A doença falciforme representa uma das condições genéticas mais prevalentes globalmente.
Resultante de uma alteração no gene responsável pela produção da hemoglobina A, essa condição origina a hemoglobina S, uma forma mutante recessiva.
A severidade da anemia falciforme varia, apresentando diferentes manifestações que podem impactar praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo.
Esta condição acarreta uma alta taxa de complicações, reduzindo a capacidade de trabalho e a expectativa de vida dos afetados.
Assim, é muito importante manter um acompanhamento médico multidisciplinar desde os estágios iniciais da vida para os portadores dessa condição.
A participação ativa da família é crucial, oferecendo suporte e encorajamento para que o paciente possa levar uma vida normal, uma vez que a anemia falciforme não influencia no desenvolvimento físico ou intelectual.
Prossiga com a leitura e aprenda mais sobre a anemia falciforme e o que ela agrega. A seguir, abordaremos sobre:
- O que é a doença falciforme?
- Quais são as causas da doença falciforme?
- Quais são os sintomas da doença falciforme?
- Quais são os tipos de doença falciforme?
- Como funciona o diagnóstico da anemia falciforme?
- Como é o tratamento para a doença falciforme?
- Cannabis medicinal pode auxiliar no tratamento da doença falciforme?
- Quais são as sequelas da anemia falciforme?
- Dúvidas frequentes sobre a doença falciforme
O que é a doença falciforme?
A doença falciforme engloba um conjunto de distúrbios hereditários que impactam a morfologia dos glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio para todo o corpo.
Normalmente, esses glóbulos são redondos e flexíveis, permitindo fácil movimentação pelos vasos sanguíneos.
Contudo, na doença falciforme, alguns adquirem uma forma diferente, tornando-se rígidos e pegajosos, o que pode obstruir o fluxo sanguíneo.
Esta é uma condição genética caracterizada pela presença da hemoglobina S (ou Hb S), uma variante mutante de hemoglobina.
Essa anomalia na hemoglobina resulta na distorção das hemácias, assumindo uma forma de foice ou meia-lua.
Devido a essa forma alterada, as hemácias têm uma vida mais curta, comprometendo a distribuição adequada de oxigênio nos tecidos e levando a sintomas como febre e dores musculares.
Atualmente, a doença falciforme engloba diversas condições, incluindo a anemia falciforme (Hb SS), a talassemia ou microdrepanocitose e as duplas heterozigotas Hb SC e Hb SD.
A variabilidade na gravidade dessas diferentes manifestações da doença falciforme é observada, embora a maioria das pessoas apresente as formas crônicas e/ou graves da condição.
Além disso, os sintomas mudam conforme a idade do paciente e, especialmente, de acordo com os cuidados preventivos adotados.
Como a doença surgiu?
A origem da doença falciforme remonta à África, onde a malária era prevalente.
Indivíduos com a doença falciforme demonstraram uma maior resistência à malária, em comparação com outros indivíduos que corriam maior risco de óbito.
Isso levou a um aumento na frequência da alteração genética associada à doença falciforme.
A chegada da doença às Américas ocorreu devido à migração forçada de africanos para o continente americano.
No Brasil, a distribuição da doença falciforme é heterogênea, influenciada pela significativa miscigenação, sendo mais prevalente na população negra e em seus descendentes.
Perfil demográfico da doença no Brasil
A anemia falciforme é uma forma crônica e hereditária de anemia hemolítica, com uma alta incidência tanto globalmente quanto no Brasil, figurando entre as doenças genéticas mais comuns no país.
Os dados da Triagem Neonatal sugerem que a cada ano, cerca de 3.000 crianças nascem com a doença falciforme e 200.000 com o traço falciforme no Brasil.
O gene responsável pela hemoglobina S tem uma presença considerável no Brasil, com maior incidência nas regiões sudeste e nordeste, especialmente nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e Pernambuco.
A anemia falciforme afeta de 0,1% a 0,3% da população negra no Brasil, e sua tendência é alcançar uma parcela ainda maior da população, por conta da grande miscigenação presente em nosso país.
Devido à alta incidência de problemas de saúde associados às hemoglobinopatias no Brasil, a inclusão da detecção dessas condições no Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) através do Teste do Pezinho, possibilita o diagnóstico precoce a partir da primeira semana de vida.
