“Cada paciente tem a sua dosagem, cada paciente tem a sua composição de óleo. É um tratamento individualizado. Lembro de um neurologista que diz que medicina canabinoide é arte e é mesmo”, explicou a médica geriatra Dra. Gabriela Reginatto Mânica, CRM: 176887 e RQE: 176887 durante a live “Cannabis no tratamento do Alzheimer”.
Veja a live na íntegra:
Além de ser o Dia do Médico, a live foi muito especial, pois a história de vida da Dra. Gabriela com os tratamentos com as moléculas da Cannabis para o Alzheimer começaram com as pesquisas para levar qualidade de vida a sua própria mãe.
Quando viu os resultado, a Dra. Gabriela mergulhou nesta possibilidade de terapia. A mãe da médica realiza tratamento com canabinoides para cuidar da condição há dois anos e meio. E ela compartilha em suas redes sociais momentos especiais que vive com a mãe de 63 anos. Veja o vídeo que a médica viralizou em suas redes sociais:
Atualmente, Dra. Gabriela atende mais de 200 pacientes com doença de Alzheimer, visando a replicar os resultados que vê na mãe, em cada caso.
Como Cannabis interage com o nosso corpo?
“Anandamida vem do sânscrito e significa felicidade plena e tem funções importantes”.
Durante a live, Dra. Gabriela explicou que o nome “anandamida” deriva do termo sânscrito “ananda”, que significa “felicidade” ou “alegria”. Isso porque a ativação dos receptores canabinoides pela anandamida são relacionada a sensações de bem-estar e relaxamento.
A anandamida é um composto químico encontrado no corpo humano que pertence à classe de substâncias chamadas endocanabinoides. Ela desempenha um papel importante no sistema endocanabinoide (SEC).
“O CBD e o THC se ligam com receptores do nosso corpo. O THC age exatamente como a anandamida, já o CBD inibe as enzimas que degradam a anandamida. Então aumenta a concentração de anandamida e ativa outros receptores, como da serotonina, outro neurotransmisor responsável pelo bem-estar, também auxilia na produção de cortisol, faz um controle de hormônios e acaba trazendo qualidade na melhora do sono.
O sistema endocanabinoide é um sistema complexo e canabinoides interagem com este sistema. E com o envelhecimento produzimos menos anandamida. E no Alzheimer a produção de anandamida é menor ainda. Por isso, quando administramos óleos à base de Cannabis, sejam óleos isolados ou full spectrum, os canabinoides entram na corrente sanguínea, são levados aos receptores e se ligam a este receptores ativando de várias formas”, explicou Dra. Gabriela.
“Realmente Cannabis é para velho, já que jovens têm concentrações maiores de anandamida. Nos idosos, o sistema endocanabinoide é deficitário”
O impacto positivo da Cannabis no tratamento do Alzheimer se explica pela atuação dos canabinoides no sistema endocanabinoide, composto por enzimas e receptores específicos. Em resumo, estes receptores se encontram em todo o corpo, e atuam na regulação de diferentes processos fisiológicos. Por exemplo:
- apetite,
- dor,
- inflamação,
- controle muscular,
- metabolismo,
- sono,
- humor
- memória
THC e CBD para Alzheimer
“O CBD tem a função mais sedativa, ansiolítica, normalmente usamos óleos ricos em CBD, full spectrum com pouco THC. Normalmente começo o tratamento para Alzheimer com óleo full spectrum. O THC reservo para casos mais específicos. As proporções de THC são usadas no caso que o paciente possa se beneficiar, ele tem um viés mais analgésico. Eu uso em demência o THC, minha mãe usa, mas são casos específicos”.
Acesso à Cannabis hoje no Brasil
“Atualmente há 3 formas de acesso no Brasil. Mas primeiro é fundamental a consulta com um médico ou dentista. Então vamos às formas: farmácia, via RDC 327, com receituário azul ela adquire na farmácia. Através de associações que tem óleos artesanais. E a importada através da RDC 660, onde é possível importar e fazer o processo no site do governo que é um processo bem fácil, se dá em pouco tempo, uma ou duas horas. Minha forma de prescrever é a que eu ainda considero o melhor custo benefício: é através da importação, que conseguimos óleos com maior quantidade de CBD”, finalizou.
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Estudos sinalizam os benefícios da Cannabis para o tratamento do Alzheimer
Recentemente, cientistas brasileiros identificaram que pequenas doses de Cannabis foram capazes de reverter o déficit de memória. A pesquisa foi realizada pelo grupo de pesquisa da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, UNILA, e publicada como um novo marco na comprovação dos benefícios do uso de pequenas doses de Cannabis para tratar Alzheimer. O principal resultado foi identificado na reversão do déficit de memória do paciente. Também se destacou na pesquisa a inexistência de efeitos colaterais. Veja a matéria sobre o estudo completo aqui.
Ainda neste sentido, a pesquisa The Cannabinoids, CBDA and THCA, Rescue Memory Deficits and Reduce Amyloid-Beta and Tau Pathology in an Alzheimer’s Disease-like Mouse Model, publicada no periódico científico International Journal of Molecular Sciences, e realizada em Seul, na Coreia do Sul, trouxe a possibilidade dos canabinoides CBDA e THCA serem também coadjuvantes no tratamento da Doença de Alzheimer. Segundo os cientistas, a forma ácida dos canabinoides mais abundantes na planta, CBD e THC, modulam a homeostase de cálcio no cérebro, trazendo efeitos neuroprotetores.
Por isso, o cérebro recupera algumas atividades comprometidas pela doença, como a memória e a função cognitiva espacial. O diferencial do CBDA e do THCA seria a capacidade que eles possuem de penetrar na bateria hematoencefálica e ter maior biodisponibilidade no cérebro. Leia o resumo deste estudo aqui.