“No início carregar água e cortar lenha. Depois que atingir o estado de iluminação, cortar lenha e carregar água”. Com esse ditado Zen que o médico Mario Grieco resume o momento atual de sua carreira. Formado em medicina no ano de 1977, completou sua residência nos EUA até que, por problemas familiares teve que retornar ao Brasil.
Sua volta, porém, passou longe do consultório médico. Uma oportunidade como assessor médico de uma indústria farmacêutica mudou seu rumo. Fez seu nome atuando principalmente no marketing de grandes companhias, subiu de cargo até chegar à presidência.
Entrada na Cannabis
Essa, no entanto, é somente a primeira parte da história. Uma nova reviravolta veio ao receber o convite para dar início à uma nova empresa, voltada ao promissor mercado de Cannabis. “Durante toda minha carreira, como médico, presidente de empresas, eu sempre me envolvi na área de pesquisa”, conta Grieco. “A Cannabis sempre foi uma coisa que me atraiu bastante. Tinha um certo conhecimento, e me convidaram por isso.”
Apesar da empresa ainda não ter lançado nenhum produto, se aprofundar na questão deixou evidente para o médico a falta de informações sobre o assunto. Com experiência de três livros com foco em gestão de empresas já publicados, assumiu a missão de desmistificar a adoção das substâncias canabinoides em tratamentos médicos.
Surgia assim o livro: “Cannabis medicinal – fatos além da controvérsia”, com previsão de lançamento em março de 2021. “O objetivo é mostrar os dados científicos que existem”, afirma. “Existe muita falácia de que a Cannabis medicinal não tem estudo científico, enquanto são mais de 60 doenças com comprovação científica, referência médica, estudos publicados em revistas internacionais reconhecidas.”
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Médico prescritor de Cannabis
Entretanto, se basear somente na literatura parecia insuficiente para o médico especializado em medicina da família. “Como você pode lançar um livro sem ter experiência clínica? Não dava para ficar só na teoria. Eu tinha que ter experiência prática”, conta Grieco. “Voltei ao princípio. Às coisas básicas da vida. Cortar lenha e carregar água. Voltei a clinicar.”
A experiência, além de devolver a satisfação do contato direto com os pacientes, só deu mais certeza do potencial da Cannabis no tratamento médico. Nesse tempo já tratou de enxaqueca e ansiedade a doenças degenerativas e demência. “Descobri que o tratamento é muito diferente dos tratamentos alopáticos. Minha formação é essa. Uma molécula para tratar uma doença”, explica. “Já a Cannabis tem várias moléculas que tratam várias doenças. São mais de 150 componentes químicas com atividade terapêutica que cobrem várias doenças.”
“Eu já tive paciente que começou a tratar enxaqueca, mas acabou vendo sua hipertrofia da próstata melhorar. Uma paciente veio buscar Cannabis para tratar ansiedade, e viu sua intensa tensão pré-menstrual, e as cólicas, sumirem”, exemplificou.
Cannabis e desinformação
Sua principal batalha, porém, é contra a desinformação. “Um problema que tenho encontrado pela ignorância da maioria das pessoas. Ignorante no sentido de não conhecer os fatos e ficar espalhando fake news. Que maconha destrói células cerebrais, que maconha vicia, é porta de entrada. No livro, provo que nada disso é verdade”, diz Grieco. “Pelo contrário. Está provado que a Cannabis aumenta a neurogênese, o número de células cerebrais. Ajuda a melhorar a memória.”
Pelo contrário, em sua experiência pode observar os poucos efeitos colaterais do tratamento, mesmo diante o uso do THC. Apesar da substância provocar efeitos indesejados quando consumido em altas doses, ele tende a ser anulado quando utilizado em conjunto com o canabidiol.
“Existe um efeito comitiva. Todos os químicos na Cannabis, unidos, tem uma ação ainda melhor que quando usados isoladamente. Quando é só canabidiol não é tão efetivo como a combinação com THC e os outros produtos. É como os Beatles. Os quatro juntos eram bem melhores que quando se separaram.”
De acordo com o médico, em suas consultas, os pacientes costumam chegar com o diagnóstico pronto, muitas vezes elaborado por grandes nomes da psiquiatria ou neurologia. “O principal motivo para buscar Cannabis medicinal é porque os medicamentos prescritos não funcionam. Eu cheguei à conclusão de que os canabinoides melhoram a qualidade de vida dos pacientes.”
Para exemplificar sua confiança nas substâncias, Grieco usa o exemplo dos opioides, como morfina, amplamente utilizados pela medicina para combater a dor. “Uma das maiores crises nos EUA são as mortes pelo uso de opioides. Morrem anualmente mais de 40 mil pessoas por overdose de opioides”, revela. “Medicamentos prescritos pelos médicos, regulamentados. No desespero de se livrar da dor, acabam exagerando e morrem.”
Algo praticamente impossível acontecer com um tratamento à base de Cannabis. “Não existem relatos. Não existe overdose de Cannabis. Nem se fumar. Uma pessoa teria que fumar uma montanha de dez metros de maconha para morrer.”