Um ambiente adequado e um bom estímulo cerebral influenciam diretamente no processo de assimilação de informações e aprendizagem.
Nós aprendemos por toda a vida e o processo de aprendizagem acontece quando há uma modificação da estrutura cerebral, que cria memórias de longo prazo que são adquiridas através da atenção.
Assim, a importância da prática da ginástica cerebral se torna mais evidente. Modificando o cérebro e sua estrutura de cognição, ele se torna mais funcional e, consequentemente, a aprendizagem se torna mais rápida e eficiente.
Entretanto, uma estimulação excessiva dos sentidos pode ser esmagadora e exaustiva. Felizmente, existem estratégias para lidar com a sobrecarga sensorial.
Qualquer pessoa de qualquer idade pode sentir sobrecarga sensorial de tempos em tempos. No entanto, ela é particularmente prevalente em crianças.
Isto porque os cérebros das crianças ainda estão se desenvolvendo e aprendendo através de diferentes tipos de estimulação.
Neste texto falaremos sobre como fazer um bom estímulo cerebral e o que fazer e cuidados com o excesso de estímulos.
O que é estímulo cerebral?
A atividade mental ou estímulo cerebral pode ser descrita como qualquer coisa que estimule, ative ou enriqueça a mente.
A estimulação pode ser fornecida internamente a partir do pensamento ou externamente a partir do ambiente.
Educação, ocupação, atividades sociais e de lazer são todas contribuições importantes para ter um estímulo cerebral.
A atividade mental aumenta o fluxo de sangue, oxigênio e nutrientes para o cérebro. Ela também atua como um sinal que promove a expressão do fator de crescimento neurotrófico derivado do cérebro.
A atividade mental está claramente emergindo como uma estratégia segura e eficaz para retardar o declínio cognitivo e a deficiência de neurônios.
O que é o cérebro?
O cérebro é um órgão do sistema nervoso central muito importante para o funcionamento do corpo. Esse órgão constitui a maior parte do encéfalo, representando cerca de 80% da massa total dessa estrutura.
O cérebro está relacionado com a inteligência, linguagem, consciência, memória, entre outros. Além disso, é capaz de processar informações dos sentidos juntamente a outras estruturas do encéfalo, iniciar movimentos e influenciar o comportamento emocional.
O cérebro é formado por diferentes estruturas, com funções diferentes. Sendo elas:
- Córtex cerebral: Essa é a parte externa, que todos chamam de ‘massa cinzenta’. É responsável pela nossa capacidade de pensamento, movimento voluntário, linguagem, julgamento e percepção.
- Cerebelo: Responsável pelas funções de movimento, equilíbrio e postura.
- Tronco Encefálico: Este é responsável pelas funções involuntárias como respiração, ritmo dos batimentos cardíacos e pressão arterial.
- Hipocampo: É responsável pelas funções de aprendizado e memória. O Hipocampo é uma área muito importante na memória e aprendizado.
Qual a importância do estímulo cerebral?
A estrutura básica de seu cérebro é determinada ao nascer. Entretanto, o cérebro é um órgão dinâmico, grande parte de sua função e organização é flexível.
Ao longo da vida, nossos cérebros se alteram e se adaptam conforme aprendemos e experimentamos coisas novas.
O cérebro pode formar novas conexões e caminhos celulares, o que nos permite adquirir novos conhecimentos.
A partir do momento que entramos em contato com algum estímulo externo, o cérebro passa a trabalhar de forma intensa para dar uma resposta intensa, mas rápida.
A resposta varia para cada pessoa, de acordo com a experiência cerebral de cada um. E as nossas sensações têm uma responsabilidade primordial para o processamento de aprendizagem.
Esta incrível flexibilidade permite ao cérebro compensar quando é danificado por alguma doença ou lesão.
Crianças pequenas e bebês têm os cérebros mais adaptáveis, o que lhes permite aprender rapidamente novas informações e habilidades.
Entretanto, a plasticidade cerebral não é apenas para crianças, o cérebro continua mudando conforme aprendemos – mas precisamos continuar a desafiar nossos cérebros para otimizar esta capacidade.
Qual a parte do cérebro que é responsável pela aprendizagem?
O processo de ensino-aprendizagem acontece de forma sistemática no cérebro, de modo bastante complexo e que precisa de uma ação efetiva no posicionamento de estratégias a serem direcionadas no seu funcionamento.
