O segmento de Cannabis medicinal no Brasil tem crescido e se consolidado como uma alternativa eficaz para o tratamento de diversas condições de saúde, como epilepsia refratária, dor crônica, cuidados paliativos e ansiedade. Atualmente, pelo menos, 430 mil pessoas realizam seus tratamentos para a saúde com produtos à base de Cannabis. Ademais, 62,3% dos pacientes de Cannabis medicinal no país afirmaram ser do gênero feminino.
Nesse contexto, o papel das mulheres como líderes inovadoras no setor tem sido imprescindível, impulsionando tanto o desenvolvimento da área, quanto a quebra de tabus em torno do uso terapêutico das moléculas da Cannabis.
“Acredito que as mulheres se conectam de uma maneira mais sensível com os desafios diários com que muitos pacientes e profissionais da saúde lidam, especialmente no segmento da Cannabis medicinal em nosso país”, avalia Ana Gabriela Baptista, que acaba de assumir o cargo de CEO da TegraPharma, reconhecida empresa do setor da Cannabis medicinal no Brasil.
Segundo a ONU Mulheres, transformar os sistemas de cuidado é “fundamental para alcançarmos a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres”. E, assim, “promover a construção de um mundo sustentável, justo e igual para todas e todos”.
Liderança feminina: impacto e relevância
A liderança feminina tem se destacado no mercado da Cannabis medicinal no mundo, com mulheres ocupando posições de destaque em empresas, associações e organizações de defesa do paciente. Segundo relatório de 2023 da MJBizDaily, as mulheres representam 39% dos cargos executivos da Cannabis nos Estados Unidos e as minorias raciais, 24%.
O trabalho das mulheres nos EUA é tão forte, que há um site exclusivo para “Chefes da Cannabis”, o Boss Ladies of Cannabis, um banco de dados online de mulheres líderes na indústria. A lista ajuda a proporcionar visibilidade para especialistas, líderes e candidatas a empregos.
Aqui no Brasil não há dados oficiais, mas sabe-se que as lideranças femininas do setor da Cannabis enfrentam um cenário complexo, que inclui desafios regulatórios, preconceitos culturais e a necessidade de educar a população sobre os benefícios da Cannabis medicinal.
“Acredito firmemente na capacidade transformadora da liderança feminina, especialmente na área da Cannabis medicinal. Enfrentamos desafios diariamente. Mas, de qualquer maneira, a contribuição das mulheres nesse campo é inegável; somos protagonistas na criação de soluções inovadoras, inclusivas e de qualidade”, defende a nova CEO da TegraPharma
Ainda nesse cenário, Ana Gabriela destaca a importância de líderes comprometidas com gestões humanizadas, assertivas e centradas no bem-estar dos pacientes. Para ela, esses princípios devem servir como base para as empresas que atuam no setor de Cannabis medicinal.
Destaques de Liderança: mulheres inspiradoras no setor
Diversas mulheres têm contribuído ativamente para o desenvolvimento do setor de Cannabis medicinal no Brasil, sejam elas mães, médicas, empreendedoras, advogadas ou ativistas.
Além de ocupar o posto de CEOs, muitas dessas mulheres têm formação em áreas diversas, o que lhes permite agregar uma perspectiva técnica e ética ao debate. Elas estão construindo um ambiente de negócios que prioriza a transparência, a Ciência e o bem-estar dos pacientes.
Além disso, o impacto deste protagonismo feminino fortalece uma rede de apoio e confiança para outras mulheres que desejam ingressar na área, seja como profissionais ou mães, seja como pacientes que buscam alternativas terapêuticas.
À medida que o mercado da Cannabis evolui e as regulamentações se ajustam, é provável que vejamos um crescimento ainda maior da participação feminina. Isso não só representa uma vitória para as mulheres, mas também para toda a sociedade brasileira, que se beneficia de um setor mais diverso, equitativo e humano.
“É fundamental continuar a promover diariamente uma mudança na percepção do Brasil em relação ao uso medicinal da Cannabis. É igualmente importante reconhecer a significativa contribuição das mulheres nesse processo, especialmente no que diz respeito à inovação e à implementação de tecnologias que facilitem o acesso a tratamentos,” analisa Ana Gabriela.
Essa transformação não apenas melhora a compreensão sobre os benefícios da Cannabis medicinal. Além disso, também destaca o papel essencial das mulheres como líderes e impulsionadoras dessas mudanças.
O impacto social da liderança feminina
Portanto, as líderes femininas têm sido fundamentais na construção de um mercado de Cannabis medicinal com compromisso social. Elas focam no paciente, criam redes de apoio e promovem o acesso equitativo. Este compromisso social se reflete em iniciativas como campanhas educativas, apoio a pacientes e programas de acesso facilitado.
O envolvimento dessas mulheres também contribui para transformar a percepção social em torno da Cannabis medicinal, reduzindo o estigma e promovendo uma abordagem baseada na Ciência e na compaixão. Isso tem gerado um impacto positivo não só para os pacientes, como também para suas famílias e comunidades, ajudando a construir uma sociedade mais informada e receptiva.
Neste contexto, o papel das mães de pacientes merece destaque. Primeiramente, porque foram elas que abriram os caminhos da Cannabis medicinal no Brasil, ao exigirem judicialmente acesso a produtos com CBD e THC para seus filhos. E, atualmente, mulheres acolhem outras mulheres, na jornada de tratamento com as moléculas da Cannabis.
Para diferentes mães, o papel do acolhimento não é apenas profissional. É uma força aliada nas batalhas diárias que travam com a saúde de seus filhos.
“Acolher mães que buscam e realizam tratamentos com Cannabis para seus filhos é essencial. Muitas vezes, essas mulheres enfrentam desafios emocionais e sociais significativos, ao tomarem decisões sobre a saúde de seus filhos. Devemos oferecer um ambiente seguro e empático, onde elas possam compartilhar suas experiências e preocupações. Na minha trajetória, percebo que essas mães não apenas buscam alternativas terapêuticas, mas também desejam compreensão e apoio em sua jornada. Precisamos garantir que elas se sintam ouvidas e valorizadas, criando uma rede de suporte que promova a confiança e a segurança necessárias para que possam ter mais informação, para tomarem decisões sobre o tratamento de seus filhos.”
Perspectivas futuras
Com o avanço da regulamentação da Cannabis medicinal no Brasil, espera-se que a atuação das mulheres no setor se fortaleça ainda mais. A tendência é que, à medida que o mercado amadureça, novas oportunidades apareçam para mulheres empreendedoras, CEOs, profissionais da saúde e pesquisadoras.
Para as lideranças femininas no segmento da Cannabis medicinal no Brasil, o futuro é promissor, mas exige resiliência, inovação e uma visão de longo prazo.
“Às vezes, algo pode parecer inalcançável até que se torne realidade. E com muito estudo e dedicação, é plenamente viável. O setor da Cannabis tem o potencial de se transformar em um poderoso gigante, liderado por mulheres comprometidas com o cuidado e o bem-estar,” conclui Ana Gabriela.