A dosagem do medicamento e a forma de administração, seja pelo por óleo, cápsula, pomada, spray ou vaporizada, depende de como cada corpo reage.
Há uma diferença entre o uso dos medicamentos à base de Cannabis e outros mais convencionais: cada paciente reage de uma forma – e, por isso, as doses e formas de uso variam de acordo com cada um. Pegue a bula do paracetamol, usado para diminuir febres, como exemplo: “adultos e crianças de 12 anos ou mais variam de 500 a 1000 mg/dose (via oral)”, diz a orientação. Com a Cannabis não é bem assim.
“Em todas as outras terapias, o médico sai de largada sabendo qual exatamente a forma de administração cada paciente receberá”, explica a médica Carolina Nocetti, fundadora da InterCan (International Cannabis Academy), centro de educação sobre sistema endocanabinoide e Cannabis medicinal.
“No tratamento com Cannabis, o médico precisa procurar o que é melhor para cada paciente”, conclui. Não à toa, todos os pacientes começam com doses pequenas, de duas a três gotas do óleo por dia, que aumentam progressivamente ao longo do tratamento.
Na prática, quer dizer que nenhum das formas de administração – via oral, nasal, tópica ou por vaporização – funciona apenas para um determinado tipo de doença. Mas há diferenças no tempo de ação de cada uma.
Se um paciente, por exemplo, encara uma crise brava por conta da fibromialgia, não dá para esperar até o comprimido fazer efeito. Leva tempo, de uma a duas horas, até o organismo digerir a gordura do medicamento e absorver a droga.
“Pacientes com dores crônicas usam um tratamento de manutenção (caso dos óleos de Cannabis ou pílulas) e um produto de resgate, com ação mais imediata”, afirma Nocetti. E a forma mais rápida é a vaporização – só que os líquidos vaporizáveis, permitidos em alguns países do exterior, não passaram pelo aval da Anvisa e a venda segue proibida em território brasileira.
Algumas fabricantes de comprimidos já apostam na tecnologia para acelerar a ação no organismo. “São os lipossomais, uma espécie de capa de água envolta da capa de gordura. Como o centro dos canabinoides é gorduroso, tem uma base gordurosa, essa absorção é mais difícil. Essa tecnologia reveste o THC ou CBD de moléculas de água, que facilitam a absorção”, explica Nocetti.
Outras formas de administração, como pomadas, têm boa eficácia em casos mais moderados de dor ou de alergia. “A psoríase tem respondido bem aos tratamentos, tanto no uso tópico (pomadas), quanto via oral”, conta Nocetti.
Ou seja: a dosagem do seu medicamento e a forma de administração, seja pelo uso de óleo, cápsula, pomada, spray ou vaporizada, depende de como seu corpo reage. Há pacientes que metabolizam a droga mais rapidamente, então podem tomar uma dosagem maior, já que a droga fica por menos tempo no corpo.
Não há dosagem correta ou a melhor forma de ingerir o medicamento para cada diagnóstico. Tudo deve ser ajustado com a orientação do seu médico, que precisa estar atento às reações de cada paciente.
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