A espasticidade muscular é um distúrbio com potencial para impactar significativamente a vida dos pacientes afetados por esta condição.
Manifesta-se através de diversos graus de rigidez no tônus muscular, variando em uma escala de 0 a 4.
Este fenômeno pode ser descrito como um aumento anormal na tonicidade muscular, podendo resultar em rigidez e episódios de espasmos.
Este problema impacta de maneira significativa a qualidade de vida de seus portadores, afetando aproximadamente 12 milhões de indivíduos em todo o mundo.
Ademais, está frequentemente associada a condições neurológicas ou a lesões nervosas que interrompem a comunicação entre o cérebro e os músculos.
Os espasmos musculares, por sua vez, referem-se a contrações involuntárias dos músculos, geralmente acompanhadas de considerável dor.
Quando não tratada, a espasticidade muscular acarreta em dor crônica, deformidades articulares e até mesmo em perda da capacidade funcional.
Entretanto, o controle dos sintomas e o alívio do desconforto podem ser alcançados por meio de intervenções farmacológicas e/ou fisioterapêuticas.
Então, para saber mais, prossiga com a leitura deste artigo, onde aprenderemos sobre os demais aspectos pertinentes ao tema.
A seguir, vamos abordar:
- O que é a espasticidade?
- Quais são as causas da espasticidade muscular?
- Espasticidade muscular é grave?
- Quais são os fatores de risco da espasticidade?
- Espasticidade infantil
- Como identificar a espasticidade muscular?
- Quanto tempo dura a espasticidade?
- Como funciona o tratamento da espasticidade muscular?
- Cannabis medicinal auxilia no tratamento de espasticidade?
- É possível prevenir a espasticidade?
- Recomendações gerais para quem possui espasticidade
- Perguntas frequentes sobre espasticidade
O que é a espasticidade?
A espasticidade, frequentemente referida como rigidez ou hipertonia, constitui um distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular ou estiramentos associados ao músculo.
A sua apresentação clínica é variável, podendo manifestar-se de forma sutil em alguns casos, enquanto em outros, a espasticidade resulta na imobilização das articulações.
A espasticidade é um sintoma que pode emergir em diversas condições neurológicas, tais como esclerose múltipla, acidente vascular cerebral (AVC) ou lesão medular.
Também está correlacionada com alterações nas vias nervosas responsáveis pela inervação muscular (nervos periféricos), sendo desencadeada por lesões ou doenças nessas regiões.
Conforme sugere o termo, a espasticidade desencadeia espasmos musculares, isto é, contrações involuntárias dos músculos.
Ademais, está associada ao aumento do tônus muscular, indicando uma propensão dos músculos para permanecerem contraídos de forma prolongada.
Embora a espasticidade possa afetar qualquer grupo muscular do corpo, é mais prevalente nos membros inferiores, especialmente nas pernas.
Qual a incidência da espasticidade?
A espasticidade afeta milhões de indivíduos em todo o mundo, e sua incidência está estreitamente ligada às doenças subjacentes.
No Brasil, não há dados oficiais disponíveis sobre quantas pessoas sofrem espasticidade, até porque este pode ser um sintoma decorrente de causas simples ou não.
A espasticidade é comumente observada em casos de acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico, lesão medular e paralisia cerebral.
Os índices de incidência da espasticidade relacionada a doenças variam de acordo com a condição subjacente, sendo:
- Acidente Vascular Cerebral: 40 a 600 pessoas por 100.000 habitantes;
- Esclerose Múltipla: 2 a 350 por 100.000 habitantes;
- Paralisia Cerebral: 240 a 360 por 100.000 habitantes;
- Traumatismo Craniano: 100 a 235 por 100.000 habitantes;
- Lesão Medular: 22 a 90 por 100.000 habitantes.
No Brasil, dados epidemiológicos sobre as condições associadas à espasticidade e sua prevalência são limitados.
Entretanto, entre 2017 e 2020, uma média de 15.469 pacientes recebeu tratamento para espasticidade com toxina botulínica tipo A (TBA) por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme relatórios da Sala Aberta de Inteligência em Saúde (SABEIS).
Qual a diferença da espasticidade e a rigidez muscular?
Tanto a espasticidade muscular quanto a rigidez muscular são condições que causam restrição no movimento do músculo.
