A combinação de Canabidiol e lúpulo parece inusitada à primeira vista, mas ambos compartilham características surpreendentes. Eles pertencem à mesma família botânica e possuem tricomas que geram compostos semelhantes.
Recentemente, novas pesquisas revelaram que o lúpulo está mais próximo da Cannabis do que se pensava, especialmente com a descoberta de canabinoides.
Essa informação despertou o interesse de cientistas que passaram a considerar o lúpulo como uma fonte alternativa de CBD e outros compostos valiosos. Contudo, esse entusiasmo logo começou a se dissipar.
Embora o lúpulo produza componentes que se assemelham estruturalmente aos da Cannabis, como os terpenos, e utilize vias biossintéticas em seus tricomas glandulares, a verdade é que ele não tem Canabidiol.
Apesar disso, quando utilizados em conjunto, ou mesmo separadamente, ambos podem oferecer grandes benefícios, os quais você conhecerá a seguir. Continue lendo e obtenha informações relevantes sobre:
- O lúpulo tem Canabidiol (CBD)?
- Qual a composição do lúpulo?
- Para que serve o lúpulo?
- Quais são os benefícios do lúpulo?
- O lúpulo precisa de prescrição médica como o CBD?
- Quais as contraindicações do uso do lúpulo?
- Como iniciar um tratamento medicinal com o Canabidiol?
O lúpulo tem Canabidiol (CBD)?
Existem muitas plantas que se assemelham à Cannabis, mas, surpreendentemente, poucas estão realmente relacionadas a ela.
A família do cânhamo, conhecida como Cannabaceae, contém apenas 11 gêneros e cerca de 170 espécies de plantas. Os dois membros mais conhecidos desta família são a Cannabis e o lúpulo.
O gênero Cannabis é composto por uma única espécie que se divide em várias subespécies: Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis.
Por outro lado, o gênero Humulus, que inclui o lúpulo, abrange oito espécies distintas, sendo a Humulus lupulus a mais utilizada na fabricação de cervejas e em aplicações farmacêuticas.
Ainda assim, cabe ressaltar que o lúpulo não é um subproduto da Cannabis. Embora compartilhem um ancestral comum, acredita-se que as duas plantas tenham se separado há cerca de 25 milhões de anos.
Assim, o ancestral em comum de ambas as plantas levantou especulações sobre a presença de Canabidiol em algumas cervejas artesanais que levam o lúpulo, mas essa ideia carece de fundamento científico.
O lúpulo não possui as enzimas necessárias para sintetizar canabinoides, como o ácido canabigerólico (CBGA), o que significa que, apesar de terem uma ancestralidade botânica, os dois não se cruzam nesse aspecto.
A presença da cerveja e da Cannabis na vida humana remonta a milênios. Estima-se que o consumo de cerveja tenha começado há aproximadamente 6 mil anos.
No século XI, o lúpulo começou a ser incorporado às receitas de cerveja. A freira Hildegard von Bingen foi a primeira a documentar a adição das flores femininas do lúpulo.
Suas flores são ricas em fitoquímicos, como os ácidos alfa e beta, que fornecem as características aromáticas e amargas que conhecemos nas cervejas.
Além disso, os aromas e sabores que apreciamos em uma cerveja não derivam do CBD, mas sim dos terpenos, compostos aromáticos que conferem identidade tanto ao lúpulo quanto à Cannabis.
O lúpulo e o Canabidiol têm efeitos semelhantes?
Quando se fala em lúpulo e Canabidiol, muitos se perguntam se ambos têm efeitos semelhantes. Afinal, eles pertencem à mesma família botânica, Cannabaceae, e compartilham algumas características.
Mas a verdade é que, apesar de algumas semelhanças superficiais, suas ações no corpo humano são bastante diferentes.
O lúpulo possui propriedades que podem promover relaxamento e aliviar a ansiedade graças aos ácidos alpha e beta, além de ter efeitos sedativos, semelhante à sensação de bem-estar que muitos relatam ao usar CBD.
O Canabidiol, por sua vez, é amplamente estudado por suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas. Ele age no sistema endocanabinoide, ajudando a regular funções importantes, desde a dor até o humor.
