Doenças crônicas representam um desafio significativo para a saúde pública em todo o mundo, afetando milhões de pessoas e contribuindo para uma carga substancial de morbidade e mortalidade.
Essas condições de longa duração, muitas vezes incuráveis, têm um impacto profundo na qualidade de vida dos pacientes e exigem uma abordagem multifacetada para prevenção e tratamento.
Neste texto, vamos falar sobre essas doenças e as principais estratégias de tratamento que visam controlar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Por aqui, você vai encontrar:
- O que são doenças crônicas?;
- Quais as doenças crônicas no Brasil?;
- Uma doença crônica tem cura?;
- Quais as principais formas de tratamento das doenças crônicas?;
- A Cannabis medicinal como tratamento para doenças crônicas;
- Medidas de prevenção para evitar doenças crônicas.
Confira!
O que são doenças crônicas?
São consideradas doenças crônicas aquelas que têm início gradual e progressão lenta e uma duração longa ou incerta, podendo, até mesmo, durar por toda a vida. Esse tipo de doença pode ser causada por diversos fatores, como predisposição genética, sedentarismo, tabagismo, má alimentação, dentre outros.
Entre as doenças crônicas, existem as transmissíveis e as não transmissíveis. As transmissíveis são causadas por agentes infecciosos, como vírus e bactérias, como a AIDS, por exemplo. Já as não infecciosas estão, normalmente, relacionadas ao estilo de vida ou à predisposição genética de cada indivíduo, como, por exemplo, câncer ou diabetes mellitus.
Quais as doenças crônicas no Brasil?
Veja a seguir quais são as doenças crônicas mais comuns no Brasil e o que caracteriza cada uma delas.
Colesterol Alto
O colesterol alto, também conhecido como hipercolesterolemia, é uma doença caracterizada pelo excesso de colesterol no sangue. O colesterol é uma substância gordurosa presente nas células do corpo necessária para produzir hormônios, vitamina D e substâncias que ajudam na digestão.
No entanto, quando o colesterol encontra-se em quantidade excessiva, pode haver aumento do risco de ocorrência de doenças cardiovasculares, podendo levar o paciente, até mesmo, ao infarto.
O colesterol alto pode ser causado pelo consumo excessivo de alimentos gordurosos, tabagismo, sedentarismo e obesidade, além de fatores genéticos. Para controlar a doença, o principal meio é a mudança de estilo de vida, mas também pode ser recomendado o uso de alguns medicamentos, como estatinas, por exemplo.
Doença de Alzheimer
Outra doença crônica bastante conhecida é o Alzheimer, uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta o cérebro causando perda de memória e deterioração das habilidades de raciocínio. O Alzheimer é a forma mais comum de demência e se desenvolve de forma lenta, apresentando inicialmente sintomas leves de esquecimento e confusão mental, que pioram com o tempo.
Essa doença é causada pelo acúmulo anormal de proteínas no cérebro, prejudicando a comunicação entre as células nervosas e levando à perda das conexões neurais, resultando em atrofia cerebral.
Os principais sintomas do Alzheimer são:
- Perda de memória que afeta atividades diárias;
- Dificuldade em encontrar palavras certas ou expressar pensamentos;
- Dificuldade em resolver problemas ou tomar decisões;
- Desorientação em relação a tempo e lugar;
- Alterações de humor e personalidade.
A doença de Alzheimer ainda não tem cura e os tratamentos existentes visam principalmente gerenciar os sintomas e retardar a progressão da doença. Isso pode envolver medicações para ajudar a controlar os sintomas cognitivos e comportamentais, além de intervenções não farmacológicas, como terapia ocupacional e suporte emocional para pacientes e suas famílias.
Mal de Parkinson
O mal de Parkinson é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, resultando em tremores constantes. Assim como o Alzheimer, o Parkinson também é uma doença degenerativa, ou seja, que progressivamente ataca as células do corpo de forma a causar danos que prejudicam gradativamente a saúde do paciente. Nesse caso, as afetadas são as células nervosas da parte do cérebro que controla o movimento, levando à deficiência da produção da dopamina.
Essa condição faz com que o portador perca gradativamente o controle dos músculos, causando sintomas como:
- Tremores involuntários;
- Rigidez muscular;
- Bradicinesia, ou lentidão nos movimentos;
- Instabilidade postural;
- Problemas ao se equilibrar;
- Dentre outros, que podem incluir diminuição do olfato, depressão, distúrbios do sono e dificuldades cognitivas.
