a mesma sensação associada ao THC.
Muitas pessoas buscam o CBD e o THC para aliviar uma ampla gama de sintomas relacionados à saúde física e mental.
Algumas pesquisas indicam que o CBD pode oferecer auxílio para condições como ansiedade, inflamação e dores associadas aos nervos.
No que diz respeito ao THC, ele é uma alternativa de tratamento eficaz para questões como rigidez muscular e espasmos em condições como:
- Esclerose múltipla ou esclerose lateral amiotrófica;
- Dor crônica ou relacionada aos nervos;
- Epilepsia;
- Tremores associados à doença de Parkinson;
- Náuseas;
- Glaucoma;
- Estimulação do apetite em pacientes com HIV/AIDS;
- Agitação em casos de doença de Alzheimer;
- Doença de Crohn;
- Sintomas do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Canabidiol e suas indicações em doenças neurológicas
Embora não se compreenda completamente o mecanismo exato de interação do CBD com o cérebro, essa substância é conhecida por desencadear efeitos fisiológicos ao interagir com os receptores endocanabinoides CB1 e CB2.
Os receptores CB1 são abundantes no sistema nervoso central, tecidos conjuntivos e intestinos.
Por outro lado, os receptores CB2 estão presentes em células imunes, amígdalas, baço, timo e algumas regiões cerebrais.
Os dados indicam que o CBD pode regular as respostas desses receptores à estimulação, influenciando assim as reações do corpo e do cérebro.
Os distúrbios neurológicos afetam o cérebro, os nervos que percorrem o corpo e a medula espinhal.
Eles podem ser classificados como “início súbito”, resultantes de lesões no cérebro ou medula espinhal.
Também são vistos como “condições intermitentes”, como epilepsia e estágios iniciais da esclerose múltipla.
Por fim, podem ser classificados como “doenças progressivas”, como o Parkinson, que tendem a piorar com o tempo.
Devido às propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, o CBD pode reduzir o impacto de alguns sintomas de Alzheimer e melhorar a mobilidade de pessoas com esclerose múltipla.
Pesquisas com o CBD em distúrbios neurológicos indicaram a capacidade do composto de restaurar deficiências cognitivas em camundongos geneticamente predispostos à doença de Alzheimer.
A dor crônica, comum em várias condições neurológicas, afeta muitas pessoas com esses distúrbios.
No entanto, à medida que cresce a pesquisa sobre o potencial analgésico do CBD, mais pacientes com dor neuropática grave estão considerando tratamentos baseados nesse composto devido aos efeitos colaterais mais brandos.
Canabidiol é indicado no tratamento de epilepsia?
O CBD demonstrou ser potencialmente útil na prevenção de certos tipos de convulsões em humanos e animais.
Estudos clínicos revelaram uma redução significativa nas convulsões em pessoas que utilizam CBD no tratamento de condições como Lennox-Gastaut, síndrome de Dravet ou complexo de esclerose tuberosa.
Há evidências sólidas de que o CBD possa ser benéfico na prevenção de outros tipos de convulsões ou na potencialização da eficácia de outros medicamentos antiepilépticos.
Um estudo controlado (Cannabidiol in patients with treatment-resistant epilepsy : an open-label interventional trial) comparou o uso de CBD com um placebo em crianças com síndrome de Dravet.
Foi utilizado um óleo produzido por uma empresa farmacêutica (Epidiolex), com concentração limitada de CBD a 10%, ou seja, 100mg/mL.
43% dos pacientes que receberam CBD experimentaram uma redução de 50% no número de convulsões, comparado a 27% dos pacientes que receberam o placebo.
O uso de CBD foi associado a efeitos colaterais leves a moderados, sendo os mais comuns diarreia, sonolência e distúrbios das enzimas hepáticas.
Um segundo estudo (Trial of Cannabidiol for Drug-Resistant Seizures in the Dravet Syndrome) desta vez em crianças com síndrome de Dravet, também utilizou o mesmo óleo com concentração de CBD limitada a 10%, ou seja, 100mg/mL.
Ao final do estudo, houve uma redução de 42% nas crises atônicas (que podem causar quedas) com o uso de CBD, comparado a uma redução de 17% nas crises atônicas com o placebo.
Novamente, o uso de CBD foi associado aos mesmos efeitos colaterais leves a moderados.
Em ambos os estudos, conclui-se que o CBD é muito eficaz no tratamento de epilepsias. Especialmente aquelas que são resistentes aos medicamentos tradicionais.