Crianças a partir dos quatro meses de idade, bem como jovens e adultos que ainda não foram diagnosticados, podem realizar o exame de eletroforese de hemoglobina pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Esse tipo de exame também faz parte dos cuidados pré-natais, disponíveis para todas as gestantes e seus parceiros.
Após o diagnóstico, é fundamental que a pessoa receba um acompanhamento médico integral, fornecido por uma equipe multidisciplinar especializada no tratamento da anemia falciforme.
Esse acompanhamento visa educar a família e o paciente sobre os sinais de gravidade da doença, gerenciar crises de maneira adequada e promover medidas preventivas ao longo da vida.
Dados do Sistema de Informações de Mortalidade do SUS também revelam que, entre 2014 e 2019, a maioria dos pacientes com Doença Falciforme no Brasil faleceu entre os 20 e 29 anos.
O país registra mais de um óbito diário devido a essa condição e mantém uma média de um óbito semanal entre crianças de 0 a 5 anos.
Quais são as causas da doença falciforme?
Conforme mencionado, a doença falciforme ocasiona em uma modificação na forma das células vermelhas do sangue, fazendo-as adquirir a aparência de uma foice.
Essa alteração reduz a capacidade dos glóbulos vermelhos em transportar oxigênio pelo corpo, resultando nos sintomas típicos da anemia, como fadiga intensa e palidez.
As células falciformes possuem uma hemoglobina específica, conhecida como hemoglobina S, que se solidifica na ausência de oxigênio, formando coágulos que obstruem o fluxo sanguíneo.
A origem da doença falciforme é genética e hereditária, sendo mais prevalente em indivíduos de ascendência africana, embora também possa manifestar-se em pessoas de outras ascendências.
Para ser afetado pela doença, é necessário herdar o gene modificado tanto do pai quanto da mãe.
Caso seja transmitido por apenas um dos pais, a criança portará o traço falciforme, podendo passá-lo para seus descendentes, mas não desenvolverá a doença em si.
Pessoas com traço falciforme normalmente não têm nenhum sintoma de doença falciforme.
Raramente, desidratação grave e atividade física intensa podem levar a sérios problemas de saúde em pessoas com traço falciforme.
Quem tem maior predisposição à anemia falciforme?
A doença falciforme é uma enfermidade hereditária ligada à descendência de populações originárias principalmente da África subsaariana, e também da Índia, da Arábia Saudita e de países mediterrâneos.
No Brasil, dada a grande miscigenação racial, o problema pode acometer qualquer pessoa.
Cerca de 1 em cada 12 pessoas de ascendência negra ou africana carrega o traço falciforme.
Quais são os sintomas da doença falciforme?
Os sintomas da doença falciforme geralmente surgem por volta dos 5 a 6 meses de idade de uma criança.
No entanto, os sinais e sintomas variam consideravelmente de uma pessoa para outra.
Enquanto algumas pessoas apresentam sintomas leves, outras enfrentam complicações mais graves.
Entre os sintomas notados na doença falciforme, é comum:
Anemia
A anemia acontece pela redução do número dos eritrócitos, das alterações em seu formato e na sua função e da diminuição da hemoglobina.
Os glóbulos vermelhos geralmente vivem por cerca de 120 dias antes de precisarem ser substituídos. Mas as células falciformes geralmente morrem em 10 a 20 dias, deixando uma escassez de glóbulos vermelhos (anemia).
Sem glóbulos vermelhos suficientes, o corpo não consegue obter oxigênio suficiente e isso causa fadiga.
Crises de dor
Crises de dor intensa são um dos principais sintomas da anemia falciforme.
Essa dor surge quando os glóbulos vermelhos em formato de foice bloqueiam o fluxo sanguíneo nos pequenos vasos, afetando o peito, abdômen e articulações.
Enquanto algumas pessoas enfrentam apenas algumas crises de dor ao longo do ano, outras sofrem uma dúzia ou mais. Casos graves de crise exigem hospitalização.
Além disso, alguns adolescentes e adultos que possuem anemia falciforme enfrentam dor crônica, geralmente associada a danos ósseos e articulares, úlceras e outras causas.
Essas dores costumam durar de 4 a 6 dias, e ocorrem nos braços, nas pernas, nas articulações, no tórax, no abdômen e nas costas.
