Os transtornos de humor são condições psiquiátricas prevalentes, com uma incidência ao longo da vida de até 14,6%, afetando mais de 300 milhões de pessoas globalmente.
Essas condições estão associadas a um aumento na mortalidade precoce devido a doenças médicas coexistentes.
Também representam importantes causas da má qualidade de vida e podem levar ao suicídio.
Portanto, a gestão desses distúrbios depende fortemente de estratégias de tratamento a longo prazo.
No entanto, os medicamentos atualmente disponíveis, como os estabilizadores de humor, apresentam efeitos colaterais que podem resultar na interrupção do tratamento.
Diante desse cenário, há uma necessidade urgente de desenvolver novas terapias com mecanismos de ação distintos e perfil de tolerabilidade favorável, adequadas para uso a longo prazo.
É aqui que a Cannabis medicinal entra em cena, e você saberá ao longo deste artigo o porquê.
Prossiga com a leitura e aprenda sobre:
- O que são estabilizadores de humor e como funcionam?
- Quais são os estabilizadores de humor?
- Quais condições de saúde podem ser tratadas com estabilizadores de humor?
- Quais são as precauções ao tomar estabilizadores de humor?
- Quais são os efeitos colaterais comuns dos estabilizadores de humor?
- Existem alternativas naturais aos estabilizadores de humor?
- A Cannabis medicinal pode ser uma opção para regulação de humor?
O que são estabilizadores de humor e como funcionam?
Os estabilizadores de humor constituem uma classe de agentes farmacológicos utilizados no tratamento de condições que causam flutuações entre estados de mania, hipomania e depressão.
Sua função é minimizar essas variações de humor e prevenir surtos maníacos e episódios depressivos.
São comumente prescritos para tratar transtorno bipolar, mania, hipomania, depressão grave e recorrente, e em alguns casos de transtorno esquizoafetivo.
Durante estados de mania, os estabilizadores de humor atuam reduzindo a atividade cerebral, restaurando o equilíbrio neuroquímico no cérebro.
Eles também podem ser usados em conjunto com outros tratamentos para depressão.
O objetivo principal dos estabilizadores de humor é ampliar o período entre os episódios maníacos ou depressivos, promovendo um estado de humor estável por mais tempo.
Apesar disso, esses medicamentos levam algumas semanas para alcançar sua eficácia máxima.
Por essa razão, durante os estágios iniciais do tratamento, outros medicamentos psiquiátricos, como antipsicóticos, são frequentemente prescritos para controlar a mania aguda.
Como os estabilizadores de humor ajudam a regular as oscilações emocionais?
A eficácia dos estabilizadores de humor reside na capacidade de regularizar as oscilações emocionais que caracterizam os distúrbios de humor, minimizando tanto episódios de mania quanto de depressão.
Dentre os principais estabilizadores de humor, são comuns o lítio, os anticonvulsivantes (ácido valproico, carbamazepina e lamotrigina), bem como alguns antipsicóticos de segunda geração (como a quetiapina).
O mecanismo de ação dos estabilizadores de humor depende do medicamento usado, uma vez que, medicamentos diferentes possuem alvos neurobiológicos diferentes.
No contexto do lítio, por exemplo, sua principal ação é a inibição da enzima inositol monofosfatase (IMPase), que está envolvida na via de sinalização do inositol.
A regulação adequada da sinalização do inositol ajuda no funcionamento normal do sistema nervoso central e na regulação do humor, contribuindo para a estabilização do humor em pacientes com transtorno bipolar.
No caso dos anticonvulsivantes, como o ácido valproico e a lamotrigina, seus mecanismos de ação envolvem a modulação da atividade dos neurotransmissores GABA e glutamato.
Esse mecanismo é particularmente relevante no contexto do transtorno bipolar, onde episódios de mania estão associados a uma maior excitabilidade neuronal.
Por outro lado, os antipsicóticos de segunda geração, como a olanzapina e a quetiapina, exercem seus efeitos por meio dos receptores de dopamina, histamina e noradrenalina.