No entanto, essa comparação tem suas limitações. O lúpulo atua principalmente como um modulador do sistema nervoso central, enquanto o CBD interage com os receptores canabinoides no nosso organismo.
Ou seja, enquanto o lúpulo pode ajudar a relaxar após um longo dia, o Canabidiol pode oferecer um suporte mais robusto para o controle e prevenção de uma série de condições de saúde.
Lúpulo e Canabidiol podem ser usados juntos?
Sim, o lúpulo e o Canabidiol podem ser usados juntos, desde que haja prescrição e supervisão médica.
A respeito disso, um estudo de 2023 investigou como o Canabidiol poderia ajudar a reduzir a inflamação em um modelo de células imunológicas.
Os pesquisadores testaram o CBD isoladamente e em combinação com um extrato de lúpulo.
O foco principal foi entender como essas substâncias afetam a produção de dois marcadores inflamatórios: o óxido nítrico e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α).
Os resultados mostraram que o CBD tem um efeito anti-inflamatório considerável, reduzindo a liberação desses marcadores em níveis que dependem da dose administrada.
Em outras palavras, quanto mais Canabidiol era aplicado, maior era a redução da inflamação.
Além disso, quando adicionado o extrato de lúpulo, o efeito anti-inflamatório foi ainda mais acentuado, indicando que a combinação das duas substâncias pode ser mais eficaz do que o uso de cada uma delas separadamente.
Esse efeito combinado foi comparável ao tratamento com hidrocortisona, um medicamento anti-inflamatório conhecido.
Outra descoberta importante foi que a presença de terpenos do extrato de lúpulo aumentou a absorção do CBD, facilitando a entrada do CBD nas células e potencializando seu efeito.
A capacidade das células de absorver CBD aumentou à medida que a concentração de terpenos aumentava, indicando uma relação positiva entre os dois.
Essa interação sugere que, quando combinados, canabinoides como o CBD e terpenos de plantas como o lúpulo podem ter um efeito sinérgico, ou seja, eles podem trabalhar melhor juntos do que separados.
No entanto, como em qualquer abordagem terapêutica, o paciente deve ter cautela ao fazer essa combinação. Se você já toma Canabidiol, não deve associá-lo ao lúpulo por conta própria. É altamente necessário que você converse com seu profissional prescritor antes.
Qual a composição do lúpulo?
O lúpulo é rico em uma série de componentes bioativos, sendo os principais os alfa-ácidos (humulona) e beta-ácidos (lupulona), ambos responsáveis pelo amargor característico das cervejas.
Ele também contém flavonoides e terpenos, como o mirceno, farneseno e cariofileno, que conferem um aroma relaxante e propriedades medicinais.
Outro componente do lúpulo é o xantohumol, um flavonoide com propriedades antioxidantes que tem ação anti-inflamatória e possivelmente antitumoral.
Também não podemos esquecer das resinas e taninos, que ajudam na conservação da cerveja, mas também têm seu valor no uso fitoterápico, como calmantes naturais.
Para que serve o lúpulo?
O lúpulo é muito mais do que um simples ingrediente na fabricação de cerveja. Ele é utilizado há séculos, não apenas para conferir sabor e aroma às bebidas, mas também por suas propriedades terapêuticas.
Sendo assim, a popularidade do lúpulo só aumenta à medida que suas características benéficas são descobertas em diferentes áreas, como aromaterapia e tratamentos naturais.
Com isso em mente, veja abaixo algumas das utilidades do lúpulo:
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Fabricação de cerveja
Se você já degustou uma cerveja artesanal com um sabor amargo, pode apostar que o lúpulo foi o responsável por essa experiência sensorial.
Originário da Europa, o lúpulo foi utilizado como conservante natural, e sua adição às cervejas remonta ao século IX.
Na fabricação da cerveja, o lúpulo é adicionado durante o processo de fervura do mosto, que é a mistura de água e malte. A fervura extrai os óleos essenciais e os ácidos do lúpulo, que conferem à cerveja seu caráter distintivo.
Os dois principais ácidos presentes no lúpulo, o alfa e o beta, são responsáveis pelo amargor e pelos aromas característicos que variam de florais e frutados.
