Uma condição de nome peculiar, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), é uma enfermidade grave, notoriamente degenerativa.
A sua ocorrência é mais frequente em pessoas de ascendência caucasiana, com um índice de 93%, conforme dados do ALS Patient Care Database.
A medicina ainda enfrenta desafios na identificação das causas precisas. No entanto, já se reconhece uma conexão genética em alguns casos de ELA.
Esta é uma enfermidade incapacitante que geralmente reduz significativamente a expectativa de vida dos afetados.
Portanto, um diagnóstico precoce aumenta as possibilidades de retardar a progressão da doença e minimizar as suas graves consequências.
Embora tenha ganhado notoriedade devido ao renomado físico Stephen Hawking, a ELA é, na verdade, uma condição rara, sendo a forma mais comum de Doença do Neurônio Motor (DNM).
Uma das opções de tratamento e alívio dos sintomas envolve o uso de Cannabis medicinal.
Continue a leitura para entender como essa enfermidade que afeta o sistema nervoso impacta os pacientes e explorar as abordagens médicas disponíveis atualmente.
A seguir, você obterá informações sobre:
- O que é esclerose lateral amiotrófica (ELA)?
- O que causa a esclerose lateral amiotrófica?
- Quais as características da esclerose lateral amiotrófica?
- O que a doença ELA pode afetar no corpo humano?
- Quais doenças podem ser confundidas com esclerose lateral amiotrófica?
- Stephen Hawking e a esclerose lateral amiotrófica
- Quais são os tipos de ELA?
- Quais as fases da esclerose lateral amiotrófica?
- Diagnóstico da esclerose lateral amiotrófica
- Tratamentos para esclerose lateral amiotrófica
- A Cannabis medicinal pode ajudar no tratamento para ELA?
O que é esclerose lateral amiotrófica (ELA)?
Esclerose lateral amiotrófica é uma doença que provoca a degeneração do sistema nervoso, na qual os neurônios vão se desgastando até morrer.
A descoberta da ELA remonta a 1869, creditada ao neurologista francês Jean-Martin Charcot.
Os neurônios motores são responsáveis por transmitir os sinais do cérebro à medula espinhal e, posteriormente, aos músculos em todo o corpo.
Na esclerose lateral amiotrófica (ELA), a degeneração progressiva desses neurônios motores resulta, inevitavelmente, em sua morte.
À medida que os neurônios motores morrem, a capacidade do cérebro de iniciar e controlar o movimento muscular é perdida.
Isso causa um impacto progressivo nas ações musculares voluntárias, levando as pessoas a perderem a habilidade de falar, comer, se locomover e até mesmo respirar.
Na ELA, os nervos motores afetados são aqueles que controlam movimentos voluntários e a coordenação muscular.
Exemplos disso incluem a capacidade de pegar um smartphone ou caminhar pela calçada.
Esses movimentos são diretamente regulados pelos músculos dos membros superiores e inferiores.
Como surge a esclerose lateral amiotrófica?
Normalmente, a ELA (também chamada de doença de Lou Gherig) surge em pessoas do sexo masculino a partir dos 50 anos de idade e de etnia caucasiana.
Os primeiros sintomas podem variar em função do tipo da enfermidade manifestada. A ELA pode ser classificada em, pelo menos, cinco subtipos.
No entanto, ela costuma dar seus primeiros sinais na forma de dificuldades de locomoção, quando tropeços e quedas passam a ser mais frequentes.
Também pode começar com problemas de fala e para realizar tarefas simples, como escrever ou mesmo erguer objetos.
Qual a incidência da condição ELA no Brasil e no mundo?
A ELA é considerada uma doença rara em todo o mundo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que a incidência seja de cerca de 2 casos por 100.000 pessoas por ano.
Na Europa, a taxa é parecida, com cerca de 2 a 3 casos por 100.000 pessoas por ano.
