Diante do crescente apelo da comunidade científica pelo uso da Cannabis medicinal, o posicionamento da OMS sobre o tema é de suma importância.
A Organização Mundial de Saúde publicou, em 2018, o relatório Critical Review Report (CRR), reconhecendo o valor do canabidiol, um dos canabinoides da planta, como recurso terapêutico.
Com base em estudos, a entidade se manifesta favoravelmente a esse composto, considerando-o seguro para pacientes e bem tolerado.
O posicionamento de um órgão ligado à ONU é uma importante vitória para todos os que desejam ver o canabidiol aceito e empregado no tratamento de uma série de doenças, nas quais já demonstrou eficácia.
Então, para ficar dentro do tema e entender melhor o contexto, preparamos este artigo. Neste texto, você vai descobrir mais sobre o CBD e as últimas considerações da OMS sobre o tema.
Siga acompanhando para aprender sobre:
- O que é a OMS?
- O que é a Cannabis?
- Componentes da Cannabis com uso terapêutico
- OMS e canabidiol: quais são as diretrizes da Organização Mundial da Saúde quanto ao CBD?
- OMS e canabidiol: potencial terapêutico do Canabidiol
- Canabidiol: para que serve?
- OMS e canabidiol: benefícios
- Quais doenças podem ser tratadas com o canabidiol?
- OMS, canabidiol e ONU: Consequências dos avanços para indústria global de canabidiol
- Como é a legislação brasileira atualmente em relação à Cannabis medicinal?
- Canabidiol para comprar: Como funciona o processo atualmente?
- OMS e canabidiol: O que a ciência já sabe sobre tratamentos com CBD?
- OMS e canabidiol: outros benefícios da liberação do canabidiol
- Como conseguir remédios à base de Cannabis pelo nosso site?
O que é a OMS?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada das Nações Unidas responsável por coordenar e monitorar questões internacionais de saúde pública.
Fundada em 7 de abril de 1948, a OMS tem como objetivo principal construir um futuro mais saudável para as pessoas em todo o mundo.
A organização trabalha com governos e outras instituições para promover a saúde, manter o mundo seguro e servir aos mais vulneráveis.
A OMS é composta por 194 estados-membros e atua em mais de 150 países, com sede em Genebra, Suíça.
Esta organização tem um papel crucial na promoção da saúde global, fornecendo liderança e estabelecendo padrões e diretrizes para a comunidade internacional.
Ela atua em várias áreas, incluindo controle e prevenção de doenças, promoção da saúde mental, prevenção e tratamento de doenças não transmissíveis, saúde materna e infantil, e resposta a emergências de saúde pública.
A OMS é liderada pelo Diretor-Geral, que é eleito pelos Estados-Membros para um mandato de cinco anos.
O Diretor-Geral é apoiado por um secretariado composto por especialistas técnicos, científicos, médicos e administrativos de diversos países.
Breve histórico da OMS
A criação da Organização Mundial da Saúde foi impulsionada pelos esforços internacionais de cooperação em saúde que ocorreram durante a primeira metade do século XX.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os líderes mundiais reconheceram a necessidade de uma organização internacional que pudesse coordenar e liderar questões de saúde pública global.
Em 1946, durante a Conferência Internacional de Saúde das Nações Unidas em Nova York, os delegados adotaram uma resolução que convocava uma conferência para estabelecer uma nova organização de saúde mundial.
A Conferência Sanitária Internacional ocorreu em Genebra, Suíça, em 1948, onde foi adotada a constituição da OMS, que entrou em vigor em 7 de abril do mesmo ano. Ao longo de sua história, a OMS teve um impacto significativo na saúde global.
A organização liderou a erradicação da varíola, uma das maiores conquistas da saúde pública na história, e continua a enfrentar doenças infecciosas como malária, tuberculose, HIV/AIDS, e mais recentemente, COVID-19.
O que é a Cannabis?
A Cannabis, também conhecida como maconha, é uma planta que tem sido cultivada há milhares de anos e possui propriedades medicinais.
Isso é devido aos seus potenciais benefícios no tratamento de diversas condições de saúde, como a dor crônica, epilepsia, esclerose múltipla, efeitos colaterais da quimioterapia, entre outros.
