Investidores da moda sustentável apostam no conforto para desenvolver peças de alfaiataria com cânhamo, a fibra da Cannabis.
Em primeiro lugar, a palavra do momento é sustentabilidade. Nesse sentido, algumas pesquisas já têm demonstrado que é crescente o número de consumidores que estão em busca de produtos com impacto positivo no meio ambiente.
De acordo com um levantamento da plataforma de compras Mercado Livre. a quantidade de compras que estimula hábitos e comportamentos sustentáveis, ou que contenha algum benefício ambiental e social, cresceu 32% entre abril de 2021 e março de 2022.
Consumidores responsáveis
Outra pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) corrobora com o achado. Igualmente, os números mostram que metade dos entrevistados avalia – antes de comprar – se o produto é ambientalmente sustentável.
Assim, focada nesse público, que deseja contribuir com processos menos agressivos ao planeta, a Kaule Hemp chega ao mercado, para suprir uma escassez identificada pelas próprias sócias da empresa, como explica a médica Amanda Medeiros, uma das donas do negócio.
Da medicina para a moda
Prescritora de canabinoides há mais de cinco anos, a Dra. Amanda desejava ter uma roupa – de alfaiataria – com a fibra da Cannabis, mas não encontrava para comprar. “Essencialmente, só encontrei a marca da Mariana Rui Barbosa, com preços absurdos, e mais nada. Aí, eu vi o tênis da Adidas, camisetas e só”, lembra.
Consequentemente, a médica empreendedora diz que ficou intrigada. “Será que o mercado de cânhamo não existe no Brasil? Essa falta de opções no mercado brasileiro me fez querer criar minha própria marca”, conta a pediatra e psiquiatra.
Apesar de adorar o universo da moda, a médica revela que não tinha nenhuma experiência no ramo, além da vontade de fazer acontecer. “A princípio, a inspiração veio do nosso próprio guarda roupa. Unimos os gostos das sócias. Por outro lado, as roupas com cânhamo são atemporais e servem para situações diversas”.
Parcerias internacionais
Para dar vazão ao sonho de empreender no mundo da moda, a médica fechou parceria com a Redwood Reserves e a USA Hemp. As empresas, com sede nos Estados Unidos, são de brasileiros, que agora retornam ao país com a expertise de já conhecer um mercado regulado.
“Nos Estados Unidos, o cânhamo já é tendência por já ser aprovado por lei federal, e ser uma commodity. Justamente por estarmos lá e conhecermos este mercado, olhamos o Brasil como uma grande potência. Nosso objetivo é mostrar que o cânhamo tem diversos usos, que vão além do medicinal. Desta forma, existe a indústria têxtil, a construção civil, a alimentação, os cosméticos e muitos outros”, detalha Corina Silva, CEO da USA Hemp.
De acordo com a Ana Redwood, CEO da empresa que leva o seu nome, o emprego do cânhamo na indústria é uma realidade na maioria dos países desenvolvidos. “Quando recebi o convite para a parceria com a marca, notei que realmente havia uma lacuna no Brasil com relação ao cânhamo. Precisamos pensar no meio ambiente com a necessidade imediata de mudança”, defende a empresária.
Público feminino
Por enquanto, a Kaule Hemp ainda é uma moda voltada ao público feminino, mas em breve novidades para homens e crianças deverão chegar às prateleiras virtuais. A loja física também deve ser inaugurada, ainda nesse ano, em São Paulo ou Curitiba.
“Lançamos a marca no Medical Cannabis Fair e a receptividade foi muito boa. Não esperávamos! A ideia inicial era produzir sob medida peças mais elaboradas. Mas vimos que não iríamos conseguir. Foram mais de mil pedidos cadastrados”, adianta a médica.
Para a empresária, a alta demanda é reflexo da pouca oferta no mercado. “Isso mostra o que eu já havia percebido. Não tem muita gente trabalhando com cânhamo no Brasil, com preços acessíveis e roupas de alfaiataria” analisa.
Tecido importado
Como a produção do cânhamo (cepa da Cannabis, com baixo teor de tetrahidrocanabinol (THC), molécula psicoativa da Cannabis e longas fibras), ainda é proibida no Brasil. Portanto, os tecidos precisam ser importados.
“Por enquanto, contamos com três fornecedores diferentes, que são dos Estados Unidos, China e Índia. Mas esperamos que o Brasil avance na regulação do cânhamo, para que possamos cultivar e processar a fibra aqui”, projeta.
Os tecidos importados pela Kaule têm porcentagens variadas de cânhamo. Alguns contém 55% hemp e 45% algodão. Outros estão misturados, a 30% de linho, e ainda há peças 100% cânhamo. Há também tecidos desenvolvidos com bambu e bananeira.
“Queremos expandir os leques de uso do cânhamo, o mercado da moda é um deles e está em ascensão por todo o mundo. Seguindo essa tendência, queremos trazer esse pioneirismo também para o Brasil”, antecipa Gustavo Marra, Diretor da USA Hemp no Brasil.
Fibra da banana e do coco
“Estão em análise mostras da fibra da banana e botões de coco. O foco é o hemp, mas queremos trazer outras linhas e fibras sustentáveis, que geram menos impacto positivo ao planeta”, explica a investidora.
De acordo com a médica, o público-alvo da empresa é de pessoas que têm conexão com o meio ambiente. Um público que até aceita pagar mais, desde que as empresas invistam na produção sustentável e limpa.
“A moda sustentável não gera lixo. Depois de velha, a roupa vira compostagem e adubo. Tudo que é de plástico pode ser feito com cânhamo. Acredito que é um investimento que vale a pena! Com certeza o cânhamo é o futuro, uma fibra super-resistente e biodegradável”, conclui.
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