No entanto, elas possuem causas e características diferentes.
A rigidez muscular, por exemplo, é um aumento do tônus muscular cujo a causa está associada a esforço físico, lesões ou doenças neurológicas.
A espasticidade, por sua vez, é um tipo de rigidez muscular causada por uma lesão nas vias nervosas ou pelo espalhamento de uma doença para as áreas próximas.
Além da causa, os tratamentos para ambas condições também são diferentes.
Quais são as causas da espasticidade muscular?
Essa condição pode impactar diversos aspectos da vida do indivíduo afetado, sendo mais prevalente em pessoas que sofreram algum tipo de lesão na região do cérebro responsável pelo controle dos músculos.
Outra causa comum de espasticidade muscular está relacionada a alterações nas vias nervosas que inervam os músculos, especificamente nos nervos periféricos.
O movimento voluntário envolve uma complexa rede de comunicações entre os músculos e o cérebro, com sinais transmitidos através dos nervos e da medula espinhal.
Condições congênitas ou fatores que impactam uma área específica do cérebro, da medula espinhal ou dos nervos podem perturbar o fluxo de sinais de e para os músculos, causando a espasticidade.
É frequente a ocorrência de espasmos musculares em indivíduos com lesões na medula espinhal, como resultado de acidentes automobilísticos, por exemplo.
Nesse sentido, os espasmos musculares tendem a surgir durante o período de hospitalização do paciente, enquanto está sob cuidados médicos, mas podem diminuir ao longo do tempo.
Quais doenças causam espasticidade?
Lesões nos nervos, frequentemente decorrentes de acidentes ou doenças correlatas, podem levar ao desenvolvimento de espasmos musculares.
Entre as condições que ocasionar em tais lesões e tem a espasticidade como sintoma, estão:
- Paralisia cerebral
A espasticidade é uma consequência direta da paralisia cerebral que ocorre durante o desenvolvimento fetal, no momento do parto ou nos primeiros anos de vida.
Esta condição compromete o controle motor e se caracteriza pela rigidez e contrações musculares involuntárias.
Na paralisia cerebral, a espasticidade deriva da lesão de áreas específicas do cérebro responsáveis pelo controle do movimento e da postura.
Essas lesões interferem na comunicação entre o cérebro e os músculos, resultando em um desequilíbrio na atividade muscular.
A falta de inibição neural adequada pode ocasionar contrações musculares contínuas e involuntárias, culminando na espasticidade.
A gravidade da espasticidade na paralisia cerebral varia de leve a grave e afeta distintas partes do corpo, tais como membros superiores e inferiores, tronco e músculos faciais.
Os músculos afetados pela espasticidade tornam-se rígidos e contraídos, dificultando o movimento suave e preciso.
- Esclerose Múltipla (EM)
Na esclerose múltipla (EM), a espasticidade é uma complicação frequente e incapacitante originada da desmielinização e danos aos nervos no sistema nervoso central.
A desmielinização interfere na transmissão de sinais nervosos, ocasionando disfunções neurológicas, incluindo a espasticidade.
A espasticidade da esclerose múltipla é resultado direto da inflamação e degeneração dos nervos responsáveis pelo controle do movimento voluntário.
A perda de mielina ao redor dos axônios nervosos compromete a condução dos impulsos nervosos, resultando em uma hiperexcitabilidade neuronal e na perda de controle muscular adequado.
Assim, culmina em espasmos musculares involuntários e aumento do tônus muscular.
- AVC (acidente vascular cerebral)
No caso de um AVC (acidente vascular cerebral), a espasticidade decorrente da lesão cerebral aguda é originada pela interrupção do fluxo sanguíneo para uma região específica do cérebro.
O dano cerebral subsequente interfere na comunicação entre o cérebro e os músculos, ocasionando uma desregulação no controle motor e a manifestação de espasticidade.
Durante um AVC, a privação de oxigênio e nutrientes nas células cerebrais leva à morte celular em áreas específicas do cérebro.
Portanto, é comum que haja danos aos centros motores, ocasionando alterações no tônus muscular e na função motora.
A espasticidade pós-AVC frequentemente afeta o lado do corpo oposto à lesão cerebral.
- Traumatismo cranioencefálico ou medular
A espasticidade como sintoma de um traumatismo cranioencefálico ou medular é a consequência da interrupção da comunicação entre o sistema nervoso central e os músculos.