A planta da Cannabis contém centenas de compostos químicos, sendo os mais conhecidos os canabinoides, como o THC (tetrahidrocanabinol) e o CBD (canabidiol).
Uso medicinal da Cannabis
A Cannabis medicinal refere-se ao uso de Cannabis para tratar certas condições médicas. O uso medicinal da Cannabis tem sido objeto de interesse crescente na comunidade médica e científica.
Como mencionado anteriormente, a planta contém compostos químicos chamados canabinoides, que interagem com o sistema endocanabinoide do corpo humano. Essa interação pode ter efeitos terapêuticos em várias condições de saúde.
A legalização e regulamentação do uso medicinal da Cannabis têm avançado em muitos países, permitindo que pacientes tenham acesso a produtos de qualidade e supervisionados por profissionais de saúde.
Tabus que cercam o uso da Cannabis medicinal
O uso da Cannabis medicinal ainda enfrenta diversos tabus e estigmas em várias partes do mundo.
Esses tabus estão enraizados em questões históricas, culturais e políticas, e podem afetar a percepção e a aceitação da Cannabis como uma opção terapêutica legítima.
Alguns dos tabus mais comuns associados ao uso da Cannabis medicinal que ainda estão de pé nos dias de hoje incluem:
Estigma social
A Cannabis tem sido associada, por muito tempo, ao uso recreativo e ao estereótipo do “maconheiro”.
Esse estigma social muitas vezes leva à marginalização e ao julgamento de pacientes que utilizam a Cannabis para fins medicinais, criando barreiras de acesso e aceitação.
Questões legais
Em muitos países, o uso da Cannabis, mesmo para fins medicinais, ainda é ilegal ou altamente restrito.
Essas leis e regulamentações podem contribuir para o estigma em torno do seu uso, impedindo que pacientes tenham acesso aos benefícios potenciais da planta.
Mitos e desinformação
Há uma série de mitos e desinformação sobre a Cannabis medicinal, que podem perpetuar estereótipos negativos e causar confusão.
Esses equívocos incluem a crença extremamente errada de que a Cannabis é uma droga de entrada para substâncias mais pesadas ou que seu uso medicinal não é baseado em evidências científicas.
Desconstruir esses tabus requer educação, divulgação de informações precisas e acesso a pesquisas atualizadas sobre os efeitos e benefícios da Cannabis medicinal.
Componentes da Cannabis com uso terapêutico
A Cannabis é uma planta que contém uma ampla variedade de compostos químicos além dos mais conhecidos, CBD e THC, muitos dos quais têm sido estudados por seus potenciais benefícios terapêuticos.
Estudos indicam que a Cannabis pode desempenhar um papel na neurogênese, ou seja, no crescimento de novas células cerebrais, o que pode ter implicações no tratamento de doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer.
Além disso, a Cannabis pode ser útil no alívio da dor, pois atua nos receptores de dor no sistema nervoso.
Além dos canabinoides, a Cannabis possui terpenos, que são compostos aromáticos encontrados na planta. Eles também desempenham um papel importante nas propriedades terapêuticas da Cannabis.
No entanto, a maioria das propriedades da Cannabis se deve aos seus dois principais canabinoides: THC e CBD.
O que é o canabidiol (CBD) e quais os seus benefícios?
O canabidiol, ou CBD, é o segundo canabinoide mais comum na Cannabis. Muitos produtos à base de Cannabis para fins médicos foram desenvolvidos contendo principalmente CBD, embora haja vestígios de THC e outros canabinoides.
O CBD é conhecido pelos seus efeitos antiepilépticos e ansiolíticos apoiados por evidências clínicas e pré-clínicas.
Epidiolex, o primeiro produto farmacêutico à base de CBD, foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 2018 como anticonvulsivante no tratamento da síndrome de Lennox-Gastaut.
A popularidade do CBD aumentou em parte devido ao seu bom perfil de segurança e ao fato de não causar os efeitos psicoativos geralmente associados ao THC.
Essas características, em certa medida, ajudaram a criar a impressão de que o CBD tem maior valor médico e terapêutico do que o THC, o que nem sempre é o caso.
O que é o THC e quais os seus benefícios?
Abreviação de delta-9 tetrahidrocanabinol, o THC é o componente da Cannabis responsável pelos efeitos psicoativos da planta. Quando você se sente eufórico depois de usar Cannabis, é por causa do THC.