Esses medicamentos atuam como antagonistas ou agonistas desses receptores, resultando na normalização da atividade neural hiperativa associada a estados de mania e na atenuação de sintomas depressivos.
Quais são os estabilizadores de humor?
Devido à complexidade do transtorno bipolar e outros distúrbios do humor, bem como à diversidade de respostas individuais ao tratamento, existe uma ampla gama de estabilizadores de humor disponíveis.
Cada paciente pode manifestar uma combinação única de sintomas e respostas medicamentosas, tornando necessária a disponibilidade de várias opções terapêuticas.
Ademais, diferentes estabilizadores de humor agem por meio de mecanismos distintos, influenciando diferentes sistemas neurotransmissores cerebrais.
Isso, por sua vez, pode guiar a seleção do tratamento mais apropriado para cada pessoa.
Com isso em mente, conheça abaixo os principais tipos de estabilizadores de humor…
Lítio
O lítio é o estabilizador de humor mais antigo e amplamente estudado, encontrado tanto em algumas fontes naturais, como em águas minerais, quanto em pequenas quantidades no organismo humano.
Além de seu uso no transtorno bipolar, o lítio também pode ser prescrito em casos de depressão resistente ao tratamento, em distúrbios de comportamento, como agressividade e impulsividade.
Também é comum seu uso no tratamento de algumas condições neurológicas, como a doença de Alzheimer e a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Os efeitos adversos comuns incluem aumento da sede, micção frequente, náuseas, ganho de peso e tremores nas mãos.
Embora menos frequentes, podem ocorrer fadiga, vômitos, diarreia, visão turva, problemas de memória, dificuldade de concentração, alterações na pele e fraqueza muscular.
Antipsicóticos atípicos
Os antipsicóticos atípicos, também conhecidos como antipsicóticos de segunda geração, são prescritos como estabilizadores de humor eficazes.
Os antipsicóticos atípicos são eficazes na redução da gravidade e frequência dos episódios de mania e depressão.
Eles ajudam a estabilizar o humor do paciente, diminuindo a intensidade e a frequência das oscilações de humor.
Ao contrário dos antipsicóticos típicos, que se concentram principalmente na dopamina, os antipsicóticos atípicos têm uma afinidade por vários neurotransmissores, incluindo noradrenalina e glutamato.
Os antipsicóticos atípicos também tendem a ter menos efeitos colaterais extrapiramidais do que os antipsicóticos típicos, como tremores, rigidez muscular e discinesia tardia
Muitos antipsicóticos atípicos estão disponíveis em diferentes formulações, incluindo comprimidos, formulações de liberação prolongada, soluções orais e injeções de longa duração.
Alguns exemplos de antipsicóticos atípicos frequentemente usados como estabilizadores de humor incluem a olanzapina, quetiapina, risperidona, aripiprazol, entre outros.
Anticonvulsivantes
Os anticonvulsivantes, originalmente desenvolvidos para tratar convulsões e epilepsia, também se mostraram eficientes como estabilizadores de humor.
Alguns anticonvulsivantes, como o ácido valproico (divalproato de sódio) e a lamotrigina, ajudam a modular a atividade de neurotransmissores no cérebro, incluindo o glutamato e o GABA (ácido gama-aminobutírico).
Esses neurotransmissores estão associados com a excitação neuronal, e a regulação de seu equilíbrio ajuda a estabilizar o humor em pacientes com transtorno bipolar.
Controlar a atividade neuronal excessiva pode ajudar a prevenir oscilações de humor e episódios de mania.
A ciclagem é uma característica do transtorno bipolar em que os pacientes experimentam quatro ou mais episódios de mania, depressão, hipomania ou mistos em um período de 12 meses.
Os anticonvulsivantes, especialmente a lamotrigina, possuem ação rápida, ajudando a estabilizar o humor e prolongar os intervalos entre os episódios.
