Pessoas com condições como a síndrome de Ehlers-Danlos e outras síndromes de hipermobilidade frequentemente enfrentam dores intensas e crônicas, muitas vezes sem alívio adequado pelos tratamentos convencionais. Nessas condições, a origem da dor crônica é, geralmente, a fragilidade do tecido conjuntivo.
Um dos maiores estudos já realizados sobre o uso de medicamentos à base de Cannabis para tratar a síndrome de Ehlers-Danlos e síndromes de hipermobilidade foi publicado recentemente na revista científica ACR Open Rheumatology. A pesquisa analisou o impacto desses medicamentos em pacientes e trouxe descobertas relevantes para o tratamento dessas condições.
O estudo, que acompanhou 161 pacientes por 18 meses, identificou que produtos com canabinoides podem reduzir significativamente a dor e melhorar o bem-estar geral desses pacientes.
Entendendo a síndrome de Ehlers-Danlos
A síndrome de Ehlers-Danlos (SED) é uma das condições de hipermobilidade mais conhecidas e tem origem genética. É uma condição hereditária que afeta tecidos conjuntivos, principalmente na pele, articulações e paredes dos vasos sanguíneos, prejudicando a produção de colágeno, a principal proteína do tecido conjuntivo.
Essa alteração resulta em sintomas, como:
- Articulações hiperflexíveis: se movem com muita amplitude, causando estresse e desgaste nas estruturas ao redor. Deslocamentos se tornam frequentes e contribuem para a dor crônica.
- Pele frágil: mais vulnerável a cortes e hematomas, com cicatrização mais difícil, mesmo após lesões leves.
- Dor neuropática: por danos da SED nos nervos.
- Complicações em outros órgãos: incluindo risco vascular e fadiga extrema.
Esses sintomas impactam drasticamente o dia a dia, causando ansiedade e distúrbios do sono.
Menos dores e mais qualidade de vida
Geralmente, o tratamento para a síndrome de Ehlers-Danlos e de outras condições de hipermobilidade inclui fisioterapia e medicamentos analgésicos. No entanto, muitos pacientes não conseguem o alívio desejado e passam anos sem controle adequado da dor. Nesse sentido, a Cannabis surge como uma esperança para aliviar as dores crônicas e, ao mesmo tempo, ter impacto positivo na saúde mental.
Estudos anteriores já destacaram que os compostos da Cannabis, principalmente o canabidiol (CBD) e o ∆-9-tetrahidrocanabinol (THC), oferecem o mesmo nível de analgesia que os medicamentos convencionais, porém sem os efeitos colaterais.
Analisando informações de pacientes que se tratam com Cannabis no Reino Unido, os pesquisadores puderam apurar o impacto dessa abordagem nos pacientes com a síndrome de Ehlers-Danlos.
Como a Cannabis ajudou pacientes com a síndrome de Ehlers-Danlos e outras condições de hipermobilidade
Os dados do estudo UK Medical Cannabis Registry: An Analysis of Outcomes of Medical Cannabis Therapy for Hypermobility-Associated Chronic Pain vieram do UKMCR (registro britânico de pacientes que usam Cannabis com fins medicinais). Os participantes, em sua maioria mulheres (80%), foram avaliados em diferentes intervalos (1, 3, 6, 12 e 18 meses) usando questionários padronizados para medir intensidade da dor, qualidade de vida, qualidade do sono e ansiedade.
Os resultados sugerem que a Cannabis pode ser uma alternativa eficaz para pacientes com a síndrome de Ehlers-Danlos e outras síndromes de hipermobilidade, inclusive os que não respondem a outras terapias.
- 25% relataram melhoras no sono e na ansiedade.
- Todos tiveram redução nas dores em todas as escalas avaliadas.
- Aumento na qualidade de vida, com pacientes conseguindo retomar atividades cotidianas.
No estudo, os pesquisadores destacaram os benefícios do tratamento com canabinoides.
“Após 18 meses, entre 18% e 25% dos indivíduos relataram uma melhora clinicamente significativa em sua dor, dependendo da medida de avaliação usada. Como os medicamentos à base de Cannabis podem ser prescritos apenas para pacientes do Reino Unido quando eles falharam nos tratamentos convencionais, isso pode representar uma chance aceitável de obter melhora na dor crônica para esses pacientes.”
Efeitos colaterais leves e bem tolerados
Embora a maioria dos pacientes tenha tolerado bem o tratamento (68%), alguns efeitos colaterais forma relatados:
- Dor de cabeça (27%).
- Fadiga e letargia (24%).
- Náuseas e sonolência (20%).
O uso de medicamentos à base de Cannabis mostrou-se uma opção terapêutica promissora para o alívio da dor crônica nos pacientes com a síndrome de Ehlers-Danlos e outras condições de hipermobilidade. Apesar dos efeitos colaterais, os benefícios podem superar os riscos e podem complementar as abordagens convencionais.
Cannabis e dores crônicas
Em live no canal do YouTube do Cannabis & Saúde, o Dr. Werner de Almeida Leite falou sobre o uso de medicamentos à base de Cannabis para tratar dores crônicas. Ele destacou os efeitos multimodais dos canabinoides, aliviando a dor física e contribuindo para a saúde mental dos pacientes.
“A Cannabis é uma ferramenta excelente, é um adjuvante aos tratamentos para dor crônica. A importância da Cannabis está na versatilidade, abrangência e segurança, pois a dor nunca vem sozinha, traz também distúrbios do sono, ansiedade e depressão.
É muito interessante que a Cannabis atua na dissociação entre o estímulo da dor e a percepção que você tem desta dor. Você sente a dor mas ela não te traz uma sensação tão desagradável.”
Assista a entrevista completa clicando aqui.
Como iniciar um tratamento com Cannabis para dor
Se você se interessou e deseja iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis, é necessário buscar orientação médica antes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regula o uso medicinal de canabinoides no Brasil e exige uma prescrição para obter os produtos de forma legal e segura.
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