Ao se ligar aos receptores canabinoides no cérebro, o THC ativa neurônios que influenciam o prazer, a memória, o pensamento, a coordenação e a percepção do tempo.
O alívio da dor crônica é a razão mais comum pela qual as pessoas procuram a Cannabis rica em THC. Pesquisas indicam que o THC pode diminuir a dor em cerca de 40%.
Dois medicamentos orais contendo THC sintético — nabilona e dronabinol — estão disponíveis para o tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia há mais de 30 anos.
OMS e Cannabis: quais são as diretrizes da Organização Mundial da Saúde quanto ao CBD?
O CRR da OMS é, até agora, o principal documento público em nível internacional que atesta a segurança do CBD como substância ativa em medicamentos.
Nele, a entidade se posiciona a respeito do seu uso em diversos tipos de tratamento e faz uma revisão geral em relação aos fármacos à base de canabidiol vendidos legalmente. Ele pode ser considerado como um conjunto de regras e diretrizes “extra-oficial”.
Afinal, como salienta o relatório, o CBD ainda não é um remédio relacionado na Lista de Medicamentos Essenciais da OMS, tanto na de adultos quanto de crianças.
De qualquer forma, algumas posições do órgão merecem ser destacadas como orientadoras a respeito do uso do CBD:
- O canabidiol é uma substância segura para o consumo humano;
- O CBD é eficaz no tratamento da epilepsia;
- Estudos em animais mostram que ele não provoca dependência, embora em humanos isso ainda não seja possível de se comprovar;
- Como medicamento, ele não apresenta efeitos adversos.
OMS e canabidiol: potencial terapêutico do Canabidiol
Vale frisar o posicionamento da OMS a respeito do CBD, que reconhece a Cannabis como medicinal e retira a planta da lista de plantas perigosas.
Anteriormente, a entidade já havia reconhecido o seu potencial terapêutico, citando alguns estudos que trazem luz sobre o CBD em certos tipos de tratamento, com destaque para o de epilepsia.
Além disso, os efeitos da CBD na saúde são abundantes. Foi demonstrado que pode reduzir a insônia, a depressão e o estresse pós-traumático. Além disso, pode ajudar a aliviar a dor crônica, espasmos musculares e náuseas.
O CBD também tem efeitos benéficos na pele. É usado para tratar condições de pele como acne, eczema e psoríase.
Além disso, pode ajudar a hidratar a pele, reduzir a inflamação e ajudar na cicatrização dos tecidos. A sua composição também ajuda a protegê-la contra os danos causados pelos raios UV.
Canabidiol: para que serve?
Um dos capítulos mais extensos no CRR diz respeito à aplicação do CBD e seu uso como recurso terapêutico.
Nele, a OMS destaca principalmente o uso clínico para tratar da epilepsia, cujos estudos, para a entidade, estão mais avançados.
Destaca-se, por exemplo, as demonstrações de eficácia do medicamento Epidiolex para certas formas da doença.
Também merece destaque a evolução dos estudos e testes desde a década de 1970, nos quais pacientes em grupos de controle tiveram melhora significativa das convulsões.
Além da epilepsia, o CRR também destaca os possíveis efeitos benéficos do CBD para pacientes submetidos a transplantes, cuja incidência de rejeição diminuiu com o uso de canabidiol.
OMS e canabidiol: benefícios
Um outro documento que vale citarmos é o artigo “CBD Oil as a treatment procedure”.
Nele, o diretor executivo da ONG Centro de Correção e Desenvolvimento Humano, Obioma Evelyn Agoziem, destaca os benefícios do CBD.
O texto foi publicado no site do Office on Drugs and Crime, da ONU (que reconheceu recentemente que a maconha não é uma droga perigosa).
De acordo com Obioma, é preciso diferenciar o CBD do tetrahidrocanabinol (THC), que também tem uso medicinal, mas pode causar efeitos psicoativos.
Ele ressalta as propriedades do óleo de CBD, que atua via sistema endocanabinoide na redução da dor e dos processos inflamatórios.
No entanto, a prática clínica e casos reais de pessoas que se curaram com CBD, além de diversos estudos e ensaios, deixam claro que há outros potenciais benefícios.