O traumatismo em questão ocasiona danos diretos aos neurônios motores ou interfere nas vias neurais responsáveis pelo controle motor, resultando na emergência da espasticidade.
Após o evento traumático, instaura-se uma resposta inflamatória e processo de cicatrização na área afetada, impactando as vias neurais reguladoras do tônus muscular e da funcionalidade motora.
Esse processo pode desencadear um aumento do tônus muscular, espasmos e comprometimento da mobilidade.
A severidade e a localização da espasticidade no traumatismo cranioencefálico ou medular variam dependendo da extensão e localização específica da lesão.
Espasticidade muscular é grave?
A espasticidade muscular, apesar de não necessariamente fatal, pode acarretar sérios prejuízos à qualidade de vida do paciente.
Assim, estratégias terapêuticas como o uso de medicamentos e/ou intervenções fisioterapêuticas ajudam na gestão dessa condição, promovendo o alívio dos sintomas.
É preciso salientar, entretanto, que a negligência no tratamento dos espasmos resulta em desconfortos significativos, abrangendo desde dor intensa até deformidades articulares e limitações funcionais substanciais.
A espasticidade muscular compromete diversas capacidades essenciais do indivíduo.
Estas incluem, por exemplo, a locomoção, a fala, a habilidades de manipulação e a interação social, além de restringir movimentos mesmo em contextos de repouso.
Ademais, os espasmos musculares, para além do desconforto físico, ocasionam considerável dor, uma vez que os músculos são submetidos a movimentos não previstos, provocando tensões.
Dados de uma pesquisa internacional dedicada a compreender o impacto da espasticidade muscular na vida dos pacientes constatou-se que 71% dos indivíduos estudados sofrem redução na qualidade de vida.
Além do mais, cerca de 44% dos entrevistados relataram uma diminuição na independência funcional como resultado direto dessa condição.
Cabe ainda notar que uma parcela considerável, aproximadamente 45%, manifestou insatisfação nos resultados do tratamento, evidenciando a necessidade de melhorias no suporte aos pacientes afetados.
Quais são os fatores de risco da espasticidade?
A espasticidade muscular afeta principalmente quem sofre com algum tipo de dano à parte do cérebro responsável por controlar o movimento dos músculos, como a contração e o relaxamento.
O sistema nervoso é o responsável por essa tarefa, além de funções como a respiração, a digestão de alimentos, os batimentos cardíacos e por todas as ações voluntárias do organismo.
Por isso, algumas condições neurodegenerativas que afetam o sistema nervoso são as principais responsáveis pelo desenvolvimento dessa condição.
Os principais fatores de risco para a espasticidade são:
- Questões neurológicas, como esclerose múltipla, acidente vascular cerebral (AVC) ou lesão medular;
- Alterações nas vias nervosas que inervam os músculos (nervos periféricos);
- Lesões nos nervos ou no cérebro.
Espasticidade infantil
A espasticidade infantil, caracterizada pelo aumento do tônus muscular em bebês e crianças, deriva de causas às vezes correlatas às lesões neurológicas da medula espinhal ou cérebro.
Também está associada com distúrbios neurológicos ou disfunções nas vias nervosas, tal como observado em casos de espasticidade muscular em adultos.
O surgimento da espasticidade na infância é identificado nos primeiros meses de vida e pode afetar qualquer grupo muscular, embora seja mais observada nas pernas, joelhos e tornozelos.
O neuropediatra é o profissional especializado encarregado do diagnóstico dessa condição em crianças.
Os três subtipos mais prevalentes de paralisia cerebral espástica em crianças incluem:
- A hemiplegia, caracterizada pelo envolvimento de um lado do corpo, frequentemente afetando tanto as extremidades superiores quanto inferiores do lado acometido;
- A diplegia, em que as extremidades inferiores são mais afetadas do que as superiores;
- Quadriplegia, que implica um comprometimento semelhante em todas as quatro extremidades.
A espasticidade, ao inibir o movimento e a função muscular normais, resulta em atrasos ou deficiências no desenvolvimento motor.
Adicionalmente, algumas crianças afetadas por espasticidade apresentam desafios relacionados à postura e ao posicionamento adequado.
