O médico Dr. Rodrigo Eboli da Costa, CRM 142765, foi o nosso convidado da live “Cannabis, Câncer e cuidados paliativos”, que aconteceu na noite de quarta-feira, dia 7. Veja a live na íntegra aqui.
Cannabis na Oncologia: cresce judicialização de produtos à base de Cannabis
Em primeiro lugar, é crescente a judicialização de produtos à base de Cannabis na área da Oncologia no Brasil. A busca judicial pela garantia de tratamentos oncológicos com CBD e THC em 2023 ocupou o primeiro lugar dentre as demandas judiciais. Neste sentido, Dr. Rodrigo, médico com vasta experiência na área, confirma que esta é um tendência no país.
“A Medicina canabinoide é inevitável na área da oncologia. E a judicialização é um reflexo da eficácia deste tratamento. Os pacientes e os médicos estão cada vez mais seguros no uso e na prescrição respectivamente de produtos à base de Cannabis. E sabemos que apesar da melhoria em relação aos custos ainda é um obstáculo para a realidade brasileira. E como judicializar é um direito, isto é algo inevitável”, explicou.
Menos efeitos colaterais: entenda a diferença entre alopáticos tradicionais na área da Oncologia e produtos à base de Cannabis
“Os fitocanabinoides são medicamentos com base no sistema endocanabinoide, que é algo que temos, produzimos canabinoides no corpo. Temos sempre que trazer a informação: nós produzimos os nossos canabinoides. Não é apenas porque ele é natural e é um fitoterápico, mas porque estes fitocanabinoides simulam canabinoides que nós produzimos. Então, o efeito colateral é muito menor. Neste contexto os efeitos colaterais são melhores e tem potencial de sinergia com tratamentos para o câncer que já usamos”, pontuou.
Em síntese, os tratamentos oncológicos referem-se às abordagens médicas destinadas a tratar o câncer. Conforme o Dr. Rodrigo explicou, esses tratamentos podem variar amplamente dependendo do tipo específico de câncer, estágio da doença, localização do tumor e das características individuais do paciente. Algumas das principais modalidades de tratamento oncológico incluem cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
“A quimioterapia não tem a plena capacidade de diferenciar o que são as células boas e as ruins. Neste sentido, acaba lesionando células do nervo, por exemplo, por isso a neuropatia promove formigamento ou dor. É um prejuízo. Assim, os fitocanabinoides entram na questão de melhorar isso, não de voltar o nervo à condição anterior. Mas modulando a dor ou este formigamento que a pessoa começa a sentir”, esclareceu o médico durante nossa live.
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Cerca 53,5 milhões de pessoas estão vivendo com câncer no mundo
Segundo dados da GLOBOCAN 2022, lançados recentemente em alusão ao Dia Mundial do Câncer, dia 4 de fevereiro, atualmente cerca 53,5 milhões de pessoas estão vivendo com câncer no mundo, considerando o período de prevalência da doença no período de cinco anos. Para Dr. Rodrigo um dos principais papeis da medicina paliativa é o controle dos sintomas como dor, náusea, ansiedade e insônia. E é justamente nestas questões onde o médico encontra os resultados mais rápidos com terapia canabinoide.
“De modo geral, pensamos em medicina paliativa no sentido da desprescrição pois muitos medicamentos levam a diversos efeitos colaterais. E um dos pilares da medicina paliativa é tentar reduzir os medicamentos que os pacientes fazem uso. E os fitocanabinoides não tem tantos efeitos colaterais, portanto podem ser aliados nessa questão de polifarmácia. Há estudos que indicam uma melhora na questão da dor. Então pode atuar diminuindo estes uso de tantos medicamentos”, pontuou durante a live.
Ainda de acordo com o relatório da GLOBOCAN 2022, o câncer continua sendo um dos principais desafios para a saúde, já que a tendência é de aumento de casos nos próximos anos. No Brasil foram identificados 627.193 novos casos de câncer. Os tipos mais comuns foram o de próstata, que afeta exclusivamente pessoas do sexo biológico masculino, com 102.519 novos casos (16,3% no total / 32,1% no recorte por gênero). E mama, que atinge em quase sua totalidade apenas mulheres, respondendo por 94.728 novos casos (15,1% no total / 30,8% no recorte por gênero).
Já o câncer colorretal, que vem crescendo exponencialmente na última década, já é o terceiro mais incidente na população brasileira em geral, com 69.118 registros (9,6% no total).
Confira a seguir os principais dados do GLOBOCAN 2022
Mundo:
- Número de novos casos de câncer: 19.965.054
- Número de mortes: 9.736.520
- Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 53.490.304
- Top 3 por incidência:Pulmão, Mama e Colorretal
- Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Fígado
- Número de novos casos previstos para 2050: 35 milhões
Brasil:
- Número de novos casos de câncer: 627.193
- Número de mortes: 278.835
- Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 1.634.441
- Top 3 por incidência: Próstata, Mama e Colorretal
- Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Mama
A importância do sistema endocanabinoide para a saúde
O sistema endocanabinoide (SEC) é um sistema complexo de sinalização celular encontrado em muitos vertebrados, incluindo humanos. Ele desempenha um papel crucial na regulação de vários processos fisiológicos e homeostase no organismo. O sistema endocanabinoide é composto por três principais componentes:
- Receptores endocanabinoides: Existem dois tipos principais de receptores endocanabinoides identificados até agora, conhecidos como CB1 (receptor de canabinoides tipo 1) e CB2 (receptor de canabinoides tipo 2). Esses receptores estão localizados em todo o corpo, mas são encontrados em maior concentração no sistema nervoso central (CB1) e no sistema imunológico (CB2).