Alguns deles você conhecerá a seguir…
Raros efeitos adversos
Segundo a OMS, o CBD é eficaz no tratamento contra a epilepsia por não apresentar efeitos adversos.
Citando um estudo que contou inclusive com a participação de Raphael Mechoulam em pessoas com epilepsia, o órgão destaca:
“Em outro estudo, 15 pacientes com epilepsia generalizada secundária foram divididos aleatoriamente em dois grupos.
Em um procedimento duplo-cego, cada paciente recebeu 200-300 mg diários de CBD ou placebo por até quatro meses e meio, em combinação com seus medicamentos antiepilépticos prescritos existentes (que já não eram mais eficazes no controle de seus sintomas).
O CBD foi tolerado em todos pacientes, sem sinais de toxicidade ou efeitos colaterais graves”.
Substância natural
Outro ponto que merece ser frisado no artigo de Obioma Evelyn Agoziem é que o óleo de CBD é um composto químico encontrado naturalmente nas plantas do gênero Cannabis.
Por isso, trata-se de uma substância não intoxicante e que provoca efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e ansiolíticos, bem como outros benefícios.
Ele destaca também um outro ponto fundamental, que é a capacidade que nosso corpo tem para produzir canabinoides sozinho, via sistema endocanabinoide.
Claro que ser produzido pelo nosso corpo não é garantia de segurança, afinal, também produzimos opioides e, ainda assim, eles podem trazer sérios prejuízos à saúde, se ingeridos sem controle.
No entanto, no caso do CBD, o que parece acontecer é uma espécie de mimetização, na qual os efeitos dos endocanabinoides são potencializados com a ingestão de canabidiol.
Versatilidade
Ainda que a OMS não enfatize os benefícios do CBD em outros tipos de tratamento, há fortes indícios de que ele pode ajudar a curar ou controlar diversas doenças e condições.
Uma delas é a doença de Alzheimer, para a qual o canabidiol vem se mostrando um poderoso aliado quando os medicamentos usuais não surtem efeito.
Já contamos aqui, no portal Cannabis e Saúde, alguns casos emocionantes de recuperações que parecem milagre de tão incríveis.
Um deles é o da dona Therezinha de Freitas, de 89 anos, que voltou a andar depois de aderir ao óleo de CBD com alto teor de THC.
Outro é o de Ivo Suzin, que teve suas crises de agressividade controladas graças ao canabidiol.
Além do Alzheimer, há inúmeros casos de pacientes que obtiveram cura ou remissão de doenças como esclerose múltipla, autismo, depressão, ansiedade e até esclerose lateral amiotrófica.
Traz benefícios “por tabela”
A função principal do sistema endocanabinoide é promover a homeostase, ou seja, ele atua para recolocar o organismo em equilíbrio.
Talvez por isso, ao ser administrado como medicamento, o canabidiol acabe produzindo efeitos secundários benéficos.
É o que destaca o médico e pesquisador Dustin Sulak, segundo o qual, em 95% dos casos, o CBD produz algum tipo de melhora no estado de saúde, nem que seja apenas dormir melhor.
Outra evidência desses benefícios é uma pesquisa conduzida pela professora de Psiquiatria de Harvard, Dra. Staci Gruber.
De acordo com o estudo com portadores de transtorno bipolar, foi observada melhora não só no humor, como na cognição e na qualidade do sono.
Não causa dependência
O CRR da OMS é bem claro em dizer em seu sumário (pág.6) que o CBD não exerce efeitos que indiquem potencial de criar dependência em humanos.
Talvez a crença de que ele causa dependência possa ser creditada muito mais à falta de informação, já que comumente se confunde CBD com THC.
Ademais, até mesmo no caso do THC, a dependência química só acontece quando ela é utilizada sem controle e de forma recreativa que, como sabemos, é ilegal no Brasil.
Na verdade, o que o CBD tem feito é ajudar no controle da dependência de medicamentos, principalmente opioides, cocaína e da própria maconha.
Quais doenças podem ser tratadas com o canabidiol?
Poucas substâncias ou fitofármacos são tão potencialmente benéficos à saúde quanto esse canabinoide.
Até aqui, vimos que ele vem sendo utilizado com sucesso no tratamento de doenças dos mais variados tipos.
