O interesse pela maconha medicinal e dos canabinoides está aumentando em todo o mundo. Alimentado pela cobertura entusiasmada da mídia, os pacientes percebem os canabinoides como um remédio natural para muitos sintomas.
Por exemplo, a Cannabis tem sido usada há muitos anos como agente medicinal no alívio de dores e convulsões. Ela contém aproximadamente 540 compostos naturais, incluindo mais de 100 que foram identificados como fitocanabinoides e possuem ação terapêutica.
A Cannabis tem sido amplamente utilizada como agente medicinal na medicina oriental com as primeiras evidências na antiga prática chinesa datada de 2700 AC.
Com o tempo, o uso da Cannabis medicinal tem sido cada vez mais adotado pela medicina ocidental e é, portanto, um campo emergente que tem mostrado excelentes resultados.
Desde 2015, a Anvisa, órgão regulador da vigilância sanitária no país, liberou o uso da substância para fins medicinais.
Pensando nisso, elaboramos este artigo sobre a atual situação da maconha medicinal no Brasil em 2022. Continue lendo e saiba mais!
O que é a maconha medicinal?
Cannabis medicinal, também chamada de maconha medicinal, é o uso da Cannabis sativa para fins terapêuticos. Dela, se obtém substâncias canabinoides como o CBD, THC, CBN, CBG, CBC, entre outros (mais de 100), que ativa receptores capazes de regulagem disfunções no sistema endocanabinoide.
A Cannabis medicinal tem sido usada terapeuticamente por quase 5.000 anos, começando na medicina oriental tradicional.
Foi somente em 1841 que a Cannabis foi introduzida na medicina ocidental através do trabalho de William O’Shaughnessy, um médico irlandês, que encontrou o “cânhamo indiano” em Calcutá.
No final do século XIX, a Cannabis medicinal se tornou amplamente difundida nas Américas e extratos à base de Cannabis foram indicados para uma ampla gama de condições, muitas das quais relacionadas à dor.
Qual a diferença entre o uso medicinal e o uso recreativo da maconha?
A maconha é obtida de uma planta com o nome científico Cannabis sativa, que tem na sua composição diversas substâncias, entre elas o tetraidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD).
Alguns desses componentes possuem efeitos psicoativos como sensação de euforia, relaxamento e sensação de bem-estar, o que leva à utilização da maconha de forma recreativa.
Outros componentes da Cannabis também podem ser usados no tratamento de algumas doenças crônicas e neurológicas específicas.
A principal recomendação de uso é para tratar alguns tipos de epilepsia, como a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaud, duas condições potencialmente graves que podem ser amenizadas com o tratamento da Cannabis.
Hoje, o consumo da maconha para fins recreativos é proibido no Brasil, mas a maconha medicinal é liberada e pode ser usada no tratamento de diversas doenças.
Quais são os benefícios da maconha medicinal?
O uso de canabinoides é de sumo interesse para indivíduos que apresentam sintomas como dor crônica, distúrbios do sono, sintomas relacionados ao câncer e distúrbios do humor, entre outros.
Pois, a maioria desses sintomas são frequentemente mal controlados pelos tratamentos medicamentosos atuais e além disso, muitos medicamentos induzem esses sintomas como efeitos colaterais.
Além disso, a Cannabis pode ser uma ferramenta útil no tratamento de muitas doenças complexas ou condições raras que carecem de opções terapêuticas convencionais eficazes.
Como por exemplo, fibromialgia, síndrome da fadiga crônica, enxaquecas, intestino irritável, Alzheimer, esclerose múltipla, dor neuropática e náusea refratária.
Componentes da maconha usados para finalidade medicinal
Os principais componentes da maconha medicinal são o canabidiol (CBD), e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC).
O canabidiol é um composto não psicoativo da planta Cannabis sativa. Esse composto tem diversos efeitos medicinais comprovados cientificamente, como por exemplo, a redução da ansiedade, da dor e da inflamação.
