A questão do risco de episódios de psicose relacionados ao uso da Cannabis, mais especificamente nos produtos ricos em tetrahidrocanabinol (THC), seria a maior preocupação que se atribui ao uso da planta. Esse é, inclusive, um tema relevante para médicos e pacientes que desejam incluir este canabinoide em tratamentos para a saúde.
Uma forma de analisarmos a relação entre Cannabis e psicose é com dados dos órgãos de saúde pública de países onde a planta foi regulamentada para uso adulto. Uma vez que o consumo de produtos com canabinoides aumentou nesses locais, o número de atendimentos de emergência para pessoas com crises de psicose aumentaria também.
Um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Laval, instituição de ensino superior da província de Quebec, no Canadá, se debruçou sobre os números de atendimento de emergência na região antes e após a regulamentação no país.
Desde 2018 a Cannabis é legal no Canadá. Na região de Quebec, pessoas maiores de idade podem adquirir produtos com canabinoides em estabelecimentos comerciais credenciados pela Société Québécoise du Cannabis (SQDC, Sociedade Quebequense de Cannabis, na tradução livre).
Então, o objetivo foi analisar os impactos do aumento do consumo da planta nos casos de psicose nessa região. Esses dados podem melhorar nossa compreensão sobre a relação entre o THC e o desenvolvimento de psicose e desse modo orientar as recomendações de quem faz uso medicinal da planta.
Sem impacto significativo nos atendimentos
É importante também mencionar que a regulamentação da planta no país veio acompanhada de campanhas de educação e informação sobre consumo seguro. Além disso, as regras só permitem que pessoas acima de 18 anos tenham acesso aos produtos com Cannabis pelo mercado legal.
Essas medidas foram adotadas pelo governo de Quebec para evitar o uso abusivo da planta, assim como um limite de 30 gramas de flores secas e 7,5 gramas de concentrados em locais públicos e o triplo disso em casa. As outras províncias têm autonomia para decidir suas suas normas, porém adotam regras similares.
Nesse contexto, os pesquisadores avaliaram os dados de atendimentos um ano antes do mercado legal (outubro de 2017 até outubro de 2018) e um ano após a estreia das vendas legais de Cannabis no país (outubro de 2018 a outubro de 2019).
De acordo com os resultados da pesquisa, não houve aumento significativo na proporção de atendimentos para episódios de psicose neste período. Foram 1254 atendimentos antes e 1194 atendimentos depois do mercado legal da Cannabis. Leia aqui o artigo completo.
Ainda é necessário pesquisar mais profundamente a relação entre o THC e a psicose, e esse tema é objeto de estudos também em outros países.
Análises sobre Cannabis e psicose nos EUA
Esse tipo de análise também aconteceu nos EUA, onde a Cannabis é legal em dezenas de estados e possui cerca de 16 mil dispensários. Também se buscou observar se os atendimentos médicos de pessoas com algum sintoma relacionado à psicose aumentou após a regulamentação.
Assim como no Canadá, não houve aumento nesse tipo de atendimento após o aumento no consumo da planta. Essas análises também foram revisadas por pares e publicadas em revistas científicas. Veja com mais detalhes esse estudo que foi publicado na Psychiatric Research e também confira esse que foi publicado na Psychological Medicine.
Canabidiol como alternativa
Embora a relação entre Cannabis e desenvolvimento da psicose não esteja totalmente elucidada, outros estudos científicos indicam que um outro componente da mesma planta, o canabidiol (CBD), pode ser uma alternativa para o tratamento desse transtorno.
A planta Cannabis produz centenas de substâncias que chamamos de canabinoides e os mais abundantes e populares são o THC e o CBD. O primeiro é responsável pelos efeitos psicoativos típicos do consumo da planta, como alterações na percepção e euforia. O segundo não causa esse tipo de efeito, no entanto possui propriedades terapêuticas para a saúde mental.
Hoje em dia, o CBD pode ser parte de um tratamento para condições como ansiedade, depressão, dores crônicas e estudos indicam que também para a psicose.
O tratamento convencional geralmente envolve medicamentos antipsicóticos que possuem eficácia limitada e efeitos colaterais graves. A inclusão do canabidiol contribui para reduzir a dose destes medicamentos e devolver boa parte da qualidade de vida a esses indivíduos.
Usando Cannabis com segurança
Até o momento, não existem evidências de que o consumo de Cannabis, rica em CBD ou THC, cause alguma doença ou leve à morte. Pelo contrário, os derivados da planta têm se mostrado uma alternativa com menos efeitos colaterais do que a medicação convencional para diversas condições de saúde.
Entretanto, para que o tratamento com Cannabis tenha os melhores resultados, é fundamental seguir as recomendações do profissional de saúde que está te acompanhando. Geralmente, os efeitos adversos vêm após uma dose inadequada. Então, seguir à risca as orientações do médico ou dentista vai evitar que surja qualquer mal estar, enjoo ou experiência difícil.
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