Comparados a algumas classes de medicamentos psicotrópicos, como os antipsicóticos, os anticonvulsivantes tendem a ter menos efeitos colaterais cognitivos, como sedação ou névoa mental.
Quais condições de saúde podem ser tratadas com estabilizadores de humor?
Uma das condições mais comuns que requerem estabilizadores de humor é o transtorno bipolar, um distúrbio de humor caracterizado por duas variantes principais.
O transtorno bipolar I é caracterizado pela ocorrência de pelo menos um episódio maníaco ao longo da vida.
Por outro lado, o transtorno bipolar II é caracterizado pela presença de pelo menos um episódio hipomaníaco, juntamente com pelo menos um episódio depressivo maior.
As manifestações maníacas e depressivas do transtorno bipolar demandam abordagens específicas com estabilizadores de humor que sejam adequados às necessidades individuais de cada paciente.
Além do transtorno bipolar, é comum que os estabilizadores humor sejam prescritos para:
- Ciclotimia;
- Transtorno de desregulação disruptiva do humor (TDDH);
- Episódios de depressão maior;
- Tratamento adjunto em outros transtornos psiquiátricos;
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) com sintomas dissociativos;
- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) com sintomas de impulsividade ou agressividade;
- Ansiedade generalizada (TAG) com sintomas de irritabilidade severa;
- Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM).
Cabe mencionar que a carbamazepina também é considerada um tratamento para distúrbios convulsivos e neuralgia do trigêmeo.
Quais são as precauções ao tomar estabilizadores de humor?
Os pacientes e profissionais devem estar atentos ao uso de estabilizadores de humor, pois o acúmulo dessas substâncias no organismo pode levar à toxicidade e a efeitos adversos.
A eliminação do lítio, por exemplo, ocorre principalmente pelos rins.
Considerando que a função renal tende a diminuir com o avanço da idade, os pacientes com mais de 60 anos e aqueles que possuem insuficiência renal devem ter cuidado.
Além disso, o lítio deve ser usado com precaução em pacientes com insuficiência cardíaca, pois pode interferir no funcionamento do transportador de sódio-potássio, potencialmente exacerbando arritmias.
Esses medicamentos também podem causar pancreatite, síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH), hiponatremia, dor de cabeça, náusea, vômito, ganho de peso, diarreia e dor abdominal em alguns grupos.
Tanto a lamotrigina quanto a carbamazepina foram documentadas como causas para a síndrome de Stevens-Johnson.
Portanto, os pacientes devem ser instruídos a monitorar qualquer alteração na pele ou o surgimento de novas erupções cutâneas após o início do tratamento com estabilizadores de humor.
Estabilizadores de humor são seguros durante a gravidez e a amamentação?
Durante os primeiros três meses de gravidez, recomenda-se interromper o uso de lítio, e a decisão de retomar a terapia deve ser feita em conjunto com o psiquiatra da paciente, considerando se os benefícios superam os riscos.
Há algumas evidências sugerindo que o lítio pode causar malformações faciais em bebês nascidos de mães em tratamento com esse medicamento.
Ainda assim, a probabilidade de má formação congênita do lítio é menor em comparação com outros estabilizadores de humor como ácido valproico, carbamazepina e lamotrigina.
O ácido valproico deve ser evitado durante a gravidez devido ao risco de hepatotoxicidade fatal.
Estabilizadores de humor podem ser usados por longos períodos?
Em muitos casos, especialmente no transtorno bipolar, os estabilizadores de humor podem ser necessários por longos períodos.
Muitas vezes, pacientes tomam diferentes estabilizadores de humor ao longo da vida para ajudar a prevenir episódios maníacos ou depressivos.
No entanto, o uso de estabilizadores de humor a longo prazo deve ser feito em consulta com um médico, considerando cuidadosamente os benefícios e riscos do tratamento.
Dependendo da gravidade da condição, pode ser possível reduzir a dosagem ou interromper o uso do medicamento com supervisão médica adequada se o paciente estiver estável.
No entanto, isso deve ser feito com muita cautela e apenas sob orientação médica, pois a interrupção abrupta dos estabilizadores de humor é perigosa.