Isso acontece devido a diferentes ações que são realizadas durante todo seu percurso na aquisição de novas informações de toda uma vida.
O cérebro pode ser dividido em duas partes, o hemisfério cerebral esquerdo e o direito, que estão conectados pelo corpo caloso, uma estrutura formada por um espesso feixe de fibras nervosas.
Segundo alguns estudos, os dois hemisférios cerebrais atuam em funções distintas. O hemisfério esquerdo, por exemplo, na maioria das vezes, está ligado à linguagem, realização de cálculos, algumas memórias, resolução de problemas e fala.
O hemisfério direito está mais relacionado com a interpretação de imagens, habilidades manuais não verbais, intuições, espaços em três dimensões e percepção de músicas.
Como o cérebro funciona no processo de aprendizagem?
A cognição nada mais é, na linguagem mais simples possível, que aprendizagem ou processo de aquisição de conhecimento.
É a capacidade que temos de receber uma informação, processá-la e responder esse estímulo, que envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio que fazem parte do desenvolvimento intelectual.
A teoria da pirâmide de aprendizagem, atribuída a William Glasser explica como o nosso cérebro aprende informações. Para ele, metodologias passivas trazem menos resultado do que as metodologias ativas e interativas.
De acordo com Glasser, a porcentagem de assimilação de informação é maior quando você interage de algum modo com o conteúdo.
Desse modo, a porcentagem de retenção equivaleria a:
- Ler – 10%
- Ouvir – 20%
- Observar – 30%
- Ver e ouvir – 50%
- Debater com os outros 70%
- Fazer – 80%
- Ensinar aos outros – 95%
Importância do estímulo cerebral em crianças
A importância do estímulo cerebral pode ser mais aparente para as crianças.
As crianças que não recebem estímulo suficiente nos primeiros 5 anos de vida estão predispostas a ter dificuldade de aprender e de ter atenção e dificuldades linguísticas mais tarde na vida.
Crianças que crescem em lares com oportunidades limitadas de experimentar um grau saudável de estímulo cerebral experimentarão desvantagens em seus primeiros anos de aprendizagem e ao longo de sua carreira escolar.
Além disso, as taxas de comportamentos antissociais, salários baixos e atividade criminosa são aumentadas em crianças de lares socialmente desfavorecidos de bons estímulos cerebrais.
A experiência, negativa ou positiva, na vida de uma criança demonstrou ter um impacto significativo em sua função cerebral. Por isso, as crianças devem ser expostas a uma ampla gama de estímulos sociais e ambientais desde muito cedo.
O que fazer para estimular o cérebro?
Viver uma vida que estimula e desafia o cérebro parece melhorar a capacidade do cérebro de compensar as mudanças e doenças relacionadas à idade.
Muitos estudos têm mostrado que trabalhar em ocupações mentalmente exigentes e ter altos níveis de interação social pode tornar um indivíduo mais resistente à demência e ao declínio cognitivo.
Vale a pena aproveitar todas as oportunidades para ter certeza de que sua mente está ativa.
O envolvimento consistente em atividades que você desfruta, experiências sociais e vários estímulos ambientais terão muitos benefícios para o seu bem estar mental e neurológico.
Tente colocar a si mesmo desafios no trabalho ou na escola, isto ajudará a mantê-lo concentrado e interessado. Certifique-se de fazer pausas a fim de variar o estímulo ambiental que você está recebendo.
Leitura como hábito
De acordo com o pesquisador Augusto Buchweitz do Instituto do Cérebro (InsCer), ler pode atuar como um exercício que estimula o cérebro.
“O hábito de leitura tem relação comprovada com uma melhor qualidade de saúde mental. A leitura, por envolver imaginação, mentalização, antecipação e aprendizagem, funciona como um ‘exercício’ para o cérebro humano.”
O ato de ler estimula as sinapses, que são o meio de comunicação dos neurônios, ou seja, o envio de mensagens entre eles, a troca de informação.
Quanto mais a rede de comunicação entre neurônios é utilizada, mais fortalecidas ficam as sinapses, e é esse processo que é estimulado pela leitura.
Desenvolver a escrita
Em um artigo publicado este ano no “The Journal of Learning Disabilities“, pesquisadores estudaram como a linguagem oral e escrita se relacionava com a atenção em crianças do quarto ao nono ano, com e sem dificuldades de aprendizagem.
