Embora possa ser confundida com uma enxaqueca ou cefaleia comum, a encefalite viral é bem mais perigosa, afinal, ela não é um sintoma, mas a própria doença.
Nesse caso, há um elemento complicador, que é a variedade de vírus que podem causá-la: estima-se que existam mais de 100 cepas potenciais responsáveis por esse tipo de inflamação no cérebro.
Sendo um vírus, existe sempre a possibilidade de uma epidemia, como aconteceu em 2006, no estado de Minas Gerais.
Naquele ano, um surto de um tipo raro da doença, a encefalite viral de Saint Louis (SLEV), deixou 65 municípios em alerta por conta de 12 casos confirmados.
Considerando o elevado potencial de deixar sequelas e causar danos ao cérebro, todo cuidado é pouco ao tratar da EV.
Neste conteúdo, você vai saber como fazer isso, com especial destaque para o tratamento à base de canabidiol (CBD).
Avance na leitura e fique bem informado.
O que é encefalite viral?
A encefalite viral é bem mais que uma dor de cabeça e, se não tratada adequadamente, pode gerar sequelas graves e até levar à morte.
Isso acontece porque ela consiste em um processo inflamatório que atinge o parênquima cerebral.
Um dos desafios no diagnóstico dessa enfermidade é que ela não pode ser detectada apenas clinicamente.
Como veremos mais à frente, é necessária uma verdadeira bateria de exames para a sua detecção.
Além disso, é preciso ter muito cuidado, já que os sintomas iniciais da EV são parecidos com os de uma gripe ou um resfriado comum.
Por isso, há quem prefira ignorar uma consulta ao médico por entender que não há motivo para se preocupar com uma doença “boba”.
É aí que mora o perigo, já que, se não tratada logo no começo, ela pode evoluir para sintomas bastante graves.
Quais são as causas da encefalite viral?
Como você viu logo no começo deste conteúdo, não são poucos os vírus potenciais causadores da EV.
Alguns, como o que causa a encefalite de Saint Louis, são transmitidos pela picada de mosquito.
No entanto, a forma mais comum de EV é transmitida pelo vírus Herpes Simplex, com a grande maioria dos casos sendo infectados pelo tipo HSV1.
Outros possíveis causadores da doença são:
- Citomegalovírus
- Zoster vírus
- Enterovírus
- Vírus Epstein-Barr
- Adenovírus.
Em geral, essas cepas de vírus atingem pessoas imunodeprimidas, bebês e crianças, o que exige cuidado redobrado, em virtude de esse ser um grupo de risco.
A propósito, nesse grupo, o contágio mais frequente é pelo tipo 2 da Herpes Simplex (HSV2), que também apresenta alta taxa de letalidade e é conhecido por deixar sequelas graves se não tratado a tempo.
Quais são os principais sintomas da encefalite viral?
No começo, a EV pode ser confundida com uma infecção como outra qualquer – febre, dor de cabeça e vômitos são os primeiros sinais.
Acontece que a encefalite viral é uma doença progressiva, cujos sintomas se agravam se não for tratada com rapidez.
Depois que os primeiros deles se manifestam, ela pode evoluir para lesões cerebrais que, por sua vez, levam a pessoa infectada a apresentar problemas mais severos, como veremos a seguir.
A questão é que esses são sintomas inespecíficos, ou seja, comuns a outras enfermidades infectocontagiosas.
Por essa razão, a necessidade de um diagnóstico no menor tempo possível é fundamental a fim de evitar o agravamento da doença.
Convulsões
Uma vez que a pessoa portadora de EV se descuide do tratamento e deixe a doença evoluir, um dos primeiros sintomas de maior gravidade são as convulsões.
Elas se manifestam da mesma maneira como nos pacientes de epilepsia, ou seja, com movimentos bruscos do corpo, principalmente membros, descontrole muscular e movimentos rápidos dos olhos.
Pela sua natureza imprevisível, as convulsões devem ser tratadas com extremo cuidado, já que, em muitos casos, a pessoa perde o controle de tal forma que pode sofrer fortes pancadas na cabeça.
Por essa razão, os médicos costumam prescrever remédios anticonvulsivantes de uso controlado.
Lembrando que esse é um sintoma que, tal como os outros a seguir, aparece quando a encefalite viral não é tratada logo que os sinais iniciais surgem.
