De repente me vi impulsionado a estudar de maneira obsessiva um assunto diariamente. Me pareceu nítido como nesse ramo da medicina devemos muito aos cientistas pioneiros, mas ainda temos um mundo a descobrir.
Quando você inicia no assunto muitos cursos surgem com a intenção de ensinar, mas a verdade é que diversos colegas me procuram, mesmo após terem gastado valores que chegam a 10 mil reais em cursos que concluem e não conseguem ter segurança ao prescrever. De aulas gratuitas às que custam o valor anteriormente mencionado, a verdade é que se estabeleceu um mercado (muitas vezes de publicidade apelativa) onde se deveria desenvolver uma academia.
“Pare de dar plantão” aparece constantemente nas publicidades pagas das minhas redes sociais, e se desenvolve um raciocínio como “aprenda medicina canabinoide”
A pessoa que agora escreve pra vocês amava fazer plantões de pronto-socorro na rede pública de saúde por que ali se aprende a exercer a medicina da vida real, com os recursos que temos. Acontece que depois que comecei a estudar a planta acabei escolhendo passar meu tempo investindo nesse conhecimento. E de maneira natural tive que optar por continuar aprendendo sobre Cannabis ao invés de urgência e emergência.
Eu iniciei na telemedicina há cerca de 4 anos, quando a pandemia “forçou” a regulamentação da atividade e escolhi fazer um teste para aprender o que eu conseguiria tratar remotamente e o que precisa de consulta presencial para ser avaliado.
Depois veio o conhecimento sobre Cannabis e com ele estando crescente, somado a um número grande de pacientes interessados, hoje tenho em meus prontuários cerca de 800 atendimentos de telemedicina, sendo a grande maioria feito no último ano.
Abandonei a vida de plantões e larguei meus vínculos com o serviço público com um grande aperto no peito por deixar quem tanto me ensinou, mas a missão de levar o conhecimento que tenho me faz continuar focado na meta.
Meu ponto de vista é que a Cannabis não é uma maneira de ganhar dinheiro fácil, o mercado tem se enchido de profissionais (colegas ou não) que fazem um serviço pouco técnico em consultas
Minha visão consiste em embasar a prática clínica dos colegas com canabinoides e dar a eles mais uma ferramenta no nosso arsenal terapêutico. Pra quem quer focar nessa área tudo bem, vale notar que o mercado cresce de maneira exponencial e todos os óleos de Cannabis que estão entrando na farmácia precisarão de estudos para poderem manter suas vendas em mais de 5 anos.
É o momento de fazer ciência, não oportunismo
Pensando nisso, querendo levar conhecimento de forma ética e prática, decidi montar minha mentoria para que os colegas possam passar pelas mesmas alegrias que eu passei quando comecei a aprender sobre o uso terapêutico dos canabinoides. Notei que existe um déficit de dados que dizem sobre como prescrever (incluindo quais marcas) e como acompanhar o paciente que opta, junto com o médico, por iniciar esse tratamento. Não é só prescrever, tem que saber cuidar.
Posso usar nesse caso? Quantos mg/dia? Uso THC quando? Posso subir CBD até que dose? Quando uso CBG? Quando uso CBN (com ou sem melatonina)? Em quanto tempo peço o retorno? Tenho que pedir exames?
Essas são algumas das perguntas que mais recebo e decidi organizar em 9 encontros que acontecerão durante 8 semanas, para um número limitado de alunos, conteúdo que possa sanar essas dúvidas além de falar sobre as doenças que mais trato: ansiedade, insônia e dor crônica. Tudo discutido em grupo ou individualmente, pelo período de 2 meses e discutindo casos clínicos desde o primeiro encontro.
Se você quiser saber mais basta me procurar que será um prazer contribuir nessa formação de conhecimento. Tenho certeza que de maneira involuntária acabaremos formando uma comunidade de médicos competentes, éticos e comprometidos em impulsionar a ciência, não apenas o mercado da Cannabis.
Até breve!