Com o passar do tempo, a espasticidade leva ao surgimento de contraturas, deformidades articulares, escoliose e outras deficiências secundárias.
Paralisia cerebral espástica
A paralisia cerebral representa uma condição de grande risco para o desenvolvimento de espasticidade em crianças, incluindo diminuição do volume, da espessura muscular e encurtamento muscular.
A paralisia cerebral espástica, especificamente, é uma forma de espasticidade que se manifesta em crianças portadoras de paralisia cerebral.
É uma enfermidade neurológica que se caracteriza por espasmos musculares, disfunções na coordenação motora e ataxia, resultando na perda de controle dos movimentos.
A espasticidade cerebral, por sua vez, pode acarretar dores, deformidades articulares e eventualmente culminar em incapacidade funcional do paciente.
Os tratamentos convencionais consistem em combinações de terapia medicamentosa e fisioterapia, reservando-se a intervenção cirúrgica para casos excepcionais.
Como identificar a espasticidade muscular?
Um indivíduo afetado pela espasticidade muscular pode encontrar dificuldades em executar atividades cotidianas, tais como locomoção, mobilidade e mesmo sustentação ereta.
Consequentemente, essa condição exibe sintomas perceptíveis pelo próprio paciente, demandando encaminhamento a um profissional para confirmação diagnóstica e delineamento terapêutico adequado.
A espasticidade muscular causa rigidez e incapacidade de controlar os músculos na região afetada, constituindo, portanto, uma condição frequentemente associada a manifestações dolorosas, cuja intensidade varia de acordo com a severidade do quadro.
Os sintomas primordiais da espasticidade muscular compreendem:
- Espasmos musculares;
- Aumento do tônus muscular;
- Contrações involuntárias dos músculos;
- Sensações dolorosas;
- Deformidades articulares;
- Comprometimento funcional.
Ademais, a espasticidade geralmente incide nos membros inferiores, particularmente nas pernas.
Contudo, sua ocorrência não se restringe a essa região, podendo manifestar-se em qualquer grupo muscular do corpo.
Qual médico trata a espasticidade?
A gestão da espasticidade requer abordagem multidisciplinar que envolve médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
Contudo, a condução terapêutica da espasticidade deve ser direcionada conforme a etiologia subjacente da condição.
Nesse sentido, é imperativo que o paciente busque avaliação médica para estabelecimento do diagnóstico e implementação do tratamento apropriado.
O neurologista é o principal profissional encarregado do diagnóstico e investigação das doenças subjacentes que dão origem aos sintomas da espasticidade.
Este especialista detém expertise no cuidado, diagnóstico e tratamento das enfermidades que acometem o sistema nervoso e levam ao aparecimento da espasticidade.
Entretanto, o neurologista não é o único responsável pelo manejo dessa patologia.
O fisiatra, por exemplo, auxilia no tratamento das enfermidades que resultam em incapacidades físicas ou limitações funcionais nos pacientes.
Além dos médicos neurologistas e fisiatras, a condução terapêutica pode requerer a colaboração de fonoaudiólogos, fisioterapeutas, ortopedistas, psiquiatras e psicólogos.
Quanto tempo dura a espasticidade?
A espasticidade é uma condição que apresenta variações em termos de duração, a qual está intrinsecamente vinculada à natureza de sua origem e à eficácia dos métodos terapêuticos adotados.
Em determinadas circunstâncias, é possível observar uma forma transitória de espasticidade, a qual tende a resolver-se automaticamente ao longo do tempo, especialmente quando decorrente de causas leves.
Contudo, há situações em que a espasticidade assume um caráter crônico, prolongando-se por longos períodos e exercendo um impacto notável sobre a qualidade de vida do indivíduo afetado.
A duração deste fenômeno também é suscetível à influência da condição subjacente, a aderência aos protocolos terapêuticos estabelecidos e a busca por intervenções complementares.
Também é preciso considerar que a resposta terapêutica varia de maneira substancial entre os pacientes, assim, não é possível determinar com precisão qual é o tempo necessário para o alívio sintomático.
Como funciona o tratamento da espasticidade muscular?
Diversos métodos terapêuticos estão disponíveis para abordar a questão da espasticidade.
O manejo desta condição pode ser realizado por meio de estratégias que englobam o uso de agentes medicamentosos, intervenções fisioterapêuticas e, em casos específicos, intervenções cirúrgicas.