Evidências do uso do canabidiol em doenças neurodegenerativas
Pesquisas mostraram que o CBD demonstrou aliviar a rigidez muscular e os níveis de dor associados à esclerose múltipla, reduzindo os níveis de inflamação.
Também foi observado que esse composto diminui a fadiga relacionada a doenças neurológicas, reduzindo a inflamação periférica crônica, que frequentemente leva à hiperativação do nervo vago.
Um estudo abrangente intitulado The Role of Cannabidiol in Neurological Disorders mostra os benefícios do canabidiol em condições neurológicas.
Segundo o estudo, o CBD é identificado como um composto promissor, aparentemente seguro e eficaz para doenças neurológicas.
Uma solução oral de CBD mostrou segurança e eficácia no tratamento da síndrome de Dravet, síndrome de Lennox Gastaut, complexo de esclerose tuberosa e outras formas de epilepsia refratárias aos medicamentos convencionais.
Além do mais, uma análise abrangente feita neste estudo indica que o CBD pode ser considerado uma substância promissora para o tratamento de condições como doença de Alzheimer, epilepsia, esclerose múltipla e cânceres neurológicos.
Canabidiol e suas indicações em distúrbios psiquiátricos
A prevalência global de transtornos de saúde mental afeta aproximadamente 5-10% da população, tendo um impacto na qualidade de vida das pessoas e na sociedade como um todo.
O CBD é muito popular por seus efeitos positivos na saúde mental. Um dos seus primeiros benefícios é a redução da ansiedade, aumentando também a capacidade de lidar com emoções negativas.
Essa propriedade específica do CBD é particularmente benéfica para indivíduos que lidam com ansiedade ou estresse crônico.
A ansiedade é descrita como o medo do desconhecido, de situações desconfortáveis ou incertas.
Trata-se de um estado de preocupação que pode acarretar sintomas físicos, como tremores, transpiração excessiva e irritabilidade.
Além do tratamento da ansiedade, o CBD também é utilizado para tratar os sintomas de:
- Esquizofrenia;
- Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH);
- Comorbidades no transtorno do espectro do autismo (TEA);
- Ansiedade social e outros transtornos de ansiedade;
- Insônia;
- Transtorno bipolar;
- Estresse pós-traumático (TEPT);
- Psicose;
- Demência ;
- Síndrome de Tourette.
Vale lembrar que, diferente de muitos medicamentos usados para estas condições, o CBD não apresenta risco de dependência.
Pelo contrário, pode auxiliar na redução da abstinência de substâncias viciantes como tabaco, álcool, entre outras.
Adicionalmente, ajuda a aliviar o estresse associado e certos sintomas de abstinência, como problemas gastrointestinais, alucinações e tremores.
Esse efeito está relacionado ao aumento da concentração de dopamina no cérebro causado pelo consumo de CBD, estimulando sua produção e agindo nos receptores de serotonina.
Por isso, é recomendado como parte do tratamento da depressão, em conjunto com acompanhamento médico adequado.
O CBD possui efeitos comparáveis aos antidepressivos. A diferença principal reside no fato de que, ao contrário dos medicamentos Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (SSRIs) e ácidos nucleicos esféricos imunorreguladores (IRSNAs), ele não bloqueia a recaptação de serotonina pelos neurônios emissores.
Dessa forma, o cérebro não precisa compensar e os níveis de serotonina não diminuem entre as doses.
Tratamento da ansiedade e depressão: quando o canabidiol é indicado?
Tanto a ansiedade quanto o estresse são respostas naturais e, em certa medida, benéficas.
Quando alguém enfrenta ansiedade, o corpo passa por diversas mudanças, como agitação, desconforto, nervosismo, aumento dos batimentos cardíacos, falta de ar, sensação de peso no peito e transpiração excessiva.
Essas manifestações são reações do corpo a situações emocionalmente intensas ou ameaças iminentes.
Os problemas surgem quando a ansiedade escapa do controle e se torna persistente ou quando surge sem uma causa específica, sem relação com uma ameaça real.
Esse estado é chamado de “transtornos de ansiedade” e pode ter um impacto significativo na vida diária.
A influência positiva do CBD no cérebro inclui sua capacidade de afetar positivamente os receptores de serotonina (5-HT1A), um neurotransmissor associado ao bem-estar.
É essa influência no cérebro que ajuda o canabidiol a combater a ansiedade e a depressão.
Também melhora a resposta sináptica no cérebro, regulando os níveis desse hormônio e melhorando o bem-estar.