- Endocanabinoides: Como o Dr. Rodrigo citou, estes são compostos químicos produzidos pelo próprio corpo que se ligam aos receptores endocanabinoides. Os dois principais endocanabinoides identificados até agora são a anandamida e o 2-araquidonilglicerol (2-AG). Esses compostos são sintetizados conforme necessário para desempenhar suas funções regulatórias.
- Enzimas: Existem enzimas responsáveis pela síntese e degradação dos endocanabinoides. As principais enzimas são a N-acyltransferase (NAT) e a enzima amida hidrolase de ácido graxo (FAAH), que estão envolvidas na síntese e degradação da anandamida, e a diacilglicerol lipase (DAGL), responsável pela síntese do 2-AG.
A função do sistema endocanabinoide é modular e influenciar uma ampla gama de processos fisiológicos, incluindo a regulação do humor, sono, apetite, resposta imunológica, sensibilidade à dor, entre outros.
“O sistema endocanabinoide modula sensações positivas, como a de bem-estar, por exemplo. E são substâncias que estão nos neurotransmissores e potencializam outros neurotransmissores. Nós temos os canabinoides, é natural e temos no corpo, por isso endocanabinoides. E eles potencializam sensações positivas, como a de bem-estar. E a ideia é suplementar para potencializar os efeitos positivos. Há evidências que a medida em que envelhecemos este sistema endocanabinoide vai envelhecendo também, o que explica porque pacientes com mais idade são mais suscetíveis à dor”, finalizou.
Por fim, o sistema endocanabinoide é alvo de pesquisas extensas devido ao seu potencial papel terapêutico em condições como dor crônica, distúrbios neurológicos, e distúrbios do apetite, entre outros.
Histórias de superação com a Cannabis
Em paralelo ao trabalho árduo dos cientistas para descobrir novas abordagens contra o câncer, as pessoas já recorrem à Cannabis para lidar com a condição e com os efeitos colaterais que o tratamento provoca. Por isso, aqui no portal Cannabis & Saúde, temos uma área toda dedicada a contar as histórias de pacientes que tiveram a vida transformada pela planta.
Um caso é o da Marilene, que teve o diagnóstico de câncer de mama em 2022 e incluiu a planta no tratamento pouco menos de um ano depois. Hoje em dia, ela fala com todo o orgulho que “estou lutando contra o câncer e encontrei na Cannabis uma forte aliada”. Leia aqui o relato completo da Marilene.
Cannabis é sinônimo de bem-estar
O objetivo fundamental da medicina paliativa é proporcionar uma melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares, promovendo o bem-estar, o conforto, a dignidade e o respeito durante todo o curso da doença.
Neste caminho, Dr. Rodrigo enfatiza a importância do alívio da dor. E as soluções que tem encontrado nos tratamentos com canabinoides.
“Resultados para dor são rápidos e com isso podemos passar a utilizar menos medicamentos, como opioides por exemplo. Na ansiedade também. Em resumo, não sou contra os ansiolíticos tradicionais, mas a eficácia dos canabinoides é boa neste sentido também”, finaliza.
As lives do portal Cannabis & Saúde acontecem ao vivo com transmissão por YouTube, Facebook e LinkedIn.
Cannabis nos cuidados paliativos
A utilização das moléculas da Cannabis em cuidados paliativos tem sido objeto de interesse crescente, pois estudos sugerem que ela pode desempenhar um papel significativo no alívio de sintomas em pacientes com condições médicas graves, incluindo câncer. Vale ressaltar que o uso da Cannabis medicinal deve ser sempre realizado com o acompanhamento médico de profissionais de saúde qualificados, uma vez que os efeitos e interações podem variar de pessoa para pessoa.
Há pontos cruciais que relacionam o uso da Cannabis em cuidados paliativos:
- Alívio da Dor: A Cannabis é conhecida por suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Em pacientes com câncer em cuidados paliativos, pode ajudar a reduzir a dor associada à doença e ao tratamento.
- Controle de Náuseas e Vômitos: Pacientes em tratamento de câncer muitas vezes enfrentam efeitos colaterais como náuseas e vômitos. Fitocanabinoides como o THC e o CBD, podem ter efeitos antieméticos.
- Estimulação do Apetite: A Cannabis também pode ajudar a estimular o apetite, o que é especialmente relevante para pacientes em cuidados paliativos que podem enfrentar perda de peso e desnutrição.
- Melhoria do Sono: Algumas pessoas relatam benefícios relacionados ao sono com o uso de Cannabis. Isso pode ser significativo para pacientes em cuidados paliativos que enfrentam desafios para dormir devido à dor ou outros sintomas.
- Bem-Estar Psicológico: Além dos aspectos físicos, a Cannabis pode ter efeitos psicológicos, incluindo a redução da ansiedade e melhoria do humor. Isso pode ser valioso para o bem-estar geral dos pacientes.
Agende sua consulta
Por fim, é fundamental que qualquer uso de Cannabis em cuidados paliativos seja discutido e monitorado em colaboração com os profissionais de saúde. De fato, eles podem ajudar a ajustar as dosagens, considerar interações medicamentosas e garantir um uso seguro e eficaz. Clique aqui e agende sua consulta com um profissional com experiência na terapia canabinoide.