Um câncer surge quando um conjunto de células do corpo se reproduz de forma anormal e descontrolada, resultando na formação de um tumor. O combate ao câncer é uma questão de saúde pública em todo o mundo e o mês de abril é importante para dar visibilidade a essa causa, com o dia 8 como o Dia Mundial de Luta Contra o Câncer.
Nesse contexto, vamos trazer as diretrizes que a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO na sigla em inglês) publicou recentemente para orientar o uso de Cannabis e dos seus derivados no tratamento de adultos com câncer.
As recomendações têm o objetivo de esclarecer para médicos, pacientes, profissionais do cuidado e instituições como o uso medicinal de produtos à base de Cannabis pode trazer benefícios para quem recebeu um diagnóstico de câncer.
Você pode ler o texto completo (em inglês) nesse artigo intitulado Cannabis and Cannabinoids in Adults With Cancer: American Society of Clinical Oncology Guideline, publicado pela ASCO na sua revista científica Journal of Clinical Oncology.
Literatura científica sobre Cannabis e câncer
A ASCO promoveu uma revisão sistemática da literatura, que englobou ensaios clínicos e estudos de coorte, além de outras revisões sistemáticas. Esse é um método rigoroso que busca avaliar todas as evidências disponíveis sobre um determinado assunto. Seria como juntar diversas peças de quebra-cabeça para entender melhor esse cenário extremamente complexo.
A revisão buscou análises sobre segurança e eficácia da Cannabis em adultos com câncer. Além disso, incluiu informações sobre os efeitos da planta nos sintomas, qualidade de vida e no crescimento do tumor. Os resultados foram compilados e avaliados por um painel de especialistas convocados pela ASCO.
A análise da base de evidências encontrou outras 13 revisões sistemáticas, 4 estudos clínicos randomizados e 1 estudo de coorte. Os resultados destacaram a crescente conscientização sobre o potencial dos canabinoides, contribuindo para quebrar os preconceitos sobre o uso da planta.
Cannabis e câncer: muita calma com as expectativas
Nas diretrizes, a ASCO delineou algumas recomendações claras para pacientes e médicos. A instituição desencoraja o uso de derivados da Cannabis, assim como dos análogos sintéticos, como tratamento direto para o câncer. Exceto no contexto de um ensaio clínico.
A ação anticâncer dos canabinoides ainda não é bem compreendida e mais estudos são necessários para comprovar a eficiência, assim como definir protocolos. Embora muitos ensaios pré-clínicos tragam resultados animadores, ainda é cedo para atestar com certeza que as substâncias produzidas pela planta combatem diretamente os tumores em humanos.
Recomendação para náuseas e vômitos relacionados à quimioterapia
Por outro lado, em casos de náuseas e vômitos relacionados ao tratamento contra o câncer, o uso de Cannabis e canabinoides pode ser um complemento aos tratamentos antieméticos convencionais. Nos EUA, a FDA (agência responsável por alimentos e medicamentos no país) aprovou o uso oncológico de medicamentos à base de uma versão sintética do delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) em casos de náuseas e vômitos associados à quimioterapia.
Os outros efeitos benéficos que a Cannabis pode trazer aos pacientes com câncer, como melhoras no sono, ansiedade, depressão, dores, apetite e na qualidade de vida no geral precisariam de evidências mais robustas. Nesse sentido, o painel de especialistas da ASCO recomenda que mais pesquisas aconteçam nessa área.
Comunicação entre médicos e pacientes
Ao mesmo tempo, o guia trouxe recomendações para a comunicação entre médicos e pacientes sobre o uso de Cannabis em adultos com câncer. Essa relação entre os dois deve ser a mais aberta e honesta possível.
Muitos pacientes com câncer podem sentir vergonha de conversar sobre o interesse em usar produtos com Cannabis com medo de serem repreendidos. Da mesma forma, também podem ser reticentes em se abrir sobre o uso anterior da planta.
Para promover um uso seguro dos canabinoides, a recomendação é que os médicos e pacientes tenham uma comunicação sem julgamentos sobre os benefícios e riscos. Para essa conversa fluir bem, eles orientam algumas adaptações na linguagem e no vocabulário.
- Evitar termos pejorativos associados ao uso de substâncias, como “usuário”, “viciado” e “drogado”;
- Usar um vocabulário simples e que incorpore palavras populares, como “maconha”, dependendo do contexto.
Devido a grande quantidade de informação disponível online (inclusive aqui no Cannabis & Saúde), muitos pacientes chegam ao consultório muito mais conscientes dos benefícios da planta hoje do que no passado. Nesse contexto, o guia estimula os médicos a se capacitarem sobre os diversos usos dos canabinoides para que eles estejam preparados para essa conversa.
Como consultar médicos capacitados na prescrição de Cannabis
Aqui no Brasil é pequena a quantidade de profissionais de saúde capacitados e experientes na prescrição de produtos com Cannabis. Para facilitar o contato entre pacientes e médicos, o portal Cannabis & Saúde selecionou mais de 300 médicos e dentistas e os colocou em uma plataforma de agendamentos.
Lá você pode marcar uma consulta com um profissional experiente e que se capacitou para recomendar produtos derivados da planta. Essa é a melhor forma de iniciar um tratamento com Cannabis de forma segura e dentro da legalidade. Se você deseja dar esse passo e incluir os canabinoides na sua rotina de cuidados, acesse já e marque uma consulta!