Cabe ainda ressaltar que o tratamento da espasticidade deve ser minuciosamente adaptado à etiologia subjacente da afecção.
Portanto, o paciente deve buscar a avaliação de um profissional médico habilitado, a fim de obter um diagnóstico preciso e elucidar os elementos que causam os sintomas manifestados.
A abordagem terapêutica a ser adotada depende da gravidade da espasticidade e seu impacto na qualidade de vida do indivíduo afetado.
Adicionalmente, a investigação acerca da presença de comorbidades associadas aos sintomas também é importante na formulação do plano de tratamento.
Em muitos casos, considera-se a combinação de diferentes modalidades terapêuticas, como a associação de sessões de fisioterapia com a administração de fármacos por via oral.
Para casos mais graves, a intervenção cirúrgica pode ser indicada como parte integrante do plano terapêutico.
Somente o médico, mediante uma avaliação do quadro clínico e considerando os benefícios e riscos de cada intervenção, está apto a criar um plano terapêutico, alinhado às necessidades do paciente.
Uso de medicamentos
A administração de agentes medicamentosos constitui o tratamento padrão para a espasticidade muscular, sendo diversos os fármacos empregados com essa finalidade.
Essa modalidade terapêutica é altamente eficaz no contexto de pacientes que apresentam espasticidade muscular generalizada.
Dentre os mais comumente prescritos destacam-se a toxina botulínica, o diazepam e o baclofeno.
O baclofeno é uma das principais opções terapêuticas para a gestão da condição em adultos.
Este fármaco atua como um relaxante muscular, exercendo efeitos benéficos na melhoria da capacidade de movimento e na redução da rigidez excessiva.
A aplicação da toxina botulínica, comumente referida pelo termo popular “botox”, é igualmente eficaz na atenuação dos sintomas da espasticidade muscular.
Vale ressaltar como ponto positivo desse tratamento a minimização dos efeitos adversos, como fraqueza muscular e sedação, frequentemente associados aos relaxantes musculares orais.
Ademais, cabe mencionar que o uso de agentes medicamentosos pode ser complementado por sessões de fisioterapia e/ou intervenções cirúrgicas, melhorando as opções terapêuticas.
Fisioterapia
A espasticidade muscular é uma condição que não tem cura.
No entanto, existem terapias eficientes para rigidez muscular e na manutenção da amplitude das articulações, para que a condição não progrida com rapidez.
A fisioterapia é um tratamento que visa aliviar os sintomas da espasticidade muscular, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e prevenir complicações.
O neurologista é o médico responsável por orientar, em primeiro lugar, o paciente acerca das opções de tratamento adequadas, assim como as áreas do cérebro afetadas pela condição.
A partir da orientação do neurologista é possível iniciar o plano terapêutico formulado por um fisioterapeuta, que irá adaptar o plano conforme as necessidades do paciente.
A fisioterapia para espasticidade pode ser feita por meio de:
- Exercícios de alongamento;
- Massagem;
- Acupuntura.
Além do mais, a fisioterapia também pode ser associada à cirurgia para o tratamento da espasticidade muscular.
Cirurgia
O tratamento inicial para a espasticidade muscular consiste primordialmente em intervenções fisioterapêuticas, uso de medicamentos e métodos menos invasivos.
A intervenção cirúrgica para tratar a espasticidade muscular é recomendada quando os tratamentos convencionais se mostram ineficazes no controle da condição.
A abordagem cirúrgica para a espasticidade geralmente concentra-se nos membros inferiores, particularmente nas extremidades inferiores.
Contudo, ela pode ser aplicada em qualquer região muscular do corpo.
Quando a equipe médica determina a necessidade cirúrgica, duas modalidades de procedimento são consideradas: a ortopédica e a neurológica.
A cirurgia ortopédica pode abranger intervenções nos tendões, ossos e na anatomia muscular, visando restabelecer a mobilidade, flexibilidade e aprimorar o estado clínico do paciente.
Por outro lado, a abordagem cirúrgica neurológica envolve a correção ou a excisão de nervos lesados localizados na medula espinhal.
Tal intervenção visa melhorar a funcionalidade das extremidades inferiores e, potencialmente, capacitar o paciente a caminhar de maneira independente.