Virginia Berninger, professora de Psicologia Educacional da Universidade de Washington e principal autora do estudo, contou que a evidência dessa e de outras pesquisas sugere que “escrever à mão – formando letras – envolve a mente, e isso pode ajudar as crianças a prestar atenção à linguagem escrita”.
A escrita à mão permite que se localize cada traço das letras e palavras em relação a outros traços, a aprender e lembrar do tamanho, inclinação, forma global e detalhes de recursos característicos de cada letra.
Isso tudo desenvolve habilidades de categorização, os movimentos e os componentes motores são mais exigentes, as letras são menos estereotipadas, cujo reconhecimento visual e lembrança é mais presente na memória do aluno.
Realizar atividades mentais, como palavras cruzadas
De acordo com Naim Akel Filho, psicólogo e professor do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), todas as atividades que envolvem a linguagem são excelentes estimulantes dos processos mentais-cerebrais.
Atividades que envolvem a atenção concentrada são importantes para a atividade mais fundamental dentre todas as funções mentais.
Alguns médicos recomendam a palavra cruzada como um estímulo para o cérebro, sendo chamado esse método de “ginástica cerebral”.
Sabendo que, não existe cura para doenças degenerativas do organismo humano, mas há técnicas que beneficiam a mente podendo aumentar o tempo de saúde mental de quem as pratica.
Ouvir música
Diferentes tipos de música despertam diferentes emoções e evocam lembranças, provocando uma série de respostas no corpo humano.
Assim, escutar música não é apenas lazer: a música pode ter efeitos terapêuticos e ser parte das estratégias de estímulo de áreas do cérebro que despertam os potenciais de aprendizagem.
Daniel Levitin, que é psicólogo, neurocientista, músico, produtor musical e autor da obra A música no seu cérebro diz que:
“Cada vez que nós ouvimos um padrão musical que é novo para os nossos ouvidos, nosso cérebro tenta fazer uma associação através de qualquer sinal visual, auditivo ou sensorial.
Nós tentamos contextualizar os novos sons e, eventualmente, criamos esses links de memória entre um conjunto particular de notas e um determinado local, hora ou conjunto de eventos”.
A música tem uma relação direta com o nosso cérebro e estimula a produção de substâncias como serotonina, endorfina, dopamina, ocitocina e prolactina.
Desenvolver novos aprendizados
Assim como o corpo, o cérebro também corre o risco de ficar “fora de forma” quando não é exercitado. Por outro lado, quanto mais você o desafia, melhor será sua capacidade de processar informações.
Fazer coisas que estejam fora da zona de conforto, como por exemplo, aprender a tocar um instrumento, praticar um esporte, dançar, fazer um curso em uma área totalmente nova estimula o nosso cérebro.
Aprender é um processo que não se limita à absorção de conteúdo, mas envolve uma rede múltipla de ações neurofisiológicas e neuropsicológicas, bem como a influência do meio em que o estudante está inserido.
Nesse processo, destaca-se o papel das funções executivas cerebrais, que auxiliam o indivíduo a organizar, iniciar, coordenar o seu comportamento e desenvolver uma atividade com um objetivo final determinado.
Esses novos estímulos podem ajudar a melhorar a memória, a agilidade e também a coordenação motora.
Excesso de estímulo cerebral
Vivemos em uma época na qual as informações são frequentemente expostas e em excesso.
Também já se sabe que nosso cérebro tem uma capacidade de processamento limitada, portanto quando o bombardeamos com muitas informações ele fica ‘exausto’ e suas capacidades cognitivas, dentre elas a memória, são comprometidas.
O que é excesso de estímulo cerebral?
Se você oferecer estresse e muitos estímulos para o cérebro, ele fica mais acelerado e perde a capacidade de separar as memórias relevantes e memórias não relevantes. A concentração e a atenção têm limite.
Diariamente, ficamos expostos a uma quantidade enorme de estímulos, nos motivando a fazer várias tarefas simultaneamente.
O problema é que o cérebro não está acostumado a receber tantos estímulos e a processar inúmeras informações de uma vez só.
O resultado é o esgotamento mental, e para absorver todos os novos impulsos, o cérebro acaba tomando para si a energia que deveria ser utilizada para o funcionamento de outros órgãos e músculos, o que justifica o desgaste físico.
Como o excesso de estímulos prejudica o cérebro?
O cérebro é um órgão vulnerável, portanto exige uma boa manutenção diária. No entanto, altos graus de exigência e níveis de necessidade de articulações intelectual e emocional levam as pessoas a seus limites.
