Após conviver com dores por uma década, Francisco Dodi recuperou sua vida graças ao canabidiol
A vida do administrador de empresas Francisco Dodi era comum até seus 45 anos de idade. Praticava exercícios, mas, como tantos, não dava muita atenção à saúde. “Muito estresse, preocupação com trabalho. Noites mal dormidas, no sofá, de mal jeito”, conta. “Vai ficando pesado e começa a prejudicar a coluna e não percebe. Até que chega a hora que o corpo grita.”
Um grito que veio com o diagnóstico de dor neuropática. “Eu sentia como se estivessem enfiando uma faca em meu pescoço. Eu tinha um pouco de fibromialgia também. Doía tornozelo, joelho, quadril, lombar, torácica, cotovelo. Tudo que tem junta, doía.”
Junto às dores, diversos outros problemas que costumam acompanhar pessoas com dor crônica começaram a aparecer. “Meu pescoço me acordava a cada meia hora. Começava a dormir, e vinha a dor. Não tinha um sono produtivo. Qualidade de sono péssima. Eu virava na cama, meu braço começava a formigar, a doer”, lembra. “Junto com a insônia, vinha a ansiedade também.”
Tratamento para dor crônica
E, assim, começou a saga em busca de algo que pudesse auxiliar em sua condição. “Acabei me deparando com muito médico charlatão. Fisioterapeutas que prometiam tratamentos, mas era enganação. Acabei gastando uma nota.”
Sua trajetória só começou a mudar quando chegou à especialista em dor, a médica Maria Teresa Rolim Jalbut Jacob. Entretanto, não foi logo de cara. “Eu tentei tratamentos medicamentosos, mas nenhum trazia resultados verdadeiramente positivos, sustentáveis. Melhorava e piorava”, afirma. “A dor tinha seus ciclos e eu sentia como se tivesse atordoado. Um remédio que tira sua dor e te transforma em um zumbi.”
“Combatia a dor aguda. Fazia choquinhos, fisioterapia. Bloqueio de dor com xilocaína. Nada adiantava. Era impressionante”, continuou. “Eu não queria fazer a cirurgia. Faço parte de um grupo na internet e 90% dos relatos acabava piorando da dor. Até que aparece o canabidiol. A doutora me perguntou se queria experimentar. Eu quero.”
A chegada da Cannabis
Em março de 2020, após dez anos de dor, Francisco começou a recuperar sua vida. “Logo comecei a sentir uma modificação na dor. A melhora é progressiva e gradual.Você começa a se sentir melhor, mas, se não é uma pessoa observadora, não vai perceber as nuances da melhora. É aos poucos.”
“Eu fui observando a somatória dos benefícios. Na hora de levantar, percebi que não doeu. Comecei a deitar e dormir, coisa que não conseguia”, continuou. “Com o canabidiol, foi como se estivesse limpando a casa. Hoje posso dizer que praticamente não tenho dor. Aquela dor irritante, deprimente, que me punha para baixo, não tenho mais.”
Aos 56 anos e 14 meses de Cannabis medicinal, Francisco recuperou a qualidade de vida que tinha há dez anos. Aos poucos retornou aos exercícios e, de uma realidade em que caminhar 500 metros era impossível, percorre em média 10 quilômetros todos os dias.
“Perdi uns 15 quilos. Perdi a barriga e a ansiedade. Uma melhora geral. Tira aquilo que está te atrapalhando e evolui nas coisas que estava sem permissão para praticar. A autoestima melhora, tudo melhora.”
Como tantos que puderam, enfim, encontrar um tratamento na Cannabis, Francisco se tornou defensor de seu uso medicinal. “Meu pai teve Alzheimer. Dez anos com Alzheimer. Naquela época não se falava. Se tivesse, poderia ter ajudado ele, mas nunca vou saber.”
Defensor da Cannabis
Sua defesa é para que todos tenham acesso a um medicamento cuja principal diferença é a amplitude de benefícios com poucos efeitos colaterais. “Os medicamentos vêm das plantas. Assim como da papoula, o ópio, da Cannabis, temos o canabidiol. Porque não? Uma vez que a ciência comprova a eficácia, está comprovado.”
“Acho uma ignorância ter preconceito”, conclui. “Não tem nada a ver a maconha com o canabidiol. Nada a ver. Não sou contra quem usa, mas, para aqueles que têm preconceito, tem que entender que nem precisa ter. É outra coisa. Não é uso recreativo, não dá barato. Não tem nada. É um medicamento como qualquer outro.