De A a Z, ele vem se mostrando eficaz para controlar de autismo à obesidade, sendo também útil para tratar até do câncer e doença de Parkinson.
Também pode ser uma alternativa para pacientes que sofram de diabetes, esclerose múltipla e fibromialgia, fora a já conhecida aplicação no tratamento da epilepsia.
Para saber mais, confira na lista abaixo as principais doenças que podem ser tratadas com CBD. Clique nos links para acessar conteúdos exclusivos sobre cada uma delas.
- Ansiedade
- Artrite reumatoide
- Artrose
- Autismo
- Câncer
- Dependência química
- Depressão
- Dermatites, acne e psoríase
- Diabetes
- Doença de Alzheimer
- Doença de Parkinson
- Doenças gastrointestinais
- Dor neuropática
- Dores de cabeça
- Endometriose
- Enxaqueca
- Epilepsia
- Esclerose múltipla
- Fibromialgia
- Glaucoma
- Insônia
- HIV
- Lesões musculares
- Obesidade
- Osteoporose
- Paralisia cerebral
- Síndrome de Tourette
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
- Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)
- Doenças veterinárias.
OMS, Canabidiol e ONU: Consequências dos avanços para indústria global de canabidiol
A partir do relatório da OMS, uma série de manifestações favoráveis ao uso do canabidiol em tratamentos médicos começaram a surgir.
Uma delas é a parceria, anunciada em 2019, dos laboratórios Pfizer, Bristol-Myers Squibb, e Biogen para a produção de canabinoides biossintetizados.
Essa é uma forma de ampliar a oferta do composto que, segundo a International Cannabis Corp. (ICC), pode ser barateado dessa forma.
Esse é mais um dentre os muitos avanços esperados, não só na indústria farmacêutica como na legislação a respeito da Cannabis.
Avanço nas pesquisas sobre Cannabis medicinal
A comunidade médica e científica ainda está em busca de respostas mais conclusivas sobre o CBD e os canabinoides em geral.
Desde 2018, quando a OMS se manifestou favoravelmente ao uso do canabidiol, não param de surgir estudos que apontam para a segurança do CBD como medicamento.
Um deles, liderado por pesquisadores da Universidade de San Diego, traz novas e importantes contribuições no sentido de elucidar a ação do CBD em casos de autismo.
De acordo com este estudo, o CBD é capaz de inibir neurotransmissores excitatórios, levando a uma redução dos déficits comportamentais e sociais característicos do autismo.
Outro estudo (Cannabidiol use and effectiveness: real-world evidence from a Canadian medical Cannabis clinic) avaliou os benefícios do CBD na dor, ansiedade, sintomas de depressão e bem-estar em 279 participantes com mais de 18 anos.
Os participantes receberam um tratamento rico em CBD em uma rede de clínicas dedicadas à Cannabis medicinal no Quebec. Neste estudo, grupos foram formados com base na gravidade dos sintomas (leve vs. moderada/grave).
Ao final do estudo, pacientes com sintomas moderados/graves experimentaram melhora importante nas pontuações na dor, ansiedade e bem-estar. Por outro lado, os pacientes com sintomas leves tiveram uma melhora significativa.
Uso da Cannabis como medicamento
É verdade que, nos Estados Unidos, só é permitida pela FDA (espécie de Anvisa norte-americana) a venda do Epidiolex. Já no Brasil, são dois os medicamentos encontrados em farmácias.
Ainda assim, espera-se que, já a partir de 2021, essa oferta seja ampliada, considerando que novas leis e portarias devem ser publicadas tanto pela Anvisa quanto pelos estados.
No Rio de Janeiro, por exemplo, foi aprovada em 2020 uma lei incentivando a pesquisa e o cultivo da Cannabis com fins medicinais.
Isso deve aumentar não só o acesso aos tratamentos como deve expandir as opções para as famílias que precisam importar medicamentos, opção nem sempre acessível em virtude dos preços elevados.
Preço do canabidiol
Os recentes avanços legislativos, no Brasil, devem levar a uma redução esperada de cerca de 75% nos preços dos medicamentos à base de CBD.
Nos Estados Unidos, onde a indústria de medicamentos à base de CBD é mais desenvolvida, é possível encontrar frascos de óleo de canabidiol full spectrum a US$ 40,00.
