Na liga de basquete dos Estados Unidos, a NBA, os jogadores pretos são a maioria, cerca de 74%, número bem acima dos 2% negros que participam da indústria da Cannabis no país. Um ex-jogador está investindo na Cannabis para que mais pessoas negras estejam presentes nesse mercado, que já chega a R$119 bilhões.
A empresa de Cannabis fundada pelo ex-jogador de basquete Al Harrington, a Viola, está investindo em empresas de empreendedores pretos e pardos. Essa população é a que mais sofreu com a proibição da Cannabis nos EUA, sendo perseguida e aprisionada ao longo das últimas décadas em número muito maior do que pessoas de pele branca. Existem alguns projetos de reparação social e desencarceramento, como o do estado de Nova Iorque e o Projeto Last Prisoner, mas Harrington decidiu agir para virar esse jogo usando o que conseguiu juntar como jogador da liga.
A Viola investiu cerca de R$ 3,4 milhões começou em quatro empresas de Cannabis e pretende seguir aumentando seus investimentos em pequenos negócios já em funcionamento e que trabalham desde o cultivo até o processamento e a venda de produtos com cannabis, como concentrados e flores. O nome Viola faz uma homenagem à avó de Harrington, que utilizou Cannabis para tratar glaucoma e obteve resultados impressionantes. Outros jogadores e ex-jogadores da NBA investem na Cannabis, como hall da fama Allen Iverson e o recentemente aposentado JR Smith.
Em entrevista para o podcast All the Smoke, o ex-jogador de basquete JR Smith falou sobre o uso de Cannabis pelos jogadores da NBA na temporada 2020: “Ah, sim! Nós estávamos fazendo uma fumaça por lá!”
A liga de basquete norte-americana, a NBA, decidiu que em 2020 o torneio seria decidido em uma “bolha” por conta da pandemia de Covid-19, um isolamento com regras restritas dentro de um parque em Orlando. A liga também decidiu, nesse período, não realizar testes nos jogadores para detectar drogas recreativas. O resultado era esperado, os jogadores usaram cannabis.
Dois anos depois, JR Smith, que na época defendia o Los Angeles Lakers, falou sobre o assunto no podcast de dois também ex-jogadores da NBA Matt Barnes and Stephen Jackson.
JR falou sobre como foi usar cannabis com atletas da NBA que não tinham experimentado fora da bolha: “Foi legal! Estou feliz que tenha acontecido porque finalmente quebrou essa barreira e aquele estigma de que você não podia jogar depois de usar cannabis, que era uma droga, era isso e aquilo”
No caso dos atletas da NBA, não é possível confirmar qual variedade eles utilizaram e com qual finalidade, mas pelo depoimento de JR Smith, os jogadores fumavam cannabis com alto teor de THC e buscavam ajuda na saúde mental.
“Quando você vai para o basquete na bolha, para alguns dos caras que estavam jogando era como jogos-treino. São tipos de situações. Outros deles realmente não podem jogar tão bem na frente de 30.000 pessoas. Mas, ao mesmo tempo, você vê alguns dos melhores níveis de basquete, você vê esses caras fazendo o que estavam fazendo, chutando, matando bolas.”
A entrevista completa você pode assistir no link:
Em uma das partidas da temporada 2020, JR Smith usou uma camiseta com a marca da Viola
2020: ano da virada da Cannabis no esporte
O ano de 2020 foi marcante para combater os estigmas da cannabis no esporte. Além do caso dos ex-jogadores da NBA que investem em cannabis, nas Olimpíadas Tóquio 2020 também não testaram os atletas para canabidiol nos exames antidoping, já que em 2018 a WADA, a Agência Mundial Antidoping, retirou o CBD da lista de substâncias proibidas. Abrindo algumas possibilidades tanto para atletas profissionais como para os amadores com a cannabis ajudando na prática.
O THC segue proibido durante as competições, porém fora desse período o canabinoide não será mais identificado nos testes. Essa abertura já pode ajudar diversos atletas de várias modalidades, pois eles estão liberados para utilizar produtos com cannabis ricos em THC nos períodos de treinamento e preparação para competições.
Porém, a proibição do THC durante as competições pode estar com os dias contados, pois a WADA veta substâncias que 1) estimulam a melhoria do desempenho, 2) podem representar riscos para a saúde dos atletas ou 3) violem o “espírito esportivo”. Um estudo de 2018 não identificou melhorias diretas no desempenho dos atletas que utilizaram cannabis, mas sim como parte de um protocolo de controle da dor e recuperação entre treinos. O uso de cannabis nos períodos de testes também representa redução no uso de medicamentos para manejo da dor com efeitos indesejados, como opióides.