A dor crônica é uma doença crônica, multifatorial e, representa um desafio na prática clínica. O tratamento medicamentoso deve ser individualizado, de acordo com as patologias coexistentes e medicações de uso contínuo, sempre atento à possibilidade de interações medicamentosas.
Além da necessidade do tratamento farmacológico, o paciente necessita uma abordagem holística para uma reintegração biopsicossocial e para melhora da qualidade de vida.
A dor crônica está entre as patologias com mais publicações na literatura médica sobre o uso da Cannabis como medicamento
As mais de 500 substâncias presentes na Cannabis, entre elas os fitocanabinoides como o CBD e o THC, se unem aos receptores canabinoides de diferentes regiões do corpo implicadas na fisiopatologia da dor. O CBD, THC entre outros fitocanabinóides, além de terpenos e terpenóides, interagem com receptores cerebrais, de nervos periféricos, das estruturas articulares entre outros, equilibrando os diferentes mecanismos responsáveis pela cronificação da dor.
Melhora dos pacientes
A maioria dos pacientes refere melhora em algumas semanas com poucos ou sem efeitos colaterais que, quando ocorrem, são mais no período de dosificação. Com a manutenção do tratamento esta melhora vai se acentuando, o que permite muitas vezes a diminuição ou retirada de outros medicamentos que vinham sendo utilizados sem melhora adequada e/ou com efeitos indesejáveis muitas vezes intoleráveis.
Geralmente os pacientes procuram a prescrição da Cannabis de uso médico, visando uma complementação, ou até mesmo, mudança na medicação que vem sendo utilizada pelo controle inadequado da sintomatologia ou porque apesar do controle da dor ser razoável a incidência dos efeitos colaterais é incompatível com uma boa qualidade de vida.
A escolha do medicamento deve ser individualizada de acordo com o diagnóstico e perfil de cada paciente uma vez que podemos optar por diferentes formulações e, as respostas ao tratamento são extremamente individualizadas. O medicamento deve ser iniciado com pequenas dosagens, fazendo-se um ajuste gradativo até a resposta desejada. Podemos utilizar, soluções orais ou capsulas, 1 a 3 vezes ao dia.
Um estudo publicado em novembro de 2019 no Journal of Pain, relatou que a Cannabis pode reduzir o nível de dor da enxaqueca e de outras dores de cabeça, patologias crônicas extremamente frequentes e debilitantes, em até 50%.
Como em qualquer área da medicina, a história clínica nos fornece dados essenciais para as hipóteses diagnósticas e a individualização do tratamento.
Desta forma, escolhemos a formulação mais adequada, a melhor forma de administração e a composição que será provavelmente mais segura e eficaz. É importante levar em conta as possíveis interações medicamentosas e escolher a formulação de acordo com outras comorbidades.