Um estudo do Reino Unido, publicado em julho de 2024 na Archives of Suicide Research, aponta para uma redução significativa da ideação suicida em pacientes que utilizaram derivados de Cannabis para tratar condições como dor crônica, ansiedade, estresse pós-traumático, síndrome de Tourette, entre outras.
No estudo Suicidal Ideation in Medicinal Cannabis Patients: A 12-Month Prospective Study” , os pesquisadores acompanharam quase 4.000 pacientes usando Cannabis medicinal para diversas condições. No início do tratamento, cerca de 25% relataram pensamentos suicidas, além de níveis mais altos de depressão, problemas de sono, pior saúde geral e menor qualidade de vida em comparação com os demais.”
Após três meses de tratamento com Cannabis medicinal, a proporção de pacientes com pensamentos suicidas caiu para cerca de 17%. Aqueles que relataram pensamentos suicidas no início mostraram uma melhora mais acentuada no humor e nos sintomas de depressão.
Nesse sentido, a pesquisa observa que a Cannabis medicinal pode ajudar na redução dos pensamentos suicidas e na melhoria do estado emocional e da qualidade de vida de pessoas com condições crônicas.
Para aprofundar a discussão sobre esses resultados, conversamos com o psiquiatra Dr. Alexandre Peixoto, que reforçou que a descoberta do estudo tem o potencial de abrir novas portas para a abordagem de transtornos psiquiátricos.
“Este achado é extremamente relevante para a psiquiatria, pois oferece uma nova perspectiva sobre o manejo de ideação suicida, um problema crítico e desafiador na prática clínica”, afirma o médico.
Dr. Alexandre destaca que os dados empíricos fornecidos pelo estudo reforçam a eficácia dos Canabinoides na redução da ideação suicida, incentivando novas pesquisas e a possibilidade futura de integrar essa abordagem a protocolos clínicos estabelecidos.
“A eficácia observada em pacientes com diferentes condições sugere que os Canabinoides podem ter um efeito terapêutico amplo, potencialmente beneficiando uma variedade de transtornos psiquiátricos”, explica.
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Confira na íntegra a live sobre Cannabis e saúde mental com o Dr Alexandre peito
Integração dos Canabinoides nos tratamentos psiquiátricos
Para Dr Alexandre, os Canabinoides podem atuar como complementares às terapias tradicionais como antidepressivos, antipsicóticos e psicoterapia.
“Eles podem ajudar a melhorar o humor, reduzir a ansiedade e promover o bem-estar geral, potencialmente aumentando a eficácia das terapias convencionais”, observa.
Entretanto, Dr. Alexandre ressalta a importância da personalização do tratamento: “essa abordagem é um pilar da medicina centrada no indivíduo”, conceito que ele mesmo aplica em sua prática clínica.
E o psiquiatra complementa: “a inclusão de Canabinoides pode ser uma opção para pacientes que não respondem bem aos tratamentos tradicionais ou que sofrem com efeitos colaterais significativos”, diz o psiquiatra.
Durante a entrevista, ele exemplifica com um caso hipotético de um paciente com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e ideação suicida, onde o tratamento com Canabinoides poderia ser integrado à Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e aos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
“A monitorização regular e ajustes baseados na resposta do paciente são essenciais. Dessa forma, conseguimos atuar sobre a patologia de uma forma dinâmica, sem focar em apenas um tipo de abordagem”, explica.
Desafios e áreas de pesquisa necessárias
Apesar do potencial terapêutico, Dr. Peixoto enfatiza que há questões importantes que precisam ser estudadas antes que os Canabinoides sejam plenamente integrados à psiquiatria.
Entre elas, a compreensão dos mecanismos neurobiológicos pelos quais os Canabinoides atuam na redução da ideação suicida, além de estudos que investiguem os efeitos de longo prazo. Ele também destaca a necessidade de pesquisas em populações diversas e sobre interações medicamentosas, uma vez que muitos pacientes psiquiátricos utilizam outras medicações que afetam o sistema nervoso central.
Preocupações ao prescrever Canabinoides
Ao prescrever Canabinoides, Dr. Alexandre ressalta a importância de monitorar de perto possíveis efeitos colaterais, como sedação e alterações cognitivas.
Em pacientes com histórico de abuso de substâncias, o uso de THC deve ser cuidadosamente avaliado devido ao potencial de abuso dessa substância. No caso de pacientes com transtorno bipolar, o THC pode induzir episódios de mania ou hipomania.
Para ele, o monitoramento contínuo é crucial para ajustar o tratamento e garantir a segurança e a eficácia ao longo do tempo.
Importante!
No Brasil, o uso legal de Cannabis medicinal é permitido apenas com a indicação e prescrição de um profissional de saúde qualificado. Se você está pensando em começar um tratamento com canabinoides, consulte um especialista com experiência nessa área.
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Atenção!
Este conteúdo aborda temas relacionados à saúde mental. Se você ou alguém próximo precisar de ajuda ou orientação emocional, ligue para o número 188 (Centro de Valorização da Vida).