Desmaios
Você deve ter observado que, pelos sintomas descritos, a EV até parece com a epilepsia.
A semelhança não se dá por acaso, já que ambas as doenças se caracterizam por lesões cerebrais.
Por isso, assim como na epilepsia, a encefalite viral também pode levar a pessoa portadora a ter desmaios.
Afinal, essa é uma doença que afeta o sistema nervoso e, como tal, pode provocar verdadeiras “panes” que resultam em perda de consciência.
Em geral, os desmaios ocorrem repentinamente, sem estarem associados às convulsões.
Um exemplo disso aconteceu com o então presidente do Senado Federal em 2017, Eunício Oliveira, que, em meio a uma sessão, sofreu um desmaio.
No início, suspeitou-se de um AVC, mas exames posteriores viriam a confirmar a infecção por EV.
Fraqueza muscular
Outro aspecto a ser frisado é que os sintomas que caracterizam a fase mais grave da encefalite viral podem não aparecer na mesma ordem.
Você viu no tópico anterior, por exemplo, que ela pode se manifestar inicialmente por um desmaio repentino.
Ou, como mostra o estudo Encefalite herpética em lactente: relato de caso, a pessoa com EV avançada pode apresentar fraqueza muscular como um dos sinais de que a doença está se agravando.
A perda de força pode acometer membros superiores e inferiores e, se não tratada, rapidamente será acompanhada dos outros sintomas da enfermidade.
Em crianças, eles podem evoluir com relativa rapidez, por isso, os pais devem ficar atentos caso seus filhos reclamem de fraqueza muscular.
Rigidez do pescoço e das costas
Outra doença cujos sintomas são parecidos com os da encefalite viral é a meningite.
Afinal, ambas as enfermidades atingem o cérebro e, por extensão, os tecidos adjacentes a esse órgão.
Por isso, um dos sintomas que podem estar associados à EV é a rigidez do pescoço, embora de maneira menos grave do que na meningite.
Cabe ressaltar que, em alguns casos, a encefalite pode atingir a medula espinhal, o que explica a perda de força muscular e a dormência.
Em quadros mais severos, a pessoa chega a ficar paralisada, perdendo a sensação em seus membros e até o controle sobre o intestino e a bexiga.
Perda de memória
Toda doença que afeta o cérebro tem grande potencial de causar lesões ou danos cognitivos.
Sendo assim, a perda de memória é um dos possíveis sintomas que acompanham a EV em sua fase mais grave.
Ela pode se manifestar como amnésia, quando a pessoa esquece de fatos recentes, ou em perda de memória de longo prazo, quando não lembra mais de episódios ocorridos há mais tempo.
Esse é um sintoma dos mais preocupantes em imunodeprimidos, especialmente portadores do vírus HIV.
Afinal, a EV é uma das precursoras da chamada demência da AIDS, cuja causa é a encefalite ou a encefalopatia relacionada a essa doença incurável.
Como é feito o diagnóstico da encefalite viral?
Não é possível diagnosticar a encefalite viral clinicamente ou apenas por anamnese (entrevista).
Como você agora já sabe, os sintomas dessa doença não são exclusivos, pelo menos não na sua fase inicial.
Dessa forma, cabe ao médico ter sensibilidade para suspeitar de um provável quadro de EV quando o paciente reclama dos primeiros sinais.
Em alguns casos, até mesmo o especialista tende a achar que se trata somente de uma gripe comum, subestimando os sintomas que a doença apresenta.
Além disso, os exames usados para detectar a presença de vírus causadores de encefalite são relativamente trabalhosos e caros para quem não recorre à rede pública de saúde.
São eles:
- Exame de sangue
- Eletroencefalograma (EEG)
- Exame de líquor (líquido cerebral)
- Ressonância magnética
- Tomografia computadorizada
- Biópsia cerebral.
A encefalite viral é contagiosa?
Embora seja causada por vírus, o contágio por encefalite não é direto, porque essa é uma doença que surge em decorrência da infecção viral.
Sendo assim, é preciso que outro indivíduo tenha contato com o vírus ainda ativo.
Dessa forma, é possível que ele passe de uma pessoa para outra por meio de secreções como a saliva expelida em espirros, tosse ou pelo uso de objetos contaminados – copos, talheres e pratos são alguns exemplos.