No Brasil, não existem estatísticas precisas sobre a incidência da ELA, mas estima-se que haja menos de 15 mil novos casos por ano no Brasil.
O prognóstico da doença é preocupante, com a maioria dos portadores não vivendo mais de 2 a 5 anos após o início dos sintomas.
No entanto, cerca de 20% dos pacientes diagnosticados vivem cerca de 5 anos ou mais, e até 10% vivem mais de 10 anos.
Em todo o mundo, a ELA afeta pessoas de todas as raças e origens étnicas, embora seja mais comum em caucasianos.
Também não parece haver uma predisposição geográfica específica, exceto para o subtipo Guamanian.
A incidência exata pode variar, mas a ELA continua sendo uma condição rara em comparação com outras doenças neurológicas.
O que causa a esclerose lateral amiotrófica?
A ELA afeta os neurônios motores responsáveis pelos movimentos musculares voluntários, como andar e falar.
Esses neurônios motores são divididos em dois grupos.
Primeiro, neurônios motores superiores, que se estendem do cérebro à medula espinhal e aos músculos em todo o corpo.
Segundo, os neurônios motores inferiores, que se estendem da medula espinhal aos músculos por todo o corpo.
A ELA provoca a deterioração gradual e subsequente morte de ambos os grupos de neurônios motores.
Isso resulta na interrupção da comunicação entre esses neurônios e os músculos, o que leva à perda de função muscular.
Em aproximadamente 10% dos casos de ELA, uma causa genética específica pode ser identificada, levando ao termo ELA hereditária.
Para os demais casos, a causa permanece desconhecida, e os pesquisadores continuam a investigar as possíveis origens da doença, com a maioria das teorias visando uma interação entre fatores genéticos e ambientais.
Fatores de risco estabelecidos para a esclerose lateral amiotrófica incluem genética, com a transmissão de genes de risco em casos hereditários.
A idade também é um fator de risco, sendo a ELA mais comum entre os 60 anos e meados dos 80 anos, com uma ligeira predominância em homens antes dos 65 anos.
Adicionalmente, fatores ambientais como o tabagismo, particularmente em mulheres após a menopausa, e a exposição a toxinas ambientais, como chumbo, foram associados ao aumento do risco de ELA.
Quais as características da esclerose lateral amiotrófica?
Normalmente, os sintomas não se apresentam de modo uniforme, independentemente do tipo desenvolvido.
Via de regra, os primeiros pontos afetados são as mãos e os pés, avançando pelos membros superiores e inferiores.
Paralelamente a esses sintomas, a pessoa começa a sentir os primeiros efeitos na traqueia e nas cordas vocais, passando a ter dificuldade para engolir e controlar a salivação.
A perda de controle do sistema músculo-esquelético tende a avançar até que seja muito difícil até mesmo respirar.
Curiosamente, a ELA não afeta os músculos dos olhos, embora os da face sejam comprometidos.
Há, ainda, outros sintomas que podem surgir tanto nas primeiras manifestações da doença quanto nos seus estágios mais avançados.
Vamos falar sobre eles agora.
Dificuldade para se movimentar
Quando as células neurais ligadas ao controle e movimento dos membros começam a se deteriorar, o paciente passa a ter sérias limitações motoras.
Assim, ele vai progressivamente perdendo a capacidade de controlar braços e pernas, cujas musculaturas vão atrofiando gradativamente.
Pessoas com ELA perdem com relativa rapidez o comando sobre seus próprios movimentos, sendo comum a espasticidade (rigidez) muscular.
Com a perda gradual de tônus geral, os músculos da face se tornam flácidos, o que as faz perder também o controle da expressão facial.
Gagueira e baba
Por afetar os músculos do rosto, da traqueia e das cordas vocais, a esclerose lateral amiotrófica leva o paciente a ter problemas de fala e de deglutição.
Somado a isso, ele também se vê incapaz de controlar a produção de saliva, que passa a fluir livremente até sair pela boca (baba).
