Por Rogério Godinho
Mês de Conscientização da Síndrome de Tourette buscou alternativas, pois casos moderados e graves ainda sofrem sem tratamento eficaz
Uma doença da qual não podem se livrar e para a qual os medicamentos disponíveis não trazem o alívio necessário. Para tentar resolver este problema, ocorreu nos EUA entre 15 de maio a 15 de junho o mês de Conscientização da Síndrome de Tourette. O objetivo foi aumentar a visibilidade para a doença e arrecadar fundos para suporte e, principalmente, estudos para tratamentos. Entre eles, o THC.
Hoje, estima-se que 0,6% das crianças tenham a síndrome, metade desse número, não diagnosticadas. O percentual representa 138 mil crianças só nos Estados Unidos, segundo o americano Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
A enfermidade provoca tiques motores e vocais. Por ser um transtorno de neurodesenvolvimento, geralmente atinge crianças de 6 a 8 anos. Juntamente com os tiques, são comuns distúrbios como déficit de atenção, hiperatividade, transtorno obsessivo compulsivo, depressão, ataques de raiva, comportamento auto-agressivo, distúrbios de sono, entre outros. Ou seja, a doença afeta diretamente a qualidade de vida do paciente.
As formas tradicionais de tratamento são terapia e interações medicamentosas. Entretanto, em muitos dos casos moderados a graves (37% dos doentes, ainda segundo o CDC), a eficácia medicamentosa é baixa. Por isso o mês de conscientização da Síndrome de Tourette busca novas formas de tratamento.
Nesse cenário, a cannabis se apresenta como excelente forma de complementar os tratamentos tradicionais, e, às vezes, até substituí-los. “Estou convencida de que é uma ferramenta terapêutica extremamente importante”, diz Ana Hounie, psiquiatra pernambucana referência no Brasil para síndrome de Tourette e seu tratamento com Cannabis. Ana hoje tem mais de 300 pacientes usando Cannabis medicinal. “Autistas que não falavam, começam a falar, pessoas com demência, que não reconheciam os familiares, voltam a reconhecer.”
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Para tratar a síndrome de Tourette, o componente eficaz da cannabis é o THC, que é psicoativo. Mas esse canabinoide pode trazer alguns efeitos colaterais, como psicose, prejuízo de memória, aprendizado e até esquizofrenia. Por isso o CBD (canabidiol) também deve estar presente, pois protege dos efeitos colaterais do THC e ainda combate a ansiedade e problemas de concentração.
Há dois estudos que apontam para a eficiência do uso da cannabis no tratamento da síndrome de Tourette, ambos realizados na Medical School Hannover, pela psiquiatra alemã Kirsten R. Müller-Vahl. Em 2003, apontaram a eficácia do THC, tanto no tratamento dos tiques, quanto nas problemas comportamentais que acompanham a síndrome. Em 2013, confirmaram que não há efeitos colaterais significativos nem duradouros.
Entretanto, as próprias pesquisas alemãs ressaltam que são necessários estudos mais abrangentes para assegurar segurança e eficácia da cannabis. Por isso, os médicos que a receitam, o fazem somente em casos graves, quando o paciente não respondeu bem ao tratamento convencional.
Com iniciativas como o Mês de Conscientização da Síndrome de Tourette, mais pesquisas para comprovação de dosagem de cannabis para o tratamento da doença podem representar alívio e melhoria da qualidade de vida para milhares de crianças e adultos por todo o mundo.
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