Cabe destacar que, em certos casos, a inflamação pode atingir as meninges, situação em que a doença é chamada de meningoencefalite.
E se a inflamação chegar à medula espinhal, ela passa a ser conhecida como encefalomielite.
A EV pode, ainda, surgir como uma complicação de enfermidades como toxoplasmose, caxumba, malária, sarampo e até Covid-19.
Também pode se desenvolver por causa de rejeição a vacinas, como efeito colateral do câncer ou mesmo como doença autoimune.
Existe cura para a encefalite viral?
Sim, a encefalite viral tem cura.
No entanto, como vimos, ela depende da rapidez no diagnóstico para que o tratamento impeça o seu avanço e, consequentemente, previna sequelas graves.
Caso o paciente demore a fazer os exames indicados, corre risco de sofrer inflamação do tecido cerebral, o que leva ao seu inchaço (edema).
Assim, as células nervosas vão pouco a pouco sendo destruídas, causando sangramento intracerebral e danos que, em alguns casos, podem ser irreversíveis.
Quais são as opções de tratamentos convencionais para encefalite viral?
O foco dos tratamentos convencionais para encefalite viral consiste em combater a infecção e controlar os sintomas.
Para isso, são prescritos remédios antivirais e anticonvulsivantes para impedir os espasmos e as crises tônicas.
Em paralelo, o paciente deve se manter em repouso, ingerir bastante líquido e se alimentar adequadamente.
São receitados também os seguintes medicamentos:
- Antivirais, como Foscarnet e Aciclovir
- Paracetamol, para dor de cabeça e febre
- Ansiolíticos, como Lorazepam e Alprazolam
- Anticonvulsivantes, como Fenitoína e Carbamazepina
- Corticoides, como Betametasona e Dexametasona.
Em casos de infecção mais avançada, pode ser indicada fisioterapia ou internação.
Pacientes que sofrem com desmaios ou insuficiência respiratória podem precisar permanecer internados para ter suporte respiratório e se tratar com medicação intravenosa.
Tratamentos alternativos para encefalite viral: remédios à base de CBD
A encefalite viral é desafiadora por conta da extensa quantidade de vírus e agentes patógenos que podem causá-la, fora os seus sintomas comuns a outras enfermidades.
O já citado surto ocorrido em Minas Gerais é um bom exemplo disso, já que a variante da doença em questão era das mais raras.
Dessa forma, nem todo médico é capaz de diagnosticá-la corretamente, o que pode ter consequências muito sérias, já que quem tem EV tem pressa.
O caso do menino Miguel é outro exemplo disso.
Depois de alguns diagnósticos equivocados, ele sofreu perdas cognitivas e motoras severas.
O que fez ele “virar o jogo” foi o canabidiol (CBD), prescrito quando ele já apresentava dezenas de crises epilépticas por dia.
Veja a seguir por que essa substância é eficaz no tratamento da encefalite viral.
O que é CBD?
O canabidiol é um dos mais de 100 canabinoides extraídos das plantas do gênero Cannabis.
Suas propriedades terapêuticas são conhecidas há milhares de anos, mas, cientificamente, elas começaram a ser estudadas com mais intensidade só a partir dos anos 1960.
Foi nessa época que o cientista Raphael Mechoulam descobriu o sistema endocanabinoide, responsável por equilibrar o organismo e restabelecer a homeostase.
Ele é formado por incontáveis receptores presentes em quase todos os tecidos do corpo, sendo os mais conhecidos o CB1 e o CB2 – é por meio deles que o CBD age na maioria dos casos.
A partir dessa interação, a substância pode estimular ou conter alguma ação conforme a demanda.
Em pacientes com epilepsia, por exemplo, ele atua como um “freio” para as reações nervosas descontroladas que causam as crises.
Como funciona o tratamento de encefalite com CBD?
O tratamento de EV à base de CBD não difere das abordagens convencionais que consistem em ministrar o medicamento.
Normalmente, ele é prescrito como óleo, que pode ser ingerido em forma de gotas ou pela via sublingual.
Há, ainda, a alternativa dos inaladores, embora seja menos comum.
Uma vantagem desse recurso terapêutico são os poucos efeitos adversos relatados pelas pessoas que recorrem ao CBD para tratar não só de encefalite viral como de outras doenças graves.
O uso de remédio à base de CBD é liberado no Brasil?