Além de proporcionar sabor, o lúpulo tem propriedades antimicrobianas, ajudando a preservar a cerveja e a garantir sua durabilidade. Isso é especialmente importante em cervejas artesanais.
Algumas cervejarias inovadoras até exploram a técnica de dry hopping, que envolve a adição de lúpulo após a fermentação. Isso intensifica os aromas e o frescor, criando cervejas mais aromáticas e complexas.
O lúpulo também se destaca por sua versatilidade na produção de diferentes estilos de cerveja.
Por isso, os cervejeiros experimentam combinações de variedades de lúpulo, criando rótulos únicos que refletem não apenas suas preferências pessoais, mas também os gostos de suas comunidades.
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Propriedades medicinais
Conhecido cientificamente como Humulus lupulus, o lúpulo é tradicionalmente utilizado na medicina herbal em infusões e extratos.
Sua principal fama reside em seus efeitos sedativos, que o tornaram popular no tratamento de insônia e ansiedade.
Os compostos ativos presentes no lúpulo, como os flavonoides e os ácidos, são responsáveis por suas propriedades terapêuticas. Os flavonoides, por exemplo, podem ajudar a regular o humor.
Além de seus efeitos calmantes, o lúpulo também possui propriedades digestivas. Ele pode estimular a produção de bile e melhorar a digestão, sendo útil ao aliviar desconfortos estomacais.
Estudos mais recentes sugerem que o lúpulo pode ter propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes significativas, ajudando a proteger o corpo contra doenças crônicas, reduzindo o estresse oxidativo e a inflamação.
Entretanto, como qualquer erva medicinal, o uso do lúpulo deve ser feito com cautela. Embora seja geralmente considerado seguro, algumas pessoas podem ser alérgicas ou ter efeitos colaterais, como sonolência excessiva.
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Propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes
Um dos principais componentes ativos do lúpulo são os polifenois, que são altamente eficientes na redução da inflamação.
Estudos sugerem que esses compostos podem inibir a produção de mediadores inflamatórios, como as citocinas, que estão associados a condições crônicas, como artrite e doenças cardíacas.
Ao reduzir a inflamação, o lúpulo pode potencialmente ajudar a aliviar sintomas relacionados a essas doenças.
Cabe mencionar também suas propriedades antioxidantes. Os antioxidantes são substâncias que neutralizam os radicais livres no corpo, moléculas que podem causar danos às células e estão ligadas ao envelhecimento precoce.
Os antioxidantes encontrados no lúpulo, como os flavonoides e os ácidos fenólicos, ajudam a proteger as células do estresse oxidativo, promovendo uma saúde celular robusta.
Esse efeito antioxidante do lúpulo pode se traduzir em uma melhor saúde geral e uma redução do risco de doenças crônicas.
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Aromaterapia e produtos de bem-estar
Os óleos essenciais de lúpulo são muito utilizados em difusores, sprays e produtos de cuidados pessoais como parte de um plano aromaterapêutico.
Quando inalados, estes compostos ajudam a aliviar a tensão, a ansiedade e até mesmo a insônia, promovendo uma sensação de paz que muitos buscam em suas rotinas diárias.
Na aromaterapia, o lúpulo pode ser combinado com outros óleos essenciais, como lavanda e camomila, para criar sinergias que potencializam seus efeitos.
Os produtos de bem-estar que incorporam lúpulo também estão se tornando cada vez mais populares. Cosméticos, como cremes e loções, que utilizam extratos de lúpulo em suas formulações, estão surgindo no mercado.
O lúpulo pode, ainda, ser encontrado em infusões de ervas e chás que visam promover o bem-estar. Essas bebidas, além de saborosas, permitem que as pessoas se desconectem da agitação do dia a dia e aliviem o estresse.
Quais são os benefícios do lúpulo?
O lúpulo tem principalmente propriedades relaxantes, sendo utilizado em fitoterápicos para ajudar a combater a insônia e a ansiedade.
Sua ação calmante é atribuída principalmente aos ácidos amargos presentes em sua composição, que atuam no sistema nervoso para promover uma sensação de tranquilidade e relaxamento.