Icterícia
Ocorre em função do aumento da hemólise e do excesso de bilirrubina na circulação, provocando a pigmentação amarelada da pele e da parte branca dos olhos.
Infecções e febre
Na doença falciforme, os episódios frequentes de vaso-oclusão lesionam o baço, levando à atrofia e à diminuição da sua funcionalidade (asplenia funcional).
Isso faz com que o organismo da pessoa com a doença fique mais sujeito às infecções.
Sequestro esplênico
Esse é um estado agudo originado pelo aumento da atividade do baço (tentando remover as células falciformes em excesso), pela intensificação da hemólise e pela quantidade de sangue que o baço retira da circulação.
Isso resulta em um rápido aumento do tamanho do baço, queda abrupta dos níveis de hemoglobina e redução do volume sanguíneo em circulação, aumentando o risco de choque hipovolêmico e até morte.
Acidente vascular cerebral
Ocorre quando há obstrução de artérias cerebrais, provocando isquemia e infarto no encéfalo.
Os glóbulos, mais propensos a ficarem presos nos vasos sanguíneos, bloqueiam o fluxo normal do sangue.
Quando isso acontece nos vasos cerebrais, pode resultar em um AVC devido à interrupção do suprimento sanguíneo para uma parte do cérebro, levando a danos nessa área.
Priapismo
Acontece em decorrência da vaso-oclusão, da redução da circulação sanguínea no pênis, causando ereção prolongada e dolorosa.
Pneumonia
Tosse, febre, dor na região dos pulmões, dificuldade respiratória e desânimo são sintomas comuns de pneumonia.
A alteração nas células sanguíneas, que assumem a forma de foice, pode diminuir a eficácia do sistema imunológico, tornando as pessoas com essa condição mais suscetíveis a infecções, como a pneumonia.
Além disso, a função pulmonar comprometida devido a possíveis bloqueios nos vasos sanguíneos também pode contribuir para a ocorrência de pneumonia em pacientes.
Crise aplásica
Ocorre quando a medula óssea para de produzir hemácias.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar um transplante de medula para corrigir o problema.
Ulcerações
Tem como causa a presença de vaso-oclusões crônicas ou hipóxia tissular, associada com traumatismos, seja por contusões ou picadas de insetos, entre outros fatores.
Quando há bloqueio nos pequenos vasos que irrigam a pele, especialmente nas pernas, pode ocorrer falta de fluxo sanguíneo adequado, levando à formação de úlceras (feridas abertas).
Essas úlceras são dolorosas e podem ser difíceis de tratar devido ao fluxo sanguíneo comprometido na área afetada.
A obstrução dos vasos sanguíneos impede a cicatrização adequada e pode causar recorrência das úlceras mesmo após tratamento.
Fatores de risco da doença falciforme
Para que um bebê nasça com anemia falciforme, ambos os pais devem ter um gene falciforme.
Por exemplo, se o pai tem um gene normal de hemoglobina A e a mãe tem um gene de hemoglobina S, significa que cada um de seus filhos tem:
- Uma chance de 25%, ou 1 em cada 4, de herdar dois genes normais de hemoglobina A. Esta criança não terá traço ou doença falciforme;
- Uma chance de 50%, ou 1 em 2, de herdar um gene normal de hemoglobina A e um gene de hemoglobina S. Esta criança terá traço falciforme;
- Uma chance de 25%, ou 1 em cada 4, de herdar dois genes de hemoglobina S. Esta criança terá doença falciforme.
É importante ter em mente que cada vez que esse casal tem um filho, as chances de essa criança ter doença falciforme permanecem as mesmas.
Em outras palavras, se a primeira criança tiver doença falciforme, ainda há 25% de chance de que a segunda criança também tenha a doença.
Tanto meninos quanto meninas podem herdar o traço falciforme, doença falciforme ou hemoglobina normal.
Manifestações clínicas na gestação
A gravidez representa um momento de risco potencial para mulheres com doença falciforme, além de trazer preocupações para o feto e o recém-nascido.
Durante a gestação, é possível que as crises de dor se tornem mais frequentes, a anemia se agrave devido a perdas sanguíneas, deficiência de folato ou ferro, e possa ocorrer a chamada crise aplástica.
Além disso, aproximadamente metade das gestantes com anemia falciforme sofrem infecções, principalmente no trato urinário e no sistema respiratório.