Além disso, pode promover a formação de novos neurônios no hipocampo, uma parte do cérebro ligada à regulação do humor.
Portanto, o consumo de CBD pode reduzir a manifestação de transtornos de ansiedade e comportamentos depressivos a longo prazo.
O CBD age de maneira similar aos medicamentos ansiolíticos, porém sem os efeitos colaterais indesejados associados a eles e com um menor risco de dependência.
Quando o canabidiol é indicado para tratar transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)?
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é um distúrbio psiquiátrico associado à sobrevivência ou testemunho de eventos traumáticos na vida.
Este quadro pode desencadear agitação, dificuldades de concentração, problemas de memória, flashbacks, insônia e pesadelos.
O TEPT é uma condição grave que pode drasticamente afetar a qualidade de vida de quem sobreviveu ou presenciou um evento traumático.
Estudos de imagem cerebral revelam que pacientes com TEPT possuem um grande número de receptores de canabinoides, mas não possuem canabinoides endógenos suficientes para ativá-los.
Isso sugere que a administração de canabinoides naturais, como o THC e o CBD, poderia auxiliar processos cerebrais específicos a funcionar de maneira mais equilibrada.
Dessa forma, o CBD pode fortalecer o sistema endocanabinoide do corpo, melhorar o sono, evitar o ressurgimento de memórias traumáticas e ajudar na retomada do controle da vida.
Potencial do canabidiol no tratamento da esquizofrenia
Os distúrbios psicóticos e a esquizofrenia são condições psiquiátricas comuns que têm uma resposta variada aos tratamentos farmacológicos atuais.
A mielina é um revestimento das extensões neurais. Sua degradação afeta a transmissão dos impulsos nervosos e é um dos possíveis desencadeadores da esquizofrenia.
Em um experimento conduzido por Valéria de Almeida, farmacologista, e Ana Caroline Brambilla Falvella, bióloga da Unicamp, três compostos foram utilizados para evitar a desmielinização e ativar a produção de 1.890 proteínas.
Dentre elas, 93 foram exclusivamente ativadas com o uso do canabidiol, 97 do haloperidol e 278 da clozapina.
O canabidiol ativou mecanismos bioquímicos de proteção celular semelhantes aos dos medicamentos clozapina e haloperidol, medicamentos usados para tratar a esquizofrenia.
Todos os três compostos conseguiram neutralizar os efeitos da cuprizona, uma substância que danifica a mielina.
No entanto, apenas o canabidiol não apresentou efeitos colaterais graves.
Vale mencionar também o potencial do CBD no tratamento da demência.
O CBD, ao influenciar o sistema endocanabinoide, afeta, entre outras coisas, os níveis de estresse e ansiedade de uma pessoa.
Isso é notável, considerando o impacto direto do estresse na plasticidade sináptica.
Estudos indicam propriedades neuroprotetoras do CBD, visto que ele atua inibindo a produção de citocinas e a liberação de glutamato, reduzindo assim o estresse oxidativo.
Assim, retarda o declínio celular e favorece a renovação neuronal. Essas funções promovem uma melhora na atividade metabólica cerebral, resultando em melhorias no desempenho cognitivo e motor.
Canabidiol e alívio de sintomas em doenças crônicas
O CBD também tem sido elogiado devido ao seu potencial terapêutico em diversas doenças crônicas.
Sua notável ação anti-inflamatória e antioxidante é explorada em condições como artrite reumatoide, doenças inflamatórias intestinais (como a doença de Crohn e colite ulcerativa) e mesmo em casos de fibromialgia.
Estudos sugerem que o CBD pode ajudar no gerenciamento da dor crônica nessas doenças ao interagir com receptores nervosos.
Assim, melhora a qualidade de vida de pacientes com condições como neuropatia periférica, esclerose múltipla e síndrome do intestino irritável.
Seu potencial neuroprotetor e efeitos positivos sobre a ansiedade é um alvo promissor em distúrbios neurológicos crônicos, como a doença de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Sendo assim, o CBD é considerado um complemento terapêutico em condições crônicas, atenuando seus sintomas e permitindo uma melhor qualidade de vida.
Canabidiol é indicado no alívio de sintomas em pacientes com câncer?
Estudos pré-clínicos realizados in vitro e in vivo (Endocannabinoids in endocrine and related tumours) apontam para os canabinoides como agentes com potencial anticâncer em diversos tipos de câncer.
Eles podem ajudar na indução da morte celular e na inibição do crescimento das células cancerígenas.