Além de seu efeito sedativo, o lúpulo tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, ampliando o arsenal de aplicações terapêuticas desta planta.
Estudos apontam que o xantohumol, presente no lúpulo, pode atuar na proteção celular contra danos causados pelos radicais livres, além de ajudar a reduzir inflamações no corpo, tornando-o um aliado em doenças crônicas.
Outro benefício interessante do lúpulo é sua ação antiespasmódica, que ajuda a relaxar os músculos e pode ser útil no alívio de dores menstruais ou cólicas intestinais.
Mas lembre-se: apesar das vantagens, o uso do lúpulo deve ser feito de maneira consciente, respeitando dosagens indicadas para cada finalidade, para que seus benefícios sejam aproveitados de forma segura.
O lúpulo precisa de prescrição médica como o CBD?
Ao contrário do CBD, que exige prescrição médica devido às regulamentações brasileiras para produtos derivados da Cannabis, o lúpulo não requer receita para ser adquirido.
Ele é considerado um suplemento de venda livre, presente em cápsulas, chás ou extratos, facilmente encontrados em farmácias e lojas de produtos naturais. No entanto, isso não significa que seu uso deve ser indiscriminado.
Embora o lúpulo seja visto como uma opção natural para promover o relaxamento e melhorar a qualidade do sono, o paciente ainda deve estar atento às dosagens e aos possíveis efeitos colaterais.
A ausência de uma prescrição médica obrigatória pode dar a impressão de que ele é completamente seguro em qualquer contexto, mas o uso excessivo pode levar a efeitos indesejados ou até mesmo interações com medicamentos.
Assim como acontece com o CBD, é aconselhável consultar um profissional de saúde, principalmente se você fizer uso de outros medicamentos, tenha condições de saúde pré-existentes ou esteja grávida.
Quais as contraindicações do uso do lúpulo?
Embora o lúpulo seja uma planta segura, ele não é indicado para todos. Uma das principais contraindicações é para pessoas com depressão.
Por ser uma planta com efeitos calmantes bastante fortes, o uso do lúpulo pode intensificar sentimentos de letargia e apatia, agravando os sintomas depressivos em vez de ajudar.
Mulheres grávidas ou que estejam amamentando também devem evitar o uso do lúpulo, já que seus efeitos sobre o desenvolvimento do feto ou a qualidade do leite materno ainda não são bem estabelecidos.
Outro ponto de atenção é para pessoas que fazem uso de medicamentos sedativos ou hipnóticos, como benzodiazepínicos.
O lúpulo pode potencializar o efeito desses medicamentos, levando a uma sedação excessiva, o que pode representar riscos à segurança, especialmente ao dirigir ou operar máquinas.
Pacientes com problemas hepáticos ou renais também devem usar o lúpulo com cautela, já que algumas substâncias presentes na planta podem sobrecarregar esses órgãos.
Por fim, quem possui alergia a plantas da família Cannabaceae, como a própria Cannabis, deve evitar o lúpulo, pois há um risco aumentado de reações alérgicas.
Como iniciar um tratamento medicinal com o Canabidiol?
Diferentemente de produtos como o lúpulo, os quais você pode encontrar facilmente em lojas, o Canabidiol é classificado pela Anvisa como medicamento de uso controlado.
Isso significa que a compra e o uso desses produtos devem seguir normas pré-estabelecidas pelo órgão. Não é possível obter o Canabidiol sem que haja uma prescrição médica indicando a necessidade do uso deste composto.
Portanto, para começar este tratamento, é obrigatório agendar uma consulta com um profissional para avaliar sua condição de saúde, discutir suas preocupações e determinar se o Canabidiol é a melhor opção para o seu caso.
A consulta também permite ao paciente esclarecer dúvidas e personalizar o tratamento de uma maneira que maximize os benefícios, seja combinando o Canabidiol com o lúpulo ou utilizando-o de maneira isolada.
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Conclusão
Como aprendemos até aqui, o lúpulo não possui Canabidiol, mas é capaz de produzir terpenos e flavonoides como a Cannabis.
Seus compostos, por sua vez, têm uma relação sinérgica com os canabinoides, podendo otimizar os efeitos um do outro.
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