Quando atende, Marcos Prandine traz a experiência de diversas especialidades: é neurologista, neurocirurgião e neurofisiologista clínico. Atuante na comunidade médica, também é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e membro da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia. Finalmente, Prandine é um estudioso e prescritor de terapia canabinoide. Com todas essas referências, ele ministra palestra hoje no Medical Cannabis Summit, às 20h.
Nesta entrevista, o médico conta que trabalha com medicina integrativa porque lida com uma infinidade de doenças neurológicas e genéticas. No decorrer desse percurso humanizado aprendeu, estudou e testemunhou a felicidade dos parentes ao vivenciar a melhora na qualidade de vida de pacientes com esclerose múltipla, epilepsia, doenças neoplásicas, dores crônicas, demência entre outras. Ele aponta que as propriedades antioxidantes, anti inflamatórias, imunoestimulantes, homeostáticas da planta só precisam ser entendidas e vividas para que outros médicos se tornem também prescritores.
Cannabis & Saúde: Como o senhor descobriu a Cannabis medicinal?
Marcos Prandine: Por tratar de doenças neurológicas e também de manifestações genéticas na Elo 21, clínica integrativa com vários especialistas, temos como filosofia o estudo de várias terapias complementares. Por isso comecei a estudar a terapia canabinoide para o tratamento da epilepsia de difícil controle, e fui me encantando com os artigos lidos, posteriormente com o bom resultado dos nossos pacientes, e com a diversidade de outras patologias que respondem bem a esta terapia.
C&S: Tinha algum preconceito antes? Já sofreu algum preconceito de outros profissionais da saúde?
MP: Não, nunca tive preconceito, pois tenho como conduta pessoal ler, estudar, me inteirar das terapias, para após este estudo aplicar ou não. No caso da Cannabis, sim, aplico e recomendo aos colegas. Não sofri preconceito de outros médicos por que sou claro no falar e objetivo no tratar baseado em estudo médicos. Todos já reconhecem isto, tanto na área da epilepsia onde a alegria dos pais é contagiante, com histórias dos filhos agora com qualidade de vida, como nos casos de moléstias degenerativas, com os parentes que se alegram ao ver o paciente mais calmo, com sono regular, animados. Também nos casos leves e iniciais em fase de recuperação.
C&S: Quais histórias de pacientes que usaram a Cannabis mais marcaram a sua trajetória? Por quê?
MP: A epilepsia sem dúvida é o clássico de indicação e rápida resposta de controle das crises. Mas não posso deixar de citar a esclerose múltipla e as dores crônicas com alívio e recuperação do bem estar, os quadros demenciais e o equilíbrio deles. Como médico canábico junto com a fisioterapeuta Ana Gabriela Baptista, temos nos envolvido e nos aprofundado na terapia das moléstias neoplásicas (neoplasia é o crescimento descontrolado e anormal de células), que tanto dilaceram pessoas e familiares. Juntos também temos obtido resultados de apoio, conforto e auxílio no estímulo imunológico, baseados em trabalhos e nossa experiência de equipe.
C&S: O que tem a dizer aos médicos que ainda relutam em aceitar o uso terapêutico da Cannabis?
MP: Aos médicos proponho que não aceitem, nem duvidem. Leiam, participem de debates, ouçam a experiência de pais, familiares, terapeutas, colegas, e só então se manifestem. Tenho certeza de que acabarão aquiescendo a esta terapia hemostática, anti-inflamatória, antioxidante, imunoestimulante do nosso organismo.
C&S: Qual a sua mensagem final aos participantes do Medical Cannabis Summit que começou esta semana?
MP: Agradeço à empresa a oportunidade de participar deste movimento em prol da saúde e da melhor qualidade de vida, que sempre foi e sempre será a meta dos profissionais da saúde integrativa.