A doença de Meniere é um distúrbio crônico do ouvido interno que causa crises repentinas de vertigem, zumbido, sensação de pressão no ouvido e perda progressiva da audição.
Estima-se que ela afete 0,2% da população mundial. Só no Brasil, mais de 300 mil pessoas vivem com essa condição debilitante.
O problema surge quando há um acúmulo anormal de líquido no labirinto, a estrutura responsável pelo equilíbrio e pela audição, fazendo com que o cérebro receba sinais confusos e desencadeie sintomas imprevisíveis.
Mas por que algumas pessoas desenvolvem essa doença? Existe uma forma de controlar as crises e evitar a progressão da perda auditiva?
Se você convive com episódios de tontura incapacitante ou quer entender melhor essa condição, continue lendo. Aqui, abordaremos tudo o que você precisa saber sobre a doença de Meniere:
- O que é doença de Meniere?
- Qual médico procurar para tratar a doença de Meniere?
- Como é realizado o diagnóstico da doença de Meniere?
- Qual o tratamento para a doença de Meniere?
- Tratamentos convencionais para a doença de Meniere
- Como o Canabidiol pode ajudar no tratamento da doença de Meniere?
O que é doença de Meniere?
A doença de Meniere é um distúrbio do ouvido interno que afeta o equilíbrio e a audição. Caracteriza-se por episódios de vertigem intensa, zumbido constante ou intermitente, perda auditiva flutuante e sensação de pressão no ouvido.
Esses sintomas ocorrem devido ao acúmulo excessivo de um fluido chamado endolinfa nas cavidades labirínticas, estrutura responsável pela percepção de movimento e sons.
A condição geralmente se manifesta em apenas um ouvido, mas pode progredir para ambos em alguns casos.
A vertigem associada à doença de Meniere é incapacitante, durando de minutos a horas e acompanhada de náuseas e vômitos.
Durante as crises, as atividades cotidianas tornam-se inviáveis, impactando a qualidade de vida. Já o zumbido no ouvido costuma ser descrito como um som agudo, variando em intensidade.
A perda auditiva, inicialmente restrita a frequências baixas, pode tornar-se permanente com o avanço do quadro, mesmo que os episódios de vertigem diminuam.
Embora não exista cura definitiva, estratégias de controle incluem medicamentos para reduzir náuseas e vertigem, ajustes dietéticos e terapias de reabilitação vestibular.
O que provoca a doença de Meniere?
A causa exata da doença de Meniere permanece desconhecida, mas a principal hipótese envolve o acúmulo anormal de endolinfa no ouvido interno, fenômeno chamado hidropisia endolinfática.
Esse excesso de fluido pressiona estruturas sensíveis, como a cóclea e os canais semicirculares, desencadeando os sintomas característicos.
Fatores genéticos, respostas autoimunes e alterações na absorção ou produção de líquidos labirínticos contribuem para o desequilíbrio.
Distúrbios vasculares também são investigados como possíveis gatilhos. Má circulação na região labiríntica poderia prejudicar a regulação da endolinfa, agravando a pressão interna.
Infecções virais prévias, como herpes ou citomegalovírus, são associadas a casos de doença de Meniere, já que partículas virais podem desencadear inflamações persistentes no ouvido.
Além disso, traumas cranianos ou exposição prolongada a ruídos intensos estão ligados a danos estruturais que favorecem o desenvolvimento do quadro.
Do mesmo modo, alterações hormonais e dietas ricas em sódio também são citadas como fatores agravantes, pois influenciam a retenção de líquidos no organismo, incluindo o ouvido interno.
Quem pode desenvolver a doença de Meniere?
A doença de Meniere é considerada uma condição rara, com incidência estimada entre 10 a 150 casos por 100 mil pessoas ao ano.
Pode surgir em qualquer idade, mas o diagnóstico é mais comum entre adultos de 40 a 60 anos, sem predileção clara por gênero. Assim, a doença de Meniere afeta, principalmente:
- Pessoas com histórico familiar: Cerca de 10% dos pacientes relatam casos na família, indicando predisposição genética. Mutações em genes relacionados ao transporte iônico no ouvido interno são estudadas;
- Indivíduos com doenças autoimunes: Condições como lúpus ou artrite reumatoide elevam o risco, pois anticorpos podem atacar células labirínticas;
- Pacientes com alergias respiratórias graves: Processos alérgicos crônicos estão associados a inflamações que afetam a drenagem da endolinfa;
- Traumas na cabeça ou ouvido: Lesões podem danificar estruturas responsáveis pela regulação de fluidos internos;
- Portadores de infecções virais recorrentes no ouvido: Vírus como o da herpes podem deixar sequelas inflamatórias no labirinto.
A doença de Meniere também é mais frequente em populações urbanas, possivelmente devido a fatores ambientais como poluição sonora e estresse crônico.
Profissionais expostos a variações bruscas de pressão atmosférica, como pilotos e mergulhadores, também integram grupos de atenção.