Quais são os tipos de doença falciforme?
A doença falciforme engloba diversos tipos, determinados pelos genes herdados dos pais. Entre os tipos mais comuns se encontram:
- Hemoglobina SS (HbSS): É uma forma severa que afeta aproximadamente 65% dos pacientes com a doença. Indivíduos com este tipo herdam um gene hemoglobina S de cada genitor, resultando em uma maior parte ou hemoglobina anormal total, causando anemia crônica.
- Hemoglobina SC (HbSC): Considerada uma forma leve a moderada, impacta cerca de 25% das pessoas com a doença. Aqui, um dos genes de hemoglobina é o S, herdado de um dos pais, enquanto o outro é o da hemoglobina C, também anormal, vindo do outro genitor.
- Hemoglobina (HbS) beta talassemia: Neste tipo, um dos genes de hemoglobina S é herdado de um dos pais, enquanto o outro é da beta talassemia, um tipo anormal.
A anemia falciforme é a forma mais grave da doença, caracterizada por fenômenos vaso oclusivos frequentes e anemia hemolítica.
A presença de um defeito no gene da β-talassemia produz uma doença similar à anemia falciforme.
Pacientes que têm HbS/ beta talassemia podem sofrer crise vasoclusiva e outras complicações da doença falciforme.
Qual a diferença entre anemia falciforme e traço falciforme?
Existem duas formas de doença falciforme: quando o filho herda dois genes variantes (um do pai e um da mãe), o resultado é a anemia falciforme.
Se a herança genética vier de apenas um dos dois, a condição é chamada de traço falciforme.
Nesse caso, a criança não apresenta sintomas da doença, mas poderá transmitir o gene para seus filhos.
Como funciona o diagnóstico da anemia falciforme?
No Brasil, desde 2001, o Ministério da Saúde incluiu no Programa Nacional de Triagem Neonatal o teste para detectar essa enfermidade, que é feito por meio do Teste do Pezinho.
O teste do pezinho é feito a partir do sangue coletado do calcanhar do recém-nascido, entre o 3º e o 5º dia de vida.
É esse exame que permite identificar as hemoglobinas presentes no sangue, detectando se estão normais ou alteradas.
Em adultos, é comum realizar a coleta de uma amostra de sangue retirada de uma veia no braço. Posteriormente, essa amostra é encaminhada a um laboratório para análise.
A identificação da doença falciforme também pode ser realizada em um feto por meio da amostragem do líquido amniótico.
Caso você ou seu parceiro possuam anemia falciforme ou o traço falciforme, é aconselhável consultar o médico para obter informações sobre esse processo de triagem.
Se você ou seu filho for diagnosticado com anemia falciforme, é possível que o médico recomende outros exames para avaliar possíveis complicações decorrentes da doença.
Com o diagnóstico, você deverá iniciar imediatamente o tratamento, garantindo melhor qualidade de vida e prevenção de complicações.
Qual profissional pode fazer esse diagnóstico?
Diversos profissionais de saúde podem auxiliar no diagnóstico da doença falciforme, incluindo hematologistas, pediatras, médicos de família, geneticistas e obstetras.
Esses especialistas estão capacitados para realizar testes, interpretar resultados e oferecer orientações sobre a doença.
Em alguns casos, o encaminhamento para um especialista mais específico pode ser necessário, dependendo das complicações associadas.
Segundo o Conselho Regional de Enfermagem, a coleta das amostras de sangue para a realização do teste do pezinho é um procedimento executado pelo Enfermeiro ou Técnico ou Auxiliar de Enfermagem.
Isso está de acordo com o Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do Programa de Triagem Neonatal, do Ministério da Saúde.
Portanto, é comum que esses profissionais também façam parte do diagnóstico.
Como é o tratamento para a doença falciforme?
A doença falciforme pode ser curada através do transplante alogênico de medula óssea.
Embora o procedimento possa representar a cura e já ser acessível por meio do SUS, é preciso encontrar um doador familiar 100% compatível.
Nos casos em que não há um doador compatível, o tratamento tem como finalidade aliviar os sintomas, reduzir possíveis lesões nos órgãos e prevenir crises de dor.
Sendo assim, a assistência às pessoas com doença falciforme, como ocorre com toda enfermidade crônica, deve privilegiar a ação multiprofissional e multidisciplinar
Além disso, o tratamento é individualizado porque atenderá às necessidades de cada paciente e a gravidade de seu quadro.