São comuns os engasgos, já que fica difícil coordenar o esforço de deglutição, tanto com alimentos líquidos quanto sólidos.
Vale destacar que, em alguns casos, a deglutição e a fala não são afetados.
A voz se torna desafinada e sem modulação, ficando rouca na maioria das situações.
Já a gagueira se manifesta logo no início, evoluindo até que a pessoa perca a capacidade de falar.
Cãibras e contrações musculares
A esclerose lateral amiotrófica provoca a perda de conexão entre o sistema nervoso e os músculos.
Assim, eles vão gradualmente murchando, encolhendo e enrijecendo-se.
Uma vez “desconectados”, os músculos perdem a capacidade de se recuperar, sendo frequentes as cãibras, os espasmos e as contrações involuntárias (fasciculações).
Essa perda de massa muscular tem como consequência o emagrecimento e a sensação de fadiga permanente.
Em geral, os primeiros músculos a serem comprometidos são os das mãos, que se retorcem e enrijecem.
Mudanças na voz
Outro sintoma que acompanha o paciente com ELA é a disartria, ou seja, a incapacidade de falar e articular palavras corretamente.
Na revisão de literatura Alterações da fonação e deglutição na Esclerose Lateral Amiotrófica, o grupo de pesquisadores liderado por Rosemary Tavares Pontes avalia o sintoma:
“A fala disártrica na ELA é caracterizada por lentidão, fraqueza, imprecisão articulatória e falta de coordenação do sistema estomatognático. Podendo, também, estar comprometidos os aspectos de respiração, fonação, ressonância e articulação.”
Riso e choro sem controle
Um problema que atinge pessoas que sofrem de distúrbios neurológicos é a perda da capacidade de conter suas emoções.
Por isso, em portadores de doenças como Alzheimer, ELA ou que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), são frequentes as crises de riso ou de choro.
Esse problema, conhecido como afeto pseudobulbar, é causado por lesões no lobo frontal, no sistema límbico ou no tronco cerebral.
Como essa é uma condição sem cura, o que se faz é prescrever medicamentos como antidepressivos, capazes de inibir seletivamente a recaptação de serotonina.
Cabeça caída
Pessoas com ELA também costumam apresentar a chamada síndrome da cabeça caída.
No estudo de caso liderado pelo cientista Marco Orsini, essa condição é descrita da seguinte forma:
“[…] fraqueza dos músculos extensores do pescoço, provocando uma incapacidade em manter a cabeça sustentada e levando os indivíduos a apresentarem o típico aspecto da cabeça flexionada com o queixo em contato direto com a região torácica, dificultando-os na realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária […].”
Dificuldade para respirar
Em grande parte dos casos, a morte por ELA acontece em virtude da insuficiência respiratória.
Afinal, a respiração também depende de uma musculatura própria para que os movimentos pulmonares sejam realizados.
Nos casos de esclerose lateral amiotrófica bulbar, a perda de coordenação motora da traqueia e das vias aéreas faz com que o paciente se torne incapaz de mantê-las abertas enquanto dorme.
Com a perda de capacidade respiratória, aumentam os riscos de engasgos por líquidos e alimentos que passam a ser ingeridos pelo sistema respiratório.
Desse modo, é também comum que haja quadros de pneumonia, causada pela falta de expectoração, aspiração constante de fluidos e aumento nas secreções.
O que a doença ELA pode afetar no corpo humano?
A esclerose lateral amiotrófica, como vimos, traz uma série de complicações graves que, em geral, levam à morte dentro de poucos anos.
Além dos problemas motores e da paralisia muscular, a doença provoca dificuldades respiratórias e impede que a pessoa se alimente normalmente.
Por isso, nos estágios mais avançados, o paciente precisa contar com ajuda de aparelhos para poder respirar e falar.
Stephen Hawking, por exemplo, só conseguia se expressar por meio de um software conectado a um computador que obedecia a toques dos seus dedos.
