Estudo, financiado pelo Reino Unido, pode revolucionar indústria de eletrônicos com a substituição de materiais poluentes pela fibra do cânhamo
O governo do Reino Unido investe em pesquisa para desenvolver placas de circuito impresso – presentes em todos os equipamentos eletrônicos – com fibras sustentáveis. E acreditem, os filamentos da Cannabis, como os do cânhamo (uma cepa da erva), é a alternativa da vez.
O financiamento faz parte do programa governamental “Innovate UK” que conecta empresas com universidades em busca de iniciativas inovadoras e sustentáveis. Dessa vez, foram contemplados pesquisadores da Universidade de Portsmouth (Escola de Mecânica e Design) e especialistas da Jiva Materials.
Alemanha e Suécia também estudam a tecnologia
Esse tipo de pesquisa, com materiais sustentáveis envolvendo dispositivos tecnológicos, também já é realizada em outros países da Europa.
Na Alemanha, pesquisadores do Centro de Pesquisa da Universidade Técnica de Munique desenvolveram laminados a partir de termoplásticos de base biológica reforçados com fibras de cânhamo e madeira.
Paralelamente, o Research Institutes of Sweden (RISE) na Suécia também está produzindo placas de circuito impresso usando fibras da Cannabis e outros filamentos naturais para substituir compostos que não se degradam facilmente e tampouco poluem a natureza.
De forma simplificada, a alternativa que está sendo desenvolvida se dá por meio da impregnação de fibras naturais como um ‘retardante de chama solúvel em água’ e livre de halogênios (sais inorgânicos).
Facilita a reciclagem
Traduzindo, esse processo facilita a reciclagem e recuperação dos componentes eletrônicos mais valiosos presentes nas placas como por exemplo: ouro, prata e platina, dizem os pesquisadores.
A empresa Jiva Materials garante que os laminados rígidos, que compõe as placas de circuito, se tornam totalmente recicláveis quando produzidos com fibras naturais.
Em um dos protótipos, a Jiva demonstrou que a placa de circuito feita com base de linho se decompôs quando ficou imersa em água quente por um determinado tempo. O próximo passo agora é explorar o potencial do cânhamo e da juta.
Redução emissão de CO2
Além de facilitar a recuperação de compostos que valem dinheiro no mercado, para completar, o uso de materiais como o cânhamo pode reduzir em até 60% a emissão de carbono, em comparação com as tecnologias de fibra de vidro e epóxi, afirmam os estudiosos.
Há mais de 70 anos os laminados rígidos, necessários para a produção das placas, têm sido feitos com epóxi de fibra de vidro, um composto altamente poluente e perigoso para a saúde se ingerido.
Pode reduzir minerais poluentes
“Essa tecnologia pode reduzir os £ 8 bilhões (US$ 10 bilhões) em minerais críticos que vão para os aterros sanitários do Reino Unido todos os anos”, afirma a empresa.
De acordo com os pesquisadores, os laminados de base biológica, ou seja – produzidos com fibras naturais – podem ser totalmente compatíveis com os processos que já estão em curso.
É compatível
Para a produção de placas eletrônicas, o material precisa ser resistente ao condicionamento ácido/alcalino, tem que demonstrar que pode ser perfurado ou é capaz de aderir a um metal e permitir o roteamento do dispositivo.
Parece tudo muito técnico e difícil de compreender, mas o fato é que essas placas de circuito impresso estão presentes em todos os produtos eletrônicos presente no nosso dia-a-dia, que vão desde os celulares, as máquinas de lavar roupa até foguetes.
Metais e elementos químicos
Esses circuitos são projetados para suportar mecanicamente e conectar eletricamente componentes eletrônicos usando trilhas e pads, por exemplo. Por isso, reúne uma série de elementos químicos e metais que podem trazer prejuízos à saúde, caso sejam descartados indevidamente.
No final do ciclo de vida de um produto eletrônico, menos de 50% das placas são recicláveis, e o conteúdo que pode gerar valor ainda é pouco explorado pela indústria da reciclagem.
Pode contaminar rios e plantações
O lixo eletrônico, quando descartado de forma inadequada, libera substâncias químicas que podem contaminar lençóis freáticos, rios e plantações, comprometendo a qualidade da água potável e dos alimentos.
“A eletrônica representa um problema crescente de resíduos globalmente”, reconheceu Jiva em um comunicado à imprensa, quando anunciou a parceria com o Grupo de Pesquisa de Polímeros e Compósitos Avançados da Universidade de Portsmouth.
7,5 kg lixo eletrônico
Na ocasião, Jiva afirmou que, em média, cada pessoa no mundo gera 7,5 kg de lixo eletrônico anualmente. E a estimativa é de que as placas de de circuito impresso representem 8% desse total.
De acordo com o Monitor Global de Lixo Eletrônico 2020 da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019 houve um registro recorde de descarte de 53,6 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos em todo o mundo.
Os dados indicam que o número é 21% maior do que o registrado cinco anos atrás. Segundo o relatório, a Ásia foi a responsável pela maior parte do lixo eletrônico gerado naquele ano, cerca de 24,9 Mt, seguido pelas Américas (13,1 Mt) e Europa (12 Mt).
Por último, África e a Oceania geraram 2,9 Mt e 0,7 Mt, respectivamente.
O uso medicinal da Cannabis já é legal no Brasil
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