Embora essa seja uma realidade ainda relativamente distante para os brasileiros, é nesse nível que se espera chegar nos próximos anos. Isso considerando não só o aumento na demanda como a evolução na legislação.
Como é a legislação brasileira atualmente em relação à Cannabis medicinal?
A legislação brasileira em relação à Cannabis medicinal tem passado por avanços nos últimos anos.
Em 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou a regulamentação para o registro e venda de medicamentos à base de canabinoides no Brasil.
Isso significa que alguns produtos derivados da Cannabis podem ser prescritos e utilizados como tratamento para determinadas condições médicas.
Para que um paciente possa ter acesso à Cannabis medicinal, é necessário que um médico habilitado faça a prescrição e que o produto esteja registrado na ANVISA.
Além disso, a importação desses medicamentos também pode ser necessária, pois a produção nacional ainda é limitada.
É importante ressaltar que a legislação brasileira não permite o cultivo doméstico de Cannabis para uso medicinal.
A planta ainda é considerada ilegal no país, e seu cultivo, posse e uso para fins recreativos são proibidos.
Portanto, a obtenção de produtos à base de Cannabis para uso medicinal deve ser feita mediante prescrição médica e seguindo as normas estabelecidas pelas autoridades sanitárias.
É permitido o cultivo da Cannabis para fins medicinais ou apenas importação de produtos?
Atualmente, a legislação brasileira não permite o cultivo doméstico da Cannabis para qualquer fim.
A obtenção de produtos à base de Cannabis para uso medicinal é feita por meio de importação, desde que siga as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alguns pacientes e associações de pacientes cultivam a planta com autorização judicial, no entanto é um processo mais complexo.
É importante destacar que a legislação brasileira está sujeita a mudanças e atualizações ao longo do tempo.
Portanto, é essencial ficar por dentro do assunto e acompanhar o posicionamento de órgãos governamentais e profissionais da área da saúde, para obter informações atualizadas sobre a legislação em relação à Cannabis medicinal no Brasil.
Canabidiol: Como funciona o processo para comprar atualmente?
A oferta restrita de medicamentos à base de CBD, no Brasil, deixa a importação como única alternativa na maioria dos casos dos pacientes que necessitam do medicamento.
Veja então, na sequência, o que você precisa fazer para obter medicamentos contra epilepsia a partir do Brasil, recorrendo à Anvisa.
Prescrição médica
O primeiro passo é buscar uma consulta com um especialista, na qual o paciente receberá a indicação do remédio à base de CBD com receita padronizada.
Solicitação no site da Anvisa
Com a receita digitalizada, deve-se preencher o formulário da Anvisa, junto ao qual ela deverá ser anexada com cópias da identidade e comprovante de residência.
Resposta da Anvisa
Caso o pedido seja aprovado, o órgão emite a autorização para importação. Hoje, todo o processo pode ser concluído dentro de 10 dias.
Compra e entrega
É preciso, ainda, observar as restrições da Anvisa, que proíbe a aquisição de remédios de CBD que não sejam administrados via oral ou nasal.
Ou seja, somente medicamentos que respeitem essa orientação podem ser comprados do exterior.
OMS e canabidiol: O que a ciência já sabe sobre tratamentos com CBD?
Antes mesmo do relatório da OMS, incontáveis instituições de ensino e de pesquisa na área médica já se debruçavam sobre estudos buscando comprovar os benefícios do CBD.
Veja alguns dos estudos mais destacados sobre o canabidiol no tratamento de doenças crônicas e outras condições.
Alzheimer
No estudo A Review on Studies of Marijuana for Alzheimer’s Disease – Focusing on CBD, THC, conduzido por pesquisadores da Coreia do Sul, sugere-se que o canabidiol é eficaz para tratar a demência em pacientes com Alzheimer.
Este estudo analisou a literatura atual e teve como alvo o texto completo ou resumos dessas publicações sobre o CBD.
A análise destas publicações implicaram que os componentes do CBD podem ser úteis para tratar e prevenir o Alzheimer, porque o CBD poderia suprimir os principais fatores causadores da doença. Além disso, foi sugerido que o uso de CBD e THC juntos poderia ser mais útil do que usar CBD ou THC sozinho.