Quais são os sintomas da doença de Meniere?
A doença de Meniere causa crises súbitas que alteram drasticamente a percepção do ambiente.
O distúrbio não escolhe momento: uma simples caminhada ou uma reunião de trabalho podem ser interrompidas por sinais que confundem o corpo e a mente.
A complexidade do quadro está na forma como os sintomas se entrelaçam. Isso porque não se trata apenas de um mal-estar passageiro, mas de uma desordem incapacitante, que vem acompanhada de:
- Vertigem rotatória: Sensação de que o ambiente gira, durando de 20 minutos a 12 horas;
- Zumbido tonal: Barulho contínuo no ouvido afetado, semelhante a um apito ou chiado;
- Perda auditiva flutuante: Dificuldade para captar sons graves, como vozes masculinas ou notas musicais baixas;
- Pressão auricular: Impressão de ouvido tampado, como se houvesse água retida;
- Náuseas e sudorese: Reações autonômicas intensas durante as crises de vertigem;
- Desequilíbrio residual: Instabilidade ao caminhar, mesmo após o fim da crise aguda;
- Fadiga extrema: Esgotamento físico pós-episódio, com recuperação lenta.
Como diferenciar os sintomas da doença de Meniere de outras dores no ouvido?
Dores comuns no ouvido, como as causadas por otites, raramente envolvem vertigem prolongada ou perda auditiva.
A flutuação da audição é um sinal distintivo entre essas duas condições: pacientes notam que ouvem “melhor ou pior” em dias alternados, algo incomum em infecções.
Na doença de Meniere, a pressão auricular não melhora com manobras simples, como bocejar ou mastigar.
Outro diferencial é a natureza episódica. As labirintites virais costumam ter sintomas contínuos por dias, já a doença de Meniere apresenta picos de crise seguidos por intervalos assintomáticos.
O zumbido também se difere: em casos de acúmulo de cera ou inflamações, o ruído tende a ser mais abafado, enquanto na Meniere é agudo e persistente.
Qual a diferença entre labirintite e doença de Meniere?
A confusão entre os termos é frequente, mas as condições são distintas. A labirintite surge de infecções virais ou bacterianas que inflamam o labirinto, já a doença de Meniere está ligada ao desequilíbrio de fluidos internos.
Na prática, a labirintite costuma ser uma condição com sintomas que regridem em semanas. A Meniere, por sua vez, é crônica, com crises recorrentes por anos.
A intensidade dos sintomas também diverge. Na labirintite, a vertigem é intensa no início, mas diminui gradualmente. Por outro lado, as crises podem piorar progressivamente antes de estabilizar-se na doença de Meniere.
Labirintites infecciosas melhoram com antivirais ou antibióticos, enquanto a Meniere exige controle dietético e medicamentos para regular a pressão dos fluidos.
Qual médico procurar para tratar a doença de Meniere?
A doença de Meniere exige abordagem multidisciplinar devido à complexidade dos sintomas. Quem conduz o diagnóstico e tratamento desta condição é o otorrinolaringologista, especialista em distúrbios do ouvido, nariz e garganta.
Esse profissional avalia histórico clínico, realiza exames auditivos e descarta outras condições, como tumores do ângulo pontocerebelar.
Em casos com sintomas neurológicos associados, como dormência facial, um neurologista pode ser incluído na equipe para afastar doenças cerebrais.
Alguns pacientes necessitam de acompanhamento com fisioterapeutas vestibulares, que auxiliam na reabilitação do equilíbrio por meio de exercícios específicos.
Em centros especializados, a atuação conjunta entre médicos e terapeutas otoneurológicos é comum, especialmente em casos graves ou quando a resposta individual ao tratamento não é satisfatória.
Como é realizado o diagnóstico da doença de Meniere?
O diagnóstico da doença de Meniere é clínico, baseado na combinação de sintomas e exclusão de outras patologias.
O critério padrão inclui pelo menos dois episódios de vertigem com duração superior a 20 minutos, perda auditiva verificada em audiometria e zumbido ou pressão no ouvido afetado.
Exames de imagem, como ressonância magnética, são solicitados para descartar lesões estruturais, como esclerose múltipla ou schwannoma vestibular.
A videonistagmografia, por sua vez, é usada para analisar movimentos oculares durante crises, identificando nistagmo característico de disfunção labiríntica.
Testes de eletrococleografia também são indicados para medir a atividade elétrica da cóclea, ajudando a confirmar hidropisia endolinfática.
Em situações ambíguas, o médico pode solicitar exames de sangue para investigar causas autoimunes e infecciosas.
A confirmação definitiva muitas vezes só ocorre após meses de observação, quando o padrão de recorrência das crises se estabelece.
Qual o tratamento para a doença de Meniere?
O tratamento visa controlar sintomas e reduzir a frequência das crises, sendo a primeira linha composta pela prescrição de diuréticos, como a hidroclorotiazida, para diminuir a retenção de líquidos no ouvido interno.