O estudo acima relata que o CBD revelou consistentemente efeitos pró-apoptóticos e anti-proliferativos em diferentes modelos animais com câncer de mama.
Isso é relevante, considerando que o câncer de mama é a principal causa de novos casos de câncer e a segunda principal causa de mortalidade entre mulheres.
Resultados semelhantes foram observados em diversos outros tipos de câncer, como glioma, câncer de pâncreas, próstata, colorretal e linfoma.
No entanto, a pesquisa científica realizada até o momento é principalmente de natureza laboratorial, apresentando resultados variados.
Portanto, ainda não há certeza sobre a eficácia dos canabinoides no tratamento do câncer em seres humanos.
Evidências encontradas sugerem que diferentes canabinoides podem:
- Induzir a morte celular;
- Bloquear o crescimento celular;
- Interromper a formação de vasos sanguíneos necessários para o crescimento tumoral;
- Reduzir a inflamação;
- Limitar a capacidade de disseminação de certos tipos de câncer.
A Cannabis também pode oferecer alívio para os efeitos colaterais associados ao câncer ou à sua terapia, atenuando sintomas comuns e debilitantes.
Além do THC, que também é muito importante nesse processo, o CBD pode ajudar na redução dos sintomas decorrentes da quimioterapia.
Um exemplo é a Nabilona, um medicamento com THC sintético, que foi aprovada e licenciada para o tratamento de náuseas graves relacionadas à quimioterapia em casos onde outros medicamentos antieméticos não são eficazes.
Potencial uso em doenças autoimunes: quando o canabidiol é indicado?
Um sistema imunológico saudável é fundamental para proteger o corpo contra doenças e infecções.
No entanto, disfunções nesse sistema podem levar as células T a considerar erroneamente as células do próprio corpo como ameaças, desencadeando condições autoimunes.
O CBD demonstra potencial imunorregulador ao se ligar aos receptores TRPV1.
Esses receptores têm um papel relacionado à percepção da dor, inflamação e regulação da temperatura corporal – sintomas frequentes em doenças autoimunes.
O uso terapêutico do canabidiol pode oferecer suporte no alívio dos sintomas das doenças autoimunes, operando de duas maneiras:
- Modulando o sistema imunológico;
- Reduzindo a inflamação.
Ao interagir com o sistema endocanabinoide, o CBD estimula a produção de canabinoides naturais pelo corpo. Ao mesmo tempo, inibe enzimas responsáveis por sua degradação.
Isso resulta em maior circulação de endocanabinoides por períodos prolongados, permitindo que o corpo os utilize de forma mais eficiente para restaurar a homeostase.
Também ajuda a combater o estresse oxidativo e reduzir danos decorrentes de ataques autoimunes.
Assim, pode desacelerar a produção excessiva de células T e suprimir a memória do sistema imunológico, oferecendo proteção contra futuras crises.
O canabidiol no alívio da dor e inflamação
Indivíduos que lidam com dor crônica frequentemente recorrem a produtos derivados do CBD, como óleo ou cremes tópicos, para aliviar seus sintomas.
O CBD é amplamente estudado por sua capacidade de reduzir inflamações e desconfortos gerais.
Assim, pode ser utilizado como um recurso para alívio da dor em diversas condições de saúde.
Muitos consumidores relatam benefícios ao utilizar o CBD para problemas como dor nas articulações, artrite e dor muscular, entre outros.
Essencialmente, há indícios de que o CBD possa oferecer uma alternativa para pessoas que enfrentam dores crônicas e buscam evitar medicamentos com efeitos colaterais perigosos e propensos à dependência, como os opioides.
O CBD demonstra a redução dos níveis de citocinas pró-inflamatórias e a inibição da proliferação de células T.
Também leva a indução da apoptose dessas células, bem como a diminuição da migração e adesão das células do sistema imunológico.
Adicionalmente, descobriu-se que a atividade anti-inflamatória do CBD é afetada por um antagonista seletivo do CB2.
Os receptores CB1 e CB2 possuem expressão no sistema nervoso central e no sistema imunológico, embora também possam ser encontrados em outros tecidos.
Por isso, modulam o sistema imunológico, combatendo os sintomas relacionados à disfunção dele, como a dor e inflamação.
Canabidiol no tratamento de distúrbios do sono: quando é indicado?
Para manter uma boa saúde geral, especialistas recomendam que os adultos durmam pelo menos sete horas de sono todas as noites.
Este é o período de sono essencial para se sentir renovado e energizado no dia seguinte.
