A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nesta quarta-feira, dia 19 de abril, uma nota técnica sobre as evidências científicas dos benefícios da Cannabis para alguns tratamentos de saúde.
O Programa Institucional de Políticas de Drogas, Direitos Humanos e Saúde Mental da Fiocruz publicou o documento com o objetivo de trazer base teórica para legisladores, técnicos, pesquisadores e outras partes interessadas em debater o tema. Da mesma forma, a nota afirma a necessidade de desenvolvermos pesquisas científicas e capacitação de profissionais da saúde para manejar a Cannabis aqui no Brasil.
Você pode ler a nota completa acessando esse link.
Evidências científicas robustas
Primeiro, a nota técnica destacou as condições de saúde que apresentam certa sintomatologia, ou seja, com evidências científicas mais robustas, que garantem a eficácia, segurança e aplicação terapêutica da Cannabis medicnal. Para classificar as evidências como consistentes, os pesquisadores levaram em consideração ensaios clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises. São elas:
- Dor crônica – diversos tipos de dor crônica foram testadas, utilizando diferentes combinações de canabinoides, convencendo os cientistas da eficácia da Cannabis para a dor persistente;
- Epilepsia refratária – pacientes com epilepsia resistente a medicamentos convencionais conseguiram encontrar alívio das crises depois de iniciar o uso da Cannabis;
- Espasticidade – esse foi o principal sintoma da esclerose múltipla que foi controlado com o uso da Cannabis em diversos estudos;
- Náuseas, vômitos e perda de apetite – a Cannabis contribuiu para reduzir significativamente náuseas, vômitos e perda de apetite em pacientes que fazem quimioterapia;
- Transtornos neuropsiquiátricos – principalmente Parkinson e distúrbios do sono foram controlados com segurança com a ajuda da Cannabis.
Evidências ainda inconclusivas
A nota da Fiocruz sobre evidências científicas da Cannabis também destacou que mais estudos precisam ser realizados em algumas condições de saúde. Por isso, a nota também faz o apelo para que mais estudos e com mais metodologias aconteçam, para garantir a segurança e eficácia desses tratamentos.
Nesse sentido, as evidências ainda são inconclusivas para: autismo, câncer, síndrome do intestino irritável, doença de Huntington, esclerose lateral amiotrófica, artrite, diabetes, síndrome de Tourette, distonia, demência e glaucoma.
Na nota, fica expressa uma postura da Fiocruz de incentivar a pesquisa científica envolvendo a Cannabis, assim como o pedido por uma legislação que garanta a distribuição gratuita pelo SUS, de forma sustentável.
“Vivemos um momento de expressivo crescimento do conhecimento científico sobre o potencial terapêutico dos canabinoides. Consideramos crucial que o Brasil se posicione na vanguarda deste processo, investindo decididamente na produção científica nacional. É indispensável assegurar, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), uma regulamentação abrangente e eficiente, que viabilize a produção, prescrição e acesso gratuito e universal pelo Sistema Único de Saúde – o SUS – a uma ampla gama de formas farmacêuticas da cannabis e derivados, sempre respaldadas por evidências sólidas de segurança e eficácia terapêutica.”
Produto com Cannabis da Fiocruz
É importante lembrar que a Fiocruz possui a autorização da Anvisa para a produção de canabidiol desde 2021. O produto que a instituição pode fabricar na unidade do Rio de Janeiro é um CBD 200 mg/mL com até 0,2% de THC. A princípio, ele não pode ser vendido, mas pode ser fornecido ao Ministério da Saúde.
Entretanto, aqui no Brasil, o uso medicinal da Cannabis é permitido, mediante a recomendação de um médico, independente da lista publicada pela Fiocruz. Portanto, se você deseja começar um tratamento utilizando canabinoides, o primeiro passo é marcar uma consulta com um profissional capacitado para te orientar, de acordo com o seu caso. Aqui na nossa plataforma de agendamentos você pode escolher um dos nossos 200 médicos, de várias especialidades.