Por outro lado, o THC é o principal composto psicoativo da maconha. Apesar de ser uma substância que pode alterar o estado de consciência, quando usado de forma medicinal (com baixo teor , menos de 0,03%) não tem risco de psicoatividade, tendo também benefícios no tratamento de algumas doenças.
Algumas das principais aplicações medicinais do THC são:
- Redução da dor;
- Redução do enjoo;
- Redução da inflamação;
- Aumento do apetite.
No últimos anos, diversos estudos científicos apontaram que substâncias extraídas da Cannabis, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) podem ser usados para fins medicinais, em terapias para pacientes com dores crônicas e outras enfermidades graves, como câncer, epilepsia e fibromialgia.
O que é o canabidiol?
O canabidiol é um entre os mais de 100 canabinoides encontrados na planta Cannabis sativa e não produz os efeitos psicoativos.
Também conhecido pela sigla CBD, o canabidiol é um canabinoide, um tipo de composto que interage com o sistema endocanabinoide do corpo humano. O canabidiol é usado como matéria-prima para vários produtos e medicamentos, principalmente na forma de óleo.
Afinal, há cada vez mais estudos que indicam seus benefícios quando empregado no tratamento a diversos sintomas e doenças como por exemplo dor, inflamação, transtornos mentais, náuseas, enxaqueca, depressão, ansiedade.
Além disso, o seu uso também pode auxiliar no tratamento de doenças como epilepsia, Alzheimer e Parkinson.
Leia mais sobre: Canabidiol (CBD): O que é, Indicações, Benefícios e Como Comprar
O que é o THC?
THC é a sigla dada para a principal substância psicoativa encontrada na planta Cannabis sativa, ou seja, na maconha. Esse composto é responsável pelos efeitos psicotrópicos da planta, ou seja, aqueles que alteram o estado de consciência.
No entanto, o THC também tem diversos benefícios medicinais comprovados cientificamente. Alguns dos principais são a diminuição da dor, espasticidade, insônia, falta de apetite e glaucoma.
O THC também é usado em determinados casos específicos, como no caso de diminuir as ânsias de vômitos e náuseas em pacientes de câncer que são submetidos a tratamentos por radiação e também no caso de pessoa com glaucoma, a fim de diminuir a pressão do globo ocular e evitar uma possível cegueira.
Quais doenças podem ser tratadas com maconha medicinal?
As propriedades terapêuticas do canabinoides (CBD) são cada vez mais reconhecidas. Devido a sua importância medicinal, muitos países, inclusive o Brasil, já autorizaram medicamentos à base de Cannabis no tratamento de diversas doenças.
Diversas doenças podem ser tratadas com a maconha medicinal. Você pode verificar uma lista com artigos sobre o tratamento delas abaixo:
- Ansiedade
- Artrite reumatoide
- Artrose
- Autismo
- Câncer
- Dependência química
- Depressão
- Dermatites, acne e psoríase
- Diabetes
- Doença de Alzheimer
- Doença de Parkinson
- Doenças gastrointestinais
- Dor neuropática
- Dores de cabeça
- Endometriose
- Enxaqueca
- Epilepsia
- Esclerose múltipla
- Fibromialgia
- Glaucoma
- Insônia
- HIV
- Lesões musculares
- Obesidade
- Osteoporose
- Paralisia cerebral
- Síndrome de Tourette
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
- Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)
- Doenças veterinárias.
É permitido maconha medicinal no Brasil?
A maconha medicinal é permitida no Brasil desde 2015, quando foi aprovada a Lei nº 13.269/2016.
Desde então, o uso da medicação tem sido cada vez mais difundido e aceito pelos brasileiros. Em 2019, foi aprovada a importação de produtos canabinoides pela ANVISA.
Atualmente, já são mais de 50 medicamentos à base de Cannabis aprovados para venda em farmácias e a lista de produtos importados pré-aprovada pela ANVISA já conta com mais de 300 itens.