Quem opta pelo CBD para tratar da EV precisa levar em consideração algumas limitações peculiares a essa substância no Brasil, regulamentada pela Anvisa
A principal delas é a oferta restrita de medicamentos vendidos nas farmácias nacionais – as poucas opções disponíveis não são recomendadas para o tratamento dessa doença.
Dessa forma, para comprar canabidiol, o meio mais indicado é a importação ou, em casos excepcionais, buscar na justiça o direito de cultivar Cannabis para fabricação própria.
Outra limitação a ser considerada é que a Anvisa só permite a compra de medicamentos contendo CBD que sejam ingeridos via oral ou nasal.
O que dizem os especialistas sobre o uso de CBD no tratamento de encefalite viral?
Ainda que não exista uma confirmação definitiva a respeito da eficácia do CBD ao tratar da encefalite viral, há estudos elucidativos.
Um deles, intitulado Perspectivas para terapias com canabinoides na encefalite viral, traz conclusões animadoras e que indicam um futuro promissor para a substância:
“A supra regulação da expressão de CB2 em diferentes condições fisiopatológicas foi relatada em vários paradigmas experimentais e estados de doença com processos inflamatórios ou degenerativos, doenças que têm em comum ativação glial, inflamação, estresse oxidativo / nitrosativo e degeneração. O direcionamento de receptores CB2 com agonistas seletivos é uma nova via terapêutica em doenças inflamatórias degenerativas para redução da neuroinflamação.”
Como encontrar médicos que prescrevem CBD no Brasil?
Em um mercado ainda bastante restrito como o brasileiro, é compreensível que nem todos os médicos se disponham a prescrever o CBD em seus tratamentos.
Temos que considerar que, no caso da encefalite viral, todo tempo é precioso e, sendo assim, não é possível se dar ao luxo de percorrer diversos consultórios.
Para encurtar o caminho de quem tem pressa, o portal Cannabis & Saúde conta com um cadastro online de médicos prescritores de canabidiol.
Se você é paciente ou familiar de um, pode encontrar o especialista desejado e agendar uma consulta, que pode ser presencial ou a distância.
Como comprar CBD?
Veja nos tópicos abaixo o que você precisa fazer para comprar canabidiol com segurança e dentro das regras impostas pela Anvisa.
Prescrição médica
O primeiro passo é obter junto a um médico a prescrição para aquisição de medicamento contendo CBD.
Uma vez que o especialista prescritor seja selecionado, você (ou o paciente) deverá conversar com ele sobre as melhores possibilidades a fim de encontrar o fármaco ideal.
Pedido junto à Anvisa
A receita médica é o único documento exigido pelo órgão de vigilância sanitária para dar início ao pedido de autorização para importação.
O processo online consiste em preencher o formulário disponibilizado no site da agência.
A solicitação pode ser feita pelo próprio paciente ou por seu representante legal autorizado por procuração.
Resposta do órgão
A resposta do órgão costuma vir em um prazo de aproximadamente 10 dias. Porém, com a nova RDC 570/21, a aprovação pode ocorrer até no mesmo dia.
Caso o retorno seja positivo, o próximo passo é encontrar uma loja que venda os medicamentos autorizados para uso no Brasil e prescrito pelo médico.
E se o pedido for rejeitado, então, a entidade dirá se há alguma pendência para que sejam feitos os ajustes necessários para uma nova solicitação.
Compra e entrega
Tendo a resposta positiva da Anvisa, você pode providenciar a compra.
Contudo, nem todos têm disponibilidade para lidar com os trâmites de um processo de importação de medicamentos.
Por isso, a dica é perguntar para o seu médico o contato no Brasil da empresa que importa o produto que ele receitou e que normalmente realizam todo o tramite de aprovação na Anvisa, desde a importação, desembaraço e entrega do produto na casa do paciente.
Conclusão
A encefalite viral é bastante grave e pode matar, mas, ainda assim, ela não é uma sentença de morte.
Como você viu ao longo deste conteúdo, o mais importante é o fator tempo, já que a cura depende do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
Além disso, os pais devem ficar muito atentos, já que há versões raras da doença que podem confundir até mesmo os médicos mais experientes.
Esteja sempre a par do que acontece de mais relevante no mercado de Cannabis medicinal aqui, no portal Cannabis & Saúde.