A oncologista Milena Coelho compartilha sua experiência na prescrição de Cannabis medicinal e na melhora da qualidade de vida dos pacientes
Cuidar do paciente, independentemente das circunstâncias, é o que motiva a prática médica de Milena Coelho. Especializada em oncologia clínica, com pós-graduação em cuidados paliativos, ela sempre se manteve aberta a terapias que melhorem a qualidade de vida das pessoas que passam pelo seu consultório.
Um conhecimento que não vem fácil. Coelho lembra que na formação acadêmica tradicional, nada se fala de terapias alternativas. O novo veio apenas depois, quando já fazia sua pós. “Na oncologia, tudo que a gente aprende de cuidados complementares vem de fora da medicina tradicional. A pós abriu muito minha cabeça. Passei a enxergar o paciente como um todo”, lembra Coelho.
Assim, o profissional passa a perceber as lacunas do tratamento dado ao paciente — e perceber que encaminhar para quimioterapia e prescrever exames não é o suficiente para atender aquela vida. “Comecei a me voltar ao controle da dor, melhora do sono, tudo isso a partir da pós. Então fui buscar soluções em outros nichos, sempre no sentido de complementar o tratamento convencional.”
O encontro com a Cannabis
Nessa busca, a médica acabou topando com reportagens sobre o uso de Cannabis medicinal em diversas frentes da medicina: no controle de crises convulsivas, doenças neurodegenerativas etc. Como a terapia já era empregada em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, decidiu fazer um curso e saber mais sobre o assunto.
“No primeiro curso que fiz, a parte técnico-científica foi muito importante para embasar minha prática. Aí me senti segura para prescrever”, diz Coelho.
Com cuidado, passo-a-passo, a médica iniciou sua carreira como prescritora de Cannabis medicinal, e o resultado foi imediato. “A partir do primeiro retorno que tive de um paciente tratado com Cannabis medicinal, não parei mais.”
Um dos casos que mais a marcou foi um tratamento paliativo de um paciente com câncer intestinal. Já em estado metastático, a doença requer do paciente doses cada vez maiores de remédios — que, além de não aplacarem os sintomas cada vez mais agudos, ainda causavam efeitos colaterais indesejados.
Sofrendo com polineuropatia — disfunção que compromete o sistema nervoso, provocando fraqueza, dor e formigamento em várias partes do corpo —, o paciente fazia uso intenso de morfina; à noite, o desconforto físico causava insônia, o que, acompanhado da falta de apetite comum do tratamento, deixava o paciente ainda mais fragilizado.
“Começamos a introduzir a Cannabis medicinal, e em menos de 3 semanas ele já teve uma resposta extremamente positiva na polineuropatia. Em seis semanas a dor crônica já tinha diminuído sensivelmente, e começamos a retirar a morfina”.
No final, sono e apetite acompanharam a evolução do organismo, e isso chamou atenção da médica: as principais lacunas do tratamento oncológico estavam sendo supridas de forma efetiva, e sem efeitos colaterais. “Foi marcante porque eu vi uma resposta.”
Cannabis como tratamento adjuvante
Para Coelho, a Cannabis medicinal pode ter uma função complementar muito importante no tratamento oncológico. “A vantagem é que podemos tirar medicações cujos efeitos colaterais são muito predominantes, como a morfina”, analisa, mas faz uma ressalva: “É importante que o médico que prescreve fitocanabinoides esteja ciente de que pode haver uma interação farmacológica, especialmente na quimioterapia.”
Se o médico se atentar a esses cuidados, de acordo com Coelho, o tratamento tem tudo para dar certo. “Eu nunca vi a terapia canabinoide falhar com um paciente”, afirma. “É algo complementar, atua no controle de sintomas. Conseguimos reduzir medicações e dar mais qualidade de vida do que com medicações convencionais.”
Coelho garante que os fitocanabinoides estão completamente incorporados à sua prática médica. “Não pretendo abrir mão”, afirma a médica. “Converso abertamente com os pacientes, explico do que se trata. Quanto mais informação você passar, mais segurança tem na relação.”
Essa cumplicidade é importante, pois não há motivos para deixar um tratamento eficaz para depois. “Quando vejo que é o momento, eu prescrevo, e o paciente tende a evoluir muito bem.”
Recado aos médicos e pacientes
No meio médico, ela nota que alguns profissionais ainda têm um pé atrás. “No geral é uma área que existe desinformação. As pessoas conhecem pouco sobre o assunto. É preciso buscar o conhecimento e se aprofundar na área.”
E para os pacientes que estão buscando uma alternativa para suas terapias, Coelho também não hesita: “Busquem informações e busquem um médico que esteja atualizado sobre Cannabis medicinal, que saibam como prescrever e acompanhar. Quando prescrevo na área da oncologia, os benefícios que vejo são reais.”
Se você é um paciente em tratamento oncológico, ou conhece alguém, pode acessar agora a página da médica Milena Coelho em nossa plataforma de agendamento e marcar sua consulta para dar início ao tratamento com Cannabis medicinal.
A plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde conta ainda com mais de 150 médicos prescritores de diversas especialidades para atender a todos/as que buscam um tratamento canabinoide.