Estabilizadores de humor podem ser prescritos para crianças e adolescentes?
Dependendo da categoria, os estabilizadores de humor podem ser recomendados para crianças e adolescentes que necessitem deles.
Em casos de pacientes mais jovens nos quais outros métodos terapêuticos não surtem efeito ou em situações em que é preciso estabilizar o humor rapidamente, profissionais médicos tendem a optar por anticonvulsivantes.
Contudo, a prescrição de psicotrópicos para essa faixa etária é geralmente incomum e realizada com extrema prudência.
Quando ocorre, costuma ser acompanhada por uma avaliação de um psiquiatra infantil ou de um médico especializado em saúde mental da criança.
Quais são os efeitos colaterais comuns dos estabilizadores de humor?
Os estabilizadores de humor afetam diversos sistemas orgânicos, como o sistema nervoso central e o gastrointestinal, resultando em sintomas como:
- Tremores;
- Espasmos;
- Sonolência;
- Lentidão;
- Vômitos;
- Diarreia;
- Perda de apetite.
A maioria dos efeitos colaterais é gerenciada por meio do ajuste da dose do medicamento.
O perfil de toxicidade dos estabilizadores de humor também é caracterizado pela diminuição da concentração urinária, hipotireoidismo, ganho de peso e hiperparatireoidismo.
O hiperparatireoidismo é muito observado com o uso de lítio, portanto os níveis de cálcio devem ser monitorados antes e durante o tratamento.
Como já mencionado, pacientes idosos são especialmente suscetíveis à toxicidade do lítio.
Em casos de toxicidade do lítio, a diálise é frequentemente necessária.
No caso do ácido valproico, sua toxicidade é caracterizada pela depressão do sistema nervoso central e pelo potencial edema cerebral, podendo levar ao coma e à depressão respiratória.
Essas manifestações podem ser acompanhadas por pancreatite e hiperamonemia.
Existem alternativas naturais aos estabilizadores de humor?
Infelizmente, entre 30% e 40% dos pacientes tornam-se resistentes aos estabilizadores de humor.
Nesses casos, a medicina complementar e alternativa é uma abordagem frequentemente adotada, embora menos estudada, para o tratamento.
Estudos sugerem que algumas abordagens naturais, como a fototerapia para transtorno afetivo sazonal, erva de São João para depressão leve, ômega-3, ácidos graxos, ioga e exercícios podem ser eficazes.
Os suplementos dietéticos de venda livre, conhecidos como nutracêuticos, também são amplamente utilizados por pacientes resistentes aos tratamentos convencionais.
A S-adenosilmetionina é um exemplo de nutracêutico com benefícios em pacientes com depressão grave e outros transtornos de humor.
No entanto, embora alguns estudos apoiem o uso desses tratamentos alternativos, a pesquisa ainda está em andamento para entender completamente sua eficácia e interações com outros medicamentos.
Quais os alimentos ricos em lítio?
O lítio é um mineral que é encontrado naturalmente no solo e na água.
Apesar de ser conhecido como um medicamento, é possível obtê-lo de fontes naturais em menores quantidades.
No entanto, a suplementação de lítio deve ser feita sob supervisão médica, pois doses excessivas podem ser tóxicas.
Em termos de alimentos, o lítio pode ser encontrado em:
- Vegetais como espinafre, acelga e couve contêm traços de lítio, principalmente quando cultivados em solo rico em minerais;
- Algumas frutas e vegetais, como cenouras, batatas, abobrinhas, pepinos e tomates;
- Lentilhas, feijões e outras leguminosas podem conter vestígios de lítio;
- Peixes como bacalhau, arenque e enguia contêm quantidades modestas de lítio;
- Nozes, especialmente amêndoas e castanhas também contêm pequenas quantidades de lítio;
Vale lembrar que a ingestão de lítio por meio da dieta sozinha não é suficiente para tratar condições médicas que necessitam do medicamento.