Este medicamento é utilizado em conjunto com a adoção de uma dieta hipossódica (menos de 2g de sal ao dia). O tratamento para doença de Meniere também abrange:
- Uso de anti-histamínicos e benzodiazepínicos para aliviar a vertigem aguda;
- Corticoides intratimpânicos para reduzir a inflamação local em casos refratários;
- Terapias não farmacológicas como a reabilitação vestibular, com exercícios que treinam o cérebro a compensar desequilíbrios;
- Aparelhos auditivos quando a perda de audição se torna severa;
Em pacientes sem resposta a tratamentos convencionais, procedimentos como a injeção de gentamicina no ouvido médio podem ser usados para “desativar” temporariamente a função labiríntica.
Cirurgias de descompressão do saco endolinfático ou secção do nervo vestibular são reservadas para quadros incapacitantes.
Em todo caso, o controle rigoroso de fatores desencadeantes, como estresse e variações hormonais, complementa o manejo global da doença de Meniere.
Tratamentos convencionais para a doença de Meniere
Os tratamentos convencionais se adaptam à gravidade da condição de cada paciente. O objetivo principal é frear a progressão dos sintomas e restaurar o controle sobre o cotidiano, mesmo que a cura definitiva ainda não exista.
Além das abordagens terapêuticas listadas anteriormente, o tratamento da doença de Meniere também pode ser composto por:
- Betaistina: Estimula a circulação sanguínea no labirinto, aliviando a pressão interna;
- Dispositivo Meniett: Aplica micropulsos no tímpano para drenar fluidos acumulados.;
- Supressores vestibulares: Interrompem temporariamente os sinais de vertigem ao cérebro;
- Dieta anti-inflamatória: Reduz alimentos que aumentam retenção hídrica, como embutidos e enlatados;
- Biofeedback cardíaco: Treina o corpo a reduzir respostas ao estresse, diminuindo crises;
- Terapia combinada: Mistura diuréticos com exercícios vestibulares para efeito sinérgico;
- Oxigenação hiperbárica: Aumenta a oferta de oxigênio ao ouvido interno em casos resistentes.
Canabidiol na doença de Meniere: um parceiro inesperado
O Canabidiol, composto da Cannabis, também pode integrar o tratamento da doença de Meniere — não por acaso.
Isso porque este composto pode atuar em múltiplas frentes. O sistema endocanabinoide, presente no ouvido interno, responde ao CBD, que modula indiretamente a produção de endolinfa.
Essa interação pode equilibrar o volume do fluido labiríntico, reduzindo a pressão que desencadeia vertigens e zumbidos.
Mas o potencial vai além. O Canabidiol age como um “amortecedor” neural, suavizando a comunicação hiperativa entre células auditivas.
Ou seja, ele promove uma diminuição na intensidade do zumbido, possivelmente porque o composto inibe a liberação excessiva de glutamato, neurotransmissor ligado à excitotoxicidade.
Essa modulação sutil ajuda a proteger estruturas frágeis do ouvido interno de danos cumulativos da doença de Meniere.
Outra vantagem do Canabidiol está no combate ao estresse oxidativo. Células ciliadas, responsáveis por traduzir vibrações, são vulneráveis a radicais livres. Contudo, o CBD neutraliza essas moléculas, preservando a função auditiva.
E para validar esses benefícios, uma pesquisa realizada em uma clínica especializada em neuro-otologia investigou a percepção de pacientes com zumbido em relação ao uso da Cannabis como tratamento.
Participaram 45 pacientes (média de 54,5 anos, sendo 31 mulheres e 14 homens), que responderam a um questionário detalhado sobre suas experiências, atitudes e possíveis benefícios associados ao uso da Cannabis.
96% dos pacientes consideravam a Cannabis como opção terapêutica para aliviar o zumbido.
Além disso, 91% deles acreditavam que poderia ajudar nos sintomas auditivos, enquanto uma parcela também via potencial para melhorar questões emocionais (60%), distúrbios do sono (64%) e limitações funcionais (56%).
Entre os entrevistados, 36% já haviam experimentado Cannabis, e 22% estavam usando no momento. Desses usuários ativos, 80% relataram melhora em sintomas associados, como ansiedade, tontura, dores e insônia.
A abertura dos pacientes à Cannabis como terapia adjuvante reflete a busca por soluções além dos tratamentos convencionais, especialmente para sintomas persistentes que podem ser atenuados pelo Canabidiol.
Conclusão
Os tratamentos convencionais para a doença de Meniere nem sempre controlam os sintomas de forma eficiente, levando muitos pacientes a buscar alternativas.
Os canabinoides são uma dessas opções, já que podem atuar em receptores do sistema nervoso para aliviar tontura e náusea, problemas comuns nessa condição.
Portanto, se você quer entender se essa abordagem faz sentido para seu caso, consulte um especialista.
Acesse a plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde e agende sua consulta com um médico prescritor para falar sobre novas possibilidades de tratamento.