Faz pouco mais de 30 anos que Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a homossexualidade uma doença quando, no dia 17 de maio de 1990, a entidade retirou o “homossexualismo” do Código Internacional de Doenças (CID).
Por esse motivo, a data ganhou um novo significado, agora sendo celebrada como o Dia Internacional contra a LGBTfobia. No mundo inteiro, o 17 de maio é marcado pela busca por direitos, reflexão e luta contra a violência, que afeta a vida de pessoas homossexuais, assim como bissexuais, transexuais e todo o espectro de identidades sexuais.
Para celebrar esse dia, ouvimos a Lívia Oliveira, consultora canábica, apresentadora, influenciadora digital e uma das únicas pessoas trans atuando no mercado da Cannabis para uso medicinal. Em conversa online, ela falou sobre como as duas causas se relacionam, além da forma que a planta a ajuda a cuidar da saúde mental.
Medo e apreensão constantes
Há 14 anos consecutivos, o Brasil está no topo do ranking de países que mais matam pessoas trans no mundo. Mata, pois geralmente as pessoas trans morrem em episódios de violência, dificilmente por causas naturais. O medo de perder a vida e a apreensão constante castigam a saúde mental não só das pessoas trans, mas também de toda a população LGBT+.
Lívia nos contou que a Cannabis contribui para diminuir um pouco essa pressão sobre a saúde mental que a nossa sociedade impõe sobre as pessoas LGBT+, no entanto há outras condições que levam a consultora à planta.
“A Cannabis ajuda muito a população LGBT+ tanto diminuindo a depressão, a ansiedade, estresse pós-traumático. A gente vive no país mais mata essa população no mundo, então é muito comum a gente perder amigos, perder parentes LGBT+, isso desenvolve transtorno de estresse pós-traumático e a Cannabis pode vir a ser uma aliada na nossa saúde mental.
Dando o meu exemplo próprio, a Cannabis me ajuda muito a lidar com os efeitos colaterais dos medicamentos hormonais. Como por exemplo o alívio da TPM [tensão pré-menstrual], porque eu como faço uso de estrogênio, o hormônio feminino, meu corpo acaba simulando uma menstruação. E aí, eu acabo tendo TPM, que são os efeitos emocionais.”
Levando conhecimento sobre Cannabis para a população LGBT+
É possível que a Cannabis contribua de mais formas para melhorar a qualidade de vida das pessoas trans, porém essa relação tem pouca visibilidade entre a comunidade científica e há poucas análises se aprofundando nesse tema. Isso se explica em parte por uma ausência de pessoas LGBT+ entre os tomadores de decisão e também pelo desinteresse de entes públicos ou privados.
Visando combater a LGBTfobia em vários níveis, Lívia lançou uma série de vídeos em sua página no Instagram, @transcanabica. Ela nos contou as motivações que a fizeram criar a série Transcanábica Informa.
“Eu criei para trazer essa conscientização do universo canábico para a população LGBT+, porque eu percebo que tem eventos, palestras e eu não vejo a população LGBT+ presente. O conhecimento sobre a planta, os benefícios, o mercado e todos os potenciais que a planta pode trazer, a população não tem acesso. Então, decidi criar essa série justamente para trazer luz para esse debate.”
Pioneira, ela publica um novo conteúdo em vídeo explorando esse assunto todas as semanas.
Pioneira no mercado da Cannabis medicinal
Lívia também foi pioneira no mercado canábico ao se tornar a primeira mulher trans a trabalhar como consultora. Para ela, não é fácil ser a primeira, mas ela trabalha para que outras pessoas trans não tenham tantas barreiras ou sofram com a LGBTfobia.
“Eu sinto que por eu ser a primeira travesti trabalhando legalmente dentro desse mercado no Brasil, eu estou lapidando esse mercado. Eu estou capinando a grama que existe, todo o preconceito que existe. Desmistificando e conscientizando toda essa indústria porque ainda existe muito preconceito, transfobia e LGBTfobia no geral.”
Antes de ingressar nesse mercado, Lívia coordenou uma organização não-governamental de defesa da população LGBT+. Porém, foi afastada da presidência da ONG por conta do uso da Cannabis e por tratar esse tema nas redes sociais, na época.
Depois desse episódio, ela se viu obrigada a estudar melhor a Cannabis e os seus usos. Hoje em dia ela vê muitos pontos em comum nas duas lutas. Ela nos contou onde a busca pelo acesso à Cannabis e a defesa dos direitos das pessoas LGBT+ se encontram.
“A luta canábica e a luta LGBT+ se ligam de várias formas. Ambos os movimentos lutam pela desestigmatização, um da planta e um dos corpos. Então existe, realmente, essa união, mas ainda falta muito acesso da população LGBT+ aos medicamentos à base de Cannabis, e também ao conhecimento em volta do uso da planta.”
Para tratar a saúde com Cannabis
Aqui no portal Cannabis & Saúde fazemos a ponte entre pessoas que querem se tratar com a planta e os melhores profissionais da saúde na prescrição desse tipo de tratamento. Nosso atendimento respeita a diversidade e está preparado para acolher toda a população LGBT+ com as suas individualidades.
Portanto, se você deseja iniciar um tratamento com produtos à base de Cannabis, acesse já a nossa plataforma de agendamentos e marque uma consulta!