O tratamento com lítio para essas condições requer dosagens precisas e monitoramento médico adequado.
Sempre consulte um profissional de saúde antes de fazer alterações na sua ingestão de lítio, seja por meio da dieta ou de suplementos.
A Cannabis medicinal pode ser uma opção para regulação de humor?
Estudos clínicos recentes revelaram propriedades anticonvulsivantes, antipsicóticas e ansiolíticas proveniente dos compostos da Cannabis, além de efeitos semelhantes aos antidepressivos.
Ao agir no sistema endocanabinoide, a Cannabis apresenta um perfil farmacológico distinto, mostrando resultados promissores em transtornos neuropsiquiátricos.
O sistema endocanabinoide é um sistema composto pelos receptores CB1 e CB2, juntamente com seus ligantes endógenos.
Enquanto os receptores CB1 são predominantemente encontrados no córtex, gânglios da base, hipocampo e cerebelo, os receptores CB2 são encontrados no sistema imunológico e periférico.
Este sistema atua como um neuromodulador, influenciando funções biológicas, incluindo humor, ansiedade, apetite, sono, processamento de memória, sensação de dor e funções imunológicas.
Evidências sugerem que a esquizofrenia está associada a alterações no sistema endocanabinoide, o que pode explicar os resultados positivos observados com o canabidiol em ensaios clínicos envolvendo pacientes com essa condição.
Além disso, devido à presença de receptores e ligantes em neurônios, o sistema endocanabinoide desperta interesse especial no contexto dos transtornos de humor.
Pesquisas pré-clínicas indicaram que o efeito antidepressivo semelhante ao do canabidiol é mediado pela ativação indireta dos receptores CB1.
Ele também pode promover a ativação dos receptores 5-HT1A e o aumento dos níveis de serotonina no sistema nervoso central, sem afetar os níveis noradrenérgicos.
Paralelamente, o canabidiol aumenta os níveis de anandamida no corpo, um endocanabinoide responsável pelas sensações de felicidade e prazer.
Outro aspecto importante a ser considerado são os efeitos neuroprotetores do canabidiol.
Esses efeitos são especialmente relevantes para o transtorno bipolar, ajudando a retardar ou mesmo deter a neuroprogressão que ocorre ao longo do tempo nessa condição.
Quais os benefícios comprovados da Cannabis?
Um estudo realizado em roedores machos investigou se o CBD poderia provocar efeitos antidepressivos similares aos medicamentos convencionais de forma sustentada após uma única administração.
O estudo, intitulado “Cannabidiol Induces Rapid and Sustained Antidepressant-Like Effects Through Increased BDNF Signaling and Synaptogenesis in the Prefrontal Cortex” também verificou se tais efeitos estariam associados a mudanças nas proteínas/função sinápticas.
Os resultados indicaram que uma dose única de CBD induziu um efeito antidepressivo em camundongos submetidos ao teste de natação forçada.
Tais efeitos foram obtidos tanto em 30 minutos (efeito agudo) quanto 7 dias (efeito sustentado) após o tratamento.
Os efeitos antidepressivos agudos (30 minutos) foram correlacionados com um aumento na expressão de sinaptofisina e PSD95 no córtex pré-frontal medial.
A sinaptofisina e a PSD95 são proteínas associadas à formação e função das sinapses, as conexões entre os neurônios.
O aumento da expressão dessas proteínas sugere uma melhora na plasticidade sináptica, o que resulta na melhora do humor e dos sintomas depressivos.
Além disso, o CBD aumentou a densidade da espinha dendrítica no mPFC após 30 minutos, mas não após 7 dias.
As espinhas dendríticas são estruturas nas quais as sinapses ocorrem.
Um aumento na densidade das espinhas dendríticas causa uma maior conectividade sináptica e plasticidade neuronal, levando a efeitos antidepressivos agudos.
Esses resultados sugerem que o CBD induz um efeito antidepressivo rápido e sustentado, apoiando seu potencial terapêutico como um novo estabilizador de humor de ação rápida.
