Somente após me tornar mãe, compreendi o valor imensurável das mães brasileiras que, lado a lado com médicos, se tornaram pioneiras na luta pelo acesso a tratamentos com fitocanabinoides para seus filhos. Ver um filho doente é, sem dúvida, a dor mais profunda que uma mãe pode sentir.
No entanto, esta matéria, em homenagem ao Dia das Crianças, não se concentra em doenças ou curas, mas sim em explorar a segurança do uso de fitocanabinoides em crianças. Para isso, tivemos a honra de conversar com o pediatra Dr. Flavio Geraldes Alves.
O Dr. Flávio compartilhou seu conhecimento sobre a segurança e eficácia do uso de fitocanabinoides, como o CBD e o THC, em crianças, especialmente para tratar epilepsia refratária e comportamentos associados ao autismo.
Veja a entrevista completa com Dr. Flávio
Segurança do uso da Cannabis em crianças
Diversas pesquisas sugerem que a Cannabis pode oferecer alívio para sintomas de condições como epilepsia refratária, autismo e distúrbios de ansiedade. Porém, ainda há dúvidas sobre a segurança do seu uso.
Neste sentido, Dr. Favio explica que a OMS recomenda o uso de fitocanabinoides a partir dos 2 anos, com segurança, especialmente, para o CBD. Da mesma forma, não há restrição ao uso de THC, ainda que em menores concentrações, após os 5 anos.
Além disso, o médico ressalta que, para algumas crianças, os tratamentos tradicionais não proporcionam o alívio desejado, e é aí que a terapia canabinoide pode entrar, como uma alternativa valiosa. Com a composição certa de fitocanabinoides, como o CBD e o THC, muitos relatos de famílias indicam melhorias significativas na qualidade de vida das crianças.
“Já tive muitos casos que eu consegui desprescrever risperidona e medicações antipsicóticos. Primeiro, você vai entrar com Canabidiol e vai estabilizar muito bem o comportamento desse paciente. Só depois, com bastante lentidão, é possível tirar estes medicamentos. Mas, geralmente, isso acontece com sucesso. E os pais acabam ficando muito satisfeitos”.
Outra questão, não menos importante, é que a Cannabis é vista como uma opção menos invasiva, em comparação a medicamentos tradicionais, que muitas vezes vêm com efeitos colaterais indesejados.
Impacto positivo no comportamento
Por fim, Dr. Flavio também explica que o uso de fitocanabinoides pode facilitar a inclusão social de crianças com autismo, melhorando comportamentos disruptivos e a qualidade de vida dos cuidadores.
“A Cannabis tem o potencial de melhorar a qualidade de vida como um todo em crianças com crises epiléticas. E as crianças, por exemplo, com autismo, muitas vezes são pacientes, com os quais as famílias não conseguem mais frequentar o restaurante, ir a um shopping, porque a criança entra numa crise disruptiva. Com o tratamento com Canabidiol, quando a gente consegue acertar bem a posologia, o paciente melhora essa questão comportamental e você consegue promover uma inclusão social verdadeira nesse paciente e nos cuidadores”.
Estudos científicos sobre Cannabis e TEA
No Brasil, estima-se que existem dois milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Ainda segundo o Dr. Flavio, o uso de Cannabis em crianças autistas é um tema de interesse não apenas na área médica. Isso ocorre, especialmente, nas famílias que buscam alternativas para melhorar a qualidade de vida de seus filhos.
Para ele, são as crianças autistas das quais os pais relatam experiências positivas. Porém, é importante ressaltar que o uso de fitocanabinoides em crianças – e até mesmo, em adultos – deve sempre ser feito sob a orientação de um médico especialista, levando em consideração as necessidades individuais de cada criança.
Portanto, o potencial das moléculas encontradas na Cannabis, especialmente o Canabidiol (CBD) e THC, pode oferecer benefícios no tratamento de sintomas associados ao autismo. Os resultados de estudos com o Canabidiol, CBD, especificamente, são bem animadores. Isso porque ainda não existe um medicamento capaz de melhorar a qualidade de vida, habilidades sociais e desenvolvimento cognitivo dos pacientes autistas
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Melhorias na integração social
O CBD apresenta propriedades que facilitam a integração do indivíduo ao seu meio social, conforme indica o estudo Canabidiol como candidato sugerido para o tratamento do transtorno do espectro do autismo, publicado na revista Science Direct.
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Epilepsia em autistas
Sabe-se que o autismo também pode se apresentar como um sintoma, em pessoas acometidas por epilepsia. Aproximadamente 30% dos pacientes com autismo têm algum tipo de epilepsia. É o que sugere o estudo Traços autistas em modelos de epilepsia: por que, quando e como?. Nesse caso, o CBD pode apresentar dupla função, considerando que ele também é eficaz para evitar e controlar a epilepsia.
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Influência no sistema endocanabinoide
O CBD interage com o sistema endocanabinoide do corpo, que desempenha um papel crucial na regulação de vários processos fisiológicos, incluindo o humor, o sono e o apetite. Algumas pesquisas sugerem que distúrbios no sistema endocanabinoide podem estar relacionados a condições neuropsiquiátricas, como o autismo. É o que aponta a pesquisa Lower circulating endocannabinoid levels in children with autism spectrum disorder.
Nele, o grupo de pesquisadores envolvidos comprova que, em crianças autistas, os níveis de endocanabinoides são menores do que nas consideradas “neurotípicas”. Trata-se de uma importante contribuição, pois sugere que níveis baixos dessas substâncias endógenas têm relação direta com as alterações comportamentais causadas pelo TEA.
Leia mais relatos sobre tratamentos com fitocanabinoides em crianças:
- Ansiedade generalizada na infância: a transformação de Ana Clara com CBD
- “Estamos muito felizes! Agora, ele consegue sentar para comer e interagir com os coleguinhas. Ele já alcançou muitos progressos”
- “O CBD parece estar ajudando a ‘montar o quebra-cabeça’ do comportamento do Bernardo, organizando sua mente de forma impressionante”
- “Tudo que desejamos é que nossos filhos evoluam. No caso de Davi, que tem autismo severo e não verbal, ver ele alcançar autonomia é profundamente reconfortante”
𝗜𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲: O acesso legal à Cannabis medicinal no Brasil é permito, mediante indicação e prescrição de um profissional de saúde habilitado. Caso você tenha interesse em iniciar um tratamento com canabinoides, consulte um profissional com experiência nessa abordagem terapêutica.
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