Embora sua utilização envolva alguns “dogmas” políticos, religiosos e morais, boa parte da comunidade científica e médica reconhece os benefícios da maconha medicinal para um número grande de doenças, síndromes e transtornos.
Como já vimos anteriormente, a maconha medicinal é bastante benéfica como terapia complementar no alívio dos sintomas ligados a doenças bastante diferentes entre si. Entre as mais conhecidas, podemos citar por exemplo o câncer, o autismo, a esclerose múltipla, o Alzheimer e dores crônicas.
Especialistas apontam que as substâncias canabinoides são extremamente eficazes na redução da dor, do estresse, da ansiedade, da inflamação, além de ajudar na neuroproteção e no combate ao enjoo.
A planta também é útil no controle das convulsões provocadas pela epilepsia e pode ser usada para tratar outras doenças neurológicas.
O Canabidiol é legalizado no Brasil?
Graças ao desenvolvimento de pesquisas sobre a Cannabis no país, em 2019 uma nova resolução da ANVISA, permitiu finalmente que os pacientes possam solicitar a importação do produto à base de Cannabis, caso esse tenha sido o tratamento recomendado e prescrito pelo médico.
Em 2020, várias farmácias pelo Brasil já contam com o CBD em seus catálogos de produtos. Mas, tanto a compra em farmácias quanto a importação, só são permitidos mediante prescrição emitida por um profissional de saúde devidamente habilitado.
Em que pé está a regulamentação do uso da maconha medicinal no Brasil em 2022?
Segundo a Anvisa, a RDC 660/22 traz uma união entre a RDC 335/20 e a RDC 570/21, que foram revogadas.
A RDC 660 define os critérios e os procedimentos para a importação de Produto derivado de Cannabis, por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado para tratamento de saúde.
Em relação às condições gerais, a nova RDC 660 deixa claro que:
- Fica permitida a importação, por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado para tratamento de saúde, de Produto derivado de Cannabis.
- A importação também pode ser realizada pelo responsável legal do paciente ou por seu procurador legalmente constituído.
- A importação do produto poderá ainda ser intermediada por entidade hospitalar, unidade governamental ligada à área da saúde, operadora de plano de saúde para o atendimento exclusivo e direcionado ao paciente previamente cadastrado na Anvisa, de acordo com esta Resolução.
- O produto a ser importado deve ser produzido e distribuído por estabelecimentos devidamente regularizados pelas autoridades competentes em seus países de origem para as atividades de produção, distribuição ou comercialização.
Entenda mais sobre o assunto. Leia o Guia para Preenchimento da Solicitação ANVISA.
O que a medicina diz sobre a maconha?
Como dito antes, a maconha medicinal já vem sendo usada como agente medicinal há muitos anos. Hoje, várias pesquisas já comprovaram a ação benéfica da maconha medicinal no tratamento de inúmeras doenças.
Em 2014, o Conselho Federal de Medicina autorizou o uso compassivo do canabidiol para crianças e adolescentes com epilepsias refratárias.
Em outubro deste ano o CFM publicou a resolução 2024/2022, retrocedendo nos avanços e aumentando as restrições do tratamento com maconha medicinal, para surpresa de médicos e pacientes. Mas, devido às pressões de médicos e sociedade, a resolução foi suspensa em menos de 10 dias após a sua publicação.
Hoje, o CFM não tem uma resolução vigente acerca dos tratamentos com medicamentos derivados da Cannabis medicinal, tendo aberto um formulário para que a sociedade em geral possa opinar e contribuir com uma nova atualização.
Dessa maneira, o que prevalece atualmente é que os tratamentos a base de Cannabis podem ser prescritos pelos médicos, como rege o código de ética médica, que prevê a autonomia destes profissionais na prescrição do tratamento que considerar mais adequado para o paciente.
