O painel ‘CBD no esporte’ trouxe a ideia de que o CBD é necessário aos esportistas, e que preços abusivos e preconceito precisam ser erradicados no Brasil.
Os participantes Flávio Formigoni, nutrólogo e médico esportivo, Rose Gracie, empreendedora da indústria esportiva e Ralph Gracie “pitbull”, empresário, lutador de jiu-jitsu e MMA falaram em uníssono sobre a revolução que é o CBD no mundo esportivo, as diferenças entre o mercado no Brasil e nos EUA e sua importância no tratamento e prevenção da encefalopatia traumática crônica.
Ralph Gracie “Pitbull”, lutador de jiu-jitsu e MMA
“Eu tomo CBD todos os dias e ele não te deixa fora do ar. Passo no joelho operado, ajuda a dormir, tenho sono mais tranquilo. Minha filha que tem epilepsia toma e melhorou muito nos sintomas.
No Brasil é problemático, as pessoas acham que tudo é droga. Têm a cabeça mais quadrada que o americano, veem como um negócio ruim. Aqui (nos EUA) democratizou, vende em qualquer lugar, usam criança, velho, não tem porque não usar.
A nossa preparação tem acompanhamento médico, testes antes das lutas. Mas o treino é que é o problema, treinando, temos um Vale Tudo toda semana.
Eu uso o óleo todo dia e passo a pomada. Minha filha tomava remédio para epilepsia e, depois do CBD, largou, agora parou completamente”.
Rose Gracie, empreendedora da indústria do esporte
“Aqui nos EUA, em 2018 o World Anti-doping Agency (WADA) tirou o CBD da classificação de droga. Por isso o ‘isolate CBD’ é melhor para atletas porque é garantido que não tem THC, que apareceria em testes antidoping. Aqui (na Califórnia), o creme de CBD é aprovado para as Olimpíadas. Eu mesma uso mais creme do que tomo. Aqui tem uma indústria do CBD para uso esportivo, tem empresa que patrocina atletas. O CBD é importante para eles usarem, aqui usam CBD pra tirar as pessoas de drogas pesadas”.
Encefalopatia traumática crônica
“Eu me interessei depois de ver o filme Concussion. Assisti a um TED e fui à USP em São Paulo ver o banco de cérebros para entender tudo e me engajei. O Renato Babalu (lutador que sofre de encefalopatia) vai doar o cérebro dele para pesquisa da doença. Visitem meu site www.rosegrace.org, ele relata alguns dos seus sintomas, e assinou para fazer testes clínicos, não vamos pegar o cérebro dele na hora.
Tudo para proteger as pessoas que amo. Por isso comecei a me envolver para trazer o CBD no brasil. A intenção não é fazer dinheiro, mas trazer para o maior número de pessoas possível”.
Preço no Brasil
“Espero que abaixem o preço porque é uma pouca vergonha. Criminosa é a indústria farmacêutica, não o muambeiro que traz CBD para ajudar os outros”.
Recado
“A solução do problema vai acabar já já, vamos educar todo mundo, trazer qualidade, compliance e preços acessíveis. A mulher da rocinha vai ter acesso ao remédio”.
Flávio Formigoni, médico do esporte, nutrólogo
“O CBD é um ergogênico (melhora performance) e ansiolítico. O esportista aumenta o foco porque não está ansioso. É imunomodulador: com a pandemia, a comunidade médica descobriu que não entende de imunidade. Na Covid-19, o que mata é o excesso do sistema imunológico, que regenera tecidos. A inflamação piora por conta da resposta excessiva do sistema imunológico”.
Pós-treino e recuperação
“CBD é neuroproteção – diminui processo inflamatório. A encefalopatia traumática crônica atinge de 3 a 4% de atletas com traumas sucessivos na cabeça. O impacto acumulado leva ao processo inflamatório crônico que deposita proteínas e vai se degenerando. Por isso era chamado de demência do pugilista. Mohamad Ali tinha.
Os sintomas são comportamentais: paciente mais agressivo, irritado, explosivo. também alterações motoras e da fala. É uma deficiência do sistema endocanabinóide, que diminui o grau de reparação quando acontecem as lesões. Hoje não tem mais duvida da eficácia do CBD para prevenir.
Usa-se o CBD para recuperação muscular. Mas também medicamentos tradicionais de duas classes: anti inflamatórios e opioides.
No Brasil não tem muito atleta viciado em opioide, mas nos EUA tem bastante. Aqui são corticoide, lá, dão opióide, que inibe a via inflamatória a ponto de inibir também a cicatrização do tecido, e acaba atrasando a recuperação da lesão.
CBD inibe inflamação mas não a ponto de atrasar a cicatrização. Não aumenta nem diminui imunidade, regula. É também analgésico e melhora a recuperação do processo inflamatório, e o melhor, sem efeito colateral”.
THC no esporte profissional
“Os óleos full spectrum têm THC, que aparece no doping. Esse limite nos EUA caiu: até 2,5 mg de consumo diário, não cai no doping. Então, se o óleo tem 10 de CBD é 0,25 THC, tudo bem. Mas tem que tomar cuidado, e usar de companhias confiáveis nos percentuais. Porque o THC ajuda muito, pelo efeito entourage, que é a sinergia entre os canabinóides”.
Encefalopatia
“Ainda em estudos, mas tem uma enzima que bloqueia os endocabinoides. Depois da porrada, hiperatividade, dessas enzimas. A anandamida, responsável pela analgesia e regeneração celular, baixa de nível. Quando usamos o CBD, ele previne que aconteça esse processo. CBD e o THC recuperam gradativamente a atividade do sistema endocanabinoide, e reorganizam o sistema de reparação.”
Regulamentação no Brasil
“Com a regulamentação da produção de CBD no Brasil, eu reclamei. Achei retrocesso. Porque o CBD é suplemento nos EUA e aqui, está na lista B1, junto com remédios tarja preta como rivotril e diazepam, sendo que é mais difícil para prescrever. Precisa de termo de consentimento, passar pela Anvisa que vai aprovar a importação, contratar intermediário, a Fedex vai comprar 100 dólares por vidrinho.
No Brasil tem na farmácia, mas custa R$ 2.100,00. Hoje também tem as associações. Aqui no sul tem a Santa Cannabis, quem tem paga mais, quem tem menos, paga menos, quem não tem não paga nada.
“O CBD tem que ser democratizado. O valor que é vendido no Brasil não é esse. Nos EUA, o CBD isolado de 10g custa US$6,00. É vergonhoso privar os atletas do CBD. São vidas, pessoas que precisam e não estão tendo acesso, por preconceito, ganância e burocracia”.