Marcelo Geraldi fala sobre a importância dos fitoterápicos e de como a cannabis se insere na estratégia da empresa, que deve lançar sua linha em 2021
O trabalho do mineiro Marcelo Geraldi é desses que todos querem para si: trabalhar no que se acredita, com um produto que se adequa perfeitamente ao próprio estilo de vida. É a história de como ele acabou à frente da Herbarium, referência no Brasil em fitoterápicos, reconhecida por parceiros, médicos e pacientes como a única farmacêutica especializada nesse segmento de medicamentos.
Quando se formou em publicidade na PUC do Rio de Janeiro, o mineiro Geraldi não foi trabalhar na empresa da família. Optou pela Valda, que na época investia bastante em publicidade, e acabou aprendendo sobre o varejo de farmácias, onde eram vendidas as pastilhas. Dez anos depois, o pai o convidou para ser diretor de marketing na empresa que fundara em 1975: a Farmoquímica.
Geraldi aceitou. Durante a sua trajetória profissional desenvolveu um interesse especial pelos fitoterápicos. O primeiro lançamento da linha foi feito quando Marcelo já havia assumido a presidência, após a aposentadoria do seu pai. Com os olhos voltados para este novo mercado, conduziu a aquisição da Herbarium em 2009 e apaixonado pelo tema, acabou deixando a presidência do grupo em 2014, ficando somente com a fabricante de fitoterápicos.
Hoje, a principal preocupação de Geraldi é explicar para as pessoas porque esses medicamentos são diferentes e quando devem ser usados. Em especial, quer levar esse conhecimento aos médicos.
A empresa conta hoje com 140 representantes, que fazem uma média de 30 mil visitas a médicos em todo o Brasil para apresentar a linha da Herbarium. Eles apresentam o conceito de naturais e orientam como alguns medicamentos sintéticos podem ser substituídos, com eficácia e segurança. Geraldi tem constatado um aumento de prescrições, mostrando adesão cada vez maior aos fitoterápicos.
Entrevista com Marcelo Geraldi
Cannabis & Saúde: O que a Herbarium oferece?
Marcelo Geraldi: A Herbarium oferece um conceito novo, de como se tratar de forma natural, menos agressiva, com produtos de altíssima qualidade. Diferente da fabricação de produtos sintéticos, que são produzidos em laboratórios, a fabricação de fitoterápicos usa de uma matéria prima “viva”, vinda da natureza, o que a torna altamente complexa. Conhecer a cadeia produtiva de um fitoterápico e desenvolve-lo com qualidade, garantindo sua eficácia e segurança é uma arte para poucos.
A missão é disseminar a possibilidade de se tratar de forma natural com produtos de qualidade. E entender que o tratamento é só uma parte do que é importante, o conceito maior é de vida saudável, natural, o consumo do mínimo que possa trazer malefícios. Os valores são, aos poucos, entender o que te faz bem, na sua fisiologia: alimentação, físico, mental, parte de um conceito maior. Saúde como um todo, muito além do tratamento medicamentoso. Através desse conceito que tentamos abrir a cabeça de médicos e consumidores para novas possibilidades.
No futuro queremos criar um ambiente propício para que pessoas busquem produtos naturais, e através de parcerias, trazer tudo o que de melhor existe no mundo. E desenvolver aqui também. Queremos ampliar nosso alcance.
C&S: O que são fitoterápicos?
MG: A Fitoterapia é a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. Os fitoterápicos são medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, que usam de um composto completo (fitocomplexo) que você encontra dentro de uma planta. Não precisa isolar nada, os componentes agem em sinergia, por isso a ação é tão eficaz e segura. No composto fitoterápico podem ter até 300 tipos de componentes químicos que são o que fazem a sinergia do produto. Ele é a inteligência da natureza agindo, com o mínimo de interferência, apesar do processo de extrato, preservando os componentes.
C&S: A Cannabis medicinal pode ser classificada como fitoterápico?
MG: Em alguns casos sim, em outros, são chamados fitofármacos, quando tem isolamento de CBD ou THC.
C&S: Qual a diferença de produtos fitoterápicos e medicamentos alopáticos tradicionais?
MG: Medicamento alopático é aquele que combate a doença produzindo efeitos contrários aos sintomas do paciente. O Fitoterápico é um medicamento alopático, ou seja, utiliza doses terapêuticas de uma planta medicinal para agir de forma contrária aos sintomas e combater a doença. A diferença é que preserva todos os componentes químicos naturais, originais da planta. Já o medicamento alopático tradicional vem de componentes sintetizados em laboratório.
C&S: Quais os diferenciais nos tratamentos para a saúde?
MG: Em geral, os fitoterápicos são menos agressivos para o organismo e têm índices de efeitos colaterais mais baixos. E a eficácia é muitas vezes até melhor que dos sintéticos.
C&S: A Herbarium ainda não tem produtos com Cannabis?
MG: Ainda não, mas temos projetos em desenvolvimento já para 2021.
C&S: Você acredita que a Cannabis entra como as demais ervas usadas nos produtos da Herbarium, ou ela terá uma linha exclusiva?
MG: A Cannabis é um novo fitoterápico, e os novos produtos devem ser apresentados aos médicos juntamente com o resto da linha.
C&S: Qual a importância da Cannabis para os tratamentos de patologias?
MG: A Cannabis é o novo paradigma. Mesmo considerando que ele ainda é, por vezes, usado de forma não-oficial, é importante lembrar que é um medicamento usado há milênios. Não há nada de estranho em usá-la para tratar muitas doenças e sintomas. São doenças para as quais os tratamentos que existem não são efetivos, ou muito fortes, causando muitos danos. Ou para patologias sem tratamento, podem trazer a solução que não existia, sendo menos agressiva.
C&S: Na sua visão, qual a importância do evento Cannabis Medical Summit para o mercado de cannabis medicinal no país?
MG: Super importante, porque a Cannabis tem que começar a ser debatida de forma mais ampla. Hoje ela ainda é muito restrita a poucos médicos, poucas pessoas interessadas. O Cannabis Medical Summit abre mais o assunto, para o público e para médicos ainda não envolvidos. Hoje são diversas correntes e o momento é oportuno. Diferente de produtos sintéticos lançados de forma bombástica, onde o preço é feito para cobrir os custos altíssimos da pesquisa (acho super legítimo), a Cannabis tem custo mais alto para sua produção. Tem que fazer o plantio, o cuidado, a extração. Requer tecnologia, de fato tem custo mais alto. Todo fitoterápico tem custo mais alto, a produção é sempre mais cara.
C&S: Pode nos adiantar o escopo da sua fala no summit?
MG: Vou basicamente falar do que falamos aqui. A qualidade de fitoterápicos, a diferença dos sintéticos, seus benefícios, o mercado de fitoterápicos.
C&S: Que recado gostaria de dar para as mais de 11 mil pessoas inscritas no evento, na data de hoje?
MG: Parabéns pelo interesse, a Cannabis é algo que tem tudo pra ser uma revolução. Saibam que o fato de estarmos falando sobre Cannabis, que é o produto blockbuster mais falado no mundo hoje, depois de décadas falando de produtos sintéticos, é sinal de que a fitoterapia está ganhando espaço. Percebam isso e terão muito benefício. Hoje a Cannabis ajuda a difundir os fitoterápicos em geral, toda a indústria farmacêutica se rende a um fitoterápico que já é usado há milênios.
O Cannabis Medical Summit vem com a importante missão de educar para que o mercado da cannabis cresça da forma correta.