Com isso, era acionado um sintetizador de voz que dava vida aos geniais pensamentos e às teorias do cientista.
Quais doenças podem ser confundidas com esclerose lateral amiotrófica?
A esclerose lateral amiotrófica é uma doença neuromuscular que pode ser confundida com diversas outras condições devido a sintomas semelhantes.
Algumas dessas doenças incluem a síndrome de Kennedy, que apresenta fraqueza muscular progressiva.
Também pode ser confundida com a polineuropatia hereditária, que causa atrofia muscular, e a esclerose múltipla, que pode resultar em fraqueza e problemas de coordenação.
Outras condições, como a miastenia grave, que também causam fraqueza muscular, podem ser confundidas com a esclerose lateral amiotrófica.
Portanto, o diagnóstico preciso da ELA requer avaliação médica especializada e a exclusão de outras condições semelhantes por meio de exames clínicos e neuromusculares.
Stephen Hawking e a esclerose lateral amiotrófica
O físico e cosmólogo Stephen Hawking se tornou mundialmente famoso não apenas pelo seu intelecto brilhante e contribuições para a ciência.
Ele talvez seja um dos raríssimos casos em que a ELA manifestou-se na juventude e, ainda mais raro, não o vitimou em poucos anos.
Pelo contrário, Hawking é provavelmente um dos poucos portadores da doença que teve uma vida longeva e produtiva, a despeito da enfermidade.
Afinal, a ELA compromete apenas a parte motora, não afetando em nada a consciência e a cognição.
Ele viveu até os 76 anos, vindo a falecer em 2018 em Cambridge, Inglaterra, onde passou a maior parte da sua vida.
Quais são os tipos de ELA?
A esclerose lateral amiotrófica pode ser subdividida em três tipos: esporádica, familiar e guamanian.
Há quem a categorize apenas em familiar ou esporádica, no entanto, existem outras manifestações da doença que fogem a essas duas variedades.
Veja então, a seguir, quais são os tipos de ELA e de que maneira a condição se desenvolve em cada um deles.
Esporádica clássica
O traço característico da ELA esporádica clássica é a inexistência de casos familiares da doença.
É o tipo mais comum, prevalecendo em aproximadamente 90% das ocorrências e sem um perfil de risco bem definido.
Especula-se que a enfermidade possa ser causada pela exposição a certos produtos químicos, pesticidas ou contaminantes na atmosfera.
Nesse tipo de ELA, os primeiros sintomas geralmente acometem os membros, começando por afetar pés e mãos e propagando-se para braços e pernas.
Esporádica bulbar
A ELA esporádica bulbar, por outro lado, se caracteriza por acometer os neurônios motores localizados no tronco cerebral.
Por isso, os primeiros sintomas se relacionam com a fala e as funções da faringe e da traqueia.
Isso fica comprovado no artigo Manifestações orofaríngeas na Esclerose Lateral Amiotrófica, em que os pesquisadores concluem que manifestações orofaríngeas são mais comuns em quem é portador de ELA bulbar.
Familiar clássica
Casos de esclerose lateral amiotrófica familiar têm como característica o fator genético.
Ou seja, sempre que uma pessoa tem a doença, há 50% de chances de algum descendente desenvolvê-la.
A estimativa de prevalência, nesse caso, é de aproximadamente 10%.
Além disso, essa é a única causa da condição reconhecida pela ciência, que a associa a um defeito genético.
Há também uma variedade ainda mais rara de ELA familiar, conhecida como complexo esclerose lateral amiotrófica-parkinsonismo-demência.
Esse distúrbio é caracterizado pelos sinais e sintomas de ELA, assim como de um padrão de anormalidade nos movimentos conhecido como parkinsonismo, associado a uma perda progressiva da função intelectual (demência).
Os indícios de parkinsonismo incluem movimentos anormalmente lentos (bradicinesia), rigidez e tremores.
