CBD em sua forma ainda prematura, o ácido canabidiolico (CBDA) parece funcionar de forma mais rápida e em dosagens menores
O canabidiol, ou CBD, todo mundo conhece um pouco – principalmente sobre seus potenciais terapêuticos. Mas existe uma forma anterior a este canabinoide que também promete benefícios ao organismo: o ácido canabidiolico.
Quando ainda está nas primeiras fases de crescimento, a planta produz uma espécie de canabinoide mãe – o CBGA. E a partir dele surgem outros três ácidos: o THCA, CBCA e o CBDA. Ao longo do desenvolvimento, esses ácidos se convertem nos famosos CBD, THC e CBC.
Ou seja, quanto mais nova a planta, maior a quantidade desses ácidos. Mas quando ela é aquecida, em um processo conhecido como descarboxilação, elas, outra vez, cedem espaços aos três famosos canabinoides citados acima.
Mas por que estamos falando disso? É que um deles, o ácido canabidiolico (CBDA), tem chamado a atenção dos pesquisadores por seu potencial terapêutico.
A começar pelos efeitos anti-inflamatórios. Em vez de se encaixar nos receptores endógenos de canabinoides (CB1 e CB2), esse ácido bloqueia a ação de uma enzima (chamada de COX-2). Os anti-inflamatórios vendidos na farmácia, como o ibuprofeno e a aspirina, atuam da mesma forma. Como essa enzima se ativam após uma lesão, desligá-la ajuda a reduzir dores e o processo inflamatório.
Ao que tudo indica, o CBDA faz um trabalho melhor ao bloquear a COX-2 do que o CBD ou o THC – e sem os efeitos colaterais desse último.
Mesmo com bons indicadores do uso medicinal desse importante componente da Cannabis, experimentos com CBDA ainda engatinham. Uma das razões é a dificuldade em extraí-lo de maneira estável, recuperando todas as suas propriedades. Um dos métodos recentemente testados e que pode levar a um uso mais amplo do canabinoide é a extração ultrassônica de baixa temperatura.
Potencial terapêutico do CBDA
Pesquisas recentes sobre eficiência do CBDA para o tratamento de sintomas de diversas doenças têm apresentado resultados relevantes para a medicina. A maneira como esse canabinoide atua no processo terapêutico varia muito.
Segundo Tim Doran, Presidente da Whole Health Products, os pacientes com dor ou inflamações, ao tomar o CBDA estabilizado, sentem os efeitos de 10 a 15 minutos quando usado topicamente (aplicado diretamente na região do corpo onda está o mal estar), e de 20 a 30 minutos quando usados via sublingual. E essa parece ser a principal diferença nos tratamentos com CBD e CBDA: o ácido canabiolico age mais rápido e com menor dosagem.
Veja alguns exemplos:
Depressão
Assim como o CBD, a sua forma ácida (o CBDA) é indicado para aliviar a depressão, atuando sobre os mesmos receptores. A diferença é a necessidade de administrar uma dosagem muito mais baixa do que a do CBD.
Epilepsia
De acordo com a GW Pharmaceuticals, o CBDA ajuda a tratar a epilepsia, assim como o medicamento para epilepsia derivado do CBD, o Epidiolex, mas em dosagem menor. Muitos estudos ainda estão em andamento e os pesquisadores estão experimentando a criação de uma combinação entre CBD e CBDA.
Isso porque CBD pode produzir efeitos duradouros, mas não rápido o suficiente. Já o CDBA produz efeitos rápidos, mas geralmente por um período mais curto. A ideia é formular medicamentos que equilibrem os dois canabinoides, e melhorar a potencial do tratamento.
Náusea
A náusea é controlada pelos mesmos receptores que agem sobre a ansiedade e o bem-estar. O CBDA interage com esses receptores de maneira comparável ao CBD, atenuando os sintomas. Como o CBDA age mais rápido no organismo, estudos sugerem maior eficiência no controle da ânsia de vômito.
Câncer de mama
Em 2012, um estudo realizado na Universidade Hokuriku, no Japão, produziu resultados que sugeriam cautelosamente que o CBDA pode ter algum efeito em suprimir o crescimento de uma forma agressiva de câncer de mama. Embora esta pesquisa, juntamente com alguns outros estudos, indique que o CBDA pode ajudar a impedir a disseminação do câncer de mama, mais estudos ainda precisam ser feitos.