Assim, é possível melhorar a amplitude de movimento e promover a independência para os indivíduos afetados por essa condição, elemento imprescindível para promover uma qualidade de vida superior.
Cannabis medicinal auxilia no tratamento de espasticidade muscular?
O sistema endocanabinoide está fortemente envolvido na regulação da neurotransmissão sináptica.
Este sistema exerce controle sobre manifestações clínicas como espasticidade e tremor que surgem de condições como a esclerose múltipla (EM).
Especificamente, evidenciou-se que esse sistema tem um efeito neuromodulador na liberação e ação de neurotransmissores responsáveis pela proteção dos danos nervosos.
Alguns desses neurotransmissores, como a dopamina, o ácido γ-aminobutírico e o glutamato, foram implicados na patogênese da doença inflamatória da mielina do sistema nervoso central (SNC), uma condição que causa espasticidade.
Assim, fármacos que atingem o sistema endocanabinoide, como aqueles à base de Cannabis, são extremamente úteis no controle e prevenção da espasticidade associada a condições patológicas.
Dados recentes também demonstram que durante a inflamação do SNC, o sistema endocanabinoide é altamente ativado e que a anandamida (AEA) protege os neurônios do dano inflamatório, impedindo a ocorrência de espasticidade.
A administração do principal canabinoide da Cannabis, o THC, um agonista potente dos receptores CB1, demonstrou rápida diminuição na frequência dos tremores e da espasticidade em pacientes afetados por esta condição.
Medicamentos à base de canabinoides foram relatados como tendo um potencial muito baixo para dependência e podem ser considerados como opções terapêuticas no tratamento da espasticidade.
Tanto é que a FDA dos Estados Unidos deu aprovação para o uso do Sativex, um medicamento à base de Cannabis, para o tratamento da esclerose múltipla.
O tratamento com Sativex melhora a função motora, reduzindo o tônus muscular elevado, sintomas comuns da espasticidade.
Estudos que apontam benefícios da Cannabis para espasticidade
O primeiro estudo em larga escala concebido para investigar os benefícios dos canabinoides na espasticidade foi o “Cannabinoids in multiple sclerosis (CAMS) study: safety and efficacy data for 12 months follow up”.
Este estudo envolveu um ensaio randomizado, controlado por placebo, com a participação de 630 pacientes diagnosticados com espasticidade muscular.
Estes pacientes foram tratados com extrato oral de Cannabis, Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) ou placebo ao longo de 15 semanas.
O desfecho primário avaliado foi a espasticidade muscular, utilizando a escala Ashworth, porém, outros sintomas, níveis de incapacidade e aspectos relacionados à segurança também foram monitorados.
Os resultados indicaram evidências de efeito terapêutico do tratamento na redução da espasticidade e da dor relatada pelos pacientes.
Uma proporção significativa de participantes relatou melhora na espasticidade após o tratamento com extrato de Cannabis (61%), Δ9-THC (60%) e placebo (46%).
Outro estudo conduzido pela Universidade da Carolina do Sul revelou que o THC possui a capacidade de reduzir a resposta imunológica, semelhante à observada em casos de lesões musculares.
Adicionalmente, o THC estimula o sistema endocanabinoide (SEC), a rede de receptores celulares do corpo humano que modula a sensação de dor decorrente da inflamação causada por espasmos musculares.
O estudo também cita que tanto os canabinoides exógenos quanto os endógenos, agindo através dos receptores canabinoides, proporcionam alívio da espasticidade e dos tremores.
Essas evidências demonstram que a Cannabis e seus constituintes podem ser eficazes na redução de sintomas associados à lesões na medula espinhal, incluindo espasticidade e dor.
Como é feito o tratamento auxiliar por meio da Cannabis medicinal?
O tratamento com Cannabis medicinal é feito estritamente com acompanhamento profissional.
O profissional médico procederá à avaliação da condição do paciente e revisão de seu histórico médico a fim de estabelecer a abordagem terapêutica mais apropriada.
Com base na consulta médica, uma cepa específica de Cannabis, caracterizada por diferentes proporções de THC e CBD, pode ser recomendada.
Se tratando do tratamento para espasticidade, as cepas mais ricas em THC são comumente indicadas.
A dosagem é estabelecida individualmente, levando em conta a condição do paciente e sua resposta ao tratamento.
