Outros sintomas importantes são a rigidez muscular, fadiga intensa, desânimo, distúrbios do sono (dificuldade para adormecer, sono não restaurador), dificuldade de concentração e prejuízo da memória, sensação de “mente entorpecida”, irritabilidade e sintomas depressivos.
Você já acordou pela manhã com a sensação de ter sido atropelado por um trator?
Essa síndrome afeta predominantemente mulheres e cerca de 5% da população mundial. Parece pouco? Não é quando se está sofrendo com a doença.
Pacientes com fibromialgia costumam relatar que acordam completamente esgotados, como se tivessem “apanhado” ou “sido atropelados por um trator”, independentemente de quantas horas dormiram.
Atividades simples, como levantar da cama, preparar o café da manhã, tomar banho ou responder a uma mensagem no WhatsApp, tornam-se verdadeiras maratonas. Tarefas que a maioria das pessoas realiza sem esforço deixam quem tem fibromialgia completamente exausto.
Como é feito o diagnóstico da fibromialgia?
O diagnóstico da fibromialgia é realizado por um médico experiente e é essencialmente clínico. Ele baseia-se na avaliação dos sintomas apresentados pelo paciente, no exame físico (com foco na identificação de pontos dolorosos, geralmente localizados nos ombros, pescoço, parte inferior das costas e joelhos) e na exclusão de outras condições reumatológicas ou metabólicas que possam causar sintomas semelhantes.
Para descartar essas condições, o médico pode solicitar exames laboratoriais e de imagem, embora eles não sirvam para confirmar diretamente a fibromialgia.
Critérios revisados, como os do Colégio Americano de Reumatologia (ACR), podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico. No entanto, essa é uma tarefa desafiadora devido à subjetividade dos sintomas e à sobreposição com outras doenças.
Como posso controlar minha dor?
O tratamento da fibromialgia é contínuo e multidisciplinar. Além do uso de medicamentos, ele exige mudanças no estilo de vida e a adoção de diferentes abordagens terapêuticas.
Nos últimos anos, muitos pacientes têm relatado resultados surpreendentes com o uso de Cannabis medicinal. Essa terapia ajuda a:
- Reduzir as dores crônicas que migram pelo corpo;
- Melhorar a disposição;
- Regular o humor e o apetite;
- Controlar sintomas intestinais;
- Melhorar a qualidade do sono.
E como tudo isso é possível? Pesquisas sugerem que a fibromialgia pode estar relacionada à deficiência de endocanabinoides, substâncias produzidas naturalmente pelo nosso corpo e que também são encontradas nos derivados dessa planta.
A Cannabis substitui os outros medicamentos?
No Brasil, a Cannabis é indicada como uso compassivo, ou seja, para tratar sintomas de doenças sem cura ou com controle limitado, como a fibromialgia.
Muitos pacientes chegam ao consultório após esgotarem as opções tradicionais de medicamentos, lidando com efeitos colaterais muitas vezes mais graves do que a própria doença e, ainda assim, sem controle da fibromialgia.
A Cannabis medicinal é geralmente utilizada como tratamento adjuvante, complementando o esquema terapêutico já existente. Entretanto, com acompanhamento médico adequado, é possível reduzir ou até suspender medicamentos nocivos, mantendo um excelente controle dos sintomas apenas com o uso dos derivados de Cannabis.
A Cannabis pode ser usada como terapia isolada?
Embora a Cannabis possa ser extremamente eficaz, a fibromialgia exige uma abordagem multidisciplinar. O sucesso no controle dos sintomas depende de um conjunto de fatores, como:
- Alimentação adequada, com menos componentes inflamatórios;
- Prática de atividades físicas direcionadas;
- Terapia para suporte emocional;
- Técnicas de relaxamento e controle de ansiedade, como meditação;
- Higiene do sono para melhorar a qualidade do descanso.
Com o tratamento certo e um acompanhamento especializado, é possível que o paciente com fibromialgia tenha uma vida normal, realizando atividades simples e até mesmo mantendo uma vida social satisfatória.
Tenho observado resultados excepcionais no meu consultório. Muitos pacientes conseguem controlar os sintomas utilizando a Cannabis como única medicação, combinada com as mudanças de estilo de vida que incentivamos e guiamos durante o acompanhamento.
É possível enfrentar tudo sozinho?
Infelizmente, a maioria das pessoas não consegue enfrentar a fibromialgia sem suporte. Eu sou médica, tenho diagnóstico dessa síndrome há 25 anos, estudo diariamente sobre o tema para apoiar meus pacientes e lido com essa condição mais da metade do meu tempo no consultório. Mesmo assim, conto com a ajuda de outros profissionais para manter o controle do meu bem-estar.
Reconhecer essa limitação e buscar ajuda é o primeiro passo para uma vida saudável e equilibrada.
E lembre-se: você não está sozinho! Se algum dia a sua dor foi desvalorizada, saiba que existem profissionais que podem acolhê-lo e entendê-lo. Sempre procure ajuda!
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