“Não seria apenas o primeiro medicamento com Cannabis full spectrum que passa pelo FDA, seria o primeiro medicamento botânico full spectrum sistêmico oral que passa pelo FDA”, afirmou Joel Stanley, ex-CEO da Charlotte’s Web, marca dos EUA conhecida por sua contribuição ao tratamento de condições médicas com Cannabis. A história da empresa e de Stanley, ganharam notoriedade após ajudar Charlotte Figi, uma menina com Síndrome de Dravet, a encontrar alívio através das moléculas da Cannabis.
Atualmente, Stanley é fundador de uma startup de desenvolvimento de medicamentos botânicos, a Ajna BioSciences. Mas é A DeFloria, uma parceria comercial que conecta Ajna BioSciences, a Charlotte’s Web e a British American Tobacco, que está realizando testes de um candidato a medicamento, com o código AJA001 na FDA, e que está sendo desenvolvido para tratar os sintomas do Transtorno do Espectro Autista.
De que se trata o medicamento full spectrum para autismo que busca aprovação na FDA
O AJA001 é desenvolvido a partir das genéticas patenteadas da Charlotte’s Web. E é um medicamento botânico multicanabinoide (BDP) projetado para fornecer um amplo efeito terapêutico, administrado por via oral.
Basicamente, um “multi-cannabinoid botanical drug product” (produto botânico medicinal multi-canabinoide) é frequentemente considerado um produto de “full spectrum” (espectro completo), desde que contenha uma variedade de canabinoides, terpenos e outros compostos da planta Cannabis.
Esses produtos são projetados para aproveitar o efeito sinérgico de todos os componentes da planta, o que pode potencializar os efeitos terapêuticos. E, assim, os compostos trabalham em sinergia para potencializar os efeitos terapêuticos, um fenômeno conhecido como “efeito entourage”.
No mês passado, o empreendimento anunciou resultados positivos de um estudo de Fase 1 do tratamento, demonstrando sua segurança. Os resultados foram apresentados no mês passado na 63ª Reunião Anual do Colégio Americano de Neuropsicofarmacologia.
Desafios regulatórios nos Estados Unidos
O processo de aprovação para medicamentos botânicos nos Estados Unidos é complexo e menos linear do que para medicamentos sintéticos. Apenas quatro medicamentos botânicos foram aprovados pela FDA até hoje, e nenhum deles é administrado por via oral. Stanley explicou que um dos principais obstáculos são os rigorosos controles de fabricação e química exigidos pela FDA, que não são sempre claros para produtos botânicos que contêm milhares de moléculas.
A equipe da Ajna BioSciences conta com especialistas renomados, incluindo o Dr. Orrin Devinski, que foi o principal investigador do Epidiolex, o único medicamento canábico não sintético aprovado pela FDA. A experiência de Devinski é imprescindível para o design dos ensaios clínicos do AJA001.
Próximos passos para o medicamento à base de Cannabis para o TEA
A DeFloria planeja iniciar dois ensaios clínicos de fase 2 do AJA001 no segundo trimestre de 2025, com foco em crianças, adolescentes e adultos com TEA. Os resultados positivos da fase 1 fornecem uma base sólida para avançar. E segundo informações da Forbes, a equipe está “otimista quanto ao potencial do medicamento”.
Com a interseção crescente entre as indústrias farmacêuticas e de Cannabis, o AJA001 pode não apenas abrir novas portas para o tratamento do autismo, mas também confirmar a forma como a Cannabis é percebida e utilizada na medicina moderna.
Papel da Cannabis no tratamento do autismo
A Cannabis contém compostos chamadas canabinoides, dos quais os mais conhecidos são o THC e o CBD. O CBD, em particular, tem atraído a atenção de pesquisadores e médicos por suas propriedades terapêuticas, como a redução da ansiedade, a melhora do sono e a diminuição de comportamentos agressivos.
Estudos preliminares sugerem que o uso de óleo de CBD pode resultar em melhorias nos comportamentos sociais e uma redução das reações emocionais intensas em crianças com autismo. Veja nossa live sobre Cannabis no tratamento do autismo com a médica Dra. Amanda Medeiros Dias.
Além disso, famílias relatam que, após iniciar o tratamento com Cannabis, seus filhos mostraram um maior interesse em interações sociais e uma diminuição da hiperatividade. Esses relatos pessoais têm sido impactantes.
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Mas apesar dos relatos positivos, o uso de Cannabis no tratamento do autismo ainda é um campo em desenvolvimento. A pesquisa científica sobre sua eficácia e segurança continua e é necessária uma abordagem cautelosa e bem-informada. Os médicos alertam que cada caso é único, e o tratamento deve ser supervisionado por profissionais de saúde qualificados. Marque uma consulta com um médico aqui.
𝗜𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲: O acesso legal à Cannabis medicinal no Brasil é permito mediante indicação e prescrição de um profissional de saúde habilitado. Caso você tenha interesse em iniciar um tratamento com canabinoides, consulte um profissional com experiência nessa abordagem terapêutica.
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Por fim, o tratamento do autismo com Cannabis medicinal oferece esperança para muitas famílias que buscam alternativas aos tratamentos tradicionais.
Embora mais pesquisas sejam necessárias, os relatos positivos apontam que a Cannabis pode ter um papel valioso na busca pela melhoria da qualidade de vida de pessoas com TEA e suas famílias. Enquanto isso, a discussão sobre o uso de Cannabis na medicina continua a se expandir, guiada por evidências e experiências de vida reais.