Diversas modalidades de utilização de Cannabis medicinal estão disponíveis, sendo a escolha influenciada pelas preferências do paciente e a disponibilidade dos produtos.
Os óleos e extratos são mais comuns devido à sua facilidade de dosagem e administração, podendo ser ingeridos oralmente, incorporados a alimentos ou aplicados sublingualmente para absorção.
Cápsulas e comprimidos também são uma alternativa conveniente para aqueles que preferem uma abordagem de dosagem mais tradicional.
Para casos de dor local, bálsamos, cremes e loções contendo Cannabis podem ser aplicados topicamente para aliviar os desconfortos musculares e inflamações.
O paciente é acompanhado regularmente por um médico do início ao fim do processo, a fim de monitorar a eficácia do tratamento, ajustar a dosagem conforme necessário e gerenciar eventuais efeitos colaterais.
Como iniciar um tratamento com Cannabis medicinal?
Hoje em dia, buscar o tratamento à base de Cannabis medicinal é muito mais fácil do que já foi alguns anos atrás.
Anteriormente, era necessário entrar na justiça com um laudo médico pedindo uma autorização da Anvisa para importar e utilizar as substâncias canábicas.
Dessa forma, muitas pessoas acabavam desistindo do tratamento ou recorrendo a outras alternativas por conta das barreiras burocráticas.
No entanto, as regras da Anvisa se flexibilizaram bastante de 5 anos para cá, possibilitando obter tratamento à base de Cannabis.
Atualmente, é necessário obter uma prescrição médica por meio de um profissional legalmente habilitado.
A depender do caso, esse profissional nem sempre é o médico, mas pode ser um cirurgião-dentista também.
De todo modo, basta uma receita médica – assim como é o caso de outros remédios, para iniciar seu tratamento.
Porém, nem todos os profissionais se consideram preparados ou com conhecimento suficiente para receitar esse tipo de tratamento.
De acordo com pesquisas, menos de 1% dos profissionais de saúde brasileiros já receitaram qualquer tipo de tratamento canabinoide.
Por isso, é importante buscar alguém que já tenha experiência com esse tipo de tratamento.
Na plataforma Cannabis & Saúde você pode obter uma consulta com médicos com experiência no tratamento com Cannabis.
É possível fazer a sua pesquisa de acordo com a especialidade procurada ou a cidade de atendimento do médico.
Muitos deles, inclusive, atendem por meio da telemedicina, trazendo ainda mais comodidade.
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É possível prevenir a espasticidade?
A prevenção da espasticidade depende da causa da doença.
Por isso, é difícil prevenir todas as causas da espasticidade, uma vez que se trata de um sintoma.
Existem gatilhos que pioram o problema e fazem a condição progredir mais rapidamente.
Esses gatilhos podem ser evitados por todos, não apenas para os que sofrem ativamente de espasticidade muscular.
Por isso, evite:
- Ficar longos períodos de tempo na mesma posição: ao fazer isso, você coloca muita pressão em uma área específica, o que dificulta a circulação sanguínea e pode ocasionar a espasticidade.
- Fique atento às infecções do trato urinário: essas são uma das maiores causadoras da espasticidade muscular e podem ser um grande gatilho para o desenvolvimento da condição.
- Cuidado com o excesso de fadiga e estresse: estar mal psicologicamente ou extremamente cansado são dois facilitadores da espasticidade muscular, em especial se você tiver com algum problema de privação de sono.
- Atente-se à temperatura de seu corpo: temperaturas altas ou baixas demais também podem ocasionar a espasticidade muscular.
No entanto, para além dos gatilhos a serem evitados, algumas medidas podem auxiliar na prevenção da espasticidade, como:
- Fazer alongamentos diariamente;
- Fazer exercícios físicos regularmente;
- Manter uma boa alimentação.
É preciso ainda que o paciente consulte um médico assim que os primeiros sintomas da espasticidade aparecerem.
O diagnóstico e tratamento precoce da espasticidade evitam complicações e podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Recomendações gerais para quem possui espasticidade
Além dos tópicos citados anteriormente, existem algumas recomendações que ajudam a melhorar a qualidade de vida e preservar a saúde de quem tem espasticidade muscular.