Ansiedade
Já os pacientes com ansiedade têm no estudo Cannabidiol, a Cannabis sativa constituent, as an anxiolytic drug um importante ponto de apoio para reforçar a eficácia do CBD no tratamento desse distúrbio.
Este estudo afirma que evidências encontradas usando modelos animais de ansiedade e envolvendo voluntários saudáveis sugerem claramente um efeito ansiolítico do CBD.
Além disso, foi demonstrado que o CBD reduz a ansiedade em pacientes com transtorno de ansiedade social.
Esclerose múltipla
Por sua vez, uma pesquisa conduzida pela Universidade do Colorado, traz novas esperanças a pessoas que sofrem com esclerose múltipla.
De acordo com o estudo, o CBD reduz a espasticidade muscular, a dor e os processos inflamatórios associados à esclerose múltipla.
Efeitos adversos
Neste estudo sobre os efeitos adversos dos CBD, os autores Kerstin Iffland e Franjo Grotenhermen concluem que o perfil de segurança do CBD já está estabelecido de uma infinidade de maneiras.
Este estudo realizou pesquisa bibliográfica e teve como objetivo estender a pesquisa abrangente realizada por Bergamaschi et al. em 2011 sobre segurança e efeitos colaterais do canabidiol (CBD).
O estudo diz que, em geral, o perfil de segurança favorável frequentemente descrito do CBD em humanos foi confirmado e estendido pela pesquisa revisada.
Os efeitos colaterais mais comumente relatados foram cansaço, diarréia e alterações de apetite/peso.
Em comparação com outros medicamentos, usados para o tratamento de diversas condições médicas, o CBD tem um melhor perfil de efeitos colaterais.
Autismo
Por sua vez, a pesquisa Real life Experience of Medical Cannabis Treatment in Autism: Analysis of Safety and Efficacy conclui que o CBD é eficaz para pacientes autistas.
O objetivo do estudo era caracterizar a epidemiologia de pacientes com ASD que recebem tratamento com Cannabis medicinal e descrever sua segurança e eficácia.
188 pacientes com autismo foram tratados com Cannabis medicinal entre 2015 e 2017. Após seis meses de tratamento, 82,4% dos pacientes (155) estavam em tratamento ativo, 28 pacientes (30,1%) relataram uma melhora significativa, 50 (53,7%) uma melhora moderada, 6 (6,4%) uma melhora leve e 8 (8,6%) não tiveram alteração em sua condição.
OMS e canabidiol: outros benefícios da liberação do canabidiol
Com a esperada ampliação na oferta de medicamentos, cria-se a expectativa que o mercado brasileiro seja aquecido, o que levaria à redução de custos dos frascos de CBD.
Embora hoje seja possível importar sem grandes problemas, esse é um processo que pode ser pouco acessível para algumas pessoas.
É por isso que a liberação da venda de novos medicamentos com CBD no Brasil pode ser um importante passo para tratar uma série de doenças.
Como conseguir remédios à base de Cannabis pelo nosso site?
No Brasil, para ter acesso a medicamentos à base de Cannabis, é necessário que um médico especialista prescreva o tratamento com base nas necessidades individuais do paciente.
O médico deve avaliar a condição médica, os sintomas e outros fatores relevantes antes de considerar a prescrição de medicamentos à base de Cannabis.
Neste sentido, os médicos do Portal Cannabis & Saúde podem ajudar você! Com mais de 250 profissionais listados, o Portal Cannabis & Saúde conecta pacientes interessados na medicina canabinoide com médicos experientes neste tipo de tratamento.
Basta clicar aqui, escolher um profissional e marcar uma avaliação. Se ele julgar necessário, você receberá sua prescrição médica.
Após a prescrição médica, é necessário seguir as normas e regulamentações estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a importação desses medicamentos.
Com tudo em ordem, basta importar o medicamento em questão e iniciar seu tratamento de acordo com o plano criado pelo médico.
Conclusão
A atuação de órgãos como a OMS é indispensável para que a indústria em torno da Cannabis medicinal venha a ocupar o espaço que merece.
O posicionamento favorável manifestado em 2018, embora cauteloso, é um avanço a se celebrar. No entanto, ainda há muito o que fazer.
Parte do esforço está em disseminar informação útil para que o preconceito sobre o canabidiol seja finalmente superado.
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