Cabe ressaltar que membros afetados de uma mesma família podem ter diferentes combinações de sinais e sintomas.
Familiar bulbar
Na forma familiar bulbar da ELA, os músculos envolvidos na fala, deglutição e respiração são geralmente os primeiros a serem afetados.
Os sintomas iniciais incluem fala difícil e dificuldade em engolir.
No entanto, a fraqueza muscular pode progredir rapidamente para os braços e as pernas.
Outra característica da ELA bulbar é ser ligeiramente mais comum em mulheres e pessoas com mais de 70 anos de idade.
Estima-se que os pacientes podem ficar paralisados dentro de um a dois anos.
Guamanian
Existe, por fim, um subtipo ainda mais peculiar de ELA, a guamanian, que recebe esse nome por ser mais comum em habitantes da ilha de Guam, na Oceania.
Um dos poucos estudos dedicados a entender as razões para a grande prevalência de uma doença rara em um território isolado foi realizado por pesquisadores da Universidade de Niigata, no Japão.
Eles descobriram que os mecanismos de degeneração neuronal nesse tipo de ELA são diferentes da variação clássica e sua prevalência é igual à do complexo esclerose lateral amiotrófica-parkinsonismo-demência.
Quais as fases da esclerose lateral amiotrófica?
A progressão da esclerose lateral amiotrófica (ELA) pode ser categorizada em três estágios distintos: inicial, intermediário e avançado.
Nas fases iniciais da ELA, os sintomas frequentemente incluem fraqueza muscular, sensação de aperto, cólicas e/ou espasmos.
Esses distúrbios musculares podem resultar na perda involuntária de objetos, tropeços e quedas, além de dificuldade em realizar tarefas cotidianas, como abotoar roupas.
A fraqueza muscular pode se manifestar em qualquer região do corpo, mas, em grande parte dos casos, os primeiros sintomas surgem nos membros superiores ou inferiores.
A propagação da fraqueza costuma afetar a outra metade do corpo em seguida.
Nos estágios intermediários da ELA, a fraqueza muscular torna-se generalizada por todo o corpo, com a paralisia de alguns músculos.
A atrofia muscular é notória, e alguns músculos inativos podem ficar permanentemente encurtados.
Dessa forma, limitam o movimento completo das articulações, como os cotovelos.
A fala, deglutição e respiração podem se tornar desafiadoras, à medida que os músculos da boca, garganta e tórax enfraquecem.
Alguns pacientes também enfrentam episódios incontroláveis de riso ou choro, mesmo na ausência de uma causa óbvia, sintoma denominado paralisia pseudobulbar.
Conforme a doença avança para seus estágios finais, quase todos os músculos voluntários se tornam paralisados.
Com a paralisia dos músculos da boca e da garganta, a capacidade de falar, comer e beber de forma convencional é perdida.
Assim, a alimentação passa a ser realizada por meio de um tubo de alimentação.
À medida que os músculos responsáveis pela respiração enfraquecem, torna-se desafiador suprir o corpo com oxigênio suficiente.
A insuficiência respiratória é, de longe, a causa mais comum de óbito em pacientes com ELA, embora algumas mortes possam resultar de desnutrição, problemas cardíacos ou pneumonia.
Lamentavelmente, atualmente não existe cura para a ELA.
Diagnóstico da esclerose lateral amiotrófica
A esclerose lateral amiotrófica (ELA) pode ser desafiadora de diagnosticar precocemente devido à semelhança de seus sintomas com outras condições.
Os testes para descartar outras doenças ou auxiliar no diagnóstico da ELA podem compreender:
Eletromiograma (EMG)
Este procedimento envolve a inserção de uma agulha em vários músculos através da pele.
O teste registra a atividade elétrica dos músculos, tanto quando contraídos quanto em repouso, ajudando a identificar problemas nos músculos ou nervos.
Estudo de condução nervosa
Esse estudo avalia a capacidade dos nervos de transmitir impulsos para os músculos em diferentes áreas do corpo, identificando possíveis danos nos nervos.
