Mais de 20 pesquisadores em Cannabis para fins medicinais e industriais apresentaram projetos de pesquisa e artigos científicos
O primeiro Encontro das Ciências da Cannabis reuniu pesquisadores de todas as áreas do conhecimento na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) com o objetivo de conectar estudos e abrir caminhos para a pesquisa sobre a planta na sua totalidade, da raiz à flor.
Mais de 20 pesquisas da comunidade acadêmica se apresentaram no evento. O encontro promovido pelo Observatório de Estudos da Cannabis (ObCann) contou com a presença de pesquisadores renomados da UnB, como a professora Dra. Andrea Gallassi.
CBD no tratamento de dependentes químicos
A farmacêutica acaba de finalizar uma pesquisa inédita no Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades da (UnB) onde revela que o Canabidiol (CBD) – uma das moléculas medicinais da Cannabis – pode ser mais eficiente para tratar dependência química do que as drogas convencionais.
“Os próprios dependentes de crack contavam que fumavam maconha para reverter a sensação de paranoia, insônia e ansiedade causada pela abstinência da droga. Foi então que decidimos estudar o uso terapêutico da planta”.
Artigo científico em fase de submissão
Os resultados promissores estão consolidados num artigo científico submetido à Revista International Journal of Mental Health and Adicction para publicação.
“Nesse momento o artigo está sob revisão e foi submetido aos pares. Talvez a banca peça esclarecimentos adicionais, esse é o trâmite. Estamos muito satisfeitos com os resultados”, comemorou a professora Andrea.
Adaptação da Cannabis no Cerrado
Já o botânico Dr. Fabián Borghetti, falou sobre o desenvolvimento e cultivo da Cannabis no cerrado e descreveu o processo de adaptação desse cultivare num clima seco e quente como o do Centro-Oeste.
Ainda na parte de cultivo, o engenheiro agrônomo, professor da UnB, Dr. João Luiz Homem destacou as propriedades do cânhamo (uma cepa mais fibrosa da Cannabis) como agricultura alternativa.
Cânhamo como alternativa sustentável
“Nessa disciplina a gente estuda palmo a palmo com o agronegócio. Como a agricultura familiar – que é a nossa agricultura – não tem dinheiro, ela procura as plantas que economizam no chamado insumo moderno. O que é isso? São agrotóxicos e pesticidas. Então, uma escolha inteligente é escolher plantas que não precisam dos venenos, uma dela é o cânhamo”.
De acordo com o professor, além do cultivo não exigir adubo, não necessita de muita água, é de fácil manuseio para a produção de valor agregado.
Dá para agregar valor
“Com o cânhamo é possível fazer camisa, boné, chinelo… Então, da perspectiva do produtor de ganhar dinheiro é muito vantajoso esse cultivo. É uma forma de estabelecer as pessoas no campo”, defendeu.
Outra pesquisa de relevância apresentada foi a do neurocientista, professor Dr. Renato Malcher. “Eu faço parceria com médicos de humanos e médicos veterinários. Eles trazem projetos que eu possa ajudá-los a transformar em artigo científico”, diz o orientador.
Malcher também atua junto a docentes como coordenador de projetos que vão desde o planejamento dos estudos clínicos, à coleta de dados e acompanhamento dos pacientes.
Pesquisa com pets e Cannabis
“Estamos animados com a possibilidade de dar início um projeto do zero para tratar animais com extratos de Cannabis. Esse estudo tem um potencial enorme de gerar muito alívio e sofrimento animal e penetrar em várias bolhas de preconceito da sociedade”.
É desta forma que o ObCann pretende aproximar a produção acadêmica sobre a Cannabis do grande público, trazendo conhecimento confiável e atualizado sobre um tema ainda muito estigmatizado.
Pedro Nicoletti, um dos organizadores do evento, disse que o evento é importante para reunir pesquisadores do Distrito Federal que ainda não se conhecem para ampliar a rede de contatos e network.
“A ideia é reunir, nos conhecer, trocar experiências e conhecer as pesquisas em estão em andamento. Queremos dar evidência a esses estudos e fazer a divulgação científica de forma mastigada para quem não tem acesso á informação. A ideia é traduzir o conhecimento científico para que possamos combater o preconceito com ciência”, concluiu Nicoletti.
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