O sono adequado contribui para o bem-estar, ajudando na consolidação da memória, no crescimento, na reparação muscular e na prevenção de doenças.
No entanto, para algumas pessoas, adormecer ou permanecer dormindo pode ser desafiador.
Por outro lado, o CBD demonstra um efeito calmante no sistema nervoso, podendo influenciar positivamente o humor ao afetar o sistema de serotonina.
Níveis elevados de cortisol à noite, associados à insônia, podem resultar em despertares frequentes durante a noite.
Pesquisadores investigaram os efeitos do CBD em relação aos níveis de cortisol e descobriram que houve uma redução significativa desses níveis através do uso de CBD.
Assim, é de conhecimento geral que o CBD pode influenciar a liberação de cortisol, potencialmente atuando como um agente sedativo.
Os receptores CB1, ligados ao sistema nervoso, são afetados pelo canabidiol (CBD), resultando na redução da intensidade da atividade neuronal.
O que, por sua vez, diminui fatores como ansiedade, estresse, inflamação e dor, principais fatores que afetam o sono.
Esse mecanismo indireto do CBD tem impacto na regulação do sono, auxiliando principalmente no relaxamento do corpo.
O canabidiol também ajuda a promover o relaxamento muscular, reduzir o estresse e aliviar dores crônicas, resultando em melhorias na fase inicial do sono, considerada crítica para o processo de adormecer.
Benefícios potenciais do canabidiol para a saúde cardiovascular: quando é indicado?
A doença cardiovascular afeta uma parcela significativa da população adulta.
Com isso em mente, pesquisadores têm explorado as propriedades do CBD para o coração.
Como você já sabe, o CBD interage com receptores do corpo responsáveis pela dor e inflamação, demonstrando uma capacidade notável de combater a inflamação.
Dessa forma, pode ter impactos positivos na redução de condições como miocardite autoimune, estresse oxidativo e dor associada à saúde cardíaca.
Além disso, o CBD atua na redução da inflamação sem apresentar os efeitos colaterais presentes em medicamentos anti-inflamatórios convencionais.
A hipertensão arterial, um fator de risco para doenças cardíacas, é comum no Brasil.
O CBD, por ser vasodilatador, auxilia na diminuição da pressão arterial, facilitando o fluxo sanguíneo pelos vasos.
O canabinoide interage nos receptores PPARγ, contribuindo para o aumento da produção de ácido nítrico.
Embora o ácido nítrico seja benéfico para a saúde cardíaca, o excesso pode levar ao “estresse nitrativo”.
Por sua natureza anti-inflamatória e antioxidante, também pode moderar os efeitos reativos do ácido nítrico, controlando o estresse nitrativo e melhorando a saúde do coração.
O CBD também influencia o colesterol, promovendo um equilíbrio entre lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e alta densidade (HDL).
Enquanto o LDL promove acúmulos de placas nas artérias, o HDL é benéfico, absorvendo o excesso de colesterol e transportando-o para o fígado para eliminação.
O canabidiol, por fim, influencia a gordura marrom, associada a níveis mais baixos de colesterol e maior capacidade de queimar calorias.
Todos esses mecanismos tornam o CBD um aliado para a saúde cardiovascular.
Portanto, produtos à base de CBD são ótimas maneiras de ajudar a apoiar a saúde do seu coração.
Uso do canabidiol em crianças e adolescentes
Quando se trata de segurança, a Organização Mundial da Saúde (OMS) observa que o perfil de segurança do CBD é alto.
Isso significa que o risco de efeitos colaterais graves é baixo, tornando seu uso especialmente interessante para crianças e adolescentes quando usado de forma responsável e sob supervisão adequada.
Crianças, adolescentes e jovens adultos têm usado CBD como um possível remédio para uma série de questões de saúde mental e física, incluindo dor, depressão, ansiedade, acne e insônia.
Estudos preliminares sugerem que o CBD pode ter efeitos positivos no tratamento desses sintomas.
Para crianças, o CBD também mostra potencial em ajudar em várias condições, como epilepsia resistente a medicamentos, síndrome de Dravet e síndrome de Lennox-Gastaut.
Dessa forma, oferece uma alternativa potencialmente eficaz quando outros tratamentos não surtem efeito.
No entanto, uma preocupação comum dos pais é se o uso de CBD pode interferir no desenvolvimento.
Até o momento, estudos não mostraram evidências de que o CBD atrapalhe o desenvolvimento geral em crianças e adolescentes.
Ainda assim, seu uso deve ser supervisionado por um profissional de saúde para garantir o máximo de segurança.
O papel do canabidiol na promoção do bem-estar
O CBD possui propriedades que têm sido associadas a benefícios holísticos para o corpo e a mente.
Esses benefícios vão além do tratamento de sintomas e condições específicas, contribuindo para um equilíbrio interno.
Sua interação com o sistema endocanabinoide ajuda a regular diversos processos corporais, como sono, apetite, humor e resposta imunológica.
Essa regulação pode resultar em uma sensação geral de equilíbrio e bem-estar.
Esses canabinoides não apenas tratam sintomas em uma condição, mas também promovem uma sensação de calma e serenidade, contribuindo para um estado mental mais equilibrado.
O CBD, ao incentivar a homeostase, visa equilibrar o corpo como um todo, não apenas tratando sintomas isolados.
Ele promove um funcionamento mais harmonioso e saudável do corpo, criando um ambiente propício para o bem-estar global, tanto físico quanto mental.
Legislação e disponibilidade do canabidiol
No Brasil, a legislação referente ao canabidiol (CBD) sofreu mudanças drásticas nos últimos anos.
Anteriormente, o CBD era classificado como uma substância proibida. No entanto, em 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) flexibilizou as regras, permitindo a prescrição e o uso controlado do CBD para tratamentos médicos.
As leis brasileiras agora exigem que os produtos à base de CBD sejam registrados na Anvisa e prescritos por médicos.
Isso possibilita que pacientes com condições específicas possam ter acesso legal ao CBD mediante prescrição.
No entanto, a disponibilidade desses produtos pode ser limitada devido a restrições no processo de importação e custos associados.
As leis também exigem a autorização prévia da Anvisa para importar esses produtos ou para o seu uso em pesquisas clínicas.
Embora a legislação brasileira tenha progredido para permitir o acesso ao CBD para certos tratamentos médicos, ainda existem desafios relacionados à disponibilidade, custo e burocracia no processo de importação.
Isso, por sua vez, impacta a acessibilidade a esses produtos para muitos pacientes que poderiam se beneficiar do seu uso terapêutico.
Como iniciar um tratamento e obter produtos à base de canabidiol?
Como mencionado anteriormente, iniciar um tratamento com produtos à base de canabidiol (CBD) só é possível mediante uma receita médica.
O portal Cannabis & Saúde oferece acesso a mais de 300 médicos experientes nesse campo, prontos para fornecer orientações precisas e personalizadas sobre o tratamento com o CBD.
No portal Cannabis & Saúde, os usuários podem encontrar informações detalhadas sobre o uso terapêutico do CBD, além de serem conectados a médicos capacitados para avaliar suas necessidades específicas.
Esses profissionais podem oferecer orientações sobre dosagem, formas de administração e possíveis interações medicamentosas.
Assim, os médicos do portal Cannabis & Saúde também podem ajudar a direcionar os interessados a fontes confiáveis para obter produtos à base de CBD.
Isso garante que os produtos sejam de qualidade, seguros e estejam em conformidade com as regulamentações.
Portanto, clique aqui para marcar sua consulta e, possivelmente, iniciar um tratamento com CBD de maneira segura e informada.
Conclusão
Como você viu, o canabidiol é um composto cujas propriedades terapêuticas são muito utilizadas na medicina. Suas aplicações abrangem um espectro diversificado de condições.
Seu uso ajuda no controle de diversos desafios de saúde, oferecendo alternativas potenciais aos tratamentos convencionais.
Sua capacidade de interagir com o sistema endocanabinoide do corpo humano sugere um apoio no gerenciamento de condições específicas.
Outra área de interesse reside na possível utilidade do CBD no controle da dor e da inflamação.
Atuando em diferentes formas de dor crônica, o CBD oferece uma perspectiva adicional para abordagens terapêuticas menos invasivas.
Por ter efeitos colaterais geralmente mais brandos, é interessante para aqueles que enfrentam efeitos adversos indesejados de outros medicamentos.
Além disso, o CBD é frequentemente considerado parte de um tratamento mais holístico, abordando os sintomas físicos e aspectos emocionais e mentais das condições de saúde.
Portanto, o CBD pode ser considerado como parte do tratamento paliativo em casos de condições crônicas ou terminais, promovendo um cuidado mais abrangente e compassivo.
Se você ficou interessado em se aprofundar nos benefícios deste canabinoide, leia outros artigos aqui do portal para saber mais!