O mal de Parkinson ainda é uma doença sem cura, e seu tratamento para controle dos sintomas envolve medicamentos para aumentar o nível de dopamina no cérebro, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia.
Osteoporose
A osteoporose é uma doença crônica que causa o enfraquecimento dos ossos devido à deficiência de cálcio no organismo. Nessa condição, o corpo perde mais massa óssea do que é capaz de repor, diminuindo a densidade dos ossos e os tornando mais porosos e frágeis.
Essa doença é, muitas vezes, silenciosa, progredindo lentamente sem que o paciente sequer perceba até que haja uma fratura. As fraturas por osteoporose podem ocorrer em diversas partes do corpo, mas é comum que aconteçam em vértebras da coluna, no quadril e no pulso.
A osteoporose apresenta alguns fatores de risco para que se desenvolva, como a idade avançada, histórico familiar, estilo de vida, uso de determinados medicamentos e o sexo, já que as mulheres têm mais propensão a desenvolver a doença do que os homens.
O diagnóstico da osteoporose geralmente é feito por meio do exame de densitometria óssea e seu tratamento pode envolver mudanças no estilo de vida, incluindo dieta rica em cálcio e vitamina D, exercícios de fortalecimento ósseo e medidas para prevenção de quedas, além de medicamentos para prevenir a perda óssea, em alguns casos.
Diabetes
O diabetes também é uma condição crônica e ocorre quando o corpo não consegue regular adequadamente os níveis de açúcar no sangue, também chamado de glicose. Isso pode ocorrer devido à produção insuficiente de insulina pelo pâncreas ou à incapacidade das células do corpo de usar a substância de forma eficaz.
Existem alguns diferentes tipos de diabetes:
- Tipo 1: quando o sistema imunológico ataca e destrói as células produtoras de insulina do pâncreas e, como resultado, o corpo não produz quantidade suficiente da substância para para regular os níveis de açúcar no sangue;
- Tipo 2: o tipo mais comum de diabetes, que ocorre quando o corpo não consegue usar a insulina que produz de forma eficaz;
- Gestacional: que ocorre durante a gravidez e geralmente desaparece após o parto, mas causa o aumento do risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2 ao longo do tempo.
Existem também outros tipos menos comuns de diabetes, que normalmente estão associados ao uso de medicamentos ou doenças pancreáticas.
Os sintomas desta doença podem incluir aumento da sede, micção frequente, fome excessiva, perda de peso não intencional, fadiga, visão turva e cicatrização lenta de feridas.
Seu tratamento está focado em manter os níveis de açúcar no sangue regulares e prevenir complicações. Para isso, é recomendada uma alimentação saudável aliada a exercícios físicos regulares, monitoramento da glicose no sangue e, em alguns casos, medicamentos e aplicações de insulina.
DPOC (Doença pulmonar obstrutiva crônica)
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), é uma doença respiratória que tem como característica a obstrução das vias aéreas, trazendo dificuldades ao respirar. Essa doença pode englobar a bronquite obstrutiva crônica, que se caracteriza pela inflamação das vias aéreas e a produção excessiva de muco; e o enfisema pulmonar, que é a destruição progressiva dos alvéolos pulmonares.
A principal causa do surgimento da DPOC é o tabagismo, além da inalação de poluentes do ar e exposição a produtos químicos.
Dentre os sintomas, podemos citar a tosse crônica, produção excessiva de catarro, falta de ar, chiado no peito e fadiga. Esses sintomas podem se tornar mais graves à medida que a doença se desenvolve, acabando por limitar as atividades corriqueiras do paciente.
O tratamento da DPOC visa aliviar seus sintomas, melhorar a função pulmonar e prevenir complicações da doença. Para isso, normalmente é recomendado o uso de medicamentos, reabilitação pulmonar, oxigenoterapia, prevenir infecções, além de, é claro, parar de fumar.
Asma
A asma é uma doença crônica das vias respiratórias caracterizada pela inflamação e estreitamento dos tubos bronquiais. Essa condição leva a episódios recorrentes de dificuldade respiratória, tosse, chiado e sensação de aperto no peito. Os sintomas da asma podem variar de leve a grave e podem ocorrer com diferentes frequências.