Algumas dessas recomendações são:
- Fazer exercícios físicos regularmente;
- Consultar um médico assim que os primeiros sintomas aparecerem;
- Não fumar;
- Beber água em abundância.
Por fim, realizar o monitoramento médico adequado é muito importante para evitar que a doença progrida e possa chegar a um nível mais debilitante.
Perguntas frequentes sobre espasticidade
Para entender mais sobre a espasticidade, confira abaixo as perguntas mais frequentes e suas respectivas respostas:
1. O que leva à perda do tônus muscular?
A diminuição do tônus muscular tem etiologia em uma diversidade de elementos, sejam eles endógenos ou exógenos.
Entre as causas mais prevalentes, está a inatividade física crônica.
Quando os músculos não recebem estímulos adequados por meio de exercícios regulares, levam à perda progressiva de força e tonicidade muscular.
Ademais, o processo de envelhecimento figura como outro fator preponderante na diminuição do tônus muscular.
Conforme o indivíduo avança em idade, observa-se uma redução na massa muscular concomitante ao aumento da adiposidade corporal, culminando na diminuição do tônus muscular.
Condições médicas como lesões na medula espinhal, enfermidades neurológicas, a exemplo da esclerose múltipla, ou disfunções endócrinas, como o hipotireoidismo, também ocasionam a perda de tônus muscular.
Há, ainda, a influência de hábitos alimentares inadequados, a desidratação e o uso exacerbado de fármacos, os quais também podem contribuir para a fraqueza muscular e a diminuição do tônus.
2. Quando a fraqueza muscular é preocupante?
A fraqueza muscular pode manifestar-se como um sintoma de diversas condições subjacentes, algumas das quais revestem-se de gravidade e demandam intervenção médica imediata.
Caso a fraqueza muscular se apresente de forma súbita, severa e afete uma extensão significativa do corpo, pode ser um sinal de alerta para um quadro neurológico agudo, como um AVC ou uma lesão medular.
Ademais, se a fraqueza muscular vier acompanhada de outros sintomas, como dispneia, dor torácica, incontinência urinária ou fecal, torna-se imprescindível buscar assistência médica imediata.
De maneira geral, qualquer fraqueza muscular persistente e inexplicável, que interfira nas atividades cotidianas, requer uma avaliação minuciosa por parte de um profissional da área da saúde.
3. Qual exame detecta fraqueza muscular?
Um exame físico meticuloso pode abranger avaliações de força muscular, reflexos e sensibilidade, visando avaliar a extensão e localização da fraqueza.
Adicionalmente, análises sanguíneas podem ser realizadas para investigar os níveis de determinados hormônios, minerais e enzimas musculares que eventualmente estejam associados à fraqueza muscular.
Procedimentos de imagem, como ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC), ajudam na identificação de lesões musculares, compressões nervosas ou outras anormalidades estruturais.
Em circunstâncias específicas, exames eletrofisiológicos, como a eletroneuromiografia (ENMG), podem ser empregados para avaliar a funcionalidade dos nervos e dos músculos.
4. O que ajuda na espasticidade?
A fisioterapia ajuda no tratamento da espasticidade, almejando aprimorar a flexibilidade, a força muscular e a mobilidade do paciente.
Em complemento, relaxantes musculares, podem ser indicados para mitigar a rigidez muscular e os espasmos associados.
Adicionalmente, a administração de injeções de toxina botulínica (Botox) diretamente nos músculos afetados figura como uma estratégia terapêutica para reduzir a espasticidade.
Nos casos de espasticidade severa e refratária, a consideração de procedimentos cirúrgicos, como a rizotomia dorsal seletiva ou a implantação de bomba de baclofeno intratecal, se faz necessária.
Conclusão
A espasticidade é uma doença que afeta os músculos e pode ser causada por diversas condições.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da espasticidade são importantes para evitar complicações.
Neste contexto, a Cannabis medicinal é uma planta com diversos compostos ativos, como o THC e o CBD, que podem auxiliar no tratamento da espasticidade muscular.
Isso pode ser visto em alguns estudos, sobretudo com relação à espasticidade muscular de modelos in vivo analisados por universidades e centros de pesquisas no exterior.
Dessa forma, é um dos tratamentos que despontam como inovadores.
Ter acesso a eles no Brasil é possível, de forma pouco burocrática em comparação ao que já foi um dia.
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