A informação sobre o potencial terapêutico dos produtos à base de Cannabis é crucial para reduzir preconceitos e ampliar tratamentos.
Independente da idade em que acontece o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é essencial abordar com respeito e individualidade a questão, considerando a necessidade de suporte variável. Esta é a posição da médica psiquiatra Rachel Rodrigues Cavalcante, CRM 52853690. Para ela, o número de diagnóstico em autistas é crescente devido a um melhor acesso à informações sobre a condição.
“Os diagnósticos estão aumentando pela capacidade de informação que é crescente. Muitas vezes, essas pessoas também vêm com filhos autistas. E aí a pessoa começa a ver o que ela tinha parecido com o filho na infância, como até a dificuldade de compreender que uma criança autista tem algumas coisas que destoam de um desenvolvimento neurotípico. Então, muitos diagnósticos também são feitos a partir do diagnóstico de um filho”, explicou Dra. Rachel durante a live que realizamos recentemente “Autismo em adultos: como reconhecer os sinais?“
Live “Autismo em adultos: como reconhecer os sinais?“
Nossa live abordou o autismo em adultos, destacando sinais como seletividade alimentar e insônia. Discutimos sobre a importância da segurança e conhecimento médico na prescrição de Cannabis medicinal, bem como a necessidade de educação para combater o preconceito. Dra. Rachel destacou que prescreve fitocanabinoides para o tratamento do TEA após encontrar na terapia canabinoide a possibilidade de um “ganho real” para os pacientes.
Tenho TEA e agora?
Receber um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser uma experiência complexa, mas é importante lembrar que o diagnóstico é apenas o começo de uma jornada. Para a médica é importante focar na compreensão e no autoconhecimento:
“Para quem descobriu o autismo recentemente, sempre falo para se entenderem, observarem de que formas os sintomas sempre estiveram presentes. A compreensão também é importante pois vai ajudar a se perdoar e entender questões importantes da vida. E claro, começar o tratamento adequado que pode ser com a Cannabis. Podemos entender diversas questões e pensar para quem você vai contar sobre seu diagnóstico de autismo”, defendeu.
TEA em adultos
Veja agora os principais pontos abordados durante nossa live com a Dra. Rachel sobre autismo em adultos:
- O diagnóstico tardio do autismo em adultos é menos comum devido à funcionalidade destes autistas. O uso de fitocanabinoides, como o CBD, pode oferecer benefícios no tratamento dos sintomas associados ao autismo.
- Adultos autistas enfrentam desafios na interação social e relacionamentos amorosos devido à dificuldade na leitura facial e interpretação de sinais não verbais.
- Tratamentos intensivos na infância ajudam a reduzir alterações sensoriais em adultos autistas. Compreender e aceitar diferenças sociais e comportamentais é crucial para melhorar a interação e adaptação.
- Diagnosticar autismo em adultos é mais complexo devido à capacidade de mascarar sintomas. Comportamentos estereotipados, como movimentos repetitivos, podem indicar autismo, mas nem sempre necessitam de correção.
O diagnóstico do TEA é baseado na observação dos sintomas e no histórico de desenvolvimento do indivíduo. É essencial que o diagnóstico seja realizado por profissionais de saúde qualificados, como psiquiatras ou neurologistas.
O tratamento e o apoio para pessoas com TEA podem incluir terapias comportamentais, intervenções educacionais especializadas, apoio psicológico e, em alguns casos, medicamentos para tratar sintomas específicos, como ansiedade ou hiperatividade.
Como são os adultos com TEA?
“Do ponto de vista cognitivo geralmente são pessoas que não tiveram dificuldade de aprendizado ou se tiveram algum nível de dificuldade foi muito leve, coisas que podem acontecer com pessoas neurotípicas também. São pessoas que concluíram seus estudos e que muitas vezes são pessoas casadas e com filhos. Elas encontram dificuldade na vida de forma muito pontual. Por exemplo: pode ser uma dificuldade no transporte até o trabalho, pelo ruído, por esse transporte estar muito cheio, e às vezes se queixam da dificuldade de ir numa festa pelo barulho. Mas a maior parte do tempo são pessoas que funcionam de alguma forma bem. Mas há sim prejuízo de interação, há muito mais ansiedade, essas pessoas muitas vezes precisam sim ser medicadas”, avaliou a profissional.
Cannabis e TEA: entenda a relação da planta no tratamento do autismo
O potencial das moléculas encontradas na Cannabis, especialmente o Canabidiol (CBD) e THC, podem oferecer benefícios no tratamento de sintomas associados ao autismo. Alguns estudos e relatos de médicos e pacientes sugerem que o CBD pode ajudar a reduzir a ansiedade, agressão, hiperatividade e dificuldades de sono em pessoas com autismo.
“O tratamento com fitocanabinoides, como o óleo full spectrum, é seguro e eficaz para crianças com autismo, reduzindo a ansiedade e melhorando a qualidade de vida. No caso de adultos com autismo, o Canabidiol é comumente utilizado, sendo gradualmente aumentado para encontrar a dose ideal”.
Estudos recentes destacam a Cannabis medicinal como uma alternativa segura e eficaz no manejo terapêutico do Transtorno do Espectro Autista, conhecido como TEA. Os resultados com o Canabidiol, CBD, especificamente são animadores. Pois não existe um medicamento capaz de melhorar a qualidade de vida, habilidades sociais e desenvolvimento cognitivo dos pacientes autistas.
Para a médica, a Cannabis, em especial o Canabidiol, apresenta ganhos terapêuticos distintos e essenciais no tratamento de diversas condições, como autismo e epilepsia, sem os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais
“A Cannabis é muito especial no tratamento do autismo. Outro ponto muito interessante é que pessoas que estão dentro do espectro autista têm problemas de doenças auto-imunes, doenças inflamatórias, elas são muito mais seletivas e com intolerâncias alimentares. E muitas vezes, com o tratamento com Cannabis, a gente vê melhora dessas questões, o que traz um ganho ainda maior”, conclui Dra. Rachel.
Conheça mais Rachel Rodrigues Cavalcante
- Formada em medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
- Residência médica em psiquiatria na Marinha do Brasil. Residência médica em psiquiatria da infância e adolescência na UFRJ.
“Acredito que para tratar as dores de um paciente é necessário conhecê-lo profundamente, por esse motivo as consultas têm duração de uma hora e são realizadas num ambiente acolhedor.Atendo todas as faixas etárias”.