Os estudos de EMG e condução nervosa são frequentemente realizados em conjunto.
Ressonância magnética
Utilizando ondas de rádio e um campo magnético poderoso, a ressonância magnética gera imagens detalhadas do cérebro e da medula espinhal.
Permite a detecção de tumores na medula espinhal, hérnias de disco no pescoço ou outras condições que possam estar causando os sintomas da ELA.
Exames de sangue e urina
A análise de amostras de sangue e urina em laboratório auxilia na exclusão de outras possíveis causas dos sintomas.
Os níveis sanguíneos de neurofilamentos leves, mensurados em amostras de sangue, geralmente são elevados em pessoas com ELA, podendo contribuir para um diagnóstico precoce.
Punção lombar
Este procedimento envolve a coleta de uma amostra de líquido cefalorraquidiano para análise laboratorial.
A amostra é obtida inserindo uma agulha fina entre as vértebras lombares, na parte inferior das costas.
Embora o líquido cefalorraquidiano de pessoas com ELA geralmente pareça normal, a punção pode ajudar a descartar outras causas dos sintomas.
Biópsia muscular
Se houver suspeita de uma doença muscular em vez de ELA, pode ser realizada uma biópsia muscular.
Durante esse procedimento sob anestesia local, uma pequena amostra de músculo é retirada e enviada para análise em laboratório.
Qual é o exame que detecta a doença ELA?
Os exames citados acima são os mais utilizados para diagnosticar a ELA.
Isso porque os sintomas da doença são comuns a outras lesões e condições que devem ser descartadas antes de uma confirmação.
De qualquer forma, além dos exames que vimos, pode ser que o médico indique testes de eletrodiagnóstico, nos quais estão incluídos os de velocidade de condução nervosa (NCV) e eletroneuromiografia (ENMG).
Tratamentos para esclerose lateral amiotrófica
A ELA não tem cura. Portanto, os tratamentos têm como objetivo minimizar os impactos dos sintomas, que são progressivos.
Entre os medicamentos prescritos mais comumente estão a minociclina, para controlar a neuroinflamação, o tamoxifeno e o fenilbutirato sódico para inibir a morte celular.
Paralelamente, o portador de ELA costuma precisar de ventilação não invasiva para auxiliar na respiração.
Também pode ser indicada a alimentação percutânea, em que um tubo é usado para levar alimentos diretamente para o sistema digestivo, nos casos mais avançados da enfermidade.
Tratamento convencional para ELA
O tratamento mais comum para ELA é feito com riluzol, medicamento utilizado para prolongar a vida dos portadores da doença.
Estima-se que, em média, ele leve a uma sobrevida de cerca de seis meses a um ano.
Além dele, outro fármaco usado é o edaravone, que pode ser administrado junto ao riluzol.
Ele é capaz de retardar a progressão dos sintomas da ELA, especialmente quando ingerido desde as fases iniciais da doença.
Fisioterapia
Junto à medicação, é fundamental que a pessoa portadora da enfermidade faça fisioterapia para preservar ao máximo a amplitude dos movimentos dos seus membros.
São indicados alongamentos, exercícios ativos livres leves ou exercícios passivos.
Contudo, como toda medida de tratamento, a fisioterapia para ELA é eminentemente paliativa, ajudando somente a aliviar os sintomas ou a retardar o avanço da doença.
A Cannabis medicinal pode ajudar no tratamento para ELA?
Os canabinoides são compostos químicos na Cannabis que têm a capacidade de interagir com determinados receptores no organismo humano.
Um tipo de receptor canabinoide é conhecido como CB1, principalmente presente no sistema nervoso.
A interação com esse receptor pode modificar a neurotransmissão, ou seja, a comunicação entre as células nervosas, e, consequentemente, influenciar o controle da dor, memória e habilidades motoras.
Os receptores do tipo CB2 estão presentes no sistema imunológico.