Prova disso é a fadiga mental, que pode evoluir para a síndrome de Burnout ou levar a crises de ansiedade e depressão.
Um estudo deste ano encomendado pela empresa de segurança cibernética Kaspersky Lab diz que as pessoas estão sofrendo de “amnésia digital”.
Segundo o trabalho, o fenômeno acontece quando se esquece de uma informação, pois há a confiança de que ela está armazenada em um aparelho digital e será lembrada para você.
O que leva a uma sobrecarga cerebral?
O cérebro tem uma capacidade limitada de lidar com tarefas simultâneas. Por isso, o estresse da vida cotidiana moderna tem sido muito prejudicial à saúde mental.
No esforço realizado pelo cérebro em controlar as emoções, algumas áreas deixam de ser estimuladas ou mesmo reabilitadas, levando a uma perda funcional importante que pode se expressar como prejuízos na atenção e queixas de memória.
Além disso, o estresse crônico libera hormônios —como adrenalina — mantendo o sistema de alerta ativo.
Esse excesso de hormônio pode aumentar os níveis de inflamações e, consequentemente, causar danos celulares, que ao longo do tempo podem danificar o sistema cerebral e elevar a chance de doenças neurodegenerativas.
Excesso de estímulo cerebral em bebê
O cérebro em fase de desenvolvimento é particularmente sensível às influências do ambiente, com o estresse tóxico na primeira infância.
O desenvolvimento do cérebro pode ser afetado por meio dos canais sensoriais tais como som, tato, visão, olfato, comida, pensamentos, drogas, lesões, doenças e outros fatores.
O ambiente em que o bebê está pode fazer com que ele seja estimulado excessivamente.
Locais em que há luz ligada o tempo todo, em que há muito barulho, televisão ou outras telas ligadas e que não tem um horário de silêncio fazem com que o bebê seja excessivamente estimulado.
Estudos consistentes demonstram que o uso das telas para crianças menores de 2 anos e meio tem como impacto transformações que tornam o cérebro menos competente para se adaptar.
Qual a relação entre a Cannabis e o estímulo cerebral?
Há diversas evidências que sugerem que o canabidiol pode ter propriedades antipsicóticas e ansiolíticas e, portanto, pode ser um novo agente promissor no tratamento de distúrbios psicóticos e de ansiedade.
Em voluntários saudáveis, o CDB melhorou a conectividade em estado de repouso fronto-estriatal, tanto em comparação com placebo quanto com THC.
Além disso, a CBD modulou a atividade cerebral e teve efeitos opostos quando comparada ao THC seguindo padrões específicos de tarefas durante vários paradigmas cognitivos, tais como processamento emocional, memória verbal, inibição de resposta, e processamento auditivo/visual.
Estudos de neuroimagem mostraram que o CDB induz alterações significativas na atividade cerebral e nos padrões de conectividade durante o estado de repouso e o desempenho de tarefas cognitivas tanto em voluntários saudáveis quanto em pacientes com distúrbios psiquiátricos.
Isto incluiu a modulação de redes funcionais relevantes para distúrbios psiquiátricos, possivelmente refletindo os efeitos terapêuticos da CDB.
Há uma extensa lista de doenças que podem ser tratadas utilizando o CBD como substância ativa. Veja algumas delas:
- Ansiedade
- Artrite reumatoide
- Artrose
- Autismo
- Câncer
- Dependência química
- Depressão
- Dermatites, acne e psoríase
- Diabetes
- Doença de Alzheimer
- Doença de Parkinson
- Doenças gastrointestinais
- Dor neuropática
- Dores de cabeça
- Endometriose
- Enxaqueca
- Epilepsia
- Esclerose múltipla
- Fibromialgia
- Glaucoma
- Insônia
- HIV
- Lesões musculares
- Obesidade
- Osteoporose
- Paralisia cerebral
- Síndrome de Tourette
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
- Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)
Conclusão
A primeira infância é uma fase muito importante para o desenvolvimento, em diversos aspectos: físicos, sociais, emocionais, cognitivos, etc.
É nessa fase que o cérebro está mais receptivo aos novos estímulos e para adquirir novas habilidades.
Por isso é importante manter o cérebro em constante aprendizado e evitando o excesso de estímulo cerebral que pode afetar diversas áreas do cérebro.
Continue lendo os materiais publicados no portal Cannabis e Saúde e saiba o que acontece na comunidade de médicos e pacientes que usam o CBD em seus tratamentos.