Atualmente, cada vez mais medicamentos à base de Cannabis medicinal estão sendo receitados e mostram resultados positivos aos pacientes.
Conheça estudos importantes
Uma revisão publicada em 2019 na Revista Brasileira de Neurologia demonstrou que o THC e o CBD podem proporcionar efeito restaurador neurológico.
Em laboratório, a substância também apresentou capacidade de neurogênese, ou seja, de formar novos neurônios no hipocampo (onde acredita-se que são armazenadas as memórias) do cérebro de ratos.
Extratos de plantas do gênero Cannabis contam com um potencial terapêutico muito alto. Por isso, cada vez mais eles têm sido usados em tratamentos contra a esclerose múltipla.
Do mesmo modo, o CDB possui ação analgésica. Ou seja, trata-se de uma opção bastante viável no tratamento da dor neuropática.
Os pontos positivos que o uso dos canabinoides possuem no tratamento da esclerose múltipla se prolongam.
Eles também são capazes de equilibrar o humor do paciente; para quem não sabe, muitas pessoas que sofrem com a doença também passam a ter depressão, tal como outras questões mentais.
Instituições importantes como as revistas Nature e Science Daily já publicaram artigos a respeito dos estudos sobre tratamento para tremor essencial por meio da Cannabis Medicinal.
Um artigo da mais importante universidade dinamarquesa de Saúde e Ciências Médicas aponta uma valiosa redução no tremor essencial.
Tal constatação foi feita após testes envolvendo camundongos, onde algumas células normalmente negligenciadas no sistema nervoso central foram ativadas.
Cuidados e possíveis efeitos colaterais do uso da maconha medicinal
Apesar de ser uma planta com diversos benefícios, o uso da maconha medicinal precisa ser feito de forma controlada e sob orientação médica.
Afinal, assim como todo medicamento, a Cannabis também pode causar alguns efeitos colaterais. Os principais são:
- Boca seca;
- Redução da pressão arterial;
- Sonolência;
- Tontura;
- Coordenação motora prejudicada.
Normalmente, o tratamento com maconha medicinal é feito através do óleo de CBD, representando pouco perigo aos pacientes.
Além disso, é importante destacar que o uso da maconha pode ser extremamente perigoso para crianças e adolescentes, pois o seu desenvolvimento cerebral ainda está em processo.
Por isso, é importante que qualquer pessoa que esteja pensando em usar a Cannabis medicinal procure orientação médica antes de iniciar o tratamento.
Como conseguir medicamentos à base de maconha medicinal?
A maioria das pessoas que estão em busca de tratamento à base de Cannabis Medicinal não sabe muito bem como fazê-lo.
Embora já existam estudos comprovando a sua importância no tratamento de diversas doenças, ainda há uma resistência para a aplicação deste método no Brasil.
Pesquisas apontam que a falta de conhecimento é uma dessas motivações. Isso faz com que menos de 1% dos médicos no país já tenha feito algum tipo de prescrição de tratamento à base de Cannabis.
Por isso, nós do Portal Cannabis & Saúde preparamos uma plataforma completa de conexão entre pacientes e médicos prescritores de terapia canabinoide.
Nesse sentido, você pode buscar por médicos de acordo com a sua região, especialidade requerida ou até com o plano de saúde que você utiliza.
Dessa forma, é possível verificar qual a condição que se adequa mais para o seu atendimento.
Além disso, você pode optar por médicos que ofereçam as consultas presenciais ou por telemedicina.
Conclusão
Como você pôde ver, a maconha medicinal é extremamente benéfica para o tratamento de diversas doenças. No entanto, é importante que ela seja usada de forma correta e sob orientação médica.
Caso você esteja pensando em usar a Cannabis como terapia complementar, não hesite em buscar ajuda especializada.
Aqui no Cannabis & Saúde, contamos com uma plataforma completa para auxiliá-lo nesse processo! Clique aqui e agende já a sua consulta com um médico prescritor de Cannabis.