Normalmente, o tratamento ocorre através do uso de medicamentos e, em alguns casos, pode ser necessária a transfusão sanguínea.
Tratamento medicamentoso
O tratamento medicamentoso da anemia falciforme tem como foco evitar episódios de dor, mitigar sintomas e prevenir complicações.
Opções medicamentosas incluem:
- Hidroxiureia: Utilizada diariamente, essa substância reduz a frequência de crises dolorosas, podendo diminuir a necessidade de transfusões e internações. Contudo, pode aumentar o risco de infecções. É contraindicada durante a gravidez.
- L-glutamina: Usada para tratar a anemia falciforme, ajuda a reduzir a incidência de crises de dor.
- Crizanlizumabe: Administrado por injeção, pode diminuir a frequência de crises dolorosas em pessoas maiores de 16 anos, embora possa causar efeitos colaterais como náuseas, dores articulares, nas costas e febre.
- Voxelotor: Indicado para tratar a doença em maiores de 12 anos, este medicamento, administrado via oral, reduz o risco de anemia e melhora o fluxo sanguíneo. Efeitos colaterais podem incluir dor de cabeça, náuseas, diarreia, fadiga, erupções cutâneas e febre.
- Analgésicos: O médico pode prescrever analgésicos para aliviar a dor durante crises de dor falciforme.
Tratamentos preventivos
Para prevenir infecções, crianças com anemia falciforme podem receber penicilina dos 2 meses até pelo menos os 5 anos.
Adultos com anemia falciforme também podem necessitar de penicilina ao longo da vida se tiverem histórico de pneumonia ou fizeram cirurgia de remoção do baço.
Vacinas infantis são essenciais para prevenir doenças em todas as crianças, sendo ainda mais importantes para crianças com anemia falciforme, dado o risco maior de infecções graves.
O médico de seu filho deve garantir a administração de todas as vacinas infantis recomendadas, bem como vacinas contra pneumonia, meningite, hepatite B e a vacina anual contra a gripe.
A imunização contra doenças também é importante para adultos com anemia falciforme.
Transfusões de sangue
As transfusões sanguíneas são empregadas no tratamento e prevenção de complicações, como o acidente vascular cerebral, em indivíduos com doença falciforme.
Neste procedimento, glóbulos vermelhos são extraídos de doações sanguíneas e então administrados por via intravenosa à pessoa com anemia falciforme.
Esse processo aumenta a quantidade de glóbulos vermelhos saudáveis, auxiliando na redução de sintomas e complicações.
Cannabis medicinal pode auxiliar no tratamento da doença falciforme?
Os sintomas da anemia falciforme podem afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
No entanto, há tratamentos disponíveis para ajudar a gerenciar esses sintomas, como a Cannabis medicinal.
A Cannabis possui centenas de compostos, tais como canabinoides, terpenos e flavonóides, cujo a ciência aponta como potencialmente úteis para doenças falciformes.
Um dos principais sintomas das pessoas com anemia falciforme é a dor causada pelo acúmulo de glóbulos vermelhos malformados nos vasos.
As crises de dor, comuns na doença, incentivam os pacientes a consumir poderosos analgésicos opiáceos para aliviar esse sintoma.
Estes opiáceos são um problema a longo prazo porque podem levar ao vício e causam uma vasta gama de efeitos secundários negativos.
Diante disso, canabinoides como o THC e CBD são vistos como auxiliares no tratamento da dor e podem reduzir a necessidade de opiáceos.
As propriedades antimicrobianas dos canabinoides também auxiliam na proteção contra infecções, diminuindo também a dependência de antibióticos.
Além do mais, um terpeno na Cannabis chamado pineno e o canabinoide THC possuem propriedades broncodilatadoras, facilitando a respiração.
Esses compostos também melhoram o estado de fadiga, comumente causada pela falta de oxigênio no sangue.
O CBD, por outro lado, pode aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro, ajudando a aliviar a ansiedade, melhorar a função da memória e prevenir o AVC.
A pesquisa também destaca a importância de outros canabinoides, terpenos e flavonoides específicos para auxiliar nas doenças falciformes:
- Canabigerol (CBG): Estudado por suas propriedades na neurogênese (criação de novas células cerebrais). Pode oferecer proteção extra contra o AVC.