A Cannabis pode ser usada em conjunto com outras terapias?
Sim, a Cannabis, especialmente o canabidiol (CBD), pode ser utilizada em conjunto com outros estabilizadores de humor.
O canabidiol possui um mecanismo de ação que ocorre por vias diferentes dos estabilizadores de humor tradicionais, como os medicamentos antipsicóticos.
Enquanto os estabilizadores de humor tradicionais atuam principalmente sobre neurotransmissores de dopamina e noradrenalina, o canabidiol age de maneira diferente.
O CBD tem afinidade pelo receptor 5-HT1A, que é um subtipo de receptor de serotonina.
A ativação deste receptor contribui para a regulação do humor, pois a serotonina é importante para a sensação de bem-estar.
Do mesmo modo, este composto é capaz de interagir com os receptores adenosínicos A1 e A2A.
Ambos estão envolvidos na melhoria do sono, ansiedade e inflamação, o que pode ter um impacto positivo no humor.
Receptores de glutamato também são alvos do canabidiol, especialmente os receptores NMDA e AMPA.
A regulação do glutamato, um neurotransmissor excitatório, influencia na plasticidade sináptica e na resposta ao estresse, afetando o humor.
Cabe também mencionar seu papel modulador dos receptores GABA, resultando em efeitos ansiolíticos e anticonvulsivantes.
No caso de estabilizadores de humor que possuem o mesmo mecanismo de ação que o canabidiol, como os anticonvulsivantes, o composto não interfere na eficácia.
Pelo contrário, pode até ajudar a potencializar seus efeitos e diminuir a incidência de efeitos colaterais adversos.
No entanto, nunca é demais lembrar que a utilização da Cannabis em conjunto com outras terapias deve ser supervisionada por um profissional de saúde qualificado.
Cada indivíduo responde de maneira diferente aos tratamentos, e a combinação de diferentes terapias pode requerer ajustes específicos para atender às necessidades de cada um.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Nos últimos anos, temos observado um aumento na demanda por tratamentos à base de Cannabis medicinal.
Este aumento é atribuído ao crescente corpo de pesquisas que respaldam os benefícios terapêuticos da planta e à busca por alternativas eficazes para uma variedade de condições médicas.
No entanto, apesar desse interesse maior, ainda há uma lacuna na disponibilidade de médicos dispostos e capazes de prescrever Cannabis medicinal.
A escassez de médicos que prescrevem Cannabis medicinal é resultado de barreiras burocráticas existentes no Brasil e o estigma associado ao uso da Cannabis.
Assim, muitos pacientes enfrentam dificuldades para encontrar médicos que estejam dispostos a considerar a Cannabis como parte de seu plano de tratamento.
Para abordar essa lacuna e facilitar o acesso dos pacientes ao tratamento com Cannabis medicinal, o portal Cannabis & Saúde desenvolveu uma plataforma de agendamento inovadora.
Esta plataforma conecta pacientes interessados com médicos prescritores qualificados, permitindo que aqueles que buscam tratamento possam encontrar profissionais dispostos a considerar a Cannabis como uma opção terapêutica viável.
Durante a consulta, os médicos podem avaliar as necessidades do paciente, discutir os benefícios e riscos do tratamento, e, se apropriado, fornecer uma prescrição.
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Conclusão
Com base nas evidências apresentadas até o momento, os pesquisadores endossam a inclusão do canabidiol como parte integrante de um plano terapêutico para distúrbios de humor.
O canabidiol oferece uma abordagem inovadora para esses distúrbios devido ao seu mecanismo de ação único, em contraste com os medicamentos convencionais, que geralmente visam as vias monoaminérgicas.
Para os pacientes que não respondem ao tratamento convencional com estabilizadores de humor, estimados em cerca de um terço dos casos, o canabidiol representa uma nova esperança.
Devido às suas propriedades, este composto pode ser considerado tanto como uma monoterapia quanto como um complemento para aumentar a eficácia dos estabilizadores de humor existentes.
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