É basicamente por meio desse mecanismo que a Cannabis exerce seu efeito terapêutico na ELA.
Há indícios de que a Cannabis e seus compostos ativos possam ser benéficos para aliviar sintomas na ELA e outras condições médicas específicas.
As evidências até agora mostram que os canabinoides são ideais para:
- Melhorar a tensão muscular, como a espasticidade;
- Contribuir no alívio de sintomas depressivos em pessoas com ELA;
- Ajudar contra a dor crônica;
- Diminuir a neuroinflamação, excitotoxicidade e dano oxidativo às células.
Isso ocorre porque os canabinoides presentes na planta podem se ligar aos receptores canabinóides no sistema endocanabinoide e modular o funcionamento do sistema nervoso.
Por exemplo, o THC pode ativar os receptores CB1, encontrados no cérebro e na medula espinhal, resultando no alívio da dor e na redução da espasticidade.
Por outro lado, o CBD pode ajudar a ativar os receptores CB2, localizados no sistema imunológico, reduzindo a inflamação.
Além dos efeitos diretos no sistema endocanabinoide, a Cannabis medicinal também pode ter impactos indiretos nos sintomas da ELA.
Por exemplo, ela pode melhorar o sono, reduzir a ansiedade e melhorar o humor e outros sintomas emocionais e cognitivos da ELA.
Estudos recentes in vivo também apoiam a ideia de que os canabinoides podem atuar como agentes neuroprotetores na ELA, protegendo-os contra a morte.
Portanto, todos esses dados demonstram como a regulação dos processos mediados por receptores canabinoides pode influenciar a progressão da ELA e promover uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
Pesquisas e evidências sobre tratamento de ELA com Cannabis
Um estudo intitulado Study protocol for a randomised, double-blind, placebo-controlled study evaluating the Efficacy of Cannabis-based Medicine Extract in slowing the disease progression of Amyotrophic Lateral sclerosis or motor neurone Disease avaliou a eficácia da Cannabis em pacientes com ELA.
Conforme indicado por esta pesquisa, estudos pré-clínicos evidenciaram a eficácia dos canabinoides na extensão da sobrevivência e na desaceleração da evolução da doença em modelos animais.
Existem relatos de que o uso de Cannabis retarda o avanço da doença em indivíduos com ELA e que a Cannabis proporcionou alívio dos sintomas de espasticidade e dor.
Outro estudo, intitulado Cannabis for the treatment of amyotrophic lateral sclerosis: What is the patients’ view?, também corrobora com esta ideia.
Neste estudo, 129 pacientes foram entrevistados. 28 deles mencionaram o uso de Cannabis (21,7%) como um meio de aliviar os sintomas da ELA.
Os participantes frequentemente relataram a utilização de óleo de canabidiol (CBD) e THC, indicando melhorias tanto nos sintomas motores (como rigidez e cólicas) quanto nos não motores (incluindo qualidade do sono, dor, estado emocional, qualidade de vida e depressão).
Apenas oito indivíduos mencionaram ocorrência de reações adversas leves, como sonolência, euforia e boca seca.
Por fim, a maioria dos participantes relatou um consumo responsável, envolvendo canabinoides legais e poucas reações adversas.
Como iniciar um tratamento com a Cannabis medicinal?
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Ao considerar iniciar um tratamento com Cannabis, é crucial contar com a orientação de especialistas que compreendam as complexidades da terapia com Cannabis medicinal.
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Conclusão
A evolução das pesquisas dá esperanças de que a ELA possa um dia ter, pelo menos, seu avanço controlado.
Até que os cientistas e médicos tenham respostas conclusivas, a Cannabis ainda pode ser uma alternativa para aliviar alguns dos seus muitos sintomas.
Nesse sentido, a informação faz toda a diferença.
Afinal, a Cannabis medicinal ainda é pouco compreendida, tanto pelo público em geral quanto por alguns profissionais da saúde.
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