- Beta-cariofileno: Promove efeitos anti-inflamatórios e analgésicos.
- Tetrahidrocanabivarina (THCV): Ajuda no tratamento da dor, que afeta cerca de 25-40% dos adolescentes e adultos com doença falciforme.
Estudos que apontam benefícios da Cannabis para a doença
Uma análise de estudos, publicada em 2020 no Journal of Clinical Medicine, investigou o papel da Cannabis no tratamento das dores associadas à doença falciforme.
Os autores concluíram, após revisão de vários estudos prévios focados no controle da dor em doenças crônicas, incluindo a falciforme, que a Cannabis possui potencial analgésico significativo.
Eles também destacam que seu uso pode representar uma ferramenta terapêutica relevante para aliviar os sintomas da doença.
Além disso, outro estudo conduzido na Universidade da Califórnia e liderado pelos pesquisadores Kalpna Gupta e Dr. Donald Abrams, oferece dados mais específicos sobre os possíveis benefícios das substâncias canabinoides na redução dos sintomas da doença falciforme.
Segundo suas descobertas, a Cannabis emerge como uma fonte de tratamento eficaz e segura para pacientes com essa condição.
O estudo adotou o método duplo-cego, incluindo um grupo controle com placebo.
A randomização na administração de placebos e doses equivalentes de CBD e THC teve como objetivo minimizar fatores psicológicos na percepção da melhora dos sintomas.
Vinte e três participantes foram selecionados e completaram o estudo durante um período de 30 dias.
Ao término da avaliação, observou-se uma redução progressiva do impacto da dor nas atividades diárias dos voluntários, como caminhar e dormir.
Além disso, constatou-se uma diferença substancial na maneira como a dor influenciou o humor dos participantes que receberam tratamento em comparação ao grupo que recebeu placebo.
Embora não tenham sido encontradas diferenças significativas nos escores de dor, houve uma distinção na percepção dessa dor entre aqueles que utilizaram Cannabis e o grupo que recebeu placebo.
Como é feito o tratamento auxiliar por meio da Cannabis medicinal?
Normalmente, os tratamentos auxiliares por meio da Cannabis medicinal são feitos de forma complementar para certas doenças, como a doença falciforme.
Ou seja, não substituem os tratamentos convencionais. Para a doença falciforme, os tratamentos canábicos são utilizados para reduzir a dose de outros medicamentos ou reduzir os efeitos colaterais.
No entanto, há casos em que a Cannabis medicinal pode ser usada também no alívio de algum sintoma importante.
Como você leu anteriormente nesse artigo, a Cannabis pode aliviar a dor e a anemia envolvidas na doença falciforme.
A aplicação mais comum de tratamento para doença falciforme por meio de canabinoides é através do óleo de Cannabis full spectrum.
Nesse sentido, é importante frisar também que os tratamentos só podem ser feitos com indicação médica.
Onde buscar ajuda para tratamento à base de Cannabis Medicinal?
A maioria das pessoas que estão em busca de tratamento à base de Cannabis medicinal não sabe muito bem como fazê-lo.
Embora já existam estudos comprovando a sua importância no tratamento de diversas doenças, ainda há uma resistência para a aplicação deste método no Brasil.
Pesquisas apontam que a falta de conhecimento é uma dessas motivações. Isso faz com que menos de 1% dos médicos no país já tenha feito algum tipo de prescrição de tratamento à base de Cannabis.
Por isso, nós do Portal Cannabis & Saúde, preparamos uma plataforma completa de conexão entre pacientes e médicos prescritores de terapia canabinoide.
Nesse sentido, você pode buscar por médicos de acordo com a sua região, especialidade requerida ou até com o plano de saúde que você utiliza.
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Quais são as sequelas da anemia falciforme?
As sequelas dessa condição afetam diversos sistemas do corpo.
Em primeiro lugar, a obstrução nos vasos sanguíneos resulta em dor crônica, frequentemente chamada de crises de dor.
Essas crises podem ser debilitantes e interferir na qualidade de vida do paciente.
A anemia crônica também é uma consequência comum, causando fadiga, fraqueza e palidez.
A falta de oxigenação adequada devido à diminuição na quantidade de glóbulos vermelhos saudáveis prejudica o funcionamento dos órgãos, especialmente do coração, pulmões, fígado, rins e baço.