A asma pode ser desencadeada por diversos fatores, que incluem alergias respiratórias, poluição do ar, infecções respiratórias e, até mesmo, fatores emocionais.
O tratamento da doença busca melhorar a qualidade de vida do paciente e normalmente é feito com o uso de medicamentos broncodilatadores e corticosteróides, com a identificação dos gatilhos das crises e o monitoramento constante junto a um profissional de saúde.
Hipertensão
A hipertensão, também conhecida como pressão alta, é uma condição em que o paciente se encontra com a pressão arterial cronicamente elevada, o que significa que o coração precisa trabalhar mais para bombear o sangue através dos vasos. Isso acaba por sobrecarregar o órgão e danificar os vasos, assim como também o cérebro, rins e olhos, trazendo consequências que podem culminar em um infarto, AVC, insuficiência renal e problemas de visão.
Como fatores de risco para esta condição, podemos citar a idade, histórico familiar, excesso de peso, sedentarismo, má alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo e estresse.
Para tratar a doença, é recomendada a mudança no estilo de vida, incluindo uma dieta saudável e exercícios físicos regulares, além do uso de medicamentos para baixar a pressão. Consultas regulares com o médico também são recomendadas para fazer o monitoramento adequado da condição.
Derrame cerebral (AVC)
O derrame cerebral, ou AVC, ocorre quando o fornecimento de sangue para uma parte do cérebro é interrompido ou reduzido drasticamente, o que resulta em danos ao tecido cerebral.
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O AVC isquêmico é o tipo mais comum, que acontece quando um coágulo interrompe o fornecimento de sangue para o cérebro. Isso pode ocorrer, igualmente, com um êmbolo que viaja de outra parte do corpo até o cérebro. Assim, a falta de fluxo sanguíneo causa privação de oxigênio e nutrientes para as células cerebrais e traz danos ao tecido.
Já o AVC hemorrágico acontece quando um vaso sanguíneo do cérebro se rompe e traz sangramento ao tecido cerebral. Essa situação pode ocorrer devido à ruptura de um aneurisma ou a uma hipertensão arterial mal controlada. Como resultado, o sangue vazado danifica as células e pode causar inchaço e pressão adicional ao tecido, trazendo danos ao cérebro do paciente.
Os sintomas de um AVC podem variar dependendo da área do cérebro afetada, mas, normalmente, podem incluir:
- Fraqueza súbita ou dormência em um lado do corpo, geralmente em um braço, perna ou metade do rosto;
- Dificuldade repentina em falar, entender a fala ou formar palavras;
- Confusão ou dificuldade em entender os outros;
- Problemas súbitos de visão em um ou ambos os olhos;
- Tonturas súbitas, perda de equilíbrio ou coordenação;
- Dor de cabeça intensa, muitas vezes acompanhada de vômitos e alterações na consciência.
Ao reconhecer esses sinais, é crucial procurar assistência médica imediata. O tratamento de emergência para um AVC isquêmico pode incluir a administração de medicamentos trombolíticos para dissolver o coágulo de sangue e restaurar o fluxo sanguíneo para o cérebro. Em casos de AVC hemorrágico, o tratamento visa controlar o sangramento e reduzir a pressão intracraniana.
Câncer
O câncer é uma doença muito conhecida e comum, caracterizada pelo crescimento anormal de células que invadem e destroem os tecidos saudáveis e podem se espalhar por outras partes do corpo em um processo chamado de metástase.
Existem mais de 100 tipos de câncer conhecidos e eles normalmente recebem o nome do local onde aparecem, como de pele, de pulmão, de mama, próstata, dentre outros.
O câncer pode surgir por diversas causas. Geralmente, resultam de uma série de fatores genéticos e ambientais. Por exemplo, deriva de tabagismo, má alimentação, obesidade e exposição excessiva aos raios solares ou a substâncias cancerígenas.
A cura dessa doença depende do estágio em que ela está na hora do diagnóstico, por isso, é muito importante estar sempre atento aos sinais do corpo. O tratamento depende do tipo de câncer e pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e terapia alvo. Também é importante o suporte psicológico e emocional dos pacientes, já que o tratamento costuma ser bastante agressivo e com efeitos colaterais significativos.
Uma doença crônica tem cura?
As doenças crônicas, em geral, não têm cura definitiva, mas podem ser tratadas e controladas por meio de intervenções médicas, mudanças no estilo de vida e outras terapias que servem de suporte ao paciente.
Dessa forma, o tratamento busca controlar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente para que ele tenha mais tempo de vida.
É claro que, em alguns casos, uma remissão completa dos sintomas é, sim, possível. Nessas situações, também é preciso manter o tratamento para prevenir que a doença volte a atacar o organismo do paciente.
Por isso, é muito importante que os pacientes trabalhem em conjunto com os profissionais de saúde para desenvolver planos de tratamento personalizados e que não deixem de realizar consultas regulares de acompanhamento de seu caso.
Quais as principais formas de tratamento das doenças crônicas?
Como comentamos ao longo do texto, a maioria das doenças crônicas contam com tratamentos de controle dos sintomas. Esses tratamentos podem variar de doença para doença, mas, na maioria dos casos, a abordagem inclui:
- Mudança de estilo de vida, buscando uma alimentação mais saudável e a prática regular de atividade física;
- Medicamentos específicos para cada condição, que ajudam a melhorar a qualidade de vida do paciente;
- Terapias diversas, como fisioterapia e terapia ocupacional;
- Acompanhamento médico regular para monitoramento dos sintomas e adequação do tratamento.
Em resumo, a melhor forma de evitar ou controlar uma doença crônica é sempre buscar um estilo de vida mais saudável.
A Cannabis medicinal como tratamento para doenças crônicas
Sim, a Cannabis pode ser uma opção de tratamento para doenças crônicas. De fato, isso se dá graças às suas propriedades, que ajudam no controle da dor, da depressão e ansiedade. Da msma forma, há melhora no sono, dentre outros sintomas comuns em doenças crônicas. Em resumo, os medicamentos canábicos podem auxiliar significativamente na qualidade de vida dos pacientes desse tipo de doença.
Quais estudos comprovam a eficácia da Cannabis para doenças crônicas?
O estudo Health-related quality of life in patients accessing medicinal cannabis in Australia: The QUEST initiative results of a 3-month follow-up observational study mostrou que, com o uso de Cannabis, ao longo de um período de três meses, houve melhora significativa na fadiga, ansiedade, depressão e dor de pacientes portadores de doenças crônicas.
Além disso, o estudo An observational study of safety and clinical outcome measures across patient groups in the United Kingdom Medical Cannabis Registry associou a melhora na qualidade de vida dos pacientes de doenças crônicas ao uso da Cannabis, já que alivia sintomas relacionados à qualidade do sono e à ansiedade, além de ter apresentado poucos efeitos colaterais, especialmente em homens.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Para iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal, o paciente deve procurar um médico prescritor da substância e consultar-se. Após a consulta, se o profissional acreditar que o tratamento com medicamentos canábicos tem indicação para sua condição, ele fornecerá uma receita. Com ela, será possível solicitar uma autorização junto à Anvisa, para comprar ou importar medicamentos à base de canabinoides.
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Medidas de prevenção para evitar doenças crônicas
Para prevenir doenças crônicas, as principais medidas a se tomar são aquelas que trazem um estilo de vida mais saudável, como uma boa alimentação, prática de atividades físicas regulares, não fumar, não exagerar no consumo de álcool, gerenciar o estresse e, é claro, realizar exames de saúde com frequência para monitorar a saúde e todos os fatores de risco.
Tornando essas pequenas ações rotineiras em sua vida, as chances de desenvolver alguma condição crônica podem diminuir. Consequentemente, aumenta a chance de ter uma vida mais longeva e com mais saúde aumenta consideravelmente.
Conclusão
Como comentamos ao longo deste texto, as doenças crônicas representam um desafio para a saúde pública. Em primeiro lugar, porque requerem uma abordagem abrangente e multidisciplinar para prevenção e tratamento.
Os tratamentos que focam na promoção da saúde, mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos, terapias físicas e suporte emocional desempenham um papel crucial na gestão deste tipo de doença. Por isso, é fundamental que os pacientes tenham acesso a cuidados contínuos e coordenação entre os profissionais de saúde. Assim, podem otimizar os resultados a longo prazo e melhorar sua qualidade de vida.
Nesse sentido, a Cannabis também se apresenta como uma possibilidade de tratamento, já que é capaz de mitigar alguns dos principais sintomas dessas doenças. Com isso, consegue oferecer mais qualidade de vida aos pacientes.
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