A fibromialgia, caracterizada principalmente por dor crônica persistente, fadiga e mudanças de humor, é mais comum do que imaginamos. Pesquisas recentes indicam que a condição afeta entre 2% e 4% da população global com idade entre 18 e 65 anos. E a prevalência é em mulheres. No Brasil, estima-se que a fibromialgia atinge 2% da população.
O desafio do diagnóstico da fibromialgia
Neste Dia Mundial de Conscientização da Fibromialgia, sabemos que ainda é frequentemente subdiagnosticada e mal compreendida.
Pois o diagnóstico da fibromialgia pode ser complexo e muitas vezes é baseado na exclusão de outras condições médicas que podem causar sintomas semelhantes.
O diagnóstico formal de fibromialgia é frequentemente baseado em critérios estabelecidos por organizações médicas, como o American College of Rheumatology (ACR). Os critérios mais comumente usados incluem a presença de dor generalizada por pelo menos três meses e a identificação de sensibilidade em pelo menos 11 dos 18 pontos sensíveis específicos ao redor do corpo.
Segundo o livro “Cannabis medicinal: fatos ou mitos?”, do médico Mario Grieco, a Cannabis melhora a qualidade de vida dos pacientes, reduzindo a dor e gerando prazer, regulando o apetite, o sono e melhorando muito outros sintomas
A obra mostra que já existem evidências científicas de que a Cannabis é eficaz no tratamento da dor associada à fibromialgia. Estudo clínico realizado com o uso da Cannabis medicinal por pacientes com fibromialgia mostrou que 100% das mulheres relataram melhora nos sintomas em todos os quesitos que constavam no questionário, principalmente nos que se referiam à dor. Pelo menos 50% das participantes (n=13) reportaram ter parado de tomar a medicação tradicional após o consumo da Cannabis. Os resultados foram publicados em 2018, no Journal of Clinical Reumatology.
A teoria da deficiência endocanabinoide para a fibromialgia
A teoria da deficiência endocanabinoide para a fibromialgia sugere que pode haver uma disfunção no sistema endocanabinoide do corpo, o sistema responsável por regular uma variedade de funções fisiológicas, como:
- dor
- humor
- sono
- apetite
Basicamente, a teoria propõe que uma deficiência ou desregulação no sistema endocanabinoide pode contribuir para o desenvolvimento e sintomas da fibromialgia
O sistema endocanabinoide é composto por receptores canabinoides, como os receptores CB1 e CB2, e pelos próprios neurotransmissores canabinoides produzidos pelo corpo, conhecidos como endocanabinoides. Esses componentes desempenham um papel crucial na modulação da dor e na regulação do sistema nervoso central.
“Tenho uma certa experiência com a questão da fibromialgia, porque eu já estudo as causas que poderiam estar envolvidas com a doença. Então me deparei pela primeira vez com a teoria da deficiência do sistema endocanabinoide. É uma teoria criada por Ethan Russo e para mim tem demonstrado ser, talvez, o caminho mais indicado, padrão ouro, do tratamento da fibromialgia com os fitocanabinoides. É uma teoria que foi criada no ano de 2004. Posteriormente se comprovou que algumas condições cursavam com deficiência endocanabinoide, como a fibromialgia, a enxaqueca e o intestino irritável. E embora não tenham sintomas semelhantes, mas nas suas particularidades haveria ali deficiências desses endocanabinoides”, explica o médico Dr. João Carlos Normanha Ribeiro.
O profissional é o convidado da live “Fibromialgia e deficiência endocanabinoide”, que acontece na próxima quarta-feira, dia 15, às 19h.
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Acredita-se que a fibromialgia possa estar associada a uma diminuição na produção ou na atividade dos endocanabinoides, levando a uma diminuição na capacidade do corpo de regular a dor e outros processos fisiológicos. Como resultado, os sintomas da fibromialgia, como dor crônica, fadiga e distúrbios do sono, podem ser exacerbados.
Para o médico, a teoria tem implicações significativas no desenvolvimento de novas abordagens de tratamento para a fibromialgia, incluindo o uso de medicamentos que visam aumentar a atividade do sistema endocanabinoide, como os fitocanabinoides encontrados na Cannabis.
Além disso, o profissional entende que o cuidado com o sistema endocanabinoide ainda está dando seus primeiros passos na medicina. “No futuro, a Cannabis vai ser prioridade no tratamento de algumas patologias, como AVC, Fibromialgia, enxaqueca, intestino irritável”, finaliza.