Complicações como acidentes vasculares cerebrais (AVCs), infecções frequentes devido à função imunológica comprometida e lesões em diversos órgãos também são comuns.
Em casos mais graves, a anemia falciforme pode levar a danos permanentes nos órgãos e até mesmo à falência deles, requerendo tratamento médico intensivo, incluindo transfusões sanguíneas ou transplantes de medula óssea.
O acompanhamento médico regular e o tratamento adequado permitem minimizar as complicações e melhorar a vida dos pacientes com anemia falciforme.
Dúvidas frequentes sobre a doença falciforme
Para te ajudar a ter um entendimento mais amplo, confira abaixo a resposta para as dúvidas mais frequentes que surgem sobre a doença falciforme.
1. Quem tem os traços da anemia falciforme pode doar sangue?
Indivíduos com traços falciformes, possuindo um gene defeituoso para a hemoglobina, podem enfrentar questões relacionadas à doação de sangue.
Os portadores do traço falciforme geralmente são capazes de doar, porém, muitos bancos de sangue têm políticas restritivas quanto a essas doações.
Isso se deve à possibilidade de transmitir a característica genética da anemia falciforme.
Apesar de não ser uma condição que impeça totalmente a doação, os bancos de sangue preferem receber doações de indivíduos sem histórico familiar da doença, garantindo a segurança do receptor.
2. Quem tem anemia falciforme pode ter filhos?
Indivíduos com anemia falciforme podem ter filhos, mas a genética pode influenciar.
Se ambos os pais são portadores do gene defeituoso para a hemoglobina, há 25% de chance de ter um filho com anemia falciforme, 50% de chance de ter um filho que seja portador do traço falciforme e 25% de chance de ter um filho sem a doença ou o traço.
3. Quem tem anemia falciforme pode ter leucemia?
Embora não haja uma correlação direta confirmada entre anemia falciforme e leucemia, existem alguns estudos que sugerem uma possível associação.
As complicações que surgem da doença falciforme podem, indiretamente, enfraquecer o sistema imunológico, aumentando o risco de desenvolver certos tipos de câncer, incluindo leucemia.
No entanto, a relação precisa entre as duas condições ainda não foi completamente estabelecida pela comunidade médica e científica.
4. Quem tem anemia falciforme pode operar?
Pessoas com anemia falciforme podem realizar cirurgias, mas precisam de cuidados especiais.
Antes de qualquer procedimento cirúrgico, o paciente deve informar ao médico sobre sua condição para que sejam tomadas precauções adicionais.
Adicionalmente, a gestão pré e pós-operatória deve se concentrar na prevenção e no controle das complicações associadas à anemia falciforme, visando a segurança do paciente.
5. Quais são as medidas preventivas da doença falciforme?
Não há nenhuma medida que possa ser tomada para impedir a mutação genética que causa a anemia falciforme.
Assim, o diagnóstico precoce continua sendo um grande instrumento para aumentar a proteção ao portador da doença e prolongar sua expectativa de vida.
Entretanto, as pessoas que apresentam risco de gerar filhos com síndromes falciformes têm o direito de serem informadas.
Isso pode ser feito através de exames ou do aconselhamento genético, a respeito dos aspectos hereditários e demais condições clínicas dessas doenças.
Portanto, é imprescindível que esse aconselhamento seja fornecido por profissionais habilitados e com grande experiência, dentro dos mais rigorosos padrões éticos.
Conclusão
A doença falciforme é uma condição genética que altera a forma das hemácias, apresentando manifestações clínicas desde o primeiro ano de vida e persistindo ao longo do tempo do indivíduo.
Esta doença, variando em gravidade, pode gerar complicações que afetam todos os órgãos e sistemas do corpo, resultando em redução da capacidade de trabalho e expectativa de vida.
A detecção precoce e a atenção aos sinais e sintomas típicos são essenciais para prevenir complicações decorrentes da doença.
Além disso, existem tratamentos capazes de melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição, incluindo o uso de Cannabis, que alivia muitos dos sintomas associados à doença.
Estudos indicam que tratamentos com Cannabis podem reduzir a intensidade das dores e mitigar outros aspectos da doença falciforme.
Se você está interessado nesse tipo de tratamento, é aconselhável agendar uma consulta com um médico especializado em terapias com canabinoides.
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