Em menos de um mês de tratamento com CBD, Adriano Bicca assistiu a uma transformação em sua qualidade de vida. Foi só o começo
Tudo começou com uma queimação nas pernas. Trabalhando na parte de materiais de uma metalúrgica, a rotina de Adriano Bicca era andar para lá e para cá – o dia inteiro. No entanto, cumprir suas tarefas, aos poucos, começou a ficar cada vez mais difícil.
“A perna começava a pegar fogo por dentro. Me sentava, mas não melhorava. Eu não entendia o que estava acontecendo. Colocava as pernas para cima e nada de passar.”
Aos 38 anos, começou a ver prejudicado também seus estudos, nas aulas práticas do colégio agrícola. “Quando tinha que fazer uma valeta, por exemplo, para plantar alguma coisa, as minhas pernas começavam a ficar fracas”, lembra Bicca.
“Os meus colegas até brincavam que eu não podia ver um buraco, que me jogava dentro. Mas não é. Eu perdia a força nas pernas e caia. Uma coisa muito estranha.”
Em busca do diagnóstico
Tão estranho que resolveu buscar ajuda médica. De médico em médico, especialista em especialista, nada de alguém achar a origem de seus problemas. Mais de três anos em busca de alguém que o pudesse ajudar.
Enquanto isso, suas pernas iam ficando cada vez mais frágeis. Primeiro, precisando da ajuda de muletas para caminhar. Depois, um andador. Por fim, se viu em uma cadeira de rodas.
As dores da esclerose múltipla
“Não davam um veredicto. Perdi muito tempo. Três anos e meio. Podia estar melhor. De repente, estaria andando, mas estou na cadeira de rodas”, lamenta. “Passei em vários médicos, até que fui em uma neuro. Ela tirou o líquido da coluna, fez ressonância, e bateu o martelo: era esclerose múltipla.”
“Eu ia para a faculdade de van, e várias vezes tinha que descer para fazer xixi. Algumas vezes até perdi xixi”, conta. “Engraçado que um dos sintomas da esclerose é a perda de urina. Cansei de ir em urologista, fazia vários exames, e ninguém me mandava para um neurologista. Fiquei indo em médico que não tem nada a ver com esclerose e, o que perdi nesse tempo, não busco mais.”
O tratamento
Com o diagnóstico em mãos, deu início à segunda parte de sua jornada: a busca por tratamento. Foram diversas tentativas. Medicações injetáveis, tratamento com altas dose de Vitamina D, mas, em seu caso, nada funcionava. A queimação nas pernas só aumentava, assim como desenvolveu dores na coluna lombar.
Seu sono também ficou prejudicado, passando a depender de medicamentos para dormir. “Estava dormindo só a base de clonazepam, diariamente tomava rivotril, mas acordava de manhã todo molengão. Sem força nenhuma e ficava mais fácil de cair.”
Sem contar o custo. “Tomava um coquetel de remédios. Gastei um rio de dinheiro, mas sem ver muito benefício. O custo beneficio não era bom.”
Uso da Cannabis para esclerose múltipla
Precisava de uma alternativa e descobriu que a Cannabis medicinal poderia ser uma solução. No entanto, ainda precisou enfrentar o preconceito, inclusive próprio. Por isso que nem insistiu tanto quando, ao perguntar sobre o tratamento, escutou que não havia indicação para o seu caso.
Sua situação se tornava cada vez mais crítica. “Tinha muita queimação nas minhas pernas, por causa da esclerose. Pegava fogo. Um fogo interno que não tinha um minuto de paz. 24 horas por dia pegando fogo.”
Quando seu fisioterapeuta comentou que atendia um paciente que estava em tratamento com Cannabis medicinal, deixou seus receios de lado. “Ai decidi ir atrás. Ignorar aquele médico e ir atrás da Cannabis.”
Os benefícios da Cannabis
Conseguiu, com o apoio do médico Renan Abdalla, dar início ao tratamento com óleo e pomada com princípio ativo canabinoide. Deu início ao tratamento no dia 27 de julho, menos de um mês antes de conceder essa entrevista. “Eu larguei todos os remédios. Só com o canabidiol, eu durmo tranquilo e acordo bem.”
Este foi só o começo. “A pomada é sensacional. Uma melhora de uns 90% na queimação das pernas. Uma melhora muito rápida. Nem um mês tomando e já tive um resultado muito melhor que mais de ano de qualquer outro tratamento”, comemorou.
“O canabidiol para mim foi sensacional. Não tem nada para dizer que me atrapalhou nisso ou aquilo. Só coisa boa para mim. Eu não tinha nada de esperança, agora tenho 1%. Estou fazendo tudo quanto é coisa para melhorar. Investindo bem no canabidiol mesmo. Viver com dor não é viver.”
Bicca espera que as melhorias continuem. Apesar de estar dormindo melhor, sem dor na coluna ou queimação nas pernas, a ardência agora passou para seu pé. Embora menos incômodo, já encomendou junto ao médico Renan Abdalla outra formulação de canabinoides, que pode ajudar a melhorar seu quadro.
“Eu tinha muita restrição sobre o CBD, o negócio de ser maconha”, conclui. “Mas eu mudei meu pensamento. Eu levo para o lado da melhora da qualidade de vida. Para mim, foi